UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

finalidade ‘tornar a mulher brasileira um elemento activo da formação nacional’. No seu
estatuto havia uma cláusula inovadora: ’trabalhar pela criação de uma cadeira de
História da Mulher, sua evolução e sua missão social, em todas as escolas femininas’.
212 .Seus primeiros livros; Em torno da educação (1918) e Renovação (1919) fazem
referências positivas a Bertha Lutz e à criação da FBPF. Defendeu o movimento
sufragista até 1921 quando se desvinculou do movimento por considerá-lo superficial e
restritivo. Considerava o voto um processo inadequado de luta pelo poder, que iria
beneficiar um número pouco expressivo de mulheres.
Segundo LEITE 213 , a linha de feminismo de Maria Lacerda era a da luta
contra a tirania clerical e fascista que combatia o autoritarismo na família, na sociedade,
na educação e na organização política. Defendia em suas obras o direito à cidadania e
à educação. Denunciava a legitimação da inferioridade feminina na sociedade, e a
limitação da vida da mulher ao papel de mãe. Era defensora do amor e do casamento
por livre escolha; criticava as formas de trabalho doméstico e repercussões do trabalho
assalariado feminino. Acusava o clero católico por atuar diretamente sobre as famílias,
principalmente junto às mulheres e de propagar a sua condição de submissão.
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[...] a mãe [...] é o typo de horizonte cerceado por uma quase ausência de
individualidade, é o typo que a natureza espalha por toda parte em defesa das
leis de multiplicação da espécie e cuja intelligencia se embotta para enriquecer
os órgãos de reproducção. [...] a esposa [...] é a amante, que colloca o marido,
um único homem acima de todos os homens e até acima de todos os filhos. É a
mulher que se faz submissa conscientemente, que nasceu para adorar, que se
escraviza por amor e vive da vida do seu companheiro a quem ama
religiosamente, a quem admira a ponto de abdicar do seu raciocínio, por quem
se sacrifica e por quem é capaz de sacrificar todos os filhos desse grande
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HAHNER, June E. A MULHER BRASILEIRA - e suas lutas sociais e políticas: 1850 –1937. São Paulo:
Brasiliense, 1980.
212
LEITE, op. cit, p 82.
213
LEITE, op. cit. Ver também: RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar – a utopia da cidade disciplinar. Brasil
1890-1930. São Paulo: Paz e Terra, 1987.