UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

alfabetização e reformas educacionais. Não foi responsável pela criação de nenhum
jornal, nem foi redatora, mas publicou artigos na imprensa em geral, principalmente na
imprensa operária. Publicou mais de dez obras dentre as quais; Em torno da educação
(1918); A mulher é uma degenerada?(1924); Religião do amor e da belleza (1926);
Amai e...não vos multipliqueis (1932), além de algumas traduções 209 .
Em 1927, o jornal Diário da Manhã publicou uma resenha do livro
Religião do amor e da belleza. O estado precário de conservação do documento não
nos permitiu uma leitura integral. Nele, o autor, cujo nome não pudemos identificar, tece
comentários sobre a obra e a sua autora:
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Há a considerar na vibrante escriptora patrícia duas feições primordeaes do seu
espírito: a feição doutrinaria e a feição esthetica. Na primeira reflecte-se a
celebração vibrante da polemista ardorosa e exaltada, defensora de ideas
libertarias em prol do feminismo, capaz das mais imprevistas affirmações no
domínio da moderna psychologia. Na segunda exprime-se uma sensibilíssima
organização de artista, vibrátil e commovida, apta a nos communicar, na magia
musical dos períodos, no rendilhado de phrase macia e ondulante, o fio da
Belleza esparsa que anda no fundo dos seres e das coisas [...]. Para ser
sincero, devo confessar que fala melhor á minha sensibilidade, a artista [...]. No
presente livro Religião do Amor e da Belleza que ella própria chamou o seu livro
do coração, a talentosa escriptora desenvolve, com o artista e pensadora,
themas e theses interessantes de feminismo, onde seu espírito renovador de
poetisa –propheta lampeja em paginas de arrebatada eloqüência.[...].
Caracterizam a obra da nobre escritora patrícia a sua independência moral, a
sua cultura seria e meditada e o fulgor literário do seu estylo 210 .
Desde o ano de 1918 Maria Lacerda já manifestava sua preocupação
com a condição feminina e os meios de modificá-la. Tinha grande simpatia das
associações feministas e chegou a participar de algumas. Juntamente com Bertha Lutz,
criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher 211 . Fundou em 1921 a
Federação Internacional Feminina da qual foi presidente até 1923 e que tinha como
209 LEITE, op. cit.
210 Diário da Manhã – Belo Horizonte, 30/11/1927.