UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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companheira do seu esposo [...]. A civilização beneficiando ambas as partes, só<br />
poderá lucrar com tal reforma, pois que egualando os direitos equilibra o<br />
espírito subversivo da mulher [...]. Eu sou feminista, mão não pratico o<br />
feminismo. Sou de opinião, porém, que a mulher é colaboradora do homem e<br />
que pode occupar, se o quer e precisa, com a mesma vantagem, logares só<br />
acessíveis até então a elle [...]. A alma da mulher é livre e a sua intelligencia<br />
idêntica a do homem [...].Tendo os mesmos direitos saberá melhor cumprir seu<br />
dever, comprehendendo mais seu sexo e amando sem restrições o homem,<br />
pelo amor tão somente! (grifos do original) 199<br />
A feminista e sufragista, conforme percebemos pela imprensa, era<br />
aquela que não queria ser tratada como inferior ao homem porque se considerava igual<br />
a ele. Entretanto, a igualdade defendida restringia-se aos campos da educação, do<br />
trabalho e da política. As feministas mantiveram o discurso que ressaltava as<br />
qualidades específicas da mulher e o papel que lhe era primordial na sociedade: ser<br />
uma boa esposa e mãe. Elas não queriam romper com a divisão hierárquica e<br />
dominante entre os sexos e aceitavam a divisão sexual da sociedade sem criticar a<br />
condição de inferioridade que esta divisão gerava.<br />
A representação da feminista manteve-se sempre aliada ao conceito do<br />
bom feminismo, que remodelava algumas estruturas sociais sem, no entanto,<br />
transformá-las de forma radical. O bom feminismo foi defendido pelas sufragistas<br />
mineiras e tornou-se bem aceito nas páginas da imprensa. Isso fica claro na cobertura<br />
realizada durante o I Congresso Feminista Mineiro. Consideradas representantes do<br />
mau feminismo, mulheres que como Maria Lacerda de Moura tiveram uma proposta<br />
transformadora para a condição feminina e propuseram um rompimento com normas e<br />
valores morais vistos até então como inquestionáveis, defenderam a emancipação da<br />
mulher em moldes bem diferentes das feministas sufragistas e talvez por isso, tiveram<br />
199 Estado de Minas – Belo Horizonte, 22/04/1928.