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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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mulher embora considerasse que a sua independência fosse necessária. A<br />

representação feminina construída pelo periódico de Diamantina mesclava a imagem<br />

da esposa, mãe, dona de casa e trabalhadora numa só; esta seria a mulher<br />

considerada emancipada.<br />

128<br />

A mulher precisa educar-se, precisa instruir-se para fazer a felicidade do lar e<br />

principalmente para ganhar a vida independente de como o homem ganha. Não<br />

é isto menosprezar a sua missão no lar e a felicidade doméstica, que só ela é<br />

capaz de fazer [...] Se víssemos nesta independência qualquer abalo para a<br />

ordem doméstica [...] Abandonaríamos desde já nossas opiniões [... ] 187 .<br />

A principal reivindicação desse periódico era o sufrágio feminino. Suas<br />

redatoras defendiam a igualdade de direitos entre os sexos, por não considerar a<br />

mulher inferior ao homem. No artigo intitulado Pela mulher na primeira página da edição<br />

de 16 de abril de 1901, Clélia iniciava o artigo em defesa do voto feminino citando<br />

Castro Alves:<br />

....Ainda mais, porque sois filhas d’esta terra da América-pátria das<br />

utopias,região creada para a realisação de todos os sonhos de liberdade, de<br />

toda extinção de preconceitos, de toda conquista moral. A terra que realisou a<br />

emancipação dos homens há de realisar a emancipação da mulher. A terra que<br />

fez o suffragio universal, não tem o direito de recusar o voto da metade da<br />

América. E este voto é o vosso. 188<br />

E argumentando em favor do sufrágio feminino, continuava:<br />

E porque havia de ter este direito? Não somos tambem como é o homem, parte<br />

componenete da sociedade? Não estamos sob o jugo da lei, e não temos<br />

intelligencia lúcida, vontade livre?Para que um governo seja democrático, é<br />

necessário que todos que estejão sob seu domínio possam tambem agir sobre<br />

elle. Ou então tudo é absolutismo. Para ter liberdade de um povo é<br />

evidentemente necessario que seja o seu governo creado pelo suffragio e<br />

vontade de todo elle. Mas se apenas uma metade pode agir livremente, a outra<br />

agirá automaticamente; só a primeira é livre, a segunda escrava. São dois<br />

povos em um mesmo paiz: um livre e independente que conforme sua vontade<br />

186<br />

(O) Município – Diamantina, 08/05/1900 citando o editorial do primeiro número do Jornal Voz<br />

Feminina.<br />

187<br />

Voz Feminina, 20/03/1901. Apud ALVES, Branca Moreira. Ideologia & Feminismo. A luta da Mulher<br />

pelo Voto no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1980. p. 93<br />

188<br />

Voz Feminina – Diamantina, 16/04/1901.

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