Caracterização e Avaliação da Flora e Vegetação no

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CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO DE PARCELAS PERMANENTES A unidade tipológica elementar é a tessela, que se definiu como um território de extensão variável, ecologicamente homogéneo, i.e. possui um único tipo de vegetação potencial 1 e em consequência uma única sequência de comunidades vegetais 2 de substituição. Os espaços geográficos homogéneos ocupados por comunidades permanentes 3 (e.g. territórios polares, altas montanhas) designam-se por microtesselas. A tessela e microtessela são as únicas unidades biogeográficas que se podem repetir de modo descontínuo, i.e. são a expressão territorial da série de vegetação 4 . Uma catena de tesselas ou microtesselas contíguas constituem pluritesselas ou plurimicrotesselas. Um conjunto destas, afins no mesmo território pelos seus correspondentes geosigmetum 5 topográficos, constitui o elemento de paisagem (e.g. peneplanícies em horst, vales fluviais, relevos montanhosos). A comarca, também já denominada mosaico ou no alemão wuchsdistrict, deve ser um amplo território bem delimitado geograficamente que possua um conjunto de espécies, associações 6 , geosigmetum cliseriais e topográficos peculiares. O distrito é um amplo conjunto de comarcas caracterizado por condições edáficas particulares assim como por uma flora característica com espécies diferenciais 7 óbvias, associações, séries, geosséries e 1 Vegetação potencial: comunidade vegetal estável que existiria num determinado local como consequência de um processo sucessional progressivo (máximo de complexidade estrutural), se o Homem deixasse de influenciar e alterar os ecossistemas naturais. É um sinónimo de clímax (etapa madura), no entanto distingue-se de vegetação potencial primitiva (vegetação não alterada pelo Homem) e de vegetação potencial actual (resultante de um processo de sucessão secundária) 2 Comunidade vegetal: conjunto mais ou menos homogéneo de plantas pertencentes a diferentes táxones que ocupam determinado biótopo e habitat. 3 Comunidade permanente: vegetação potencial climatófila e edafófila. 4 Série de vegetação: objecto de estudo da Sinfitossociologia s. str., Fitossociologia Dinâmica ou Fitossociologia Sucessional, que tem como unidade tipológica básica a sigmassociação ou sigmetum. Inclui o clímax e as comunidades subseriais que o substituem. 5 Geosigmetum: unidade fundamental da Geosinfitossociologia ou Fitossociologia Catenal, que tem como objecto a geossérie de vegetação. Importa distinguir dois grandes tipos de geosséries de vegetação: cliserial e topográfica. O geosigmetum topográfico apresenta o modelo catenal cume-encosta-vale; agruparia todas as séries edafófilas, climatófilas e edafoxerófilas contíguas dentro de um território biogeográfico (sector ou distrito). O geosigmetum clíserial agruparia todas as séries climatófilas em contiguidade altitudinal de um território montanhoso com importantes desníveis, significaria dizer que se abarcaria pelo menos dois pisos de vegetação termoclimáticos. 6 Associação é a unidade abstracta fundamental da Fitossociologia s. str., Fitossociologia Clássica, Sigmatista, Zurico-Monpilheriana ou Braunblanquetiana, cujo objecto de estudo é a fitocenose. Segundo Rivas-Martínez (1996), corresponde a um tipo de comunidade vegetal com uma corologia, espécies características e diferenciais próprias, estatisticamente fiéis a determinadas residências de um habitat particular, num estádio sucessional estruturalmente estável. Quando possuem uma composição florística, posição sucessional, habitat e biogeografia semelhantes podem ser organizadas em categorias progressivamente mais abrangentes de ordem superior: aliança (sufixo ion), ordem (etalia), classe (etea), divisão (ea). 7 Os taxa característicos encontram o seu óptimo fitossociológico num único sintaxon, ligando-se de forma exclusiva a esse agrupamento sintaxonómico, sendo mais fáceis de encontrar em territórios ricos em endemismos. Fora destes territórios, exceptuando agrupamentos muito especializados, pode ser difícil a detecção de características da associação. Acresce o facto de a maioria das associações não ter taxa característicos, tornando-se então necessário recorrer aos taxa diferenciais. Têm o seu óptimo fitossociológico em mais de um sintaxon, estando ligados preferencialmente (muitas vezes localmente) a um VASCO ALMEIDA DA SILVA, OUTUBRO 2005 21
CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO DE PARCELAS PERMANENTES geosséries cliseriais que permitam a separação de distritos adjacentes. Será então ao nível do distrito que a Fitossociologia paisagista se acoplará à Biogeografia. O sector possui um cortejo florístico específico (característico ou diferencial), associações e séries de vegetação particulares, tal como geosséries topográficas, cliseriais próprias, circunstância devida à existência de comunidades permanentes e subseriais endémicas. A província é um vasto território que, para além de possuir elementos florísticos endémicos próprios, catenas e andares de vegetação particulares com elementos endémicos, é detentora de domínios climácicos 8 únicos. A região possui um elemento florístico endémico importante, catenas e andares de vegetação originais com territórios climácicos 9 próprios. A região é um extenso território que apresenta uma flora na qual existem espécies, géneros ou mesmo famílias endémicas. Possui um bioclima e tipos de solos particulares. Por último o reino, a unidade suprema da Biogeografia, que, para além das considerações taxonómicas e ecossistemáticas, suporta toda uma explicação da origem da flora, da fauna, da génese dos continentes, assim como os bioclimas e paleoclimas, etc. (Aguiar & Honrado, 2001; Capelo, 2003; Costa et al., 1998; Rivas-Martínez, 2004b, 2005). 2.4.2. Síntese biogeográfica das parcelas De acordo com os conceitos expostos e segundo Rivas-Martínez et al. (2002a) e Rivas- Martínez (op. cit.), o território continental português distribui-se por duas regiões biogeográficas do reino Holárctico: Região Eurossiberiana e Região Mediterrânica. Cada local estudado insere-se nas seguintes unidades biogeográficas: VILA POUCA DE AGUIAR MANTEIGAS Região Mediterrânica Região Mediterrânica Sub-Região Mediterrânica Ocidental Sub-Região Mediterrânica Ocidental Provincia Mediterrânica Ibérica Ocidental Provincia Mediterrânica Ibérica Ocidental Subprovíncia Carpetano-Leonesa Subprovíncia Carpetano-Leonesa Sector Lusitano Duriense Sector Estrelense Distrito Transmontano Distrito Alto Estrelense sintaxon de categoria inferior. Frequentemente, espécies características de um agrupamento são diferenciais noutro. 8 Domínio climácico: área onde uma associação exerce a função de clímax. 9 Território climácico: área onde uma aliança exerce a função de clímax. VASCO ALMEIDA DA SILVA, OUTUBRO 2005 22
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