05.07.2013 Views

Envelhecimento, ética e cidadania - Observatório Nacional do Idoso

Envelhecimento, ética e cidadania - Observatório Nacional do Idoso

Envelhecimento, ética e cidadania - Observatório Nacional do Idoso

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Neófito – Informativo Jurídico<br />

Página 6<br />

futuros “não ativos” e como se não estivessem asseguran<strong>do</strong> seu próprio futuro ao instituir o<br />

amparo aos i<strong>do</strong>sos.<br />

É chegada a hora da <strong>ética</strong> brasileira, enquanto conjunto de valores e princípios que<br />

norteiam as ações da sociedade, reconhecer a necessidade e a obrigação de respeito aos<br />

direitos <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Não há mais espaço para a omissão. Não há mais como deixar de<br />

entender que aquele homem que envelhece continua existin<strong>do</strong> e manifestan<strong>do</strong> os mesmos<br />

desejos, os mesmos sentimentos, as mesmas reivindicações de quan<strong>do</strong> era jovem.<br />

Por que os i<strong>do</strong>sos escandalizam? Neles, o amor e o ciúme parecem odiosos ou<br />

ridículos, a sexualidade repugnante, a violência irrisória. Eles têm que dar o exemplo de todas<br />

as virtudes e de eterna serenidade? A serenidade não deve ser confundida com conformismo<br />

da infelicidade.<br />

Segun<strong>do</strong> Simone de Beauvoir, a imagem que a sociedade propõem ao i<strong>do</strong>so é a <strong>do</strong><br />

sábio aureola<strong>do</strong> de cabelos brancos, rico em experiência e venerável, que <strong>do</strong>mina de muito<br />

alto a condição humana; se dela se afasta, cai no outro extremo: a imagem que se opõe à<br />

primeira é a <strong>do</strong> velho louco que caduca e delira e de quem as crianças zombam. De qualquer<br />

maneira, por sua virtude ou sua abjeção, o velho situa-se fora da humanidade. Pode-se,<br />

portanto, sem escrúpulo, recusar-lhe o mínimo julga<strong>do</strong> necessário para levar uma vida de<br />

homem.<br />

É evidente que o exercício da <strong>cidadania</strong> pelo i<strong>do</strong>so, varia bastante de um país para o<br />

outro, em função de fatores como as tradições culturais (impon<strong>do</strong> um maior respeito aos mais<br />

i<strong>do</strong>sos, como é o caso <strong>do</strong> Japão), as condições econômicas <strong>do</strong> país, que permitem um mais<br />

amplo e completo serviço de assistência social (caso da Suécia e da França). Mas o Brasil já é<br />

civiliza<strong>do</strong> o suficiente para reconhecer a falta de <strong>ética</strong> que tem caracteriza<strong>do</strong> o tratamento da<strong>do</strong><br />

à velhice e suas conseqüências naturais.<br />

A maneira com que se equaciona a questão previdenciária, também afeta a questão<br />

da <strong>cidadania</strong> <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so. Uma melhor renda aos aposenta<strong>do</strong>s (os aposenta<strong>do</strong>s europeus, em<br />

geral, percebem uma renda significativamente elevada) pode garantir o exercício da<br />

autonomia, uma vez que eles não dependem de terceiros para manterem-se com dignidade.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o Brasil tem um marco inicial em relação à construção da <strong>cidadania</strong> na velhice:<br />

a Constituição Federal de 1988 desencadeou um debate que contou com a participação de<br />

aposenta<strong>do</strong>s empenha<strong>do</strong>s na luta por suas reivindicações .<br />

O Neófito – Informativo Jurídico<br />

editor@neofito.com.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!