Envelhecimento, ética e cidadania - Observatório Nacional do Idoso
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O Neófito – Informativo Jurídico<br />
Página 13<br />
Enfim, no caso <strong>do</strong> segmento social <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos em nossa sociedade, a <strong>cidadania</strong> não<br />
tem que ser resgatada ou recuperada, tem que ser construída, uma vez que a população não<br />
chegou a vivenciar melhores condições de existência.<br />
Trata-se, portanto de um processo evolutivo de construção <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos a<br />
partir <strong>do</strong> acesso ao espaço público, fundamenta<strong>do</strong> na consciência social(o reconhecimento<br />
desses direitos) e na liberdade de pensamento conjugadas à ação.<br />
Segun<strong>do</strong> Miguel Reale “As normas <strong>ética</strong>s não envolvem apenas um juízo de valor<br />
sobre os comportamentos humanos, mas culminam na escolha de uma diretriz considerada<br />
obrigatória numa coletividade. Da tomada de posição axiológica resulta a imperatividade da via<br />
escolhida, a qual não representa assim mero resulta<strong>do</strong> numa decisão, arbitrária, mas é a<br />
expressão de um complexo processo de opções valorativas, na qual se acha, mais ou menos<br />
condiciona<strong>do</strong>, o poder que decide.”<br />
É imperativo, emprestan<strong>do</strong> a expressão usada pelo mestre, que a sociedade passe a<br />
reconhecer o i<strong>do</strong>so como cidadão que é. A atribuição da identidade-cidadã <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so é o único<br />
resulta<strong>do</strong> possível entre as opções valorativas da sociedade. Não se permite mais a omissão<br />
em relação ao envelhecimento, suas conseqüências e suas necessidades.<br />
E, se ainda vivemos em uma sociedade obcecada pela idéia <strong>do</strong> novo que desqualifica<br />
a memória e banaliza <strong>do</strong> velho... chegamos ao tempo da intolerância! Se queremos realmente<br />
proteger aquele que envelheceu, temos que assegurar que sua <strong>cidadania</strong> não diminui a<br />
medida que os anos passam. Temos que garantir que sua velhice será tratada com <strong>ética</strong>.<br />
Concluo este artigo enfatizan<strong>do</strong> que a velhice é uma construção cultural, cujo conceito<br />
está relaciona<strong>do</strong> com época vivida (em 1900 a expectativa de vida era de 33.7 anos e um<br />
homem de 50 anos já era considera<strong>do</strong> velho) e por esse motivo, os valores éticos da<br />
sociedade têm que acompanhar a evolução <strong>do</strong>s tempos.<br />
Não podemos continuar a ignorar que somos um país forma<strong>do</strong> por quase 15% de<br />
cidadãos com mais de sessenta anos. Precisamos nos conscientizar que não somos mais um<br />
país de jovens, somos um país que está envelhecen<strong>do</strong>. Devemos nos apoderar desta<br />
realidade fática o quanto antes e assegurar nossa própria velhice, asseguran<strong>do</strong> os direitos <strong>do</strong>s<br />
que já envelheceram.<br />
A <strong>ética</strong> que foi negada aos i<strong>do</strong>sos <strong>do</strong>s séculos passa<strong>do</strong>s, deve nortear o relacionamento entre<br />
a sociedade e os i<strong>do</strong>sos deste início de século. Garantir os direitos <strong>do</strong>s que estão<br />
O Neófito – Informativo Jurídico<br />
editor@neofito.com.br