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Envelhecimento, ética e cidadania - Observatório Nacional do Idoso

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O Neófito – Informativo Jurídico<br />

Página 10<br />

É preciso entender que se as pessoas tendem a envelhecer, em atividade ou não, com<br />

qualidade de vida ou não, é necessário voltar a preocupação para as necessidades delas.<br />

Assim, desde as normas de construção de edifícios e o transporte coletivo, passan<strong>do</strong> pelos<br />

produtos e pelo lazer, tu<strong>do</strong> deve ser feito de mo<strong>do</strong> que qualquer cidadão possa ter acesso.<br />

Não se pode codificar o exercício da <strong>cidadania</strong>! As pessoas i<strong>do</strong>sas e também os deficientes<br />

físicos, devem ser incluí<strong>do</strong>s na vida social e essa deve ser a preocupação básica da família,<br />

da sociedade e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Outro fator que merece ser realça<strong>do</strong>, por sua importância, é questão cultural, vale<br />

dizer, precisamos urgentemente buscar uma mudança da mentalidade social. Em outras<br />

palavras, o que acontece é que a sociedade brasileira simplesmente não foi educada para<br />

prestar o devi<strong>do</strong> respeito às pessoas i<strong>do</strong>sas. A cultura <strong>do</strong> país não tem entre um de seus<br />

pilares a reverência aos seus antecessores, como acontece por exemplo no Japão, e ao<br />

mesmo tempo também não temos em nosso País a assistência estatal eficiente, como sói<br />

acontecer em países como a Alemanha e a Itália. Dois exemplos deixarão claro como a<br />

questão é, acima de tu<strong>do</strong>, cultural, sen<strong>do</strong> que a antropologia é capaz até mesmo de revelar<br />

algumas situações curiosas: os esquimós, durante algum tempo, a<strong>do</strong>taram uma solução<br />

radical, e só alimentavam seus velhos enquanto esses não atrapalhavam o deslocamento <strong>do</strong><br />

grupo através das vastas paisagens geladas. Mas quan<strong>do</strong> o velho ficava muito fraco para<br />

caminhar, era aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> numa tempestade de neve ou sacrifica<strong>do</strong> pelo próprio filho, em um<br />

rito cerimonial. Por outro la<strong>do</strong>, na antiga Escandinávia, se um ancião não mais conseguia<br />

trabalhar, comprovava a sua debilidade diante de um conselho da comunidade, e a partir daí<br />

lhe era garanti<strong>do</strong> o direito de passar seis dias em cada uma das casas <strong>do</strong> grupo local, sen<strong>do</strong><br />

que to<strong>do</strong>s se revezavam para bem alimentá-lo e para tratá-lo como um hóspede importante.<br />

Para estes la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> novo mun<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, o respeito aos i<strong>do</strong>sos sempre foi menor. De fato, os<br />

estu<strong>do</strong>s comprovam – e aqui mais uma vez se realça o fator cultural – que os i<strong>do</strong>sos sempre<br />

foram mais respeita<strong>do</strong>s no Japão e na Europa, e menos respeita<strong>do</strong>s na América, em<br />

comparação com o resto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Dessa forma, reiteramos que o Brasil precisa definir – e com urgência – uma conduta<br />

<strong>ética</strong>(tais palavras deveriam ser sinônimas, mas não são), desenvolven<strong>do</strong> mecanismos de<br />

assistência ao i<strong>do</strong>so, sen<strong>do</strong> certo que tais mecanismos deverão se iniciar com uma ampla<br />

política de conscientização da população, em relação aos direitos da 3 a idade à uma velhice<br />

digna. Aliás, nas emissoras de televisão freqüentemente se vêem campanhas contra o trabalho<br />

infantil, contra a poluição das praias, contra o sexo sem preservativo. Não se discute, aqui –<br />

mesmo porque fugiria totalmente à temática desenvolvida – a importância de cada uma dessas<br />

campanhas. No entanto, não se pode deixar de questionar o seguinte: por que não é feita,<br />

O Neófito – Informativo Jurídico<br />

editor@neofito.com.br

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