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Rui Moreno<br />
paulo coelho<br />
“Não nos transformamos em mestres<br />
porque sabemos repetir o que os mestres fazem,<br />
mas porque aprendemos a pensar por nós mesmos.<br />
Descubra a sua própria luz – ou passará o resto<br />
da vida a ser um pálido refl exo da luz alheia„<br />
SOBRE O TEMPO E A SABEDORIA<br />
AJUDAR NOS PROBLEMAS<br />
Pela manhã, o discípulo foi visitar o seu mestre.<br />
– Tenho um importante problema para resolver<br />
– disse. – Gostaria que me ajudasse, porque<br />
tenho pressa.<br />
– Como é que posso ajudá-lo? Eu posso saber<br />
como me comportar diante de determinado<br />
problema, mas esta é a minha maneira de agir.<br />
Se você deseja crescer, observe os outros –<br />
mas jamais procure agir exatamente como eles.<br />
Cada pessoa tem um caminho diferente nesta<br />
vida. Não nos transformamos em mestres porque<br />
sabemos repetir o que os mestres fazem, mas<br />
porque aprendemos a pensar por nós mesmos.<br />
Descubra a sua própria luz – ou passará o resto<br />
da vida a ser um pálido refl exo da luz alheia.”<br />
A ILUMINAÇÃO EM SETE DIAS<br />
Um mestre zen dizia:<br />
– Buda disse aos seus discípulos: quem se<br />
esforça, pode alcançar a iluminação em sete<br />
dias. Se não conseguir, com certeza alcançará em<br />
sete meses, ou em sete anos.<br />
Entusiasmado, o jovem perguntou como conseguiria<br />
chegar à sabedoria em sete dias.<br />
– Concentração – foi a resposta.<br />
O jovem começou a praticar – mas em dez minutos<br />
já se tinha distraído. Recomeçou, e de novo perdeu<br />
a concentração.<br />
Depois de uma semana, não tinha conseguido<br />
nada de concreto, mas estava mais atento à<br />
sua ansiedade e às suas fantasias. Aos poucos,<br />
foi prestando atenção a tudo o que o distraía,<br />
e achou que não estava a perder tempo, mas a<br />
acostumar-se a si mesmo.<br />
Um belo dia, o rapaz decidiu que não era<br />
preciso alcançar tão rapidamente a sua meta, já<br />
que o caminho estava a ensinar-lhe muitas<br />
coisas. E foi nesse momento que se tornou um<br />
iluminado.<br />
A HISTÓRIA DAS DUAS RÃS<br />
Existem certas horas em que a paciência – por<br />
mais difícil que seja – é a única maneira de suportar<br />
determinados problemas. A famosa história a<br />
seguir ilustra bem a virtude de saber esperar.<br />
Duas rãs caíram dentro de uma jarra de leite.<br />
Uma era grande e forte, mas impaciente – e<br />
confi ando na sua forma física, lutou a noite inteira,<br />
debatendo-se para escapar.<br />
A outra rã era pequena e frágil. Como sabia que<br />
não teria energia para lutar contra o seu destino,<br />
resolveu entregar-se. Com as suas patas, fez<br />
apenas os movimentos necessários para se<br />
manter à superfície, sabendo que mais cedo ou<br />
mais tarde iria morrer.<br />
“Quando não se pode fazer nada, nada se deve<br />
fazer”, pensava ela.<br />
E assim as duas passaram a noite – uma na tentativa<br />
desesperada de se salvar, a outra aceitando com<br />
tranquilidade a ideia da morte.<br />
Exausta com o esforço, a rã maior não aguentou<br />
e morreu afogada. A outra rã conseguiu boiar<br />
a noite inteira – e quando, na manhã seguinte,<br />
resolveu entregar-se, reparou que os movimentos<br />
da sua companheira tinham transformado o leite<br />
em manteiga.<br />
Tudo o que teve de fazer foi saltar para fora da<br />
jarra.<br />
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