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Arquivo <strong>Lux</strong><br />
saúde<br />
Cecília Pardal<br />
Pneumologista<br />
MALO CLINIC<br />
Instituto do Coração<br />
Tel. 21 4165900<br />
lisboa@institutocoracao.com<br />
“Embora a asma não tenha cura, pode ser<br />
completamente controlada com o tratamento<br />
adequado, de modo a que os doentes tenham<br />
uma vida completamente normal, havendo<br />
mesmo atletas olímpicos com esta doença„<br />
ASMA<br />
A asma é uma das doenças crónicas mais frequentes a nível mundial e a sua incidência está<br />
a aumentar, principalmente nas crianças. É uma das principais causas de morbilidade crónica<br />
e mortalidade e daí a importância de um diagnóstico precoce, de modo a ser iniciada<br />
a terapêutica mais correta.<br />
A asma é uma doença infl amatória crónica das vias aéreas que, quando expostas a vários fatores<br />
de risco, reagem limitando o fl uxo aéreo (broncoconstrição) e provocando os sintomas. Há<br />
evidências de que haja um componente genético. O quadro clínico é caracterizado por episódios<br />
recorrentes de falta de ar, farfalheira, tosse e opressão torácica. Estas queixas podem surgir quando<br />
existe exposição a alérgenos, tais como ácaros domésticos (pó), pólenes, pelos de animais, entre<br />
outros, e melhoram com o afastamento destes. O exercício, o frio e as emoções também podem<br />
desencadear crises. Estas queixas agravam-se habitualmente durante a noite.<br />
As crises podem ir desde uma tosse seca persistente a falta de ar e pieira, interferindo com<br />
uma vida normal. Quando a asma não está controlada, as vias aéreas tornam-se muito sensíveis<br />
às alterações ambientais e um ataque pode surgir mais facilmente.<br />
Muitos dos bebés e crianças pequenas que têm farfalheira durante as infeções respiratórias virais<br />
podem não vir a desenvolver asma persistente, mas podem benefi ciar da medicação antiasmática.<br />
Destas crianças não se pode dizer quais as que vão ter asma persistente, mas se têm alergias,<br />
história familiar de asma ou de alergia ou ainda exposição perinatal a tabagismo passivo, têm<br />
uma maior probabilidade.<br />
O diagnóstico, além da colheita dos sintomas e do exame objetivo, deve incluir um estudo funcional<br />
respiratório que permite o diagnóstico defi nitivo. Deve ainda fazer-se os testes de sensibilidade<br />
cutânea ou análises para descobrir se tem um fundo alérgico e quais são as suas alergias. Também<br />
deve ser investigado se tem rinite, alergias cutâneas ou conjuntivite, já que estão muitas vezes<br />
associadas.<br />
Embora a asma não tenha cura, pode ser completamente controlada com o tratamento adequado,<br />
de modo a que os doentes tenham uma vida completamente normal, havendo mesmo atletas<br />
olímpicos com esta doença. Dependendo da gravidade, o tratamento pode ir desde a utilização<br />
de broncodilatadores de curta duração, para alívio das crises, até à terapêutica diária.<br />
A educação do doente é essencial, devendo o mesmo saber como evitar os alérgenos a que é<br />
alérgico, e quando deve aumentar ou diminuir a medicação, tendo como objetivo fazer o mínimo<br />
de terapêutica. Os doentes, dependendo da gravidade, têm indicação para fazer broncodilatadores<br />
de curta duração durante as crises.<br />
O tratamento terapêutico de fundo principal inclui os corticoides inalados que evitam a infl amação<br />
crónica das vias aéreas, o qual, aplicado corretamente e nas doses indicadas, não tem efeitos<br />
secundários. Na criança pode optar-se por antileucotrienos. À medida que os sintomas se vão<br />
agravando, é necessário juntar broncodilatadores de longa duração e antileucotrienos. Só nos<br />
casos mais graves é necessário tratamento com medicação injetável anti-IgE. Os corticoides orais<br />
devem ser reservados para as crises mais graves. A par desta medicação, no caso de alergias,<br />
podem ser prescritas “vacinas” (imunoterapia específi ca) contra as alergias mais importantes.<br />
A asma é uma doença que pode ser controlada, pelo que os doentes devem fazer uma vida<br />
completamente normal. A ideia de que o asmático tem de ser super protegido ou de que não<br />
pode fazer exercício tem de ser ultrapassada.