Notícias diversas - Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra
Notícias diversas - Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra
Notícias diversas - Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Santa Cruz para a construcção <strong>de</strong> uma<br />
latrina na casa <strong>da</strong> eschóla.<br />
Pedir ao administrador do Concelho<br />
para ser inspecciona<strong>da</strong> uma casa <strong>de</strong>stina<strong>da</strong><br />
para a eschóla elementar <strong>da</strong><br />
freguezia <strong>da</strong> Lamaroza.<br />
Auctorisou trabalhos <strong>de</strong> canalisações<br />
d'aguas, por conta <strong>de</strong> um proprietário,<br />
segundo as disposições do regulamento<br />
respectivo.<br />
Auctorisou uma avença para pagamentos<br />
<strong>de</strong> impostos indirectos.<br />
Registou a nota <strong>da</strong>s canalisações<br />
d'aguas executa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 23 a 30 <strong>de</strong><br />
abril.<br />
Auctorisou a compra <strong>de</strong> oitenta metros<br />
<strong>de</strong> mangueira para rega <strong>de</strong> ruas.<br />
Ven<strong>de</strong>u em praça a erva crea<strong>da</strong> nos<br />
talu<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s municipaes entre<br />
os logares dos Fornos, Souzellas e<br />
Botão.<br />
Auctorisou o pagamento <strong>de</strong> canalisações<br />
parciaes <strong>de</strong> exgotos entre as<br />
valetas nas ruas <strong>da</strong> quinta <strong>de</strong> Santa<br />
Cruz e o colleclor geral executa<strong>da</strong>s do<br />
dia 1 <strong>de</strong> março a 15 <strong>de</strong> abril.<br />
Attestou ácêrca <strong>de</strong> duas petições<br />
para subsídios <strong>de</strong> lactação a menores.<br />
Auctorisou o pagamendo dos vencimentos<br />
<strong>de</strong> março ao thesoureiro do<br />
município e os <strong>de</strong> abril a todos os<br />
empregados pagas pelo cofre municipal.<br />
Auctorisou cem avenças para consumo<br />
d'agua durante o corrente anno.<br />
Despachou requerimentos auctori-<br />
sando trasla<strong>da</strong>ções d'ossa<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro<br />
do cemitério <strong>da</strong> Concha<strong>da</strong>, canalisações<br />
parciaes <strong>de</strong> exgotos d'aguas d'alguns<br />
prédios, abertura d'uma serventia particular<br />
para um prédio no Ameal,<br />
abertura d'uma porta no muro d'uma<br />
proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> em Cellas <strong>da</strong> reconstrucção<br />
<strong>da</strong> facha<strong>da</strong> d'um prédio na rua <strong>da</strong><br />
Trin<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Revistas e jornaes<br />
Jornal «low Itomances — Recebê<br />
mos o n.° 3 d'este semanário <strong>da</strong> instrucção e<br />
recreio, que co Porto vê a luz <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O summário é o seguinte :<br />
Texto—Os combates <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>: Joanninha, a<br />
costureira, porCh. Ménouvel.—Os cavalleiros<br />
<strong>da</strong> Rosa Vermelha, por A. Toequeville.—<br />
Entre o céu e a Terra: A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea, por A.<br />
Rrown.— Len<strong>da</strong>s, baila<strong>da</strong>s e phantasias : A<br />
prophecia <strong>de</strong> Saleh, por H. M.— Contos para<br />
creanças: Algumas aventuras <strong>de</strong> William Wal<br />
lace, por Walter Scott.—O romance d'um sol<br />
<strong>da</strong>do.— Curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.— Conselhos e receitas<br />
— Diversões em família.— Secção recreativa<br />
— Expediente.<br />
Gravuras—Joanninha, a costureira: Consegue<br />
tocar a embarcação com o pé. — Os cavalleiros<br />
<strong>da</strong> Rosa Vermelha : No momento <strong>de</strong><br />
montar a cavallo para se pôr a caminho...—<br />
Diversões em família : Uma gravura.<br />
Arguw — I<strong>de</strong>al e Ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Reeebámos o n.° IV <strong>da</strong> 2." série d'esta revista<br />
académica, que se publica nesta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Jornal <strong>de</strong> Viagens e aventuras <strong>de</strong><br />
terra e mar.<br />
44 Folhetim <strong>da</strong> RESISTENCIA<br />
ALÉXIS BOUVIER<br />
0 casamento d um forçado<br />
• SEGUNDA PARTE<br />
A casa Bérard á C. a<br />
XI<br />
Grog Cardinet<br />
Uma hora <strong>de</strong>pois, a carruagem parava<br />
na estra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Argenteuil, n.° 84<br />
A casa on<strong>de</strong> parara Cardinet parecia<br />
<strong>de</strong>shabita<strong>da</strong>; bateu, logo do fundo do<br />
pateo começaram a ladrar dois cães.<br />
Âbriu-se a porta.<br />
Appareceram três pessoas para receber<br />
a visita: Grosbouleau, Lalongueur<br />
ePetite... Não contamos dois cães<br />
terríveis, sem orelhas, sem rabo, lodos<br />
olhos, guella e <strong>de</strong>ntes brancos.<br />
— 0 sr. Lalongueur?, perguntou Cardinet.<br />
— Sou eu, senhor.... disse Lalongueur,<br />
em que posso servi-lo?<br />
' ' —Ah I gritou <strong>de</strong> repente Petite, reconhecendo<br />
Cardinet que tinha visto<br />
na véspera.<br />
— 0 que é?, perguntou a socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Grosbouleau-Lalongueur vo 1 tando-se<br />
Reeebámos o n.° 57 d'este interessante jornal<br />
que se publica no Porto, sob a direcção do sr.<br />
Deolindo <strong>de</strong> Castro, e cujo summário é o seguinle<br />
:<br />
Texto—As gran<strong>de</strong>s explorações : Os mineiros<br />
<strong>da</strong> Califórnia — Dramas do mar : O navio<br />
mystsrioso.—Civilisaçãoebarbarie: O morticínio<br />
<strong>de</strong> Mogadicho.— Commettimentos e arrojos<br />
: Viagens e aventuras <strong>da</strong> Menina Friquatte.<br />
— Recor<strong>da</strong>ções do Amazonas : Preparação <strong>da</strong><br />
borracha.—As gran<strong>de</strong>s aventuras: Sem-Cineo-<br />
Reis.—Notas e observações.— Jardins <strong>da</strong> Historia:<br />
No anno 33—Curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s scientíficas.<br />
—-Contos e len<strong>da</strong>s do Universo: Ribeira d'Anna-a-l.oura.<br />
Gravuras— Deparou, bruscamente, com um<br />
dos muitos bandidos que infestavam aquellas<br />
paragens.—Higgs, man<strong>da</strong> pôr o dogg-eart...<br />
— Sinistros, elles cahem, como aves <strong>de</strong> rapina<br />
sobre as seis sentinellas... —Pôs um joelho<br />
em terra, e beijou respeitosamante a mão do<br />
pequeno gnomo.—Ao cabo d'uma hora, o<br />
comboyo partia...<br />
Educação Nacional—Reeebêmos<br />
ó n.° 32 d'êste utilíssimo semanário <strong>de</strong> instrucção,<br />
que se publica no Porto sob a direcção<br />
do sr. António Figueirinhas, e cujo summário<br />
é o seguinte:<br />
Reforma do ensino secundário, J. Simões<br />
Dias.—Nações pequenas e gran<strong>de</strong>s povos, Arthur<br />
<strong>de</strong> Seabra.—A corrupção <strong>da</strong> infância, A.<br />
Coelho.—Reforma <strong>de</strong> instrucção primária.—<br />
Instrucção nacional, Isaae.— Revista pe<strong>da</strong>gógica.—Digestão—Notas.—Instrueção<br />
popular,<br />
D. Antonio <strong>da</strong> Costa.— Vulgarização scientílica,<br />
Carvalho Saavedra.— Exercíeios <strong>de</strong> anályse.—Secção<br />
official.<br />
Gazeta <strong>da</strong>s Aldêas—Acha-se publicado<br />
o n.° 71 d'este importante semanário<br />
<strong>de</strong> propagan<strong>da</strong> agrícola e vulgarização <strong>de</strong> conhecimentos<br />
úteis.<br />
Novas tabellas <strong>de</strong> Cambio Directo entre<br />
Inglaterra, Portugal e Brasil<br />
É um folheto em que o seu auctor,<br />
o sr. A <strong>de</strong> Sousa Pauperio, calciíla as<br />
differenças cambiaes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a taxa <strong>de</strong><br />
6 a 55 31 /32 d. por 1$000 réis.<br />
É um livro útil a todos os negociantes,<br />
recommen<strong>da</strong>vel ain<strong>da</strong> pela sua<br />
clarêza.<br />
Agra<strong>de</strong>eêmos o exemplar que nos<br />
foi olferecido.<br />
POMBEIRO—ARGANIL<br />
RESISTENCIA — Quinta feira, 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1897<br />
eleições<br />
«Caiu o panno I o público<br />
<strong>de</strong>cente retirou cheio <strong>de</strong><br />
nójo e <strong>de</strong> indignação.»<br />
(Do n.° 230 <strong>da</strong> Resislencia/.<br />
As eleições passaram e com ellas o<br />
espectáculo mais vergonhoso que uma<br />
politica reles podia representar.<br />
Ha muito que néste círculo se faziam<br />
ensaios in<strong>de</strong>corosos nos bivaques governamentaes.<br />
Lançava-se mão <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />
as burlas como recursos suprêmos<br />
<strong>de</strong> miseráveis e <strong>de</strong> homens <strong>de</strong>sespera-<br />
—Ê o amigo do sr. Bérard.<br />
Ouvindo êste nome, os dois associados<br />
ficaram bastante embaraçados e<br />
inquietos; pediram a Cardinet para entrar<br />
em casa.<br />
Quando elle entrou numa gran<strong>de</strong> saa,<br />
tendo apenas uma mêza <strong>de</strong> taber<br />
na ro<strong>de</strong>a<strong>da</strong> <strong>de</strong> quatro bancos, Grosjouleau,<br />
pedindo-lhe que se sentasse,<br />
disse lhe:<br />
—Posso saber agora a que <strong>de</strong>vo a<br />
honra <strong>da</strong> sua visita ?<br />
— Meu Deus! Eu tenho tanto que<br />
pedir-lhes..., se se quizessem sentar<br />
po<strong>de</strong>ríamos conversar longamente.<br />
— Não quer tomar um refresco? perguntou<br />
Lalongueur.<br />
— Se quero! disse Cardinet para os<br />
pôr mais á vonta<strong>de</strong>.<br />
Por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Grosbouleau, Petite<br />
pôs em cima <strong>da</strong> mêsa três copos e um<br />
itro.<br />
Depois <strong>de</strong> terem bebido, sentaramse<br />
os dois associados e poseram-se a<br />
olhar para a sua visita como dois pontos<br />
d'interrogação.<br />
— Lá vae o caso... Já me conhecem,<br />
porque a senhora lh'o disse, ha<br />
pouco: é o amigo do sr. Bérard... o<br />
maior amigo do sr. Bérard.<br />
— É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, disse Grosbouleau.<br />
— E ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, repetiu Lwlnngueur.<br />
Na carruagem, Cardinet tinha pensao<br />
no meio que havia <strong>de</strong> empregar<br />
para obter em casa <strong>de</strong> Lalongueur indicações<br />
seguras sobre o barão. Reunia<br />
e apptoximava sem querer duas<br />
para ella.<br />
phraseaj uma ouvi<strong>da</strong> por Bérard escon-<br />
Versão integral disponível em digitalis.uc.pt<br />
dos que, arrastando a sua <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção<br />
moral, iam tomar parte na scena mais<br />
vergonhosa que o último quartel do<br />
século podia contemplar com nojo. O<br />
dinheiro corria em jorros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mais<br />
ousado galopim até ao mais abjecto<br />
taberneiro.<br />
Inaugura va-se um mercado,em que as<br />
míseras ba<strong>da</strong>nas azorraga<strong>da</strong>s por ameaças<br />
violentas, ou compra<strong>da</strong>s por insignificante<br />
quantia, ou ain<strong>da</strong> illudi<strong>da</strong>«<br />
por promessas vãs e chiméricas, iam<br />
na sua cretina ignorância lançar na<br />
urna uma lista que não sabiam ler e<br />
em segui<strong>da</strong> dirigir-se á féti<strong>da</strong> taberna<br />
on<strong>de</strong> as bacchantes lhes serviam os copos.<br />
Mas, o espectáculo, que se disfructava<br />
nas espeluncas, estendia-se dos<br />
acampamentos progressistas às mêzas<br />
eleitoraes.<br />
Tudo era summamente ridículo!...<br />
Ao longo <strong>da</strong>s estra<strong>da</strong>s corriam presurosos<br />
uns galopins analphabetos,<br />
montados em boas mulas, d'uma a outra<br />
povoação, promettendo estra<strong>da</strong>s,<br />
fontes e dinheiro por todos os povos.<br />
Mas ah! Quem sabe I Talvez ámanhã,<br />
essa magna caterva tenha <strong>de</strong> pôr no<br />
prego até as cabeça<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s suas cavalli<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
para pagar os calotes contraídos<br />
!!... E até não virá longe o dia<br />
em que os mercieiros arrebentados vam<br />
<strong>da</strong>r enorme <strong>de</strong>sfalque nos cofres dos<br />
crédores com uma falléncia ignominiosa.<br />
E o eleitor nem sequer, conhe-<br />
ceu que essa gente que lhe pedia o<br />
voto para o governo eram sómente homens<br />
perdidos, párias ociosos, que em<br />
breve a mizéria vae pôr em <strong>de</strong>ban<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
ou para as longínquas regiões <strong>de</strong><br />
Santa Cruz ou para as arenosas plagas<br />
<strong>da</strong> África.<br />
Para diversos concelhos d'este círculo<br />
o governo pôs representantes irresponsáveis,<br />
homens fallídos, que não<br />
têem os direitos <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos, que não<br />
pagam décima em concelho algum.<br />
Mas nas assembléas d'este círculo,<br />
em que o governo tinha a <strong>de</strong>rrota como<br />
certa, ain<strong>da</strong> isto não era bastante. Os<br />
homens fallídos sómente tinham loquella<br />
voraz para arrastar á urna os<br />
eleitores.<br />
Era necessário mais, era necessário<br />
quem soubesse usar <strong>da</strong> força que o governo<br />
lhe facultava.<br />
E, <strong>da</strong> província <strong>de</strong> Traz-os-Montes,<br />
levanta-se um vulto legendário e famigerado,<br />
(se não é falso que o sr.<br />
Dine é trasmontano, como disse para<br />
incutir respeito á assembléa d'Alvares)<br />
um novo Viriato, que. dos brancos<br />
montes Hermínios repelle com <strong>de</strong>nodo<br />
as águias do império romano.<br />
Investido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res discricionários,<br />
mais forte que o rei dos Vátuas, mais<br />
heroico que Gambrone em Waterloo,<br />
elle vem armado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os pés até aos<br />
<strong>de</strong>ntes, como um cavalleiro medieval,<br />
faz constar ao presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> assembléa<br />
a longa resenha do seu passado e os<br />
podéres illimitados <strong>da</strong> sua investidura<br />
e termina ameaçando-o com um tiro!<br />
dido no armazém, e dita provavelmente<br />
por Lalongueur.<br />
— Elle fallou <strong>de</strong>ante <strong>de</strong> ti do roubo<br />
<strong>da</strong> Gran<strong>de</strong>-Jatte.<br />
E esta outra que vinha na carta recebi<strong>da</strong><br />
pelo barão e que elle escreve<br />
ra quando a Linotte a ditara.<br />
— Nós provarêmos que era você que<br />
dirigia o caso Bérard na ilha <strong>da</strong> Gran<strong>de</strong><br />
Jatte.<br />
XII<br />
Em casa <strong>de</strong> gente honra<strong>da</strong><br />
Estas duas phrases, tinha dito consigo<br />
Cardinet, sam a chave que me<br />
ha <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>scobrir tudo o que eu<br />
<strong>de</strong>sejo saber.<br />
Encostando o cotovéllo á mêsa e<br />
olhando ora Lalongueur ora Grosbouleau,<br />
que tinham perdido o sangue fiio,<br />
disse:<br />
—Eu não estou a per<strong>de</strong>r tempo:<br />
vim aqui para ter informações sobre<br />
um homem.<br />
— Um homem!...<br />
—Um homem! repetiu Lalongueur!<br />
— 0 barão <strong>de</strong> Lorémont.<br />
Grosbouleau olhou para Lalongueur.<br />
Cardinet viu que era necessário tentar<br />
tudo. Experimentou, e olhando fixamen<br />
le os dois homens, accrescentou:<br />
— Os srs. estavam...quando se <strong>de</strong>u<br />
o caso <strong>da</strong> Gran<strong>de</strong>-Jate...<br />
Grosbouleau levantou-selogo, Lalongueur<br />
fez o mesmo, e, vendo o companheiro<br />
dirigir-se para a porta, saltou<br />
Até ao fim d'aquelle acto <strong>de</strong>ram-se<br />
scenas taes <strong>de</strong> que é completamente impossível<br />
<strong>da</strong>rmos uma ligeira imagem.<br />
Volvendo os olhos para êsses tempos<br />
já remotos <strong>de</strong> absolutismo e revoluções,<br />
parece que vêmos surgir essas<br />
épocas <strong>de</strong> hedion<strong>da</strong> memória, em que<br />
um bandido d'arma na mão ía installar-se<br />
juntó a uma mêza eleitoral para<br />
punir com a morte o que ousasse contrariá-lo.<br />
A farça<strong>da</strong> eleitoral <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> maio,<br />
representa<strong>da</strong> nas <strong>diversas</strong> assembléas<br />
do círculo d'Arganil, bastaria só por si,<br />
para encher <strong>de</strong> vergonha o país inteiro<br />
e para marcar com um cunho in<strong>de</strong>level<br />
o oppróbrio d'um governo <strong>de</strong><br />
tam apregoa<strong>da</strong> morali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Sr. re<strong>da</strong>ctor.—Peço a fiuêza <strong>da</strong> publicação<br />
na Resistencia <strong>da</strong>s seguintes<br />
linhas:<br />
O Tribuno Popular, em o seu último<br />
número, diz que o ex. mo sr. dr.<br />
Ayres <strong>de</strong> Campos me <strong>de</strong>clarou que me<br />
<strong>de</strong>spediria <strong>da</strong> sua obra se eu não <strong>de</strong>spedisse<br />
dois operários canteiros do Tovim,<br />
pelo facto <strong>de</strong> acompanharem uma<br />
philarmónica que tocava em Santo António<br />
dos Olivaes.<br />
Em vista d'isto tenho a <strong>de</strong>clarar que<br />
o ex. mo sr. dr. Ayres <strong>de</strong> Campos nunca<br />
me fez imposições, porque, conhecedor<br />
<strong>da</strong>s minhas idéas, me tem sempre tratado<br />
com a máxima <strong>de</strong>licadêza e consi<strong>de</strong>ração.<br />
Eu <strong>de</strong>spedi um operário (não<br />
foram dois), não por acompanhar a<br />
philarmónica, mas sim por ter insultado,<br />
na sua ausência, o ex. mo sr. dr. Ayres<br />
<strong>de</strong> Campos. E como eu não acho<br />
digno que um operário insulte um indivíduo<br />
que lhe dá trabalho, foi o motivo<br />
porque procedi d'esta fórma.<br />
De v., etc.,<br />
João Machado.<br />
Fesla <strong>de</strong> N. S. <strong>de</strong> S. Salvador<br />
Deverá realizar se no dia 23 do corrente<br />
mês <strong>de</strong> maio a gran<strong>de</strong> festa em<br />
honra <strong>de</strong> N. S. <strong>de</strong> S. Salvador, sendo<br />
o seu programma o seguinte:<br />
Na véspera á noite illuminação, fôgo<br />
<strong>de</strong> vistas, balão e música.<br />
No próprio dia haverá missa solemne,<br />
pelas 11 l /t horas <strong>da</strong> manhã, sendo<br />
celebrante o ex mo Reitor <strong>da</strong> Sé Cathedral;<br />
ao Evangelho subirá ao púlpito<br />
o sr. padre José <strong>da</strong> Conceição, digno<br />
coadjutor <strong>da</strong> freguezia <strong>de</strong> Ceira; ás 4<br />
horas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong> la<strong>da</strong>inha e sermão sendo<br />
orador o sr. padre José Pinto Machado,<br />
digno párocho em Torre <strong>de</strong> Villela; em<br />
segui<strong>da</strong> Té-Deum e Tautum-Ergo.<br />
Tanto a festa <strong>de</strong> manhã como a <strong>de</strong><br />
tar<strong>de</strong>, serám abrilhanta<strong>da</strong>s por uma<br />
gran<strong>de</strong> orchestra, composta dos melhores<br />
músicos <strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
Fin<strong>da</strong> a festivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>, terá<br />
por cima <strong>da</strong> mêsa, e d'um salto aebouse<br />
junto do seu amigo, que lhe disse:<br />
—Estamos filados! E' um policia...<br />
o canalha ven<strong>de</strong>u-nos.<br />
Cardinet viu que era elle quem levava<br />
a melhor, e disse logo.<br />
— Eu não sou polícia, sou um amigo<br />
que vem preveni los e pedir em troca<br />
alguma coisa.<br />
Os dois associados oiharam-se e por<br />
ura accôrdo tácito vieram sentar-se<br />
nos seus logares...<br />
— Ouça: eu não sei quem o senhor<br />
é, disse Grosbouleau, e a cabeça <strong>de</strong><br />
Lalongueur parecia nos meneios dizer:<br />
apoiado! apoiado! Vejo que conhece<br />
o caso, mas <strong>de</strong>vem-lh'o ter contado às<br />
avessas... nós somos gente honra<strong>da</strong>!<br />
Julgávamos que Lorémont também o<br />
fosse! Fazia-se passar por barão!...<br />
nós somos operários, trabalhamos. Veio<br />
procurar-nos, a Lalongueur e a mim...<br />
— A Grosbouleau e a mim! sffirmou<br />
Lalongueur.<br />
—Para nos dizer: tenho uma casa<br />
na ilha <strong>da</strong> Jatte, vocês querem ir fazer<br />
uma mu<strong>da</strong>nça? Dissemos que sim! Fizemos<br />
o preço! vinte francos... Não<br />
é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, Lalongueur?<br />
— É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>! Juro-o por Deus e por<br />
todos os santos.<br />
— Fizemos a rnu<strong>da</strong>nça... Á noite<br />
perguntámos-lhe: para on<strong>de</strong> vae isto?<br />
I-go não é comvosco, respon<strong>de</strong>u elle...<br />
E pagou-nos. Nós somos trabalhadores,<br />
pagam-nos o nosso salário, reeebêmos....<br />
Só quando entramos em<br />
casa, foi que eu disse a Lalongueur;<br />
logar o costumado arraial e arrematação<br />
<strong>de</strong> fogaças ofifereci<strong>da</strong>s, executando<br />
a philarmónica Conimbricense várias<br />
peças <strong>de</strong> seu escolhido reportório,<br />
tanto no dia como na véspera á noite.<br />
A commissão promotora <strong>da</strong> referi<strong>da</strong><br />
festivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>sejando que a mesma<br />
festa seja feita com o máximo explendor<br />
possível, próprio d'êstes actos,<br />
espera ser coadjuva<strong>da</strong> com quaesquer<br />
ofifertas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s aquelle fira.<br />
A commissão,<br />
José Domingos Serrado<br />
Candido Augusto SanCAnna<br />
Manuel <strong>da</strong> Silva.<br />
Tendo soffrido bastante <strong>de</strong> callos, usei o<br />
CALLICIDA Franco, e hoje estou completamente<br />
bom.<br />
Aconselharei ás pessoas <strong>de</strong> minhas relações<br />
o uso d'elle.<br />
Elvas. — João d'Assumpção Senna.<br />
Gran<strong>de</strong> Utili<strong>da</strong><strong>de</strong> Commercial<br />
Novas tabellas <strong>de</strong> câmbio directo entre<br />
Inglaterra, Portugal e Brazil<br />
POR<br />
A. DE SOUSA PAUPERIO<br />
Des<strong>de</strong> 6 a 55 n/n d. por 10000 réis<br />
Preço, 200 réis<br />
A' ven<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as livrarias<br />
Q-o.Iz2.ta,<br />
Ven<strong>de</strong>-se uma bella quinta em Cellas,<br />
subúrbios d'esta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, composta<br />
<strong>de</strong> casas <strong>de</strong> habitação, terras, pomares<br />
<strong>de</strong> espinho e caroço, olivaes, vinhas,<br />
mattas, com água potável e <strong>de</strong> rega.<br />
Quem a preten<strong>de</strong>r pô<strong>de</strong> dirigir-se a<br />
Manuel Augusto Granjo, nesta ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
rua Fernan<strong>de</strong>s Thomaz, 67.<br />
eleitoral<br />
Acha-se publica<strong>da</strong> a lei eleitoral approva<strong>da</strong><br />
por carta <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong><br />
maio <strong>de</strong> 1896, única em vigor.<br />
Além do próprio texto <strong>da</strong> lei, contém<br />
todo o formulário para todos os<br />
actos do processo eleitoral, v. g: acta<br />
<strong>da</strong> constituição <strong>da</strong> mêsa, nas assembléas<br />
primárias; auto <strong>de</strong> não eleição;<br />
actas <strong>de</strong> eleição, <strong>de</strong> assembléa <strong>de</strong> apuramento,<br />
etc. etc., concluindo por um<br />
repertório alphabético.<br />
Os pedidos po<strong>de</strong>m ser dirigidos á<br />
Bibliotheca Popular <strong>de</strong> Legislação, na<br />
rua <strong>da</strong> Atalaya, 183. I. 0 ,—Lisboa.<br />
F. Fernan<strong>de</strong>s Costa<br />
E<br />
ANTONIO THOMÉ<br />
ADVOGADOS<br />
Rua do Yiscon<strong>de</strong> <strong>da</strong> Luz, 50<br />
has <strong>de</strong> vêr que ain<strong>da</strong> havêmos <strong>de</strong> ter<br />
um <strong>de</strong>gosto por causa d'isto... aquelle<br />
homem tinha um ar na<strong>da</strong> cathólico.<br />
— Tam certo como estar aqui êste<br />
copo <strong>de</strong> vinho!... Foi assim que elle<br />
disse...<br />
— E tu vês, tornou Grosbouleau, dirigindo-se<br />
a Lalongueur, nós vamos<br />
soffrer por causa d'isto... Já cá está<br />
êste senhor...<br />
— Meu Deus! Como ha gente má na<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, gemeu Lalongueur.<br />
— Diga, senhor, e se fôr possível<br />
reparar qualquer mal que a gente tenha<br />
feito sem querer... a gente está<br />
prompta para tudo.<br />
— Para tudo! apoiou Lalongueur.<br />
Cardinet sentia-se com sorte; conhecendo<br />
os dois patifes e fingindo que<br />
se <strong>de</strong>ixava enganar por elles, disse:<br />
— Eu vinha exactamente para lhes<br />
dizer: ha um canalha <strong>de</strong> que é necessário<br />
livrar á terra; êsse canalha é o<br />
o barão <strong>de</strong> Lorémont, — Hyppólito Lorémont<br />
emfim, e eu venho pedir-lhe<br />
que me aju<strong>de</strong>m...<br />
— É isso o que o senhoç quer, exclamaram<br />
alegremente os dois patifes?...<br />
Entàm toque!<br />
—Toque! repetiu Lalongueur.<br />
— Entre gente honra<strong>da</strong> ha sempre<br />
accôrdo!<br />
—Era no que eu estava a pensar,<br />
respon<strong>de</strong>u sorrindo Cardinet.<br />
— Petite! gritou Grosbouleau, põe<br />
quatro talheres 10 sr. almoçacomnosco!<br />
—Ah! Eu...<br />
(Continvffi),