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AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

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nunca tivessem chegado ou, pior, como se não estivessem destinadas a chegar (o que revelaria<br />

um horrível sentido ou destino despótico de política). Ou comportassem a possibilidade do<br />

fracasso, talvez até, última perversão, um desejo de fracasso. A suspeita que pesa sobre “a era<br />

do humanismo moderno” (e a idade desta era é sem dúvida muito anterior a toda<br />

modernidade) leva (ao) longe as especulações, mais do que qualquer missiva poderia<br />

alcançar. De qualquer modo, como avaliar de fora a “origem” histórica deste fracasso, se é,<br />

justamente, uma crise da “precedência”: daquela mesma que “ensinou a ler”, impondo a<br />

injunção de ler? Fracasso de uma elite, de um modelo literário, de um pressuposto político<br />

atuando desde P ou S 71 e, acrescentaríamos: até F e além, para parodiar um instante o título de<br />

D, mas para também repor em cena a estrutura do envio 72 . Atestam do fracasso da tradição<br />

humanista, de seus modelos político-educacionais, do privilégio ou da “ordem”, como<br />

colocado acima, do alfabeto, não apenas, e já é tanto, as grandes guerras do século XX e sua<br />

barbárie (B lembrava, através de B, a incapacidade da <strong>literatura</strong> de se encarregar disso, mas o<br />

que isso significa: de transportar o horror sem nome? de suportar o peso de uma culpa? de ser<br />

um “suporte” que não suporta tudo ou não se sustenta mais?), como a crise do livro e do<br />

ensino de <strong>literatura</strong> na escola, em detrimento de novos meios de comunicação. Será o caso,<br />

então, a partir do ceticismo (certeiro) de S, de, como dizia nosso amigo, fazer render “uma<br />

reflexão sobre o imaginário e o lento desaparecimento de utopias que ainda persistem na<br />

escola atual como saída para a modernidade (e não de uma modernidade)” 73 . Resta perguntar<br />

se a bela troca de preposições (para/de) apaga a utopia da “saída” e se esta é apagável. Ou se<br />

outra semiosis (a “nova” relação da <strong>literatura</strong> com a língua e o saber, segundo B) se faz cada<br />

vez mais necessária em vez de desaparecer. Recorre então S a H, à famosa Carta sobre o<br />

71 A política como pastoreio do animal homem. Cf. última ultima parte do livro de Sloterdijk.<br />

72 “De Socrate à Freud et au-delà” [grifo nosso] complementam o título de La Carte postale. Mas como<br />

entender este “além”? Em que sentido? Não faz mais sentido ou não há mais “sentido”, como direção de leitura,<br />

para frente ou para atrás, numa tradição? Ou seja: acabou a tradição? O que talvez não tenha acabado, hoje<br />

menos do que nunca, seja, justamente o envio e sua estrutura... Quando acabar, não acabará toda possibilidade de<br />

leitura?<br />

73 Alencar, João Nilson P. de. “Ficcionalizando... Uma leitura da pós-pedagogia”. Op. cit. p. 119.<br />

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