04.07.2013 Views

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Entreato 2. Desastrologias: pós-pedago-escato-logia e a condução das cartas.<br />

(…)<br />

Une belle enfant,<br />

Méchante,<br />

Dont les yeux perverts<br />

Comme les yeux verts<br />

Des chattes<br />

Gardent ses appas<br />

Et disent: “A bas<br />

Les pattes!”<br />

-Eux ils vont toujours ! <strong>–</strong><br />

Fatidique cours<br />

Des astres,<br />

Oh ! dis-moi vers quels<br />

Mornes et cruels<br />

Désastres<br />

L’implacable enfant,<br />

Preste et relevant<br />

Ses jupes,<br />

La rose au chapeau,<br />

Conduit son troupeau<br />

De dupes !<br />

Paul Verlaine, Colombine.<br />

(…)<br />

Et le temps qu’on perd à lire une missive<br />

N’aura jamais valu la peine qu’on l’écrive.<br />

Paul Verlaine. Lettre.<br />

Falamos abruptamente em desastre, palavra cara a D (e não menos ao seu amigo B),<br />

autor hipotético de uma “desastrologia” 54 . Este título, aliás, designaria perfeitamente a nossa<br />

54 “‘Désastrologies’ ― ce serait le titre, tu aimes? Je crois qu’il nous va bien.” É um dos “Envios” (“Envois”. In:<br />

La carte postale. Op. cit. p. 126), sem referência explícita ao objeto deste “título”, seu primeiro desastre, talvez.<br />

Achamos que ele nos cai bem, confessemos, mas como entender que o desastre possa ser também uma feliz<br />

coincidência? Um título, a estrutura do título, não poderia ser mesmo um desastre do logos, para o logos?<br />

Pensamos, por exemplo, na “Moeda falsa”, de Baudelaire, cujo título é analisado por D<strong>errida</strong> em Donner le<br />

temps (1. La fausse monnaie. Paris: Galilée, 1991). Aqui, mais do que feliz, é uma louca coincidência. Mas<br />

suponhamos um instante que este desastre aconteça no fundo de uma astrologia que embora mais antiga, na<br />

verdade é um desastre do mais antigo (e com isso tudo o que condiciona a compreensão da herança, das<br />

causalidades...), como na cena de cartão postal em que Platão sopra a Sócrates o que escrever ou em que Platão<br />

se torna um bom leitor de Mallarmé (em “Mallarmé”. In: Vários Autores. Tableau de la littérature française. Vol<br />

III. De Mme de Staël a Rimbaud. Paris: Gallimard, 1974). Um outro, mas não tão outro, pano de fundo<br />

desastroso se apreciaria, por exemplo, na Conclusão da Crítica da Razão Prática, onde há esta frase, melhor<br />

dizendo esta “reflexão”: “O céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim” (Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!