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AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

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Resta agora o que se excetua e se safa sempre das duas redes e é chamado de<br />

“improvável”. Se não for totalmente avesso à referência, este indica ao menos aquilo para o<br />

qual não se tem prova, para o qual uma ordem ou uma rede não apresenta garantia, e frente ao<br />

qual apenas se pode dar fé a um testemunho, via de regra heterogêneo à prova 51 . (E para quê<br />

garantia? A necessidade de garantia <strong>–</strong> de trabalhar com “rede de segurança” abaixo de si <strong>–</strong><br />

não é a marca de um contrato econômico, a formalidade de uma aliança<br />

filosofia/ciência/economia? E o questionamento sobre a garantia, a que ordem responde?). Se,<br />

desse modo, não cairá de modo seguro em nossa malha, a abertura do improvável ao aberto,<br />

digamos, não nos permite salvar com toda certeza a “Ordem” ou “Rede” teleguiada,<br />

determinada por outra. Qual, enfim, a relação <strong>entre</strong> o improvável e estas duas redes, estes dois<br />

“campos semânticos”? Qual a relação destes com a salvação ou a excepcionalidade do<br />

improvável? A primeira questão é mormente difícil em virtude de que, se as duas redes já se<br />

inter-feriam e se ligavam sem se ligar, o improvável é, por cima, aquilo que resiste ou<br />

surpreende o cálculo, a probabilidade, o horizonte, a ordem ou... a rede. A segunda questão<br />

nos indica a possibilidade de algo vir desordenar a teleguiagem (da ordem a seguir por uma<br />

ordem dada ou uma dada ordenação). Algo que poderia ser inclusive o mais familiar (pois<br />

dele talvez não “esperamos” nada). A própria presença, como presença do outro. Se, como<br />

supomos, as duas redes se ligam, sem ligação manifesta ou desligando-se, através do “grama”,<br />

a teleguiagem que as ordena e as põe em rede, ou antes que as tenta pôr em rede (já que o<br />

pós-moderno não o consegue), é o que o improvável viria desordenar, enigmatizar. Como ele<br />

não se desfaz do grama, não nos chegando “como tal” mas num telegrama (s-a-l-v-o-o-i-m-p-<br />

r-o-v-á-v-e-l), tudo vai depender então do tratamento que se dá ao “tele-”. Se for teleo-lógico,<br />

ele não salva o improvável, mas apenas o provável, e a segunda rede está totalmente tomada<br />

51 Cf. Poétique et politique du témoignage. Paris : Éd. de l’Herne, 2005.<br />

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