04.07.2013 Views

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

AS LEIS DA HOSPITALIDADE – D(errida)entre ética e literatura

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

hospitalidade), se por definição este não deveria se deixar teleguiar absolutamente por uma<br />

ordem dada ou por um poder de ordenação. Mais adiante convocaremos o verbete “habitar”<br />

do mesmo experimento dos Imateriais, mas seria proveitoso de imediato colocar o de<br />

“Ordem” em rede com o de... “Rede” 46 (réseau <strong>–</strong> não confundir com roseau, ou o bambu,<br />

motivo do compromisso <strong>entre</strong> retidão e flexibilidade). Este se divide em duas redes, que,<br />

segundo D, a “pós-modernidade” parece prezar e às quais ela se segura (num só verbo no<br />

original: “auxquelles elle tient”): uma é a da “conexão, portanto ligação, obrigação”. Fio,<br />

tecido, genealogia, árvore. “Sem ponto central conhecido ou manifesto?”. Esta última frase<br />

chega como pergunta e talvez não duvide apenas da ausência de “ponto central conhecido”,<br />

mas também sugira uma centralidade não manifesta, espalhada por toda a rede. A outra rede,<br />

outro “campo semântico, no entanto, ligado ao precedente pela não-manifestação do sujeito<br />

central: a clandestinidade, a clandestinação [motivos de La Carte postale 47 ], a resistência<br />

enclausurada, a cripta, o segredo, o privado, o complô, a irredentista dissociação”. Mas se a<br />

“pós-modernidade” parece “ter apreço/segurar-se aos dois valores de rede”, ela, contudo, “não<br />

pode colocá-los em rede. Seu conceito é, por isso, talvez dissociado, o conceito da dissociação<br />

mesma”. O que seria um conceito formado de duas redes não conectáveis? Conceito<br />

dissociado, da dissociação, mas também dissociação do conceito. (O implicante diria:<br />

conceito da dissociação do conceito?). Em todo caso, do conceito de rede e do conceito como<br />

rede. Por exemplo, o do “pós-moderno” como uma rede, como uma rede “moderna” ou atual,<br />

ou rede desligada do “moderno”, já passado. Se a desconstrução visa, desde a Gramatologia,<br />

como lembra B, desconstruir “a maior totalidade <strong>–</strong> a rede inter-relacionada de conceitos que<br />

nos é legada pela (ou como) metafísica” 48 , a relação a si primordial que liga esta rede, “dando<br />

liga” ao conceito, digamos, passa em cada fio pela noção de presença, proximidade,<br />

46 “Jacques D<strong>errida</strong>: Épreuves d’écriture”. Op. cit. p. 281.<br />

47 D<strong>errida</strong>, Jacques. La Carte postale. Op. cit.<br />

48 E, portanto, continua Bennington, “a ‘<strong>ética</strong>’ não poderia deixar de ser um tema e um objeto da desconstrução,<br />

um tema para ser desconstruído, mais do que admirado ou afirmado”. Bennington, Geoffrey. “Desconstrução e<br />

<strong>ética</strong>”. In: DUQUE-ESTRA<strong>DA</strong>, P. S. Desconstrução e <strong>ética</strong>. Ecos de Jacques D<strong>errida</strong>. Op. cit. p. 9.<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!