Sermões Vol. III, Editio Princeps - LusoSofia

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24* "" Ser mam de ehc compete com Deos em íem cuidado ,ncm trabalho, fuftertrar o muado.Para que que a troc*ffemde commum naõ defeonfíeis da Provi- confentimentoj 8c fcdeixafdencia Divina, olhay , diz íem prender, 8c roubar das Chrifto , para as aves do palavras de Santo Antônio? MAtt. Ceo: Refpicite vêlaltlta cali. Tomara faber o motivo,có 6. 26. As aves naõ araõ a terra, queo Santo os perfuadio, nem feraaaó, nem colhem* para volo pregar: nus íupêc com tudo fuftentãole: o pofto, que a Hiftoria o oam meímo fazem por provi- diz,devendo andar eícrito dencia do Diabo eftas aves em lamÍ0*$ de bronze, quede rapina. Os outros cavaõ* ro continuar a maravilha do, os outros trabalhaõ, osou- caío com mayor pondera-» tros fuaõ., & o que elles re- çaõ da dificuldade delle. colherão na eyra, ou vende- 313 Pouco era íe ocoraó naprayi, embolçaõ cl- mer do alheio rivera fóo alijes na cftrad*. O primeiro vio do trabalho de o cavar, ladraÓ, que ouve no mim- & luar-, mas dizem, quehe do, foy o primeiro homem: taõ goftofo, 8r faboroío, que (taõ antigo coftume he íe- he nova, 8t muito mayor remos primeiros homens os maravilha haver quem fe primeiros ladroens.) Con- abftiveffe delle. Se o diífe» denou Daos efte primeiro reõ os mefmos ladroens, eu ladraõ a que comeffe o feu os nao crera, como apaixopaôcomofuordoleu rofto: nadosdo officio, 8c fuborna- Infftdore vultus tui vejcêris dos da própria inclinaçan». OaMf pane tuo.M$$ os ladrões, que Mas he dito, & fentença do -' l 9* vieraõ depois, fouberaó , êt Eípirrro Santo : Aqua fur- prov podéraô tanto, que trocarão tiva dulciores funt, fy pants g, 1L aííentençaí 8c em lugat de abfcondilus fuavkr. A água comerem o íeu paõ çam o furtada he mais doce, Si o IÍJOT do íeu rofto., comem o paõ, que fe come às efçondi- / paó naõ íeu com o fuor do das, mais íuave. Oque me rofto alheio. E homens co- admira neftas palavras, & ftumtdos a efta vida, tam deve admirar a todos,he,que pa-

Santo Antônio'. 243 para declarar o grande la- 314 Muito me peza fer bor doalheió, & do furtado. deKey o exemplo, com que fe ponha a comparaçam em hey de confirmar efta verda- faõ,8cagua. Aaguan3Õtem de. Mas nam debaíde diffe íabor, Si íe tem fabor, naõ h boa água: o fabor do paõ também he taõ pouco, que íe nam fe acompanha, ou engana com outro , fó a muita fome o pôde fazer tolerável: emfim fuftentarfe hum ho. mem com paõ, Sc água, nam he comer, he jejuar, Sz b mais eftreito , Si rigorofo jejum. Como declara logo o Efpirito Santo, nam fó o íabor, íenam a doçura, & íuavíiade do alheio com paõ, Sz água: Aqua furtiva dulciores, fypants ahfconâitusfuavior ? Nam fe podéra melhor declarar, nem ainda encarecer. Como íe differa o Divino Oráculo: he tam Santo Agoítínho: Qjttdfunt magnt Regna , mfi magna Ia» trocinia ? Que coüfi iam os grandes R.eynos,fenaõgran» des latrocínios? Andava El* lley Achab dez-ejofo de roubar a Naboth a fua vinha rSz •como achafíe diffi:uldade • na execução í que até os máos Meys daquelle tempo achavaõ diffículdade em to. m3r os bens dos vaffallos) tomou tanto fentimento dè naõ confegüir tam depreffa, como queria, efte appetire} que chamado para a mefa, naõ quiz comer: Noluit co- -..^j medere panem fmim: di2 o\Y .^, Texto dos Setenta: 8c acref- LXX. centa S, Ambroíio: Quia cu- . grande o íabor do alheio, he piebat alienam. Naõ quiz co-; tal a doçura, 8c íuavidade do mero feu paó, porque appe-que fe furta , que até paõ ,8c tecia o alheyo. Ora grande água, fa he furtado, he man- fabor he o do alheyo, até pa* j-ar muito faboroío. Viver ra ogoílo ,& pájar daqueU do próprio a paõ, Sz água,he les que o trazem, coftumado, .a mayor penitencia: viver aos mais exquiíicos manja- do alheio, ainda que feja a paõ,& agua,he grande regalo. Tam íaboroío bocado he çoalheioi Tom. 3. res! De maneira, que pofta de huma parte a meia real, Sc da outra o pxó do- pobra Naboth, porque Achab naíj

24* "" Ser mam de<br />

ehc compete com Deos em íem cuidado ,ncm trabalho,<br />

fuftertrar o muado.Para que que a troc*ffemde commum<br />

naõ defeonfíeis da Provi- confentimentoj 8c fcdeixafdencia<br />

Divina, olhay , diz íem prender, 8c roubar das<br />

Chrifto , para as aves do palavras de Santo Antônio?<br />

MAtt. Ceo: Refpicite vêlaltlta cali. Tomara faber o motivo,có<br />

6. 26. As aves naõ araõ a terra, queo Santo os perfuadio,<br />

nem feraaaó, nem colhem* para volo pregar: nus íupêc<br />

com tudo fuftentãole: o pofto, que a Hiftoria o oam<br />

meímo fazem por provi- diz,devendo andar eícrito<br />

dencia do Diabo eftas aves em lamÍ0*$ de bronze, quede<br />

rapina. Os outros cavaõ* ro continuar a maravilha do,<br />

os outros trabalhaõ, osou- caío com mayor pondera-»<br />

tros fuaõ., & o que elles re- çaõ da dificuldade delle.<br />

colherão na eyra, ou vende- 313 Pouco era íe ocoraó<br />

naprayi, embolçaõ cl- mer do alheio rivera fóo alijes<br />

na cftrad*. O primeiro vio do trabalho de o cavar,<br />

ladraÓ, que ouve no mim- & luar-, mas dizem, quehe<br />

do, foy o primeiro homem: taõ goftofo, 8r faboroío, que<br />

(taõ antigo coftume he íe- he nova, 8t muito mayor<br />

remos primeiros homens os maravilha haver quem fe<br />

primeiros ladroens.) Con- abftiveffe delle. Se o diífe»<br />

denou Daos efte primeiro reõ os mefmos ladroens, eu<br />

ladraõ a que comeffe o feu os nao crera, como apaixopaôcomofuordoleu<br />

rofto: nadosdo officio, 8c fuborna-<br />

Infftdore vultus tui vejcêris dos da própria inclinaçan».<br />

OaMf pane tuo.M$$ os ladrões, que Mas he dito, & fentença do<br />

-' l 9* vieraõ depois, fouberaó , êt Eípirrro Santo : Aqua fur- prov<br />

podéraô tanto, que trocarão tiva dulciores funt, fy pants g, 1L<br />

aííentençaí 8c em lugat de abfcondilus fuavkr. A água<br />

comerem o íeu paõ çam o furtada he mais doce, Si o<br />

IÍJOT do íeu rofto., comem o paõ, que fe come às efçondi- /<br />

paó naõ íeu com o fuor do das, mais íuave. Oque me<br />

rofto alheio. E homens co- admira neftas palavras, &<br />

ftumtdos a efta vida, tam deve admirar a todos,he,que<br />

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