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CRÍTICA A UM LAUDO ANALÍTICO

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FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS<br />

<strong>CRÍTICA</strong> A <strong>UM</strong> <strong>LAUDO</strong> <strong>ANALÍTICO</strong><br />

ITAÚNA<br />

DEZEMBRO DE 2007<br />

ALMEIDA; Matheus Venturini


Um analista tendo recebido uma amostra para análise qualitativa adotou o<br />

seguinte procedimento:<br />

Solubilizou a amostra obtendo uma solução, da qual tomou uma alíquota,<br />

adicionando à mesma HCl 1:1, obtendo um precipitado branco. Separou este<br />

precipitado, por filtração e identificou o mesmo como P1 enquanto o filtrado<br />

resultante foi chamado de F1.<br />

O precipitado ainda no filtro foi lavado com água fervente, recolhendo­se<br />

as águas de lavagem em um béquer, ao qual ao se adicionou solução de K 2CrO 4 não<br />

observando a formação de qualquer precipitado. Em seguida o restante do resíduo<br />

de P1 foi tratado com solução de amônia 1:1. Recolheu­se a solução que passou<br />

através do filtro, adicionou à mesma fenolftaleína e em seguida HNO 3, observando­<br />

se a formação de um precipitado branco. O papel de filtro passou a apresentar uma<br />

coloração escura.<br />

O filtrado F1 teve o pH ajustado para 4,5 borbulhando­se em seguida, ao<br />

mesmo, H 2S quando se formou um precipitado escuro que foi separado por filtração<br />

e identificado como P2, enquanto o filtrado resultante foi identificado como F2. O<br />

precipitado P2 foi tratado com solução de Na 2S. Filtrando, obteve­se outro filtrado F3<br />

e um novo precipitado P3. A análise de F3 não constatou a presença de nenhum<br />

cátion a não ser Na + . O precipitado P3 foi então tratado com HNO 3, em presença de<br />

KNO 2, e pequena porção de H 2SO 4, a quente, até que se observou a liberação de<br />

intensos “fumos”. O analista pode observar a presença de um precipitado branco,<br />

que separou por filtração, mas não lhe deu atenção, atribuindo a presença do<br />

mesmo a alguma contaminação. A solução resultante foi tratada com NH 3.H 2O,<br />

passando a apresentar uma intensa coloração azul e não ocorrendo a formação de<br />

nenhum precipitado.<br />

O filtrado F2 foi tratado com solução de NH 3.H 2O 1:1, em presença de


NH4Cl, ocorrendo a formação de um precipitado avermelhado. Separando o mesmo<br />

por filtração, obteve­se o precipitado identificado por P4 e uma solução identificado<br />

por F4. O precipitado P4 foi dissolvido mediante ataque com HCl e a solução<br />

resultante tratada com solução de K 3[(SCN) 3], apresentou uma forte coloração<br />

vermelha. O analista separou o filtrado F5 em duas porções. À primeira, adicionou<br />

solução de BaCl 2 mas não observou formação de precipitado. À segunda porção,<br />

adicionou solução de HCl, gota a gota, quando pode observar a formação de um<br />

precipitado.<br />

Ao filtrado F4 adicionou­se solução de (NH 4) 2S , mas não se obteve<br />

nenhum precipitado. Ajustou então seu pH para valores entre 6 e 7 e adicionou­se<br />

Na 2CO 3, obtendo um precipitado que foi separado por filtração, resultando, assim,<br />

em um novo precipitado P6 e um filtrado F6. P6 foi tratado com solução de ácido<br />

acético a 2,0 Mol/L e a solução resultante foi tratada com solução de K 2CrO 4<br />

ocorrendo a formação de um precipitado que foi separado por filtração e identificado<br />

como P7 e o filtrado como F7. Adicionou­se a F7 solução de CH 3COONa e em<br />

seguida solução de K 2Cr 2O 7 até que persistisse a coloração alaranjada do<br />

dicromato. O precipitado obtido foi separado por filtração e descartado. O filtrado<br />

obtido, F8, foi tratado com água de gesso formando­se um precipitado, que foi<br />

separado por filtração, obtendo­se o precipitado P8 e um filtrado F9. O filtrado F9 foi<br />

tratado com solução de (NH 4) 2C 2O 4, mas não se observou nenhum precipitado. O<br />

analista tratou F9 com solução de Na 2HPO 4, fosfato ácido de sódio, em presença de<br />

NH 3.H 2O e NH 4Cl, não observando a formação de precipitado; mergulhou em F9<br />

uma alça de platina e levou a uma chama, que foi tingida de intensa coloração<br />

amarela.<br />

O analista apresentou então o seguinte laudo de análise:


CÁTIONS PRESENTES: CÁTIONS AUSENTES:<br />

Ag + , Cu 2+ , Fe 3+ , Al 3+ , Ba 2+ , Sr 2+ e Na +<br />

Crítica ao laudo do analista:<br />

Pb 2+ 2+<br />

, Hg2 , cátions do subgrupo II­B,<br />

Bi 3+ , Cd 2+ , Cr 3+ , cátions do grupo III­<br />

B, Mg 2+ e K +<br />

Segue abaixo uma crítica, em ordem de ocorrência das precipitações,<br />

deste laudo químico elaborado pelo analista fictício. Este laudo químico foi<br />

apresentado em uma de minhas provas de Química Analítica Qualitativa.<br />

Cátions presentes:<br />

Ag + ; a adição de HCl a uma solução que contenha íons Ag + leva a<br />

formação de AgCl, um precipitado que é solúvel em amônia devido a formação de<br />

um complexo, o [Ag(NH3)2] + , chamado diaminoprata. Este complexo, que contém<br />

íons Ag + solúveis, pode precipitar AgCl novamente pela adição de HNO 3 (ácido<br />

nítrico) à solução. O procedimento dito acima, sobre o precipitado P1, foi bem<br />

elaborado pelo analista evidenciando a presença de íons prata na amostra. A<br />

fenolftaleína fora usada apenas para indica­lo o momento mais adequado de cessar<br />

a adição de HNO 3, ou seja, o momento em que o meio já esta básico o suficiente<br />

para precipitar Ag + , caso a solução o contenha.<br />

2+<br />

Hg2 ; o analista observou que no final do procedimento descrito acima, o<br />

papel de filtro tornou­se escuro devido a conversão do precipitado Hg2Cl2 em um<br />

complexo ([HgNH2]Cl) e mercúrio metálico(Hg 0 ) enquanto o complexo de prata<br />

tornava­se solúvel à solução. A coloração escura do papel de filtro deve­se ao<br />

mercúrio metálico formado na decomposição do precipitado.<br />

Pb 2+ ; devido a falta de atenção, o analista deixou passar desapercebido<br />

este cátion quando adicionou HNO 3, KNO 2 e pequena porção de H 2SO 4 quente.<br />

Neste procedimento, o KNO2 funciona como catalisador da reação de<br />

desprendimento de fumos de SO3 eliminando assim o excesso de HNO3 utilizado na<br />

decomposição dos sulfetos dos cátions do grupo II­A. O precipitado branco,<br />

descartado pelo analista, era Pb 2+ na forma de sulfato, e poderia ser identificado por<br />

adição de CH 3COOH 30%; o suficiente para reprecipitar o Pb 2+ . O analista ainda<br />

poderia efetuar este procedimento com o auxílio de K 2CrO 4, o que formaria um<br />

precipitado amarelo (PbCrO 4) caso o seu estoque de CH 3COOH estivesse esgotado.


Cu 2+ ; a solução que continha os demais cátions do grupo II­A foi tratada<br />

com NH 3.H 2O, levando a formação de complexos de Cobre ([Cu(NH 3) 4] 2+ ) e Cádmio<br />

([Cd(NH 3) 4] 2+ ) mas não de Bi 3+ ; este precipita­se imediatamente quando o<br />

procedimento é estabelecido. O Cobre fora identificado pois, diferentemente do<br />

complexo de cádmio, esta solução (complexo aminocúprico) possui forte coloração<br />

azul.<br />

Fe 3+ ; Existem íons de ferro no precipitado P5, resultante da adição de HCl<br />

e K 3[(SCN) 3] ao precipitado P4, pois após a adição de tiocianeto de potássio o Fe 3+ é<br />

complexado à [Fe(SCN) 3], podendo ser identificado pela forte coloração vermelha.<br />

Caso o analista não tivesse estoque de tiocianeto de potássio, poderia usar também<br />

o tiocianeto de amônio.<br />

Al 3+ ; fora identificado quando o analista adicionou, gota a gota, HCl diluído.<br />

­<br />

Neste procedimento ocorreu a conversão de AlO2 à Al(OH)3 que conseqüentemente<br />

é convertido a Al 3+ novamente. Este processo pode ser rápido, porém o analista<br />

pôde observar a formação de um corpo de fundo, que é o alumínio em forma de<br />

hidróxido.<br />

Ba 2+ ; o analista descartou o precipitado obtido pelo tratamento do filtrado<br />

F7 com CH3COONa (acetato de sódio) e oxidante K2Cr2O7. Este precipitado,<br />

descartado, era Ba 2+ na forma de oxalato.<br />

Sr 2+ ; A água de gesso torna­se turva em presença de íon estrôncio, ou<br />

seja, torna­se com aspecto diferente devido a formação do precipitado SrSO4.<br />

Na + ; fora identificado devido a coloração amarela da chama de uma<br />

amostra do filtrado F9. Como o íon sódio é um cátion do grupo V, não apresenta<br />

reagente de grupo para precipitar, é identificado pelo teste de chama.<br />

Cátions Ausentes:<br />

Ca 2+ ; Como não houve precipitação após a adição de (NH4) 2C 2O 4 ao<br />

filtrado F9, não houve, também, a formação de CaC 2O 4 (precipitado branco), que<br />

indicaria presença de cálcio na amostra.<br />

Mg 2+ ; certamente não há íons magnésio na amostra pois ao se tratar o<br />

filtrado F9 com fosfato ácido de sódio (Na 2HPO 4) e NH 3.H 2O/NH 4Cl o analista não


observou a formação de nenhum precipitado. Se tivesse MG 2+ na amostra haveria<br />

formação do bifosfato de magnésio (MgHPO 4) que se converteria a fosfato de<br />

amônio magnésio (MgNH 4PO 4) no caso de excesso de NH 3.H 2O.<br />

Cátions que não se podem afirmar:<br />

Grupo II­B; não se sabe com clareza se estes cátions estão presentes na<br />

solução pois o analista errou no ajuste de pH no início dos testes para identificação<br />

de cátions do grupo II; o pH fora ajustado para 4,5 quando na literatura recomenda­<br />

se o valor de 0,5.<br />

Cd 2+ ; não se pode afirmar pois o analista não completou os testes após o<br />

tratamento de cátions do grupo II­A (adição de NH 3.H 2O à solução). O mesmo<br />

apenas identificou a coloração azul, indicativo da presença de Cu 2+ , não dando<br />

continuidade na pesquisa de Cádmio, que poderia ser feita, adicionando, ao filtrado<br />

aquecido, HCl 2Mol/L e em seguida uma corrente de H 2S, formando um precipitado<br />

amarelo (CdS).<br />

Cr 3+ ; o íon cromo não foi precipitado sob a forma de BaCrO4, mas isso não<br />

indica a ausência deste íon pois o analista não adicionou um oxidante para a<br />

identificação. Em literaturas recomenda­se H2O2 para oxidar o Cr 3+ ­<br />

à cromito (CrO2 ),<br />

levando a formação do BaCrO4 após adição de BaCl2 à segunda parte do filtrado<br />

F5.<br />

Bi 3+ ; na análise o químico responsável deixou bem claro que após a<br />

identificação de Cu 2+ não houve a formação de qualquer precipitado, mas não se<br />

pode afirmar que, então, não existe Bi 3+ na solução pois o mesmo errou no ajuste do<br />

pH no início da determinação de cátions do grupo II.<br />

K + ; o íon potássio não pode ser classificado como presente ou ausente<br />

pois o analista não examinou o teste de chama por intermédio de um vidro de cor<br />

azul. Este procedimento deve ser adotado, uma vez que a coloração amarela do<br />

sódio irá mascarar a cor do potássio, impedindo a caracterização da presença do<br />

mesmo à solução. Com o auxílio da lente azul consegue­se determinar presença ou<br />

ausência de íon potássio pois a cor azul da lente irá absorver a luz amarela emitida<br />

pelo sódio.

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