Teoremas Fundamentais dos Espaços de Banach
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<strong>Teoremas</strong> <strong>Fundamentais</strong> <strong>dos</strong> <strong>Espaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Banach</strong><br />
∗ Iguer Luis Domini <strong>dos</strong> Santos 1 , Geraldo Nunes Silva 2<br />
1 DCCE/IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP, Brazil, iguerluis@hotmail.com<br />
2 DCCE/IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP,Brazil, gsilva@ibilce.unesp.br<br />
Resumo Neste trabalho nós <strong>de</strong>monstramos os teoremas: da<br />
Aplicação Aberta, do Gráfico Fechado, <strong>de</strong> Hahn-<strong>Banach</strong> e<br />
da Separação.<br />
Palavras-chave Funcional linear, subespaço vetorial, conjunto<br />
convexo<br />
Definição O subconjunto K do espaço vetorial X é convexo se, para quaisquer x, y ∈ K e λ ∈ [0, 1] é<br />
válido que λx + (1 − λ)y ∈ K. Equivalentemente, K é convexo se, da<strong>dos</strong> x, y ∈ K e α, β ≥ 0 tal que<br />
α + β = 1 tem-se αx + βy ∈ K.<br />
Teorema 0.1 Se K1 e K2 são conjuntos convexos e δ ∈ R, então δK1 e K1 +K2 são conjuntos convexos.<br />
Demonstração Sejam a, b ∈ δK1, logo, a = δx1 e b = δy1, com x1, y1 ∈ K1. Sendo K1 convexo, dado<br />
α ∈ [0, 1]<br />
então<br />
αx1 + (1 − α)y1 ∈ K1<br />
αa + (1 − α)b = α(δx1) + (1 − α)(δy1) = δ <br />
αx1 + (1 − α)y1 ∈ δK1<br />
ou seja, δK1é convexo.<br />
Sejam agora a, b ∈ K1 + K2, <strong>de</strong>ssa forma, a = x1 + x2 e b = y1 + y2, com x1, y1 ∈ K1 e x2, y2 ∈ K2.<br />
Como K1 e K2 são convexos segue que, dado α ∈ [0, 1]<br />
portanto<br />
ou seja, K1 + K2 é convexo.<br />
αx1 + (1 − α)y1 ∈ K1<br />
αx2 + (1 − α)y2 ∈ K2<br />
αa + (1 − α)b = α(x1 + x2) + (1 − α)(y1 + y2) =<br />
<br />
αx1 + (1 − α)y1 + αx2 + (1 − α)y2 ∈ K1 + K2<br />
Teorema 0.2 A interseção <strong>de</strong> um número qualquer <strong>de</strong> conjuntos convexos é um conjunto convexo.<br />
∗ Apoio Financeiro: CAPES<br />
1
Demonstração Sejam Ki, com i ∈ N, conjuntos convexos. Da<strong>dos</strong> α ∈ [0, 1] e a, b ∈ <br />
Ki segue que,<br />
como Ki é convexo para cada i<br />
αa + (1 − α)b ∈ Ki<br />
para cada i ∈ N, portanto αa + (1 − α)b ∈ <br />
Ki, ou seja, <br />
Ki é convexo.<br />
i∈N<br />
Teorema 0.3 Sejam X e Y espaços vetoriais e T : X → Y uma transformação linear. Então, a imagem<br />
<strong>de</strong> qualquer conjunto convexo em X é um conjunto convexo em Y .<br />
Demonstração Seja K um conjunto convexo em X. Logo, da<strong>dos</strong> a, b ∈ T (K) segue que a = T (x1) e<br />
b = T (x2), com x1, x2 ∈ K, <strong>de</strong>ssa forma, dado α ∈ [0, 1]<br />
portanto<br />
ou seja, T (K) é convexo.<br />
i∈N<br />
αx1 + (1 − α)x2 ∈ K<br />
αa + (1 − α)b = αT (x1) + (1 − α)T (x2) = T (αx1) + T ((1 − α)x2) =<br />
T (αx1 + (1 − α)x2) ∈ T (K)<br />
Teorema 0.4 Se X é um espaço vetorial normado e K é um subconjunto convexo <strong>de</strong> X, então K é<br />
convexo.<br />
Demonstração Sejam x, y ∈ K, logo, dado ε > 0 existem x1, y1 ∈ K tais que<br />
d(x, x1) = x − x1 < ε e d(y, y1) = y − y1 < ε .<br />
Dado α ∈ [0, 1], sabemos que αx1 + (1 − α)y1 ∈ K. Dessa forma<br />
αx + (1 − α)y − <br />
αx1 + (1 − α)y1 = α(x − x1) + (1 − α)(y − y1) ≤<br />
αx − x1 + (1 − α)y − y1 < αε + (1 − α)ε = ε<br />
e portanto αx + (1 − α)y ∈ K, ou seja, K é convexo.<br />
Antes <strong>de</strong> enunciar o teorema da Aplicação Aberta consi<strong>de</strong>re os seguintes resulta<strong>dos</strong>:<br />
Lema 0.1 Sejam X e Y espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> e f : X → Y uma aplicação linear contínua sobrejetora.<br />
Então, existe r > 0 tal que<br />
f(B1(0)) ⊃ Br(0) .<br />
Demonstração Temos que<br />
portanto<br />
X =<br />
∞<br />
Bn(0) =<br />
n=1<br />
Y = f(X) = f ∞ <br />
nB1(0) =<br />
n=1<br />
∞<br />
nB1(0)<br />
n=1<br />
∞<br />
f(nB1(0)) =<br />
n=1<br />
2<br />
∞<br />
nf(B1(0)) .<br />
n=1<br />
i∈N
Assim, também é válido que<br />
Y = f(X) =<br />
∞<br />
nf(B1(0))<br />
n=1<br />
<strong>de</strong> fato:<br />
(i) dado n, nf(B1(0)) = f(nB1(0)) = f(Bn(0)) ⊂ Y , então<br />
Y = f(X) ⊃<br />
∞<br />
nf(B1(0))<br />
(ii) dado y ∈ Y , sendo f sobrejetiva existe x ∈ X tal que y = f(x). Para este x existe um n0 tal que<br />
x ∈ Bn0 (0) = n0B1(0) e então<br />
ou seja,<br />
Assim, como Y = f(X) =<br />
n=1<br />
y = f(x) ∈ f(Bn0 (0)) = f(n0B1(0)) = n0f(B1(0)) ⊂ n0f(B1(0))<br />
Y = f(X) ⊂<br />
∞<br />
nf(B1(0)) .<br />
n=1<br />
∞<br />
nf(B1(0)) e para cada n , nf(B1(0)) é um conjunto fechado, do Teorema<br />
n=1<br />
<strong>de</strong> Baire segue que existe n0 tal que<br />
e portanto<br />
int n0f(B1(0)) = ∅<br />
int f(B1(0)) = int n0<br />
f(B1(0)) = int 1<br />
1<br />
n0<br />
n0<br />
int n0f(B1(0)) = ∅ .<br />
n0<br />
n0f(B1(0)) =<br />
Assim, seja y ∈ Y e r > 0 tais que B2r(y) ⊂ f(B1(0)) , logo, y ∈ f(B1(0)) e então<br />
−y ∈ − f(B1(0)) = −f(B1(0)) = f(−B1(0)) = f(B1(0)) .<br />
Tem-se também que f(B1(0)) é convexo. De fato, sendo B1(0) convexo, da<strong>dos</strong> x0, y0 ∈ B1(0) e λ ∈ [0, 1]<br />
segue que λx0 + (1 − λ)y0 ∈ B1(0). Então, da<strong>dos</strong> a, b ∈ f(B1(0)) existem sequências f(xn) e f(yn), com<br />
xn, yn ∈ B1(0) tais que<br />
f(xn) → a<br />
Sendo λ ∈ [0, 1], temos<br />
f(yn) → b<br />
f(zn) = f(λxn + (1 − λ)yn) = f(λxn) + f((1 − λ)yn) =<br />
λf(xn) + (1 − λ)f(yn) → λa + (1 − λ)b<br />
e como para cada n, λxn + (1 − λ)yn ∈ B1(0), temos que zn ∈ B1(0) e portanto λa + (1 − λ)b ∈ f(B1(0)),<br />
ou seja, f(B1(0)) é convexo.<br />
Então,<br />
B2r(0) = B2r(y) − y ⊂ f(B1(0)) + f(B1(0)) = 2f(B1(0))<br />
3
pois f(B1(0)) é convexo. Dessa forma<br />
e o lema fica <strong>de</strong>monstrado.<br />
f(B1(0)) = 2<br />
2 f(B1(0)) = 1<br />
2<br />
2 f(B1(0)) ⊃ 1<br />
2 B2r(0) = Br(0)<br />
Corolário 0.1 Sejam X e Y espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> e f : X → Y uma aplicação linear contínua sobrejetora.<br />
Então, existe r > 0 tal que<br />
f(B1(0)) ⊃ Br(0) .<br />
Demonstração Do lema anterior existe r > 0 tal que<br />
f(B1(0)) ⊃ Br(0) .<br />
Afirmamos que Br(0) não contém nenhum elemento da fronteira fr(f(B1(0))) <strong>de</strong> f(B1(0)). De fato:<br />
se a ∈ fr(f(B1(0))) , para todo ε > 0<br />
Como<br />
segue que, se a ∈ Br(0), então<br />
Bε(a) f(B1(0)) = ∅ e Bε(a) (f(B1(0))) c = ∅ .<br />
Br(0) ⊂ f(B1(0)) = fr(f(B1(0))) f(B1(0))<br />
Bε(a) (Br(0)) c = ∅ ,<br />
além disso, <strong>de</strong> Bε(a) f(B1(0)) = ∅ existe uma sequência f(xn) ∈ f(B1(0)) tal que f(xn) → a, com<br />
xn ∈ B1(0), <strong>de</strong>ssa forma, se a ∈ Br(0), sendo Br(0) aberto existe n0 tal que para n > n0 tem-se<br />
f(xn) ∈ Br(0) e portanto<br />
Bε(a) Br(0) = ∅ .<br />
E então a ∈ fr(Br(0)), o que nos dá uma contradição, já que, sendo Br(0) aberto nenhum ponto <strong>de</strong> Br(0)<br />
é ponto <strong>de</strong> fronteira. Então, <strong>de</strong><br />
segue o resultado<br />
Br(0) ⊂ f(B1(0)) = fr(f(B1(0))) f(B1(0))<br />
Br(0) ⊂ f(B1(0)) .<br />
Teorema 0.5 (da aplicação aberta) Sejam X e Y espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> e f : X → Y uma aplicação<br />
linear contínua sobrejetora. Para todo conjunto aberto U ⊂ X, f(U) é aberto em Y .<br />
Demonstração Seja y ∈ f(U), logo, existe x ∈ U tal que y = f(x) e, sendo U aberto existe δ > 0 tal<br />
que Bδ(x) ⊂ U. Do corolário anterior existe r > 0 <strong>de</strong> modo que f(B1(0)) ⊃ Br(0), então<br />
ou seja, f(U) é aberto em Y .<br />
f(U) ⊃ f(Bδ(x)) = f(x + Bδ(0)) = f(x) + f(Bδ(0)) = f(x) + f(δB1(0)) =<br />
f(x) + δf(B1(0)) ⊃ f(x) + δBr(0) = f(x) + Bδr(0) = Bδr(f(x))<br />
Corolário 0.2 Sejam X e Y espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> e f : X → Y uma aplicação linear contínua bijetora,<br />
então f é bicontínua.<br />
4
Demonstração Sendo f aplicação linear bijetora, esta possui uma aplicação inversa f −1 linear. Do<br />
teorema anterior, dado o aberto U ⊂ X, f(U) é um aberto em Y e portanto f −1 é contínua, uma vez<br />
que, dado o aberto U ⊂ X, existe o aberto f(U) ⊂ Y tal que f −1 (f(U)) = U ⊂ U, logo, f é bicontínua.<br />
Definição Dada uma aplicação f : X → Y , o gráfico <strong>de</strong> f é indicado por Gf e dado por<br />
Gf = {(x, f(x)) ∈ X × Y / x ∈ X}<br />
Teorema 0.6 (do gráfico fechado) Sejam X e Y espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> e f : X → Y uma aplicação<br />
linear. Então, f é contínua se, e somente se, seu gráfico é fechado.<br />
Demonstração Suponha que f seja contínua, logo, seu gráfico é fechado se Gf = Gf . Como Gf ⊂ Gf ,<br />
<strong>de</strong>ve-se provar que Gf ⊂ Gf , assim, dado (x, y) ∈ Gf existe uma sequência (xn, f(xn)) ∈ Gf tal que<br />
(xn, f(xn)) → (x, y), logo, xn → x e f(xn) → y e sendo f contínua segue que y = f(x) e então<br />
(x, y) ∈ Gf , ou seja, Gf ⊂ Gf e o gráfico <strong>de</strong> f é fechado.<br />
Suponha agora que Gf seja um subespaço fechado <strong>de</strong> X × Y , então, sendo Gf subespaço vetorial do<br />
espaço <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> X × Y segue que Gf também é um espaço <strong>de</strong> <strong>Banach</strong>. Consi<strong>de</strong>re a projeção<br />
e consi<strong>de</strong>re também<br />
prX : X × Y → X<br />
(x, y) ↦→ x<br />
prX : Gf → prX(Gf ) = X<br />
logo, prX é uma aplicão linear, bijetora e contínua do espaço <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> Gf sobre o espaço <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> Y .<br />
De fato:<br />
(i) Da<strong>dos</strong> (x, f(x)), (y, f(y)) ∈ Gf , segue que prX((x, f(x)) + (y, f(y))) = prX(x + y, f(x) + f(y)) =<br />
prX(x + y, f(x + y)) = x + y = prX(x, f(x)) + prX(y, f(y)) .<br />
Dado o escalar α e (x, f(x)) ∈ Gf , temos que<br />
Portanto prX é linear.<br />
prX(α(x, f(x))) = prX(αx, αf(x)) = prX(αx, f(αx)) = αx = αprX(x, f(x)).<br />
(ii) Dado x0 ∈ X, tome (x0, f(x0)) ∈ Gf e então prX(x0, f(x0)) = x0, logo, prX é sobrejetora.<br />
Sejam (x, f(x)), (y, f(y)) ∈ Gf , logo, se prX(x, f(x)) = prX(y, f(y)) então x = y e portanto f(x) = f(y),<br />
assim, f é injetora. Portanto bijetora.<br />
(iii) Da<strong>dos</strong> (x, f(x)), (y, f(y)) ∈ Gf , segue que<br />
dX(prX(x, f(x)), prX(y, f(y))) = dX(x, y) ≤ dX(x, y) + dY (f(x), f(y)) =<br />
dX×Y ((x, f(x)), (y, f(y)))<br />
isto é, prX é uma contração fraca e portanto contínua.<br />
Do último corolário segue que a aplicação prX é bicontínua, e como<br />
prY : X × Y → Y<br />
5
é contínua, segue a função composta<br />
é contínua.<br />
prY ◦ (prX) −1 = f<br />
Observação Da<strong>dos</strong> os espaços <strong>de</strong> <strong>Banach</strong> X e Y , para <strong>de</strong>monstrar que o gráfico Gf da aplicação linear<br />
f : X → Y é fechado, é suficiente verificar que, dada uma sequência {xn} ∈ X tal que<br />
xn → 0 e f(xn) → y<br />
então y = 0. De fato:<br />
Como Gf ⊂ Gf , resta <strong>de</strong>monstrar que Gf ⊂ Gf . Assim, dado (α, β) ∈ Gf existe uma sequência<br />
(zn, f(zn)) ∈ Gf tal que (zn, f(zn)) → (α, β), então<br />
e<br />
zn − α → 0<br />
f(zn − α) = f(zn) − f(α) → β − f(α)<br />
Por hipótese temos que β − f(α) = 0, logo β = f(α), ou seja, (α, β) ∈ Gf e então Gf ⊂ Gf .<br />
Antes <strong>de</strong> enunciar o Teorema <strong>de</strong> Hahn-<strong>Banach</strong>, consi<strong>de</strong>re o seguinte lema:<br />
Definição Seja X um espaço vetorial e p : X → R uma aplicação satisfazendo as seguintes proprieda<strong>de</strong>s<br />
(i) para todo x, y ∈ X, p(x + y) ≤ p(x) + p(y)<br />
(ii) para o escalar λ ≥ 0 e x ∈ X, p(λx) = λp(x)<br />
Diz-se então que p é um funcional sublinear.<br />
Lema 0.2 Seja S um subespaço próprio do espaço vetorial real X (isto é, S = {0} e S = X) e seja<br />
x0 ∈ X − S. Consi<strong>de</strong>re o subespaço gerado<br />
N = [S ∪ {x0}]<br />
e suponha que f seja um funcional linear <strong>de</strong>finido em S e p seja um funcional sublinear <strong>de</strong>finido em X,<br />
além disso<br />
f(x) ≤ p(x) ∀x ∈ S .<br />
Então f po<strong>de</strong> ser extendido a um funcional linear F (F |S = f) <strong>de</strong>finido em N tal que<br />
F (x) ≤ p(x) ∀x ∈ N .<br />
Demonstração Como f(x) ≤ p(x) em S, da<strong>dos</strong> x1, x2 ∈ S<br />
Logo<br />
f(x1 − x2) = f(x1) − f(x2) ≤ p(x1 − x2) = p(x1 + x0 − x2 − x0) ≤ p(x1 + x0) + p(−x2 − x0) .<br />
−p(−x2 − x0) − f(x2) ≤ p(x1 + x0) − f(x1) . (∗)<br />
Supondo que x1 esteja fixado e x2 seja arbitrário, segue que o conjunto <strong>de</strong> números reais<br />
{−p(−x2 − x0) − f(x2) / x2 ∈ S}<br />
6
é limitado superiormente, logo possui supremo. Seja então<br />
Analogamente po<strong>de</strong>mos garantir a existência <strong>de</strong><br />
De (*)<br />
e então existe c0 ∈ R tal que<br />
Seja agora y ∈ S qualquer, logo<br />
Como x0 ∈ S, dado x ∈ N<br />
a = sup{−p(−x2 − x0) − f(x2) / x2 ∈ S}.<br />
b = inf{p(x1 + x0) − f(x1) / x1 ∈ S}<br />
a ≤ b<br />
a ≤ c0 ≤ b .<br />
−p(−y − x0) − f(y) ≤ p(y + x0) − f(y) . (∗∗)<br />
x = y + λx0<br />
sendo o escalar λ e o elemento y ∈ S unicamente <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong>. Devido a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta representação,<br />
a aplicação<br />
F : N → R<br />
tal que<br />
F (y + λx0) = f(y) + λc0<br />
está bem <strong>de</strong>finida, além disso, F é um funcional linear. De fato:<br />
(i) dado o escalar β e y + λx0 ∈ N,<br />
F (β(y + λx0)) = F (βy + βλx0) = f(βy) + (λβ)c0 = β(f(y) + λc0) = βF (y + λx0)<br />
(ii) da<strong>dos</strong> y1 + λ1x0, y2 + λ2x0 ∈ N<br />
F ((y1 + λ1x0) + (y2 + λ2x0)) = F (y1 + y2 + (λ1 + λ2)x0) = f(y1 + y2) + (λ1 + λ2)c0 =<br />
f(y1) + λ1c0 + f(y2) + λ2c0 = F (y1 + λ1x0) + F (y2 + λ2x0)<br />
e então F é um funcional linear. Além disso, dado y ∈ S<br />
isto é, F é extensão <strong>de</strong> f. Resta mostrar que<br />
F (y) = F (y + 0x0) = f(y) + 0c0 = f(y)<br />
F (x) ≤ p(x) ∀x ∈ N.<br />
Para tal é consi<strong>de</strong>rado três casos. Dado x ∈ N, x = y + λx0 (y ∈ S) sendo λ = 0, λ > 0 ou λ < 0 :<br />
(1) λ = 0. Neste caso F (x) = F (y + 0x0) = f(y) ≤ p(y) = p(x).<br />
(2) λ > 0. De (**), trocando y por y<br />
λ tem-se<br />
c0 ≤ p( y<br />
λ + x0) − f( y<br />
) .<br />
λ<br />
7
Multiplicando ambos os la<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sta última <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> por λ > 0<br />
λf( y<br />
λ ) + λc0 = f(y) + λc0 = F (x) ≤ λp( y<br />
λ + x0) = p(y + λx0) = p(x) .<br />
(3) λ < 0. Novamente <strong>de</strong> (**), trocando y por y<br />
λ vem<br />
−p(− y<br />
λ − x0) − f( y<br />
) ≤ c0<br />
λ<br />
Multiplicando ambos os la<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> por λ < 0<br />
e o lema fica <strong>de</strong>monstrado.<br />
(−λ)p(− y<br />
λ − x0) = p(y + λx0) = p(x) ≥ λc0 + λf( y<br />
λ ) = λc0 + f(y) = F (x)<br />
Teorema 0.7 (Hahn-<strong>Banach</strong>) Sejam M subespaço vetorial do espaço vetorial real X, p um funcional<br />
sublinear <strong>de</strong>finido em X e f um funcional linear <strong>de</strong>finido em M tal que<br />
f(x) ≤ p(x) ∀x ∈ M .<br />
Então existe um funcional linear F <strong>de</strong>finido em X que exten<strong>de</strong> f tal que<br />
F (x) ≤ p(x) ∀x ∈ X .<br />
Demonstração Seja S o conjunto <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os funcionais lineares {f} que exten<strong>de</strong>m f, além disso<br />
f(x) ≤ p(x) ∀x ∈ D f<br />
sendo o subespaço vetorial <strong>de</strong> X, D f ⊃ M, domínio <strong>de</strong> f . O conjunto S é não vazio, pois f ∈ S, uma<br />
vez que f|M = f e por hipótese<br />
f(x) ≤ p(x) ∀x ∈ Df = M .<br />
A seguir é introduzida uma or<strong>de</strong>m em S da seguinte maneira, da<strong>dos</strong> f 1, f 2 ∈ S,<br />
f 1 ≺ f 2 ⇐⇒ D f 2 ⊃ D f 1<br />
e f 2|D f1<br />
= f 1 .<br />
Temos que ≺ é <strong>de</strong> fato uma or<strong>de</strong>m, uma vez que, da<strong>dos</strong> f 1, f 2, f 3 ∈ S, tem-se<br />
(i) f 1 ≺ f 1 , pois Df ⊃ D<br />
1 f e f 1|D = f<br />
1 f1 1<br />
(ii) se f 1 ≺ f 2 e f 2 ≺ f 3, segue que<br />
então<br />
isto é, f 1 ≺ f 3.<br />
(iii) se f 1 ≺ f 2 e f 2 ≺ f 1, tem-se<br />
D f 3 ⊃ D f 1<br />
D f 2 ⊃ D f 1<br />
D f 3 ⊃ D f 2<br />
D f 2 ⊃ D f 1<br />
e f 2|D f1<br />
e f 3|D f2<br />
e f 3|D f1 ⊂D f2<br />
e f 2|D f1<br />
8<br />
= f 1<br />
= f 2<br />
= f 2|D f1<br />
= f 1<br />
= f 1
D f 1 ⊃ D f 2<br />
e f 1|D f2<br />
logo, Df = D<br />
1 f e f 1|D<br />
2 f2 =D = f<br />
f1 2 , então f 1 ≡ f 2.<br />
Assim, S é parcialmente or<strong>de</strong>nado por ≺. A seguir será <strong>de</strong>monstrado que S é indutivamente or<strong>de</strong>nado,<br />
ou seja, todo subconjunto totalmente or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> S possui um limitante superior em S. Assim, seja<br />
H = {f β} um subconjunto totalmente or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> S e <strong>de</strong>monstremos a existência <strong>de</strong> f ∈ S tal que f<br />
seja um limitante superior para H. Dessa forma, seja f cujo domínio é dado por Df = <br />
Df . Se<br />
β<br />
existe algum β tal que<br />
e difinimos então f por<br />
x ∈ <br />
Df β<br />
β<br />
x ∈ D f β<br />
f(x) = f β(x) .<br />
Temos que D f é um subespaço vetorial <strong>de</strong> X. De fato:<br />
(i) Como f ∈ S, Df = M ⊂ D f β ⊂ D f , logo D f = ∅<br />
(ii) Dado o escalar λ e x ∈ D f , existe algum β tal que x ∈ D f β , e como D f β é subespaço vetorial,<br />
λx ∈ D f β ⊂ D f<br />
(iii) Da<strong>dos</strong> x, y ∈ Df = <br />
Df β<br />
β<br />
existem β1 e β2 tais que<br />
x ∈ D f β1<br />
= f 2<br />
e y ∈ D f β2<br />
e, sendo H totalmente or<strong>de</strong>nado segue que f β1 ≺ f β2 ou f β1 ≺ f β2 , então Df ⊂ D<br />
β1 f ou D<br />
β2 f β2<br />
Suponha, sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> que Df ⊂ D<br />
β1 f , logo<br />
β2<br />
e como D f β2<br />
é subespaço <strong>de</strong> X segue que<br />
Assim, o domínio <strong>de</strong> f, Df = <br />
Df β<br />
já que, se<br />
segue que<br />
β<br />
x, y ∈ D f β2<br />
x + y ∈ D f β2<br />
⊂ D f .<br />
β<br />
⊂ Df .<br />
β1<br />
, é um subespaço <strong>de</strong> X. Temos também que f está bem <strong>de</strong>finida,<br />
x ∈ D f β1<br />
e x ∈ D f β2<br />
f(x) = f β1 (x) e f(x) = f β2 (x) .<br />
Sendo H totalmente or<strong>de</strong>nado, f β1 ≺ f β2 ou f β2 ≺ f β1 , ou seja, f β1 exten<strong>de</strong> f β2<br />
ambos os casos<br />
f β1 (x) = f β2 (x) .<br />
e então f está bem <strong>de</strong>finida. Além disso, f é uma aplicação linear. De fato:<br />
9<br />
ou vice-versa. Em
(i) dado o escalar λ e x ∈ D f , existe β tal que x ∈ D f β , logo λx ∈ D f β e como f β é um funcional linear<br />
f(λx) = f β(λx) = λf β(x) = λf(x)<br />
(ii) da<strong>dos</strong> x, y ∈ Df , existem β1 e β2 tais que x ∈ Df e y ∈ D<br />
β1<br />
f . Sendo H totalmente or<strong>de</strong>nado,<br />
β2<br />
f β1 ≺ f β2 ou f β2 ≺ f β1 , ou seja, f β1 exten<strong>de</strong> f β2 ou vice-versa, logo, Df ⊂ D<br />
β1 f ou D<br />
β2 f ⊂ D<br />
β2 f .<br />
β1<br />
Suponhamos que Df ⊂ D<br />
β1 f , então<br />
β2<br />
f(x + y) = f β2 (x + y) = f β2 (x) + f β2 (y) = f(x) + f(y).<br />
Assim f uma aplicação linear. Temos também que, dado x ∈ D f , existe β tal que x ∈ D f β , então<br />
Portanto, dado f β0 ∈ H tem-se D <br />
f =<br />
β<br />
f(x) = f β(x) ≤ p(x) .<br />
D f β ⊃ D f β0<br />
f β0 ≺ f .<br />
e, por <strong>de</strong>finição, f|D fβ0<br />
= f β0 , assim<br />
Então f é um limitante superior para H em S, logo, S é indutivamente or<strong>de</strong>nado. Do lema <strong>de</strong> Zorn segue<br />
que existe F ∈ S tal que F é um elemento maximal para S. Como F ∈ S, F é um funcional linear que<br />
exten<strong>de</strong> f com a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que<br />
F (x) ≤ p(x) ∀x ∈ DF .<br />
Resta então mostrar que DF = X. Suponha por absurdo que exista x0 ∈ X tal que x0 ∈ DF . Do lema<br />
anterior segue que F po<strong>de</strong> ser extendido para o funcional linear F tal que<br />
F (x) ≤ p(x)<br />
para x ∈ [DF ∪ {x0}]. Logo, F também exten<strong>de</strong> f e pertence a S, o que contradiz a maximalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> F ,<br />
pois F exten<strong>de</strong> F . Portanto DF = X e o teorema fica <strong>de</strong>monstrado.<br />
Existem algumas generalizações do Teorema <strong>de</strong> Hahn-<strong>Banach</strong>, consi<strong>de</strong>radas a seguir:<br />
Definição Diz-se que o funcional sublinear p : X → R é uma semi-norma se satisfizer as duas seguintes<br />
condições:<br />
(i) p(x) ≥ 0 ∀x ∈ X<br />
(ii) dado o escalar β, tem-se p(βx) = |β|p(x)<br />
Teorema 0.8 (Hahn-<strong>Banach</strong> Generalizado) Sejam M subespaço vetorial do espaço vetorial complexo<br />
X, p uma semi-norma <strong>de</strong>finida em X e f um funcional linear <strong>de</strong>finido em M tal que<br />
|f(x)| ≤ p(x) ∀x ∈ M .<br />
Então existe um funcional linear F <strong>de</strong>finido em X que exten<strong>de</strong> f tal que<br />
|F (x)| ≤ p(x) ∀x ∈ X .<br />
10
Teorema 0.9 (Hahn-<strong>Banach</strong> para <strong>Espaços</strong> Norma<strong>dos</strong>) Seja f um funcional linear contínuo <strong>de</strong>finido<br />
no subespaço M do espaço normado X. Então, existe um funcional linear contínuo f <strong>de</strong>finido em X que<br />
exten<strong>de</strong> f e possui a mesma norma, isto é<br />
sendo<br />
e<br />
fX = fM<br />
|f(x)|<br />
fX = sup<br />
x=0 x<br />
|f(x)|<br />
fM = sup<br />
x=0 x<br />
, x ∈ X<br />
, x ∈ M<br />
Antes <strong>de</strong> enunciar o Teorema da Separação consi<strong>de</strong>re os seguintes resulta<strong>dos</strong>:<br />
Proposição 0.1 Seja X um espaço vetorial real normado e seja A ⊂ X um conjunto convexo aberto tal<br />
que 0 ∈ A. Se q : X → R é dada por<br />
q(x) = inf{λ ≥ 0 : x ∈ λA}<br />
então q é um funcional sublinear não negativo e A = {x : q(x) < 1}.<br />
Demonstração Sendo q(x) = inf{λ ≥ 0 : x ∈ λA} tem-se q(x) ≥ 0 ∀x ∈ X, ou seja, q é não negativo.<br />
Da<strong>dos</strong> x, x1, x2 ∈ X e t ∈ R, mostremos então que q é um funcional sublinear.<br />
(i) Dado t > 0, tem-se<br />
No entanto, se t = 0,<br />
q(tx) = inf{λ : λ ≥ 0, tx ∈ λA} = inf{t λ<br />
t<br />
t inf{ λ<br />
t<br />
λ<br />
λ<br />
: λ ≥ 0, x ∈ A} = t inf{λ :<br />
t t t<br />
t inf{λ : λ ≥ 0, x ∈ λA} = tq(x) .<br />
λ<br />
: λ ≥ 0, x ∈ A} =<br />
t<br />
λ<br />
≥ 0, x ∈ A} =<br />
t<br />
q(tx) = q(0x) = q(0) = inf{λ ≥ 0 : 0 ∈ λA} = 0 = 0q(x) = tq(x) .<br />
(ii) Sejam q(x1) = α e q(x2) = β, logo, para δ > 0 segue que x1 ∈ (α + δ)A e x2 ∈ (β + δ)A e então<br />
existem a1, a2 ∈ A tais que x1 = (α + δ)a1 e x2 = (β + δ)a2.<br />
Assim, x1 + x2 ∈ (α + β + 2δ)A, uma vez que, sendo γ = α + β + 2δ e A convexo, γA é convexo. Além<br />
disso, γa1, γa2 ∈ γA e<br />
e como α+δ<br />
α+β+2δ<br />
x1 + x2 ∈ γA.<br />
Portanto<br />
x1 + x2 =<br />
+ β+δ<br />
α+β+2δ = 1 , sendo α+δ<br />
α+β+2δ<br />
(α + δ)γ<br />
α + β + 2δ a1<br />
(β + δ)γ<br />
+<br />
α + β + 2δ a2<br />
> 0 e<br />
β+δ<br />
α+β+2δ<br />
q(x1 + x2) ≤ lim<br />
δ→0 (α + β + 2δ) = α + β = q(x1) + q(x2).<br />
Então, <strong>de</strong> (i) e(ii) segue que q é um funcional sublinear.<br />
11<br />
> 0 , da convexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> γA segue que
Afirmamos que A = {x : q(x) < 1}. De fato, suponhamos por absurdo que q(x) ≥ 1, assim, se<br />
q(x) = inf{λ ≥ 0 : x ∈ λA} = λ∗ > 1<br />
segue que, para a sequência {λn} tal que λn ≥ λ∗ e λn → λ∗ > 1, tem-se x ∈ λnA e então x ∈ A. Por<br />
outro lado, se<br />
q(x) = inf{λ ≥ 0 : x ∈ λA} = 1<br />
para toda sequência {λn}, com λn > 1 tal que λn → 1, segue que x ∈ λnA, e como A é aberto,<br />
x ∈ λnA = λnint(A) e então x ∈ fr(A) e como A é aberto nenhum elemento da fronteira <strong>de</strong> A pertence<br />
a A, logo, x ∈ A. Portanto A = {x : q(x) < 1}.<br />
Observação Se A e B são conjuntos convexos então<br />
A − B = {a − b : a ∈ A , b ∈ B}<br />
é um conjunto convexo. De fato, da<strong>dos</strong> α ∈ A − B e β ∈ A − B segue que α = a1 − b1 e β = a2 − b2,<br />
com a1, a2 ∈ A e b1, b2 ∈ B. Então, sendo A e B conjuntos convexos, dado λ ∈ [0, 1] segue que<br />
λa1 + (1 − λ)a2 ∈ A e λb1 + (1 − λ)b2 ∈ B. Portanto<br />
λα + (1 − λ)β = λ(a1 − b1) + (1 − λ)(a2 − b2) =<br />
λa1 + (1 − λ)a2 − <br />
λb1 + (1 − λ)b2 ∈ A − B<br />
ou seja, A − B é um conjunto convexo.<br />
Observação Se A é um conjunto aberto e b ∈ B então A − b é aberto. De fato, sendo A aberto, dado<br />
x0 ∈ A existe δ > 0 tal que Bδ(x0) ⊂ A, logo<br />
B ∗ δ (x0 − b) = {x − b ∈ A − b : x − b − (x0 − b) < δ} =<br />
{x − b : x − x0 < δ} = Bδ(x0) − b ⊂ A − b<br />
e portanto A − b é aberto. Analogamente, b − A é aberto.<br />
Teorema 0.10 Se X é um espaço vetorial real normado e A ⊂ X é um conjunto não vazio aberto e<br />
convexo tal que 0 ∈ A, então existe M ⊂ X <strong>de</strong> modo que M ∩ A = ∅.<br />
Demonstração Seja x0 ∈ A e H = x0 − A = {x0 − a : a ∈ A} , então, como foi visto na observação<br />
anterior H é convexo, além disso H é aberto e 0 ∈ H, pois x0 ∈ A e x0 − x0 = 0 ∈ H. Da proposição<br />
anterior existe um funcional sublinear não negativo q : X → R tal que H = {x : q(x) < 1}. Como 0 ∈ A<br />
e x0 = x0 − 0, segue que x0 ∈ H e então q(x0) ≥ 1.<br />
Seja Y = {βx0 : β ∈ R} e <strong>de</strong>fina f : Y → R como f(βx0) = βq(x0). Se β ≥ 0 segue que f(βx0) =<br />
βq(x0) = q(βx0), agora, se β < 0, tem-se f(βx0) = βq(x0) ≤ β < 0 ≤ q(βx0). Então, f(x) ≤ q(x) para<br />
todo x ∈ Y e do Teorema <strong>de</strong> Hahn-<strong>Banach</strong> existe um funcional linear F : X → R tal que F |Y = f e<br />
F (x) ≤ q(x) para todo x ∈ X. Seja M o núcleo do funcional F , ou seja, M = kerF .<br />
Dessa forma, se x ∈ A segue que x0 − x ∈ H e então F (x0) − F (x) = F (x0 − x) ≤ q(x0 − x) < 1.<br />
Assim, F (x) > F (x0) − 1 = q(x0) − 1 ≥ 0 para todo x ∈ A, logo, F (x) > 0 ∀x ∈ A e portanto<br />
KerF ∩ A = M ∩ A = ∅.<br />
Definição Diz-se que os conjuntos convexos A, B ⊂ X são separa<strong>dos</strong> pelo funcional linear f se existe<br />
β ∈ R tal que<br />
f(a) ≤ β ≤ f(b) ∀a ∈ A e ∀b ∈ B.<br />
12
Teorema 0.11 (Separação) Se X é um espaço vetorial real normado e A, B ⊂ X são conjuntos convexos<br />
tais que A ∩ B = ∅ e A é aberto, então existe um funcional linear não nulo que separa A e B.<br />
Demonstração Seja H = A − B = {a − b : a ∈ A e b ∈ B}, logo, como foi visto H é convexo, além<br />
disso A − b é aberto para cada b ∈ B e então H = ∪b∈B{A − b} é aberto . Sendo A ∩ B = ∅ se existissem<br />
a ∈ A e b ∈ B tais que a − b = 0 teríamos a = b ∈ A ∩ B = ∅, portanto 0 ∈ H. Do teorema anterior existe<br />
M ⊂ X tal que M ∩ H = ∅, assim, seja F : X → R o funcional linear tal que M = KerF .<br />
Sendo H convexo F (H) ⊂ R é convexo e 0 ∈ F (H) então F (x) > 0 para todo x ∈ H ou F (x) < 0<br />
para todo x ∈ H. Suponha que F (x) > 0 para todo x ∈ H, assim, da<strong>dos</strong> a ∈ A e b ∈ B tem-se<br />
0 < F (a − b) = F (a) − F (b), isto é, F (a) > F (b) e então existe β ∈ R <strong>de</strong> modo que<br />
sup{F (b) : b ∈ B} ≤ β ≤ inf{F (a) : a ∈ A}<br />
ou seja, F (b) ≤ β ≤ F (a) para todo a ∈ A e para todo b ∈ B e portanto F separa os conjuntos convexos<br />
A e B.<br />
Bibliografia Fundamental<br />
[1] HÖNIG, C. S. Análise Funcional e Aplicações, Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo, 1970.<br />
[2] HÖNIG, C. S. Aplicações da Topologia à Análise, IMPA-SBM, 1985.<br />
[3] BACHMAN, G. and NARICI, L. Functional Analysis, Aca<strong>de</strong>mic Press, 1966.<br />
[4] MOURA, C. A. Análise Funcional para Aplicações , Ciência Mo<strong>de</strong>rna, Rio <strong>de</strong> Janeiro,2002.<br />
[5] WANKA, G. Convex Analysis, Chemnitz University Technology.<br />
[6] KREYSZIG, E. Introductory Functional Analysis with Applications, John Willey, New York, 1978.<br />
13