O pintor Luigi Crosio

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O homem que pintou o quadro da MTA “Procura de vestígios” do pintor Luigi Crosio (1835-1915) em Turim, Itália Itália, Par. Michael Savage. Luigi Crosio foi o autor da pintura do quadro da MTA; mas que sabemos nós a respeito de sua pessoa? Muito pouco. Fala-se dele, sabe-se seu nome, e que mais? Em face disso, despertou-me-se a curiosidade e a pergunta: Há uma história que deveria ser descoberta e narrada? Por interesses pessoais encontro-me ligado ao mundo da arte, de modo que sempre fora de interesse meu obter alguma informação a respeito da identidade daquele que pintara o quadro da “Mãe Três Vezes Admirável”, denominado no original “Refúgio dos Pecadores”. Ele, porém, permanece qual Fata Morgana, sempre além do horizonte fora de projeção. A curiosidade ainda me fora nutrida por outras considerações. Em Schoenstatt a estampa do quadro, oferecida em 1915 aos jovens seminaristas, havia sido considerada como o quadro de graças original, por outra, com a imagem mais importante, até mesmo mais importante do que o próprio quadro original. Mediante esta imagem, Cristo Jesus e Maria Santíssima e sua relação recíproca encontraram expressão peculiar no futuro movimento. Inicialmente a imagem não fora do agrado dos jovens soldados; em oração no Santuário-Original o Pe. Kentenich, não obstante, sentiu que esta imagem expressava a relação peculiar entre Cristo Jesus e Maria Santíssima, e como nós, mediante a Aliança de Amor, para a qual estamos convidados, podemos tornar-nos parte dessa relação. Quando em determinada loja da Suíça apareceu na década dos anos sessenta o quadro original, foi determinado conservá-lo para cópia. O achado do original não forneceu porém maiores informações a respeito do mistério que esta imagem encerra. Inquietei-me um tanto quando decidi pesquisar acerca do artista Luigi Crosio; a descoberta de informações não faria mais valiosa a imagem da MTA nem lhe diminuiria o valor; Deus tem o costume de utilizar criaturas, quais instrumentos seus, para os próprios objetivos dele, ainda que

O homem que pintou o quadro da MTA<br />

“Procura de vestígios” do <strong>pintor</strong> <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> (1835-1915) em Turim, Itália<br />

Itália, Par. Michael Savage. <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> foi o<br />

autor da pintura do quadro da MTA; mas que<br />

sabemos nós a respeito de sua pessoa? Muito<br />

pouco. Fala-se dele, sabe-se seu nome, e que<br />

mais? Em face disso, despertou-me-se a<br />

curiosidade e a pergunta: Há uma história que<br />

deveria ser descoberta e narrada?<br />

Por interesses pessoais encontro-me ligado ao<br />

mundo da arte, de modo que sempre fora de<br />

interesse meu obter alguma informação a<br />

respeito da identidade daquele que pintara o<br />

quadro da “Mãe Três Vezes Admirável”,<br />

denominado no original “Refúgio dos Pecadores”.<br />

Ele, porém, permanece qual Fata Morgana,<br />

sempre além do horizonte fora de projeção. A<br />

curiosidade ainda me fora nutrida por outras<br />

considerações. Em Schoenstatt a estampa do<br />

quadro, oferecida em 1915 aos jovens<br />

seminaristas, havia sido considerada como o<br />

quadro de graças original, por outra, com a<br />

imagem mais importante, até mesmo mais<br />

importante do que o próprio quadro original.<br />

Mediante esta imagem, Cristo Jesus e Maria<br />

Santíssima e sua relação recíproca encontraram<br />

expressão peculiar no futuro movimento.<br />

Inicialmente a imagem não fora do agrado dos<br />

jovens soldados; em oração no Santuário-Original<br />

o Pe. Kentenich, não obstante, sentiu que esta<br />

imagem expressava a relação peculiar entre<br />

Cristo Jesus e Maria Santíssima, e como nós,<br />

mediante a Aliança de Amor, para a qual estamos<br />

convidados, podemos tornar-nos parte dessa<br />

relação. Quando em determinada loja da Suíça<br />

apareceu na década dos anos sessenta o quadro<br />

original, foi determinado conservá-lo para cópia.<br />

O achado do original não forneceu porém<br />

maiores informações a respeito do mistério que<br />

esta imagem encerra.<br />

Inquietei-me um tanto quando decidi pesquisar<br />

acerca do artista <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>; a descoberta de<br />

informações não faria mais valiosa a imagem da<br />

MTA nem lhe diminuiria o valor; Deus tem o<br />

costume de utilizar criaturas, quais instrumentos<br />

seus, para os próprios objetivos dele, ainda que


não se apercebam da importância de suas ações<br />

e obras criadoras; sua vida pessoal poderia até<br />

estar em posição à visão e ao espírito em que<br />

hoje compreendemos suas obras; deveríamos<br />

talvez manifestar simplesmente nosso<br />

agradecimento a Deus pelo presente que nos fez<br />

e deixar o demais ao critério do esquecimento?<br />

Apesar de tudo, a curiosidade fez-me contudo<br />

prosseguir na pesquisa: deveria ser descoberta e<br />

narrada uma história? Na vida de <strong>Crosio</strong> há algo<br />

que encontra ressonância neste quadro de Jesus<br />

e de Maria Santíssima por ele pintado? Em<br />

Schoenstatt podemos dizer algo à pessoa do<br />

<strong>pintor</strong> como outrossim à imagem?<br />

A idéia de fazer investigações a respeito de<br />

<strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> no mês de agosto em Turim não<br />

fora lá muito genial...<br />

Ocorreu no verão de 2005, uma vez que pude<br />

permanecer em Turim por algum tempo, naquela<br />

cidade, no norte da Itália situada, em que <strong>Luigi</strong><br />

<strong>Crosio</strong> vivera e atuara; estava-se em meados do<br />

mês de agosto, por ocasião do Dia Mundial da<br />

Juventude, quando desci do trem e dirigi-me para<br />

o hotel; logo se me clarificou porém que a<br />

procura de informações a respeito do referido<br />

<strong>pintor</strong> seria mais árdua do que havia imaginado.<br />

A cidade de Turim afigurava estar despovoada; e<br />

aprendi no caminho da vida o que é o<br />

“Ferragosto” para os italianos. Isto quer dizer que<br />

por volta do mês de agosto toda a Itália parte<br />

deveras para férias, rumo às praias, e as cidades<br />

estão vazias. A meu ver estão de fato vazias.<br />

Caminhava completamente sozinho pelas ruas<br />

principais da cidade, vazias de pessoas e<br />

veículos. Os semáforos saltavam briosamente de<br />

verde para vermelho, apesar de não haver<br />

veículos bem como pedestres, salvo eu,<br />

naturalmente. Museus, galerias, bibliotecas<br />

encontravam-se encerrados e só reabririam<br />

volvida uma semana de meu regresso à Escócia.<br />

Não afigurava ser muito prometedor. Recorri<br />

então à MTA implorando-lhe auxílio em prol de<br />

possível existência de alguma história a respeito<br />

de <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> e que se dignasse abrir-me<br />

algumas portas. Nos dias imediatos descobri<br />

que algumas orações apenas são respondidas<br />

quando se emprega certo esforço considerável,<br />

acompanhado de uma quantidade de frustrações<br />

e de sola de sapato gasta, igualmente


considerável.<br />

Turim, Via PO 43<br />

Em meus papéis encontrara um apontamento<br />

que Annette <strong>Crosio</strong>, uma das filhas de <strong>Crosio</strong>,<br />

havia morado na Via PO 43, em 1923. Dirigi-me<br />

até lá o que não foi árduo encontrá-la. Tal casa<br />

encontrava-se contudo em das ruas comerciais<br />

da cidade. Ainda existe o endereço; as placas<br />

com os nomes de seus moradores mostravam<br />

que a casa é habitada por famílias de Turim bem<br />

conceituadas, mas naturalmente não havia<br />

vestígio algum acerca do nome de <strong>Crosio</strong>. Ao<br />

menos, fora uma primeira impressão da cidade,<br />

da rua, da casa onde <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> e sua família<br />

haviam vivido. Algumas livrarias da proximidade<br />

encontram-se abertas, de forma que aí perguntei<br />

por livros ou quaisquer informações respeitantes<br />

a <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>. Ainda que em sua época fosse um<br />

<strong>pintor</strong> profissional bem sucedido, sua arte não é<br />

interessante para o mundo dos séc.XX e XXI,<br />

habituado à abstração. A maior parte dos<br />

funcionários das livrarias visitadas encolhiam os<br />

ombros ante meus pedidos de informação; uma<br />

deu-me todavia o endereço de uma loja<br />

especializada em História de Arte de Piemon. Aí,<br />

ao escutar minha pergunta, um comerciante, um<br />

tanto desorganizado, tornou-se<br />

vivaço. Na verdade, não tinha conhecimento algum a respeito de <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>. Sem<br />

embargo, logo deu início à busca de material referente ao <strong>pintor</strong>, e, por fim,<br />

descobriu em uma estante, alta e superlotada, um livro sobre leilões de arte de 1999.<br />

E aqui ocorreu o primeiro encontro! Ainda hoje a venda de um quadro de <strong>Crosio</strong><br />

pode ser feita a bom preço! Os preços de 1999 para este gênero de quadros<br />

encontravam-se nas 30.000.000 liras, equivalente a £7.000. E sempre sem dados<br />

biográficos. O referido comerciante disse-me que caso retornasse no dia imediato,<br />

iria “desenterrar” outro livro que poderia auxiliar-me na pesquisa do referido <strong>pintor</strong>. E,<br />

de fato, no dia seguinte obtive aí a cópia de breve registro respeitante à vida de <strong>Luigi</strong><br />

<strong>Crosio</strong>. Era, sem dúvida, um dos desses típicos registros que mal dizem algo sobre a<br />

obra e nada sobre a vida do artista... Em todo o caso, traziam outrossim uma lista<br />

de pinturas de <strong>Crosio</strong> que se encontravam no Museu Municipal para a Arte<br />

Moderna. Dirigi-me, portanto, até lá e encontrei-o aberto. Procurei a seção do<br />

séc.XIX e encontrei-a. Na verdade, as pinturas mencionadas na referida lista<br />

encontravam-se neste museu; porém no depósito... Uma porta ainda fechada!<br />

E prossegue a procura!<br />

No dia imediato tentei resolver o problema a partir de outras perceptivas. Em Turim<br />

há igualmente um museu consagrado à luta pela independência e unificação da<br />

Itália, abrangendo os anos de 1750 a 1945. Encontrava-se aberto ao público, e<br />

associei-me a uma visita guiada. <strong>Luigi</strong> nascera em 1835 e viveu neste período de


conflitos sangrentos pela identidade da Itália; fora contemporâneo de Dom Bosco,<br />

Garibaldi e Cavour. Na verdade, não obtive informação alguma referente a <strong>Crosio</strong>,<br />

mas um número de informações bem considerável de sua época e outrossim que<br />

Turim fora por breve período de tempo a capital da Itália.<br />

Decorria o tempo; ao olhar a planta da cidade, descobri o cemitério. Encontar-se-ia<br />

aqui o túmulo de <strong>Crosio</strong>? Infelizmente, ocorreu-me como nos dias anteriores. O<br />

cemitério era bem antigo, de forma que, em face disso, havia aí túmulos de 1915;<br />

não obstante, vestígio algum de <strong>Crosio</strong>. Um <strong>Crosio</strong>, falecido em 1993, também não<br />

prosseguiu... Teria sido sepultado na terra natal? Em todo o caso, nada se encontra<br />

nos registros antigos.<br />

E embora não tenha ainda então obtido muitas informações a seu respeito, acho que<br />

existe a história que deve ser narrada... Talvez consiga acesso a jornais antigos de<br />

Turim.<br />

Concluídos os estudos em uma das mais importantes escolas das Belas Artes<br />

de Piemont<br />

O registro padrão para <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> nas biografias artísticas informa que nasceu em<br />

Alba, no ano de 1835 e veio a falecer em Turim, no ano de 1915. Há, porém, uma<br />

cidade Aqua, situada a alguns quilômetros a norte de Alba, que afirma ser essa a<br />

terra natal de <strong>Crosio</strong>; o registro em vários artigos é falso. Ele estudou arte na<br />

“Academia Albertina di Belle Arte Torino”, que ainda era uma das principais escolas<br />

das Belas Artes do distrito de Piemont, na década dos anos cinqüenta do séc.XIX;<br />

era um talentoso artista profissional, que, mediante seu trabalho, obtinha um bom<br />

salário. Na qualidade de negociante consciente, pintava o que ia ao encontro do<br />

agrado das pessoas; era um artista sólido que não tinha o intuito de criar nada de<br />

extraordinário. Para muitos de sua geração, arte era uma carreira em que podiam<br />

ser tanto negociantes quanto visionários. E a ele abriram-se as portas da vida<br />

artística, de modo que se especializou na pintura de quadros – Genre: pinturas<br />

românticas e relatos de determinada época, como cenas do séc.XVII ou da época<br />

romântica de Pompéia antes de sua destruição, pelo Vesúvio causada. Em seu<br />

sangue corria o amor que os italianos nutrem pela ópera. Isto fora patenteado em<br />

muitos quadros seus com cenas de óperas populares.<br />

<strong>Crosio</strong> é outrossim citado como litográfico e gravador reconhecido e, por isso,<br />

participa em publicações de livros e de imagens; daí seu contato com a Firma suíça<br />

Irmãos Künzli, através da qual mandou reproduzir e divulgar muitos de seus<br />

trabalhos; neste âmbito é citado em 1869 qual litográfico de um retrato de Galileu<br />

para um livro intitulado: “Galileo Galilei”, uma tradução de um original em língua<br />

alemã: “Galileo Galilei” – um romano histórico – Mathilde Raven, Brockhaus Verlag,<br />

Leipzig 1860.”<br />

Carola<br />

Minhas pesquisas me não forneceram muitas outras informações a respeito de sua<br />

vida familiar; assim não é conhecido quando contraira matrimônio. Tinha, contudo,<br />

talvez quatro filhas. Em pesquisa feita na Internet encontrei uma referência sobre a<br />

filha de <strong>Luigi</strong>, Carola <strong>Crosio</strong>. Seu nome apareceu em um artigo referente ao<br />

matemático italiano Giuseppe Teano (nascido em 1858 e falecido em Turim no ano<br />

de 1939); este fora um matemático e lógico afamado.


O artigo encontrado na Internet e de autoria de Hubert Kennedy (2002) relata o<br />

seguinte:<br />

“Em 21.07.1887 Peano contrai matrimônio com Carola <strong>Crosio</strong>, sendo esta filha de<br />

<strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>, um <strong>pintor</strong> de Turim bem sucedido, especialista em pintura de quadros<br />

Genre, de cenas de Pompéia e do séc.XVII. A filha de <strong>Crosio</strong>, Carola partilha de<br />

alguns de seus interesses artísticos. Nessa época Turim tinha um excelente Teatro<br />

de Ópera, e a primeira apresentação de Puccinis ‘Manon Lescaut’ e ‘La Bohème”<br />

ocorrera no Teatro Real de Turim, em 1893 e 1896. A senhora Peano apreciava<br />

ópera, ao passo que Peano afigura ter adormecido algumas vezes no decorrer da<br />

apresentação; seu espírito musical encontra-se aberto à música mais ligeira; Peano<br />

correspondia-se regularmente outrossim com o grande filósofo inglês Bertrand<br />

Russel”.<br />

Um currículo minucioso sobre Peano e de autoria de Hubert Kennedy contém<br />

igualmente a seguinte informação a respeito da filha de <strong>Crosio</strong>:<br />

“Em 21.07.1887 Peano contraiu matrimônio com Carola <strong>Crosio</strong>, a mais nova das<br />

quatro filhas de <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>, um <strong>pintor</strong> de quadros-Genre, especializado em cenas<br />

de Pompéia e do séc.XVII. Carola e suas irmãs (Camila, Annette e Bianca) serviam<br />

de modelo para o pai; mediante firmas em Milão, Londres, Zurique e alhures fazia a<br />

reprodução dos quadros para a reprodução litográfica; seus quadros foram expostos<br />

em várias exposições da ‘Sociedade para a Fomentação da Arte bela’, que havia<br />

sido fundada em Turim, no ano de 1842. Umas de suas pinturas a óleo encontra-se<br />

exposta na Igreja São Jorge, na cidade de Chieri, Estado de Turim.” (Carola veio a<br />

falecer em 1940).<br />

O retrato de Carola (e de seu esposo) do ano de 1887 é o que se encontra<br />

momentaneamente mais próximo do modelo original para o quadro da MTA. Há<br />

clara analogia, ainda que em 1887 Carola fosse alguns anos mais velha do que a<br />

face da pintura (do quadro da MTA). Se se contemplar o seguinte quadro da tão<br />

designada “Bíblia do Capelão” é reconhecível de que quase certamente a menina é<br />

uma das filhas de <strong>Luigi</strong>, caso não seja a própria Carola.<br />

Um vestígio proveniente da Suíça<br />

Aproximamo-nos da Família de <strong>Crosio</strong> e do quadro “Refugium peccatorum” que se<br />

tornou nossa Imagem da MTA, sobretudo mediante a informação de uma carta,<br />

datada de 22 de abril de 1966, de H.Hollmann, funcionário já antigo da Firma Irmãos<br />

Künzli na Suíça. H.Hollmann fora encarregado dos trabalhos conclusivos da<br />

dissolução da respectiva firma. Dois anos antes (1964) a província suíça das Irmãs<br />

de Maria de Schoenstatt havia adquirido o original do quadro, bem como o direito de<br />

edição e impressão da Firma Künzli. Na carta de H. Hollmann diz o seguinte:<br />

“O criador da pintura ’Mater ter admirabilis’, originalmente denominada “Refugium<br />

peccatorum”, <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong>, pintou imensamente para a Firma Künzli, não somente<br />

quadros religiosos, senão que quadros - Genre, cenas alusivas a óperas, entre<br />

outrem. É evidente que não se conservou a correspondência desta época. Assim<br />

existe, porém, uma declaração, por <strong>Luigi</strong> <strong>Crosio</strong> escrita e assinada, datada de Turim,<br />

10 de outubro de 1898, com que cedeu todos os direitos de autor e reprodução da


pintura ‘Refugium peccatorum’ à Firma Irmãos Künzli. Tal pintura deve portanto ter<br />

surgido nesse mesmo ano.<br />

Os senhores Künzli que lidavam pessoalmente com <strong>Crosio</strong> muito tempo há que<br />

faleceram. Por “tradição oral” sabia-se, não obstante, na loja que para o quadro em<br />

questão, bem como para os demais quadros de Nossa Senhora, o artista havia-se<br />

servido de uma filha como modelo; recordo-me de ter há anos visto certa vez<br />

documentos acerca de uma demanda judicial com um falsificador (a demanda<br />

judicial ocorrera porém já há décadas). O falsificador, como é típico em tais pessoas,<br />

arriscou-se: teve-se de provar-lhe de que foi ele quem copiou de <strong>Crosio</strong> e não o<br />

contrário, por outra, <strong>Crosio</strong> dele! A Firma Irmãos Künzli ofereceu-se então para<br />

apresentar todas as fotos da família de <strong>Crosio</strong> que provam que uma filha de <strong>Crosio</strong><br />

havia servido de modelo para o quadro de Nossa Senhora. (Em carta anexada<br />

envio-lhe ainda um modelo de outro quadro de Nossa Senhora, por <strong>Crosio</strong> pintada,<br />

que apresenta os mesmos traços faciais). Sobre o modelo para o Menino Jesus já<br />

não me é do conhecimento”.<br />

Chegaram-me às mãos ainda duas cartas de uma das filhas do <strong>Crosio</strong>, datadas de<br />

1923. Em uma assinou “Annette <strong>Crosio</strong>”, e em outra “Anne <strong>Crosio</strong>”. O endereço era:<br />

Via PO 43 Turim. Se se trata do modelo ou de uma irmã, não me é do<br />

conhecimento. <strong>Crosio</strong> tinha obviamente várias filhas, pois emprega o termo “Figliole”<br />

(=filhas) do mestre falecido.<br />

De acordo com o Dicionário Artistas, <strong>Crosio</strong> nasceu em Alba, no ano de 1835 e veio<br />

a falecer em Turim, no ano de 1915; as derradeiras obras, pelos Irmãos Künzli a ele<br />

compradas, surgem em 1911.”<br />

Não se encontra definitivamente evidente se o quadro MTA foi pintado em 1898.<br />

Considerando que <strong>Luigi</strong> tivesse contraído matrimônio com a idade de vinte anos nos<br />

inícios de 1860, as filhas no final de 1870 ou nos inícios de 1810 teriam tido dez<br />

anos de idade, o que seria a data possível e mais antiga para o quadro neste<br />

período. Por outro lado, <strong>Crosio</strong>, como todo o <strong>pintor</strong> profissional, tinha provavelmente<br />

em seu arquivo uma coleção de fotos antigas, estudos e esboços de suas filhas, que<br />

poderia ter utilizado, ainda que as meninas tivessem crescido ou já não vivessem na<br />

casa paterna. Enquanto não haja demais informações, a data de origem da imagem<br />

MTA, permanecerá a data de 1898, ano, aliás, do nascimento de José Engling.<br />

Em Schoenstatt coordena-se por vezes a imagem da MTA ao estilo nazareno. Não<br />

acho evidência alguma para tal argumentação. A Escola de Nazaré tem suas raízes<br />

em uma colônia de artistas alemã, situada em Roma, por volta de 1815. Dado haver<br />

<strong>Luigi</strong> nascido em 1835, é uma geração muito posterior, e nada há que se refira a que<br />

tenha entrado em contato com tal movimento. Ele afigura haver pertencido à escola<br />

mais ampla do Realismo em meados do séc.XIX e tem no estilo mais corrente com o<br />

movimento ‘pré-rafaelino’, na Inglaterra.<br />

Estes foram os dados descobertos em informações; caso alguém descubra outros<br />

vestígios, alegrar-me-ia de poder tomar conhecimento a esse respeito.<br />

Tradução: Abadia da Ressurreição, Ponta Grossa, PR, Brasil

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