2ª feira - Associação de Leitura do Brasil

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28.06.2013 Views

Práticas de Leitura, Gênero e Exclusão conhecimentos e das identidades. Os resultados mostram que os Coqueirenses estão lendo e translendo a própria realidade ancestral, a partir do que o olho vê, do que a lembrança revê e do que a imaginação transvê, apontando para a necessidade de uma formação leitora que ultrapasse determinantes grafocêntricos estigmatizantes, preconceitosos e excludentes. PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, MEMÓRIA, IDENTIDADE TÍTULO: LEITORES, LEITORAS E LEITURAS: O EXERCÍCIO DA INCLUSÃO NA PONTA DO LÁPIS AUTOR(ES): INGRID ZACARELLI BRITO , MARIA ROSA RODRIGUES MARTINS DE CAMARGO RESUMO: Este trabalho tem por objetivo aprofundar reflexões sobre o ato de aprender, analisando os textos de alunos em uma classe de EJA, de Ensino Fundamental, na UNESP-Rio Claro. Trata-se da continuidade de uma pesquisa que teve sua origem em um exercício de leitura e re-leitura de textos produzidos, semanalmente, em cadernos individuais de registro. Os textos se configuram como espaço de diálogo entre aluno/a/escritor/a e a professora/leitora sobre o processo de ensinar e aprender a Língua Portuguesa; no primeiro momento, visava-se à reflexão do aprendizado da língua escrita, feita pelos próprios alunos. A continuidade do trabalho visa à reflexão sobre os processos de escrita e leitura referenciado pelas práticas culturais, sociais, históricas. Na produção escrita o aluno se (des)vela trazendo no bojo do texto as marcas de sua exclusão: valorização do ensino de gramática, reconhecimento da língua como norma culta, desvalorização histórico-social de si enquanto sujeito falante e usuário da língua, e o medo de escrever depreendido como político. Ao mesmo tempo, ele inscreve sua inclusão marcando seu enunciado na/pela língua: a que lhe pertence, domina e se comunica. Utilizando “sua” língua ele não se recusa a escrever, ao contrário, opina e reflete com ela, seu ensino e aprendizagem. Sobretudo, descreve: a Língua é importante, complicada, cheia de regras, deixa tonto e assusta; a Língua é difícil de colocar no papel, aprendendo parece desaprender e deixa qualquer um desanimado. Em análises preliminares, ao retornarmos aos textos, nos deparamos com indícios que demarcam as dificuldades de várias ordens, e também demarcam o exercício insistente (KRISTOF, 2006) dessa escrita que, para além de sentimentos, se utiliza de palavras que descrevem, caracterizam e marcam um praticar que é um querer, que borra fronteiras entre o saber e o não-saber. PALAVRAS-CHAVE: ESCRITA E LEITURA, PRÁTICAS CULTURAIS, INCLUSÃO TÍTULO: MULHERES E LEITURA: AS LEITORAS DE FOTONOVELAS AUTOR(ES): ISABEL SILVA SAMPAIO RESUMO: Michel de Certeau descreve poeticamente a leitura como “uma operação de caça furtiva”, e sua definição dessa prática cultural como “o paradigma da atividade tática, o exemplo de uma atividade de apropriação e de produção independente de sentidos”, tem sido a base sobre e em torno da qual vários estudiosos – com destaque para Roger Chartier – têm desenvolvido suas pesquisas sobre a história da leitura e as diferentes maneiras de ler encontradas em momentos e contextos históricos e sociais diversos. Se para qualquer leitor já é difícil “marcar o seu lugar no texto”, já que a leitura é “uma peregrinação por um sistema imposto”, uma “operação de caça furtiva em reservas alheias” (Certeau, 2000), para as mulheres – forçosamente relegadas a uma posição de passividade, mas, na verdade, empenhadas numa luta constante contra as múltiplas limitações que sempre lhes foram impostas – a leitura parece ter sido sempre uma prática controversa, proibida ou estreitamente vigiada. E essa vigilância tem se manifestado de formas diversas, desde o ato puro e simples de examinar os livros a serem lidos por moças e senhoras (geralmente executado pelo pai, irmão mais velho, professor ou padre-confessor), até a mais sutil atividade de indicação dos livros “mais adequados” a elas, tarefa desempenhada por críticos, professores, “orientadores espirituais” ou mesmo tias bem intencionadas. Ou ainda, por editores de livros e impressos. Sob essa perspectiva, este trabalho discute a leitura de fotonovelas, um tipo de impresso que alcançou grandes tiragens no Brasil das décadas de 1960/70. A partir de entrevistas com leitoras, a pesquisa procurou resgatar as práticas e interdições relacionadas à leitura dessas revistas, constatando sua aproximação com os folhetins e romances dos séculos XVIII e XIX, e sua importância na “educação sentimental” e na formação de comportamentos e identidades de suas leitoras. PALAVRAS-CHAVE: LEITURA FEMININA, FOTONOVELAS, HISTÓRIA CULTURAL TÍTULO: ENTRE PEDRAS E MEMÓRIAS: GARIMPANDO PRÁTICAS DE LEITURAS DE MULHERES DOCENTES EM CRISTALÂNDIA-TO (1980-2007). AUTOR(ES): JAIRO BARBOSA MOREIRA RESUMO: Esta comunicação visa apresentar e discutir as análises que realizei sobre as práticas e representação de leituras que as mulheres docentes de Cristalândia-TO construíram acerca de si mesmas, de sua profissão, dos seus saberes e fazeres e demonstrar como essas mulheres foram minando as armadilhas do mundo machista em que estão inseridas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa construída por meio de entrevistas com garimpeiros, filhos/as de garimpeiros, professoras aposentadas, ex-diretores/as de escolas e mulheres docentes em exercício da profissão. A análise das informações foi realizada à luz do referencial teórico da abordagem da História Cultural, que tem como objetivo compreender como as práticas e representações de um determinado individuo, grupo ou comunidade são construídas (CHARTIER, 1990). Constituíram refências básicas desta pesquisa: Bosi (2006), Chartier (1990), Certeau (2004; 2006), Perrot (2006, 2007). Dialoguei ainda com os seguintes pensadores: Buke (1992; 2005), Bakhtin (2006), Pesavento (2005), Melo (2007), Halwachs (2006), Foucault (1987;2002; 2006), Ginzburg (2006), Macêdo (2003), entre outros. Os resultados da investigação demonstraram que as mulheres docentes da cidade garimpeira de Cristalândia-TO (1980-2007) têm construído táticas de intervenção (CERTEAU,2004) no cotidiano ainda machista de sua cidade e que suas práticas de leituras têm sido fundamentais no processo de superação das desigualdades de gênero. Esse estudo se constituiu em um capítulo da dissertação de Mestrado em Educação - Mulheres docentes: saberes e fazeres na cidade garimpeira Cristalânidia- To (1980 a 2007), na Faculdade de Educação da UFG PALAVRAS-CHAVE: GARIMPO, MULHERES DOCENTES, PRÁTICAS E REPRESENTAÇõES DE LEITURA 518

Práticas de Leitura, Gênero e Exclusão SESSÃO - PRÁTICAS DE LEITURA, GÊNERO E EXCLUSÃO 11 DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas LOCAL: Biblioteca Central da Unicamp - BC - SALA: Auditorio TÍTULO: A CONSTITUIÇÃO DO ALUNO LEITOR ATRAVÉS DAS CONCEPÇõES DE LEITURA DOS PROFESSORES E SUAS AÇõES AUTOR(ES): JANES ANGIE MOREIRA DE ABREU, GLEIDENIRA LIMA SOARES RESUMO: Esta comunicação tem como corpus pesquisas realizadas com professores e alunos de uma escola pública da periferia do município de Porto Velho, Estado de Rondônia. A pesquisa em questão buscou, a partir do referencial metodológico da pesquisa ação e teóricos de autores/pesquisadores, tais como Silva (2003), Sabinson (1999), Azevedo (1999), dentre outros, numa vertente, apreender os sentidos que são vivenciados na escola sobre leitura e as concepções de leitura dos professores e sobre as suas ações relativas à leitura em sala de aula. Reconhecer a importância do ato de ler para os alunos e com os alunos, ampliando seu universo de leituras, significa dar a esses alunos a oportunidade de começar a construir, mesmo que de forma modesta, uma crítica em relação ao que foi lido, pois é através da prática de leitura que o leitor fica sabendo dos seus direitos e deveres como cidadãos, dentre outras habilidades desenvolvidas. Os resultados encontrados mostram que os professores já deram início ao processo de transformação no modo como eles antes estabelecem suas relações com a leitura. Nos seus discursos há o relato de novas situações de leitura vivenciadas em sala de aula e uma maior ousadia no empreendimento de ações outras que viabilizaram a leitura de seus alunos. PALAVRAS-CHAVE: LEITURA., CONCEPÇõES DE LEITURA., CONSTITUIÇÃO DE LEITORES. TÍTULO: LEITORAS E MEMÓRIAS FEMINISTAS: RESSONÂNCIAS DAS LEITURAS NO BRASIL E ARGENTINA (1964-1985). AUTOR(ES): JOANA VIEIRA BORGES RESUMO: Os anos de 1964 a 1985 foram expressivos na história dos movimentos feministas brasileiros e argentinos, uma vez que representam o período das ditaduras militares vivenciadas de maneiras e em tempos diferenciados em cada um desses países: Brasil (1964-1985) e Argentina (os golpes se deram em 1966 e 1976, e as redemocratizações em 1973 e 1983, respectivamente). Neste período, os movimentos sociais latino-americanos sofreram as pressões exercidas pelos regimes de perseguições, prisões, torturas, e censura. Assim, por força de um contexto repressivo, as atuações dos movimentos feministas combinaram muitas vezes a atuação da militância política contra os regimes militares e as reivindicações aos direitos humanos. Partindo desse contexto, esta comunicação pretende analisar memórias de feministas brasileiras e argentinas sobre suas leituras buscando compreender quais obras circulavam nesses países, como foram lidas nessas circunstâncias, e quais os impactos que produziram na constituição dos movimentos. Através das memórias de leituras, informadas em entrevistas, procuro então perceber as ressonâncias das leituras feministas não apenas na construção dos movimentos como também nas identificações pessoais desta geração de leitoras com os feminismos. Percebendo a operação de construção de sentido efetuada na leitura como um processo historicamente determinado, que varia de acordo com o lugar, o tempo, e os grupos sociais, torna-se possível de ser escrita a história de gerações através daquelas que foram as suas leituras. PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, MEMÓRIA, FEMINISMOS TÍTULO: LEITURAS DE UM PASTOR: HISTÓRIA DA LEITURA E A FORMAÇÃO DO CLERO PRESBITERIANO AUTOR(ES): JOÃO CESÁRIO LEONEL FERREIRA RESUMO: O pastor presbiteriano brasileiro, como intelectual e profissional, pode ser analisado a partir de vários ângulos. Esta comunicação opta por estudá-lo como leitor. Tal escolha reflete sua peculiaridade intelectual e profissional. Em ambos os segmentos, a leitura é um dos focos centrais de sua atividade. O pastor lê para entreter-se e informar-se, mas também o faz a partir dos reclamos de seu exercício profissional. Nesse caso, há um grande segmento de publicações teológicas, subdivididas em várias subáreas, que fornecem informações, instruções e aprofundamento para o exercício pastoral. Para o desenvolvimento deste trabalho, parte-se do contexto da história cultural, utilizando de modo específico a história da leitura como referencial teórico. A pesquisa assume como corpus de análise relatórios de leitura elaborados entre 1990 e 2000 por um pastor presbiteriano da região de Campinas – SP. Em geral informalmente, os pastores indicam nos relatórios anuais leituras feitas. No caso dos relatórios do período mencionado, houve a exigência formal de que as leituras fossem declaradas. Desse fato decorre a relevância do material consultado. Na análise dos dados procura-se identificar as leituras religiosas e seculares, ênfases e omissões em temas, autores e editoras, que permitam reconhecer o perfil profissional do pastor alvo do estudo, sua inserção ou não na sociedade, e como buscou nas leituras feitas instrumentos para o exercício pastoral. PALAVRAS-CHAVE: PASTOR PRESBITERIANO, HISTÓRIA DA LEITURA, RERLATÓRIOS DE LEITURA TÍTULO: ETNOESCRITURAS: O HIP HOP COMO OFICINA DE LEITURA E ESCRITA MULTIMODAIS AUTOR(ES): JOSÉ HENRIQUE DE FREITAS SANTOS RESUMO: A parede, o corpo, a voz e também o papel. O movimento hip hop através de uma pedagogia “outsider” difunde-se pelo Brasil, paralela a escola tradicional, esgarçando os suportes nos quais os jovens das periferias vêm tecendo produtivas redes de leitura e escrita multimodais, a partir de um princípio que visa a uma proficiência transcendente a perspectiva do letramento funcional. Rappers, grafiteiros, breakers, disk joqueis, b-boys e simpatizantes do hip hop que em alguns casos mal concluíram o ensino básico (fundamental e médio), desestimulados pela realidade escolar pública, formam-se nas ruas por meio da escrita-arte – o “grafite”; do “break” – a indisciplina que é a escritura do próprio corpo autoral fluido; do “rap” – a oralidade performática que é, ao mesmo tempo, ritmo e poesia; do “DJ” – o plagiário-sujeito que constrói a sua arte através da composição e recomposição de fragmentos que jamais voltarão a ser o que eram e, por fim, da “atitude” – consciência étnica e de classe, bem como ação política inclusiva. Hoje, esses jovens autores investem também 519

Práticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong>, Gênero e Exclusão<br />

conhecimentos e das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s mostram que os Coqueirenses estão len<strong>do</strong> e translen<strong>do</strong> a própria realida<strong>de</strong><br />

ancestral, a partir <strong>do</strong> que o olho vê, <strong>do</strong> que a lembrança revê e <strong>do</strong> que a imaginação transvê, apontan<strong>do</strong> para a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma formação leitora que ultrapasse <strong>de</strong>terminantes grafocêntricos estigmatizantes, preconceitosos e exclu<strong>de</strong>ntes.<br />

PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, MEMÓRIA, IDENTIDADE<br />

TÍTULO: LEITORES, LEITORAS E LEITURAS: O EXERCÍCIO DA INCLUSÃO NA PONTA DO LÁPIS<br />

AUTOR(ES): INGRID ZACARELLI BRITO , MARIA ROSA RODRIGUES MARTINS DE CAMARGO<br />

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo aprofundar reflexões sobre o ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, analisan<strong>do</strong> os textos <strong>de</strong> alunos<br />

em uma classe <strong>de</strong> EJA, <strong>de</strong> Ensino Fundamental, na UNESP-Rio Claro. Trata-se da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pesquisa que teve<br />

sua origem em um exercício <strong>de</strong> leitura e re-leitura <strong>de</strong> textos produzi<strong>do</strong>s, semanalmente, em ca<strong>de</strong>rnos individuais <strong>de</strong> registro.<br />

Os textos se configuram como espaço <strong>de</strong> diálogo entre aluno/a/escritor/a e a professora/leitora sobre o processo <strong>de</strong><br />

ensinar e apren<strong>de</strong>r a Língua Portuguesa; no primeiro momento, visava-se à reflexão <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> da língua escrita, feita<br />

pelos próprios alunos. A continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho visa à reflexão sobre os processos <strong>de</strong> escrita e leitura referencia<strong>do</strong> pelas<br />

práticas culturais, sociais, históricas. Na produção escrita o aluno se (<strong>de</strong>s)vela trazen<strong>do</strong> no bojo <strong>do</strong> texto as marcas <strong>de</strong> sua<br />

exclusão: valorização <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> gramática, reconhecimento da língua como norma culta, <strong>de</strong>svalorização histórico-social<br />

<strong>de</strong> si enquanto sujeito falante e usuário da língua, e o me<strong>do</strong> <strong>de</strong> escrever <strong>de</strong>preendi<strong>do</strong> como político. Ao mesmo tempo, ele<br />

inscreve sua inclusão marcan<strong>do</strong> seu enuncia<strong>do</strong> na/pela língua: a que lhe pertence, <strong>do</strong>mina e se comunica. Utilizan<strong>do</strong> “sua”<br />

língua ele não se recusa a escrever, ao contrário, opina e reflete com ela, seu ensino e aprendizagem. Sobretu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>screve: a<br />

Língua é importante, complicada, cheia <strong>de</strong> regras, <strong>de</strong>ixa tonto e assusta; a Língua é difícil <strong>de</strong> colocar no papel, apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

parece <strong>de</strong>sapren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>ixa qualquer um <strong>de</strong>sanima<strong>do</strong>. Em análises preliminares, ao retornarmos aos textos, nos <strong>de</strong>paramos<br />

com indícios que <strong>de</strong>marcam as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> várias or<strong>de</strong>ns, e também <strong>de</strong>marcam o exercício insistente (KRISTOF, 2006)<br />

<strong>de</strong>ssa escrita que, para além <strong>de</strong> sentimentos, se utiliza <strong>de</strong> palavras que <strong>de</strong>screvem, caracterizam e marcam um praticar que é<br />

um querer, que borra fronteiras entre o saber e o não-saber.<br />

PALAVRAS-CHAVE: ESCRITA E LEITURA, PRÁTICAS CULTURAIS, INCLUSÃO<br />

TÍTULO: MULHERES E LEITURA: AS LEITORAS DE FOTONOVELAS<br />

AUTOR(ES): ISABEL SILVA SAMPAIO<br />

RESUMO: Michel <strong>de</strong> Certeau <strong>de</strong>screve poeticamente a leitura como “uma operação <strong>de</strong> caça furtiva”, e sua <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong>ssa prática cultural como “o paradigma da ativida<strong>de</strong> tática, o exemplo <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apropriação e <strong>de</strong> produção<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s”, tem si<strong>do</strong> a base sobre e em torno da qual vários estudiosos – com <strong>de</strong>staque para Roger Chartier<br />

– têm <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> suas pesquisas sobre a história da leitura e as diferentes maneiras <strong>de</strong> ler encontradas em momentos e<br />

contextos históricos e sociais diversos. Se para qualquer leitor já é difícil “marcar o seu lugar no texto”, já que a leitura é<br />

“uma peregrinação por um sistema imposto”, uma “operação <strong>de</strong> caça furtiva em reservas alheias” (Certeau, 2000), para<br />

as mulheres – forçosamente relegadas a uma posição <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong>, mas, na verda<strong>de</strong>, empenhadas numa luta constante<br />

contra as múltiplas limitações que sempre lhes foram impostas – a leitura parece ter si<strong>do</strong> sempre uma prática controversa,<br />

proibida ou estreitamente vigiada. E essa vigilância tem se manifesta<strong>do</strong> <strong>de</strong> formas diversas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ato puro e simples <strong>de</strong><br />

examinar os livros a serem li<strong>do</strong>s por moças e senhoras (geralmente executa<strong>do</strong> pelo pai, irmão mais velho, professor ou<br />

padre-confessor), até a mais sutil ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indicação <strong>do</strong>s livros “mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s” a elas, tarefa <strong>de</strong>sempenhada por críticos,<br />

professores, “orienta<strong>do</strong>res espirituais” ou mesmo tias bem intencionadas. Ou ainda, por editores <strong>de</strong> livros e impressos.<br />

Sob essa perspectiva, este trabalho discute a leitura <strong>de</strong> fotonovelas, um tipo <strong>de</strong> impresso que alcançou gran<strong>de</strong>s tiragens no<br />

<strong>Brasil</strong> das décadas <strong>de</strong> 1960/70. A partir <strong>de</strong> entrevistas com leitoras, a pesquisa procurou resgatar as práticas e interdições<br />

relacionadas à leitura <strong>de</strong>ssas revistas, constatan<strong>do</strong> sua aproximação com os folhetins e romances <strong>do</strong>s séculos XVIII e XIX,<br />

e sua importância na “educação sentimental” e na formação <strong>de</strong> comportamentos e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suas leitoras.<br />

PALAVRAS-CHAVE: LEITURA FEMININA, FOTONOVELAS, HISTÓRIA CULTURAL<br />

TÍTULO: ENTRE PEDRAS E MEMÓRIAS: GARIMPANDO PRÁTICAS DE LEITURAS DE MULHERES<br />

DOCENTES EM CRISTALÂNDIA-TO (1980-2007).<br />

AUTOR(ES): JAIRO BARBOSA MOREIRA<br />

RESUMO: Esta comunicação visa apresentar e discutir as análises que realizei sobre as práticas e representação <strong>de</strong> leituras<br />

que as mulheres <strong>do</strong>centes <strong>de</strong> Cristalândia-TO construíram acerca <strong>de</strong> si mesmas, <strong>de</strong> sua profissão, <strong>do</strong>s seus saberes e fazeres<br />

e <strong>de</strong>monstrar como essas mulheres foram minan<strong>do</strong> as armadilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> machista em que estão inseridas. Trata-se <strong>de</strong><br />

uma pesquisa qualitativa construída por meio <strong>de</strong> entrevistas com garimpeiros, filhos/as <strong>de</strong> garimpeiros, professoras aposentadas,<br />

ex-diretores/as <strong>de</strong> escolas e mulheres <strong>do</strong>centes em exercício da profissão. A análise das informações foi realizada<br />

à luz <strong>do</strong> referencial teórico da abordagem da História Cultural, que tem como objetivo compreen<strong>de</strong>r como as práticas e<br />

representações <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> individuo, grupo ou comunida<strong>de</strong> são construídas (CHARTIER, 1990). Constituíram<br />

refências básicas <strong>de</strong>sta pesquisa: Bosi (2006), Chartier (1990), Certeau (2004; 2006), Perrot (2006, 2007). Dialoguei ainda<br />

com os seguintes pensa<strong>do</strong>res: Buke (1992; 2005), Bakhtin (2006), Pesavento (2005), Melo (2007), Halwachs (2006),<br />

Foucault (1987;2002; 2006), Ginzburg (2006), Macê<strong>do</strong> (2003), entre outros. Os resulta<strong>do</strong>s da investigação <strong>de</strong>monstraram<br />

que as mulheres <strong>do</strong>centes da cida<strong>de</strong> garimpeira <strong>de</strong> Cristalândia-TO (1980-2007) têm construí<strong>do</strong> táticas <strong>de</strong> intervenção<br />

(CERTEAU,2004) no cotidiano ainda machista <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong> e que suas práticas <strong>de</strong> leituras têm si<strong>do</strong> fundamentais no<br />

processo <strong>de</strong> superação das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero. Esse estu<strong>do</strong> se constituiu em um capítulo da dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong><br />

em Educação - Mulheres <strong>do</strong>centes: saberes e fazeres na cida<strong>de</strong> garimpeira Cristalânidia- To (1980 a 2007), na Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Educação da UFG<br />

PALAVRAS-CHAVE: GARIMPO, MULHERES DOCENTES, PRÁTICAS E REPRESENTAÇõES DE LEITURA<br />

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