2ª feira - Associação de Leitura do Brasil

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Leitura e Escrita nas Sociedades Indígenas SESSÃO - LEITURA E ESCRITA NAS SOCIEDADES INDÍGENAS 1 DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 36 TÍTULO: ENTRE SABERES E SABORES: RECEITAS INDÍGENAS MURA DE COMO ENSINAR AUTOR(ES): ANA ALCÍDIA DE ARAÚJO MORAES, ROMY GUIMARÃES CABRAL, VALÉRIA AMED DAS CHAGAS COSTA RESUMO: O presente artigo visa relatar parte de uma experiência de ensino trabalhando com a disciplina Organização do Trabalho Escolar I, em um Curso de Licenciatura Indígena, oferecido pela Universidade Federal do Amazonas/UFAM, para o povo Mura, habitante da região de Autazes/AM. A criação de Licenciaturas Específicas que garantam a continuidade da formação aos professores indígenas é uma iniciativa que busca atender a perspectiva da inclusão social, no contexto da efetivação de novas políticas públicas, que sejam alterativas. Políticas públicas alterativas entendidas como aquelas que tanto levam em conta a alteridade como tem o poder de mudar a realidade. Em outras palavras, respeitam profundamente a diversidade político-cultural dos povos e são coerentes com a nova prerrogativa constitucional do “direito à diferença” e do “direito à cidadania plural”, dentro do estatuto maior da autonomia. Ou seja, políticas que, por um lado, dêem conta da diversidade constitutiva da nação, valorizando e apoiando as especificidades e, por outro, tenham o poder de alterar a situação de desigualdade social, possibilitando igualdade de oportunidades. No campo da educação indígena, em especial, entendemos serem necessárias iniciativas institucionais que assumam como possibilidade pedagógica o diálogo entre os diferentes saberes, configurando-se assim, uma forma de inclusão que acolhe “o diferente” deixando-se questionar, permitindo-se transformar. Inserido nessa problemática que vem discutindo a questão de acesso, permanência e saída exitosa dos povos indígenas ao ensino superior o presente artigo analisa um material produzido pelos(as) dicentes-professores(as) Mura no contexto da disciplina OTE I. A partir da leitura de “Receita de Ambrosia” (MAGNANI, 1993) pedimos que elaborassem, em trio, uma “Receita Mura”. Dessa atividade resultaram “receitas” associando a prática pedagógica com a prática de preparar pratos saborosos. Assim, entre tantos outros, saíram títulos como estes: Farinhada Mura; Caxiri Mura; Mingau de babaçu; Mingau de massa; Como planejamos nossas aulas? PALAVRAS-CHAVE: LICENCIATURA INDÍGENA, PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO SUPERIOR, SABERES TRADICIONAIS MURA TÍTULO: DA LEITURA DO JORNAL À LEITURA DO MUNDO KURÂ-BAKAIRI: REVITALIZANDO A ESCRITA ATRAVÉS DA INTERDISCIPLINARIDADE AUTOR(ES): ARYANE APARECIDA ANTONIO RESUMO: A escrita na Língua Portuguesa com o passar do tempo e devido ao contato dos indígenas com os não-indígenas passou a ser uma necessidade coletiva para que os povos indígenas pudessem alcançar outros espaços. A comunidade Bakairi, especificamente a aldeia Pakuera no município de Paranatinga/MT, não pensa diferente de outras etnias quanto à preocupação em preparar seus jovens para que conquistem uma profissão, por isso, o pedido de um professor não-indígena para trabalhar a Língua Portuguesa. No entanto, com o convívio permanente entre os Kurâ, observou-se que a oralidade é indiscutivelmente preservada, mas por outro lado a escrita materna tem cedido excessivamente espaço para a escrita do Português. Por isso, buscou-se através do trabalho com o jornal contemplar as expectativas dos alunos no que diz respeito à Língua Portuguesa, mas acima de tudo demonstrar as possibilidades de transpor todo o conhecimento adquirido para o seu contexto, e finalmente, torná-lo original através da escrita Bakairi/Carib. A realização de todo trabalho exigiu dos alunos um resgate da escrita materna, amparando-se no conhecimento de algumas pessoas da comunidade que a conhecem e lidam bem, já que a maior parte dos alunos tem dificuldades para utilizá-la. Faz-se importante ressaltar que o Bakairi ainda não tem uma língua escrita normatizada, assim como tanto outros povos, todavia, as atividades acabaram de certa forma contribuindo para o repasse e o fortalecimento da mesma. A pretensão foi transpor a aquisição deste saber para o cotidiano dos alunos tecendo uma teia que começou pelo contato e conhecimento do material, uma vez que o grupo não o mantinha, prosseguindo por todos os estágios até a produção do jornal impresso. Posteriormente, pelos resultados colhidos pelo grupo, do papel o jornal transformou-se em um tele-jornal, criando ramificações para outros trabalhos. PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, ESCRITA, INTERDISCIPLINARIDADE TÍTULO: A IMPORTÂNCIA E DESAFIO DO ENSINO DAS MÚLTIPLAS LINGUAGENS PARA A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE NA EDUCAÇÃO INDÍGENA: COMO UTILIZAR A RIQUEZA DO POVO KIRIRI NA EDUCAÇÃO INFANTIL? AUTOR(ES): CARLA RAVENA SENA CARVALHO CUNHA RESUMO: O presente trabalho objetiva analisar e compreender a importância da utilização das múltiplas linguagens para o desenvolvimento da educação infantil Indígena na aldeia de Mirandela. A relação construída por um povo e sua luta pela terra, bem como desenvolver habilidades criadoras a partir da história, da geografia, da música, da língua, das crenças, das artes, das danças dos valores. Repensar e redirecionar o trabalho dos educadores indígenas infantis para refletir sobre a necessidade de explorar as múltiplas linguagens da infância e como elas auxiliam no aprendizado de conceitos escolares, servindo de subsídios para construir escolas diferenciadas onde os saberes, sabores, cheiros, sons e ritmos sejam valorizados. A forma como as sociedades indígenas sofreram no decorrer da história pela valorização de uma educação fundamentada em princípios não-indígenas, que impunha uma escola com padrões de outro grupo étnico ainda traz fortes consequências para a perda da identidade cultural. Como trabalhar a valorização da cultura indígena de forma criativa, motivadora e utilizando de materiais da própria cultura na formação desse indivíduo? É preciso repensar a práxis pedagógica dessa sociedade e envolver as crianças em atividades que promovam a valorização da sua identidade, uma educação diferenciada, repensada e valorizada pelo educador indígena que se vê muitas vezes induzido a desenvolver práticas que não condiz com a preservação de seus valores. PALAVRAS-CHAVE: IDENTIDADE CULTURAL, POVO KIRIRI, MÚLTIPLAS LINGUAGENS 214

Leitura e Escrita nas Sociedades Indígenas TÍTULO: “PORTUGUÊS LÍNGUA ESCURA“: PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA COM PROFESSORES MAXAKALI AUTOR(ES): CYNTHIA CÁSSIA SANTOS BARRA, CINARA DE ARAÚJO SOARES RESUMO: Esta comunicação visa discutir algumas das concepções de leitura e de escrita que sustentam os laboratórios de tradução intercultural que estão sendo desenvolvidos com professores Maxakali no projeto Ãpu yũmũyõg hãm mainã (“Cura da Terra”). O projeto, em andamento, iniciado em 2006, faz parte do percurso de graduação dos professores Maxakali, aqueles que lecionam nas aldeias de Água Boa, Pradinho e Cachoeira. Coordenado por Edgar E. Bolivar, integra a grade curricular do Curso Especial para Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI), oferecido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Alguns dos objetivos específicos desse projeto são: a) pesquisar e articular saberes indígenas e conhecimentos científicos sobre a Mata Atlântica; b) conceber e realizar ações nas aldeias para a recuperação de áreas desmatadas; c) assessorar os graduandos na produção de materiais didáticos monolíngues (língua maxakali) e bilíngues (em maxakali, com correspondente tradução para a língua portuguesa), que tenham como tema experiências e conhecimentos recobertos pelo projeto. É importante destacar que os Maxakali tiveram contato formal com a técnica da escrita alfabética, em 1960, por meio de missionários da Summer Institute of Linguistics (SIL). Mantêm-se praticamente monolíngues até hoje, preservando-se essencialmente como falantes e escritores em língua materna. Nesta comunicação, escolhemos tomar como fundamentação teórica as noções de “escrita” e de “políticas da escrita”, presentes na obra de Jacques Rancière, e as noções de “textualidade” e de “legência”, presentes na obra de Maria Gabriela Llansol. Em um contexto de Educação Indígena, pretendemos ressaltar os caminhos cognitivos, estéticos e éticos que temos seguido nas atividades que envolvem a transmissão e o ensino formal da Língua Portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: MAXAKALI, POLÍTICAS DA ESCRITA, LEGÊNCIA TÍTULO: “HAVERIA UMA PEDAGOGIA ESCOLAR INDÍGENA GUARANI?“ AUTOR(ES): DOMINGOS BARROS NOBRE RESUMO: A comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa: “Formação de Professores Indígenas Guarani, Construção Curricular e Práticas de Ensino”, que integra o Grupo de Pesquisa: “Formação de Professores e Diversidades Culturais” da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, pesquisa que vem sendo desenvolvida na Escola Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda, na Aldeia Sapukai, em Angra dos Reis (RJ). Tais resultados encontram-se sistematizados em: “Uma Pedagogia Escolar Indígena Guarani, Numa Escola, Pra quê?” (Nobre, 2009) no qual esta comunicação se baseia. Enumera-se onze elementos que compõem uma possível pedagogia escolar indígena guarani, a partir de pesquisa de natureza etnográfica, com análise de inúmeras aulas gravadas em vídeo, que resultaram na produção do documentário curta-metragem: “Uma Aula Guarani Eté” (Nobre, 2009a), que acompanha a comunicação. Observa-se que alguns destes elementos são passíveis de generalização a outros grupos indígenas em processo de escolarização, mas algumas delas são tipicamente características do povo Guarani Mbya, dado que relacionam-se à sua cosmovisão e à sua incessante busca de manter vivo o seu Nhandereko (Jeito de Ser Guarani). Demonstra-se o tensionamento permanente que existe entre as pressões ocidentalizantes do aparelho de Estado e a guaranização das práticas pedagógicas por parte dos professores indígenas, ao longo do processo de escolarização. Defende-se aqui uma apropriação criativa dos professores guarani de elementos da educação tradicional Guarani incorporados à escola, assim como a subversão de normas e preceitos típicos da educação escolar não indígena que produzem uma certa irregularidade na prática escolar indígena, como também a reprodução de elementos da pedagogia escolar tradicional não–indígena. PALAVRAS-CHAVE: PEDAGOIA ESCOLAR INDÍGENA, PEDAGOGIA GUARANI, EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA SESSÃO - LEITURA E ESCRITA NAS SOCIEDADES INDÍGENAS 2 DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 36 TÍTULO: TRILHAS DE UMA PESQUISA NA AMAZÔNIA: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO TRABALHO DE CAMPO AUTOR(ES): ELCICLEI FARIA DOS SANTOS RESUMO: Este texto é uma narrativa do trabalho de campo de uma pesquisa de Mestrado realizada com professoras e professores Sateré-Mawé da área do Rio Marau, município de Maués, Amazonas, que teve como temática central a formação de professoras e professores indígenas. A pesquisa foi desenvolvida no período de 2003 a 2005, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação-PPGE da Universidade Federal do Amazonas-UFAM. O texto é uma síntese de um capítulo da Dissertação que foi construído a partir de observações registradas no caderno de campo da pesquisadora e das experiências vividas durante seis viagens realizadas ao campo da pesquisa para coletar dados. Este texto tem a intenção, por um lado, de mostrar que durante o trabalho de campo – etapa fundamental da pesquisa que muitas vezes não é visualizada – há ocorrências que podem comprometer e até alterar os resultados de uma investigação. Por outro lado, pretende revelar a complexidade e os desafios relacionados à produção de conhecimentos na região amazônica, sobretudo quando se trata de pesquisa realizada com povos indígenas. Ao mesmo tempo, quer contribuir com o debate sobre o investimento de recursos por parte de entidades de fomento à pesquisa que muitas vezes não priorizam investimentos por desconhecem a realidade e a complexidade da região amazônica, o que reflete diretamente na formação de quadros de pesquisadoras e pesquisadores que se dedicam à temática indígena na Amazônia. PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA NA AMAZÔNIA, POVO SATARÉ-MAWÉ, TRABALHO DE CAMPO 215

<strong>Leitura</strong> e Escrita nas Socieda<strong>de</strong>s Indígenas<br />

TÍTULO: “PORTUGUÊS LÍNGUA ESCURA“: PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA COM<br />

PROFESSORES MAXAKALI<br />

AUTOR(ES): CYNTHIA CÁSSIA SANTOS BARRA, CINARA DE ARAÚJO SOARES<br />

RESUMO: Esta comunicação visa discutir algumas das concepções <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita que sustentam os laboratórios<br />

<strong>de</strong> tradução intercultural que estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s com professores Maxakali no projeto Ãpu yũmũyõg hãm mainã<br />

(“Cura da Terra”). O projeto, em andamento, inicia<strong>do</strong> em 2006, faz parte <strong>do</strong> percurso <strong>de</strong> graduação <strong>do</strong>s professores Maxakali,<br />

aqueles que lecionam nas al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Água Boa, Pradinho e Cachoeira. Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Edgar E. Bolivar, integra a<br />

gra<strong>de</strong> curricular <strong>do</strong> Curso Especial para Formação Intercultural <strong>de</strong> Educa<strong>do</strong>res Indígenas (FIEI), ofereci<strong>do</strong> pela Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG). Alguns <strong>do</strong>s objetivos específicos <strong>de</strong>sse projeto são: a) pesquisar e articular saberes<br />

indígenas e conhecimentos científicos sobre a Mata Atlântica; b) conceber e realizar ações nas al<strong>de</strong>ias para a recuperação<br />

<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>smatadas; c) assessorar os graduan<strong>do</strong>s na produção <strong>de</strong> materiais didáticos monolíngues (língua maxakali) e<br />

bilíngues (em maxakali, com correspon<strong>de</strong>nte tradução para a língua portuguesa), que tenham como tema experiências e<br />

conhecimentos recobertos pelo projeto. É importante <strong>de</strong>stacar que os Maxakali tiveram contato formal com a técnica da<br />

escrita alfabética, em 1960, por meio <strong>de</strong> missionários da Summer Institute of Linguistics (SIL). Mantêm-se praticamente<br />

monolíngues até hoje, preservan<strong>do</strong>-se essencialmente como falantes e escritores em língua materna. Nesta comunicação,<br />

escolhemos tomar como fundamentação teórica as noções <strong>de</strong> “escrita” e <strong>de</strong> “políticas da escrita”, presentes na obra <strong>de</strong> Jacques<br />

Rancière, e as noções <strong>de</strong> “textualida<strong>de</strong>” e <strong>de</strong> “legência”, presentes na obra <strong>de</strong> Maria Gabriela Llansol. Em um contexto<br />

<strong>de</strong> Educação Indígena, preten<strong>de</strong>mos ressaltar os caminhos cognitivos, estéticos e éticos que temos segui<strong>do</strong> nas ativida<strong>de</strong>s<br />

que envolvem a transmissão e o ensino formal da Língua Portuguesa.<br />

PALAVRAS-CHAVE: MAXAKALI, POLÍTICAS DA ESCRITA, LEGÊNCIA<br />

TÍTULO: “HAVERIA UMA PEDAGOGIA ESCOLAR INDÍGENA GUARANI?“<br />

AUTOR(ES): DOMINGOS BARROS NOBRE<br />

RESUMO: A comunicação apresenta resulta<strong>do</strong>s parciais da pesquisa: “Formação <strong>de</strong> Professores Indígenas Guarani,<br />

Construção Curricular e Práticas <strong>de</strong> Ensino”, que integra o Grupo <strong>de</strong> Pesquisa: “Formação <strong>de</strong> Professores e Diversida<strong>de</strong>s<br />

Culturais” da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Professores da UERJ, pesquisa que vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvida na Escola Indígena<br />

Estadual Guarani Karai Kuery Renda, na Al<strong>de</strong>ia Sapukai, em Angra <strong>do</strong>s Reis (RJ). Tais resulta<strong>do</strong>s encontram-se sistematiza<strong>do</strong>s<br />

em: “Uma Pedagogia Escolar Indígena Guarani, Numa Escola, Pra quê?” (Nobre, 2009) no qual esta comunicação<br />

se baseia. Enumera-se onze elementos que compõem uma possível pedagogia escolar indígena guarani, a partir <strong>de</strong> pesquisa<br />

<strong>de</strong> natureza etnográfica, com análise <strong>de</strong> inúmeras aulas gravadas em ví<strong>de</strong>o, que resultaram na produção <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentário<br />

curta-metragem: “Uma Aula Guarani Eté” (Nobre, 2009a), que acompanha a comunicação. Observa-se que alguns <strong>de</strong>stes<br />

elementos são passíveis <strong>de</strong> generalização a outros grupos indígenas em processo <strong>de</strong> escolarização, mas algumas <strong>de</strong>las são<br />

tipicamente características <strong>do</strong> povo Guarani Mbya, da<strong>do</strong> que relacionam-se à sua cosmovisão e à sua incessante busca <strong>de</strong><br />

manter vivo o seu Nhan<strong>de</strong>reko (Jeito <strong>de</strong> Ser Guarani). Demonstra-se o tensionamento permanente que existe entre as pressões<br />

oci<strong>de</strong>ntalizantes <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e a guaranização das práticas pedagógicas por parte <strong>do</strong>s professores indígenas,<br />

ao longo <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> escolarização. Defen<strong>de</strong>-se aqui uma apropriação criativa <strong>do</strong>s professores guarani <strong>de</strong> elementos da<br />

educação tradicional Guarani incorpora<strong>do</strong>s à escola, assim como a subversão <strong>de</strong> normas e preceitos típicos da educação<br />

escolar não indígena que produzem uma certa irregularida<strong>de</strong> na prática escolar indígena, como também a reprodução <strong>de</strong><br />

elementos da pedagogia escolar tradicional não–indígena.<br />

PALAVRAS-CHAVE: PEDAGOIA ESCOLAR INDÍGENA, PEDAGOGIA GUARANI, EDUCAÇÃO ESCOLAR<br />

INDÍGENA<br />

SESSÃO - LEITURA E ESCRITA NAS SOCIEDADES INDÍGENAS 2<br />

DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas<br />

LOCAL: Instituto <strong>de</strong> Economia - IE - SALA: IE 36<br />

TÍTULO: TRILHAS DE UMA PESQUISA NA AMAZÔNIA: CAMINHOS E DESCAMINHOS DO<br />

TRABALHO DE CAMPO<br />

AUTOR(ES): ELCICLEI FARIA DOS SANTOS<br />

RESUMO: Este texto é uma narrativa <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> realizada com professoras e<br />

professores Sateré-Mawé da área <strong>do</strong> Rio Marau, município <strong>de</strong> Maués, Amazonas, que teve como temática central a formação<br />

<strong>de</strong> professoras e professores indígenas. A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2005, pelo Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Educação-PPGE da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Amazonas-UFAM. O texto é uma síntese <strong>de</strong> um capítulo<br />

da Dissertação que foi construí<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> observações registradas no ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> campo da pesquisa<strong>do</strong>ra e das experiências<br />

vividas durante seis viagens realizadas ao campo da pesquisa para coletar da<strong>do</strong>s. Este texto tem a intenção, por um<br />

la<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mostrar que durante o trabalho <strong>de</strong> campo – etapa fundamental da pesquisa que muitas vezes não é visualizada – há<br />

ocorrências que po<strong>de</strong>m comprometer e até alterar os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma investigação. Por outro la<strong>do</strong>, preten<strong>de</strong> revelar a<br />

complexida<strong>de</strong> e os <strong>de</strong>safios relaciona<strong>do</strong>s à produção <strong>de</strong> conhecimentos na região amazônica, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se trata <strong>de</strong><br />

pesquisa realizada com povos indígenas. Ao mesmo tempo, quer contribuir com o <strong>de</strong>bate sobre o investimento <strong>de</strong> recursos<br />

por parte <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fomento à pesquisa que muitas vezes não priorizam investimentos por <strong>de</strong>sconhecem a realida<strong>de</strong><br />

e a complexida<strong>de</strong> da região amazônica, o que reflete diretamente na formação <strong>de</strong> quadros <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>ras e pesquisa<strong>do</strong>res<br />

que se <strong>de</strong>dicam à temática indígena na Amazônia.<br />

PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA NA AMAZÔNIA, POVO SATARÉ-MAWÉ, TRABALHO DE CAMPO<br />

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