SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...
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tados, os manufacturados no paiz e os indigenas <strong>de</strong> Miranda e Bragança.<br />
Tudo isto acabou ; os progressos da industria hespanhola e o seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />
commercial, a moléstia do bicho da seda, a falta <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> communicação,<br />
o abandono da protecção dós governos, e muita fatalida<strong>de</strong>,<br />
tudo contribuiu para que estas cida<strong>de</strong>s não tenham podido acompanhar os<br />
progressos <strong>de</strong> outras, e que Miranda cahisse <strong>de</strong> sua antiga importância.<br />
Da industria fabril apenas restam aqui as fabricas <strong>de</strong> saragoça com que<br />
se manufacturam os celebres capotes chamados Honras <strong>de</strong> Miranda, notáveis<br />
pela sua exquisita forma e pela belleza <strong>de</strong> seus bordados <strong>de</strong> applicação.<br />
É um trajo indispensável aos povos das circumvisinhanças <strong>de</strong> Miranda,<br />
que o usam <strong>de</strong> verão e <strong>de</strong> inverno.<br />
A cida<strong>de</strong> assenta em terreno muito árido e quasi sem vegetação. Pelo<br />
nascente corre em gran<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> o rio Douro, encurvando-se para<br />
cingir com suas aguas revoltas a base d'um enorme rochedo, que da Hespanha<br />
en<strong>de</strong>nta em terra, portugueza, e a que chamam o Penedo amarello.<br />
Tem o rochedo este nome pela côr que apresenta e que é <strong>de</strong>vida a uma<br />
cryptogamica <strong>de</strong> côr amarellada (Rhizocarpon geographicum L.) muito frequente<br />
nos penedos das serras do Gerez e do Marão. Ao poente passa em<br />
meandros o rio Fresno, em cujas margens algumas courellas irrigadas fornecem<br />
á povoação hortalices e outras producçôes vegetaes.<br />
Attrahido pelas indicações do con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hoffmansegg percorri as muralhas<br />
da cida<strong>de</strong>, povoadas da Pislacia Terebinthus L., do alto das quaes<br />
se gosa um panorama majestoso, e <strong>de</strong>sci gran<strong>de</strong> extensão dos rochedos<br />
que bordam o Douro á busca do Isatis Lusitanica L. e do Aphylanlhes<br />
Monspeliensis L., plantas que infelizmente não achei. Em compensação,<br />
porém, encontrei o Hypecoum grandiflorum Bth., novo para a nossa flora,<br />
e outras espécies <strong>de</strong> merecimento, entre asquaes a Àsperula galioi<strong>de</strong>s Bieb.<br />
muito semelhante ao Galium murcicum Bss. Reut., o Rumex induralus Bss.<br />
Reut., a Torilis helerophylla Guss., a Centaurea micranlha Hffgg. Lk., o<br />
Antirrhinum Hispanicum Chav. e a Filago spalhulala Presl.<br />
Sahimos <strong>de</strong> Äliranda na madrugada do dia 14 <strong>de</strong> junho com <strong>de</strong>stino a<br />
Duas Egrejas, tornando a atravessar o Fresno na mesma ponte. A estrada<br />
<strong>de</strong> macadam segue um pouco p,ara sudoeste, ora atravessando bellos<br />
soutos <strong>de</strong> castanheiros, ora terrenos <strong>de</strong> centeio cuja lavoura se estava já<br />
operando para o futuro anno. A povoação <strong>de</strong> Cercio que vimos pittorescamente<br />
ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> <strong>de</strong>nso arvoredo (ulmeiros e amieiros) assenta n'uma<br />
baixa muito fértil ao lado do caminho. Antes <strong>de</strong> chegar á povoação <strong>de</strong><br />
Duas Egrejas termina a estrada <strong>de</strong> macadam, tendo nós por isso <strong>de</strong> retomar<br />
a clássica vereda transmontana, que não tornariamos a <strong>de</strong>ixar até fecharmos<br />
o circuito em Milhão.<br />
A povoação <strong>de</strong> Duas Egrejas que dista uns sete kilometros <strong>de</strong> Miranda<br />
está em terreno levemente acci<strong>de</strong>ntado, é fértil, tem boas pastagens on<strong>de</strong>