SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...
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13<br />
Este povo está assente em uma pequena encosta sobranceira a terrenos<br />
férteis ; é abundante <strong>de</strong> aguas e tem bons lameiros separados por fileiras<br />
<strong>de</strong> corpulentos choupos (Populus nigra L.), on<strong>de</strong> crescem a Genista micrantha<br />
Ort., a Arenaria leptoclados Guss., o Bunium ßexuosum Brot., etc.<br />
por entre o massiço do Lolium perenne L. e d'outras gramineas. Vi também,<br />
proximo d'esta al<strong>de</strong>ia, uma forma curiosa da Popaver Rhoeas L. <strong>de</strong> folhas<br />
muito divididas, e o Galium pe<strong>de</strong>montanum All. que fora colhido pelo<br />
cön<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hoffmansegg nos arredores <strong>de</strong> Miranda sob o nome <strong>de</strong> Galium<br />
chloranthum.<br />
Deixando Malhadas, seguimos para Miranda na tar<strong>de</strong> do dia seguinte,<br />
12 <strong>de</strong> junho, por uma estrada macadamisada, que muito nos surprehen<strong>de</strong>u<br />
<strong>de</strong> encontrar alli, por estarmos já <strong>de</strong>sacostumados <strong>de</strong> as percorrer; até nos<br />
tinha esquecido que taes estradas existiam !<br />
Percorridos os seis kilometros da estrada, e atravessando em boa ponte<br />
<strong>de</strong> pedra o rio Fresno que perto da cida<strong>de</strong> corre sobre o seu leito <strong>de</strong><br />
granito, entrámos em Miranda, sendo-nos obsequiosamente concedida pelos<br />
seus habitantes uma excellente hospedagem.<br />
II<br />
De Miranda do Douro a Vimioso<br />
Diz o prof. Link em sua Viagem em Portugal* que «Miranda do Douro<br />
é um miserável lagar contendo cerca <strong>de</strong> 200 fogos . . . e que <strong>de</strong>pois dã<br />
guerra <strong>de</strong> 1762 não apresenta mais que uma accumulação <strong>de</strong> ruinas».<br />
Sem ser completamente verda<strong>de</strong>ira esta asserção do illustre naturalista<br />
germânico, é certo comludo que esta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cahiu muito <strong>de</strong> sua antiga<br />
importância. Era outr'ora capital da provincia <strong>de</strong> Traz os Montes, se<strong>de</strong><br />
do seu bispado e residência <strong>de</strong> todas as auctorida<strong>de</strong>s superiores que a<br />
regiam, hoje é simples cabeça <strong>de</strong> comarca; dos muitos e grandiosos edificios<br />
que n'ella havia, alguns restam ainda <strong>de</strong> pé a attestar o seu antigo<br />
explendor, dos outros apenas restam as ruinas já pelas vicissitu<strong>de</strong>s da<br />
sorte e flagellos da guerra, já por um certo <strong>de</strong>sanimo dos seus habitantes<br />
e abandono dos po<strong>de</strong>res públicos que a votaram a um injusto esquecimento.<br />
O aspecto d'esta cida<strong>de</strong>, sentada em uma fraga abrupta, mas sensivelmente<br />
plana, á beira do Douro, é ainda hello e respeitável ; tem praças<br />
1<br />
Voyage en Portugal, redige par M. Link, 1805, III, p. 38.