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Parasitologia Clinica v1 - Ambiente Virtual de Aprendizagem

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PARASITOLOGIA CLÍNICA<br />

BRASÍLIA-DF.


Elaboração<br />

Vitor Hugo Balasco Serrão<br />

Marco Túlio Alves<br />

Julio Cesar Pissuti Damalio<br />

2


SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO...............................................................................................................................4<br />

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA........................................................5<br />

ORGANIZAÇÃO DA DISCIPLINA......................................................................................................7<br />

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................8<br />

UNIDADE I<br />

CONCEITOS GERAIS........................................................................................................................9<br />

CAPÍTULO 1<br />

RELAÇÃO PARASITA-HOSPEDEIRO...............................................................................................9<br />

CAPÍTULO 2<br />

EPIDEMIOLOGIA..............................................................................................................................11<br />

CAPÍTULO 3<br />

CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS............................................................................................13<br />

UNIDADE II<br />

PARASITOLOGIA HUMANA............................................................................................................15<br />

CAPÍTULO 4<br />

PROTOZOÁRIOS..............................................................................................................................15<br />

CAPÍTULO 5<br />

HELMINTOS......................................................................................................................................49<br />

CAPÍTULO 6<br />

ARTRÓPODES.................................................................................................................................81<br />

PARA NÃO FINALIZAR ...................................................................................................................91<br />

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................92<br />

3


Caro aluno,<br />

APRESENTAÇÃO<br />

Bem-vindo à disciplina <strong>Parasitologia</strong> Clínica<br />

Este é o nosso Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Estudos, material elaborado com o objetivo <strong>de</strong><br />

contribuir para a realização e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> seus estudos, assim como<br />

para a ampliação <strong>de</strong> seus conhecimentos no tocante ao ensino do curso <strong>de</strong> pósgraduação<br />

lato sensu em Análises Clínicas.<br />

Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas<br />

semanas, conheça os objetivos da disciplina, a organização dos temas e o número<br />

<strong>de</strong> horas <strong>de</strong> estudo que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>dicado a cada unida<strong>de</strong>.<br />

A carga horária da disciplina é <strong>de</strong> 60 (sessenta) horas, cabendo a você administrar<br />

seu tempo conforme a sua disponibilida<strong>de</strong>. Mas, lembre-se, há uma data limite<br />

para a conclusão do curso, implicando a apresentação, ao seu tutor, das<br />

ativida<strong>de</strong>s avaliativas indicadas na folha anexa, que contém as respectivas<br />

pontuações e prazos <strong>de</strong>terminados.<br />

Os conteúdos foram organizados em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo, subdivididas em<br />

capítulos <strong>de</strong> forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio <strong>de</strong><br />

textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das ativida<strong>de</strong>s<br />

avaliativas do curso; serão indicadas também fontes <strong>de</strong> consulta para aprofundar<br />

os estudos com leituras e pesquisas complementares.<br />

Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta<br />

disciplina! Lembre-se <strong>de</strong> que, apesar <strong>de</strong> distantes, po<strong>de</strong>mos estar muito próximos.<br />

4


ORGANIZAÇÃO DO CADERNO<br />

DE ESTUDOS E PESQUISA<br />

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unida<strong>de</strong>s,<br />

subdivididas em capítulos, <strong>de</strong> forma didática, objetiva e coerente. Eles serão<br />

abordados por meio <strong>de</strong> textos básicos, com questões para reflexão, entre outros<br />

recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão<br />

indicadas, também, fontes <strong>de</strong> consulta, para aprofundar os estudos com leituras e<br />

pesquisas complementares.<br />

A seguir, uma breve <strong>de</strong>scrição dos ícones utilizados na organização dos Ca<strong>de</strong>rnos<br />

<strong>de</strong> Estudos e Pesquisa.<br />

Provocação<br />

Pensamentos inseridos no Ca<strong>de</strong>rno, para provocar a reflexão sobre a<br />

prática da disciplina.<br />

Para refletir<br />

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto<br />

proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do<br />

texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e<br />

seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões<br />

propostas. Elas são o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> nosso trabalho.<br />

Textos para leitura complementar<br />

Novos textos, trechos <strong>de</strong> textos referenciais, conceitos <strong>de</strong> dicionários,<br />

exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema<br />

abordado no texto básico.<br />

Sintetizando e enriquecendo nossas informações<br />

Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e<br />

enriquecê-los com sua contribuição pessoal.<br />

5


Sugestão <strong>de</strong> leituras, filmes, sites e pesquisas<br />

Aprofundamento das discussões.<br />

Praticando<br />

Ativida<strong>de</strong>s sugeridas, no <strong>de</strong>correr das leituras, com o objetivo<br />

pedagógico <strong>de</strong> fortalecer o processo <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

Para (não) finalizar<br />

Texto, ao final do Ca<strong>de</strong>rno, com a intenção <strong>de</strong> instigá-lo a<br />

prosseguir com a reflexão.<br />

Referências<br />

Bibliografia consultada na elaboração do Ca<strong>de</strong>rno.<br />

6


ORGANIZAÇÃO DA DISCIPLINA<br />

Ementa<br />

A disciplina <strong>de</strong> <strong>Parasitologia</strong> Clínica tem como objetivo familiarizar os alunos com os<br />

conceitos <strong>de</strong> parasitas, a relação parasita-humanos e evi<strong>de</strong>nciar o conceito <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mia. Além<br />

disso, transmitir os conhecimentos necessários para o diagnóstico clínico e laboratorial dos<br />

principais parasitas humanos. A consolidação conceitual <strong>de</strong> características como: morfologia,<br />

patogenia, sintomatologia e profilaxia, além da abordagem <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> laboratório para o<br />

diagnóstico.<br />

Objetivos<br />

− Definir os conceitos epi<strong>de</strong>miológicos relevantes<br />

− Compreen<strong>de</strong>r a relação parasita-humanos;<br />

− I<strong>de</strong>ntificar as características morfológicas, patogênicas e sintomatológicas;<br />

− I<strong>de</strong>ntificar procedimentos e diagnósticos a serem realizados.<br />

− Prover discussões com relação aos agentes difusores <strong>de</strong> tais epi<strong>de</strong>mias.<br />

UNIDADE I – Conceitos Gerais<br />

Carga horária: 10 horas<br />

Conteúdo Capítulo<br />

Relação Parasita-Hospe<strong>de</strong>iro 1<br />

Epi<strong>de</strong>miologia 2<br />

Classificação dos seres vivos 3<br />

UNIDADE II – <strong>Parasitologia</strong> Humana<br />

Carga horária: 50 horas<br />

Conteúdo Capítulo<br />

Protozoários 4<br />

Helmintos 5<br />

Artrópo<strong>de</strong>s 6<br />

7


INTRODUÇÃO<br />

O Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Estudos e Pesquisa “<strong>Parasitologia</strong> Clínica” foi elaborado com o objetivo <strong>de</strong><br />

fornecer ao aluno os subsídios necessários para compreensão e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> doenças<br />

parasitárias, o que, infelizmente, ainda é um grave problema nacional ocasionado por inúmeros<br />

fatores que serão abordados nessa disciplina.<br />

A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um sistema Hospe<strong>de</strong>iro-Parasita, a i<strong>de</strong>ntificação clínica através <strong>de</strong><br />

morfologia, os sintomas, a <strong>de</strong>terminação das medidas profiláticas e o tratamento serão discutidos<br />

no <strong>de</strong>correr dos capítulos. As três principais classes <strong>de</strong> parasitas humanos serão amplamente<br />

discutidas evi<strong>de</strong>nciando as principais espécies e as sutis diferenças entre elas.<br />

O aluno será levado a refletir sobre a influência do ambiente socio-econômico ao qual essas<br />

parasitemias são comumente relacionadas, além <strong>de</strong> permitir a reflexão sobre atitu<strong>de</strong>s, não só com<br />

relação aos aspectos clínicos, mas muitas vezes psicológicos e sociais <strong>de</strong> abordagem aos<br />

pacientes, assim como a melhor maneira <strong>de</strong> prosseguir com o tratamento.<br />

Por fim, o aluno terá como objetivo na disciplina apren<strong>de</strong>r ferramentas para: i<strong>de</strong>ntificar,<br />

orientar, educar e tratar pacientes com doenças parasitárias, sendo essas endêmicas ou não, <strong>de</strong><br />

maneira a compreen<strong>de</strong>r o ambiente ao qual o pacientes está inserido, não observando somente o<br />

ambiente clínico. Ao final do curso a avaliação será feita mediante aos exercícios propostos,<br />

levando em consi<strong>de</strong>ração fatores técnicos, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e análise do contexto individual para<br />

cada evento aprendido no <strong>de</strong>correr das aulas.<br />

“A parasitologia objetiva seu próprio fim” Prof. Erney P. Camargo (ICB/USP).<br />

Sejam bem-vindos.


UNIDADE I – CONCEITOS GERAIS<br />

PARA REFLETIR<br />

“Parasitas são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios<br />

para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospe<strong>de</strong>iro.” Essa é a<br />

<strong>de</strong>finição para a relação parasita e hospe<strong>de</strong>iro, sendo a parasitologia a ciência que estuda essa<br />

tênue relação entre um <strong>de</strong>terminado ser hospe<strong>de</strong>iro, neste caso o Homem, e outro, parasita.<br />

Uma contextualização importante é que “Todas as doenças infecciosas e as<br />

infestações em animais e em plantas são causadas por seres consi<strong>de</strong>rados parasitas.” Sendo<br />

assim, o estudo das relações entre paciente e infecção não passa <strong>de</strong> uma análise do tipo<br />

Parasita-Hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Nesse curso daremos início à caracterização das relações <strong>de</strong> parasitismo em<br />

humanos, as diferentes abordagens técnicas e i<strong>de</strong>ntificações para cada tipo existente, e que no<br />

Brasil, não são poucas.<br />

Para compreensão plena dos assuntos discutidos nessa disciplina, o aluno terá que<br />

provi<strong>de</strong>nciar um bom GLOSSÁRIO das palavras envolvidas nos temas no <strong>de</strong>correr do curso.<br />

Definições importantes como Epi<strong>de</strong>mias, Cepa, Zoonoses, Vetor, Profilaxia entre outros serão<br />

comumente utilizados, e fica a i<strong>de</strong>ia da montagem <strong>de</strong> um glossário com as palavras a fim <strong>de</strong><br />

favorecer a compreensão no <strong>de</strong>correr das aulas.<br />

CAPÍTULO 1 – Relação Parasita-Hospe<strong>de</strong>iro<br />

A relação entre organismos é imensa e fundamental para manutenção dos sistemas<br />

biológicos como os conhecemos, tão importante que po<strong>de</strong>mos afirmar que nenhum ser vivo é<br />

capaz <strong>de</strong> sobreviver e/ou reproduzir-se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> outros seres vivos.<br />

Das possíveis associações entre organismos po<strong>de</strong>mos classificar <strong>de</strong> maneira direta<br />

duas formas: Harmônicas ou Positivas (benefícios ou ausência <strong>de</strong> prejuízos mútuos) e<br />

Desarmônicas ou Negativas (há prejuízo para algum dos participantes da associação). As<br />

associações mais corriqueiras são: Competição, Neutralismo, Canibalismo, Predatismo,<br />

Parasitismo, Comensalismo, Mutualismo e Simbiose.<br />

Portanto, alguns organismos apresentam uma relação não mutuamente benéfica entre<br />

os envolvidos, levando-os a prejuízos consi<strong>de</strong>ráveis e muitas vezes <strong>de</strong>spercebidos <strong>de</strong><br />

imediato. Esses organismos são os parasitas.<br />

As classificações dos parasitas po<strong>de</strong>m ser as mais diversas possíveis: Ectopoarasitas<br />

(vivem externamente ao corpo do hospe<strong>de</strong>iro), Endoparasitas (vivem internamente ao<br />

hospe<strong>de</strong>iro), Hemoparasitas (tecido hematopoiético), Holoparasitas e Hemiparasitas (extraem<br />

seivas <strong>de</strong> vegetais), Estenoxenos (vivem em vertebrados), Eurixenos (gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>


hospe<strong>de</strong>iros possíveis), Facultativos (parasitando ou vida livre), Obrigatórios (impossível viver<br />

sem a presença <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro) e Aci<strong>de</strong>ntal (vivem em hospe<strong>de</strong>iro que não é o costumeiro).<br />

Po<strong>de</strong> haver uma caracterização em relação aos hospe<strong>de</strong>iros: Definitivo (abrigam os<br />

parasitas durante as fases <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual), Intermediário (abrigam<br />

durante fase larval ou assexuada) e Paratênico e Transporte (intermediários sem<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, no entanto, apresentando viabilida<strong>de</strong> até entrar em contato com hospe<strong>de</strong>iro<br />

<strong>de</strong>finitivo).<br />

É possível também classificar os parasitas <strong>de</strong> acordo com a maneira <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

nutrientes do hospe<strong>de</strong>iro: Espoliativa (absorção <strong>de</strong> nutrientes e sangue do hospe<strong>de</strong>iro),<br />

Enzimática (<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> tecidos do hospe<strong>de</strong>iro por ação enzimática do parasita), Irritativa<br />

(causam irritação local sem causar lesões traumáticas), Mecânica (interferência no fluxo<br />

alimentar ou <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> alimentos do hospe<strong>de</strong>iro), Tóxica (produção <strong>de</strong> enzimas e/ou<br />

metabólitos tóxicos ao hospe<strong>de</strong>iro), Traumática (provocam lesões no hospe<strong>de</strong>iro) e Anóxia<br />

(diminuição da taxa <strong>de</strong> oxigênio pelas hemoglobinas por interferência <strong>de</strong> parasitas).<br />

Para esse curso, o foco será dado na relação HUMANO – PARASITA, abrangendo o<br />

ambiente no qual a espécie humana interfere, por exemplo, animais domesticados e condições<br />

socioeconômicas dos indivíduos.<br />

A entrada do parasita no hospe<strong>de</strong>iro po<strong>de</strong> ser através <strong>de</strong> penetração ativa (o parasita<br />

tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> romper as barreiras do organismo hospe<strong>de</strong>iro) ou penetração passiva (o<br />

parasita a<strong>de</strong>ntra por intervenção <strong>de</strong> vetores ou ingestão/penetração por formas infectantes,<br />

normalmente ovos ou cistos). A transferência para o próximo hospe<strong>de</strong>iro po<strong>de</strong> ser por meio <strong>de</strong>:<br />

Pele (retirada <strong>de</strong> sangue por vetores hematófagos), Tecidos (permanecem nos tecidos <strong>de</strong> seres<br />

predados) ou Fezes (eliminação <strong>de</strong> formas infectantes como ovos ou cistos).<br />

No Brasil, por exemplo, existe uma relação interessante entre pequeno número <strong>de</strong><br />

doenças parasitárias e elevado número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ssas doenças. Esse fato levar a crer que<br />

problemas endêmicos são as principais causas <strong>de</strong>ssas doenças que são refletidos em alguns<br />

fatores como: Espécie do parasita, Ida<strong>de</strong> média da população acometida pela doença, Estado<br />

nutricional da população local, Condições sanitárias e Resposta imunológica do hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Condição <strong>de</strong> crescimento exacerbado e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado das cida<strong>de</strong>s, baixa condição <strong>de</strong><br />

vida e higiene das comunida<strong>de</strong>s, falta <strong>de</strong> educação aos hábitos e costumes das pessoas além<br />

dos sistemas ineficientes <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água, esgoto, coleta e tratamento dos <strong>de</strong>jetos,<br />

são as principais causa <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> agente epi<strong>de</strong>miológico, sejam vetores ou mesmo os<br />

agente causadores das doenças.<br />

SUGESTÃO DE LEITURA<br />

Esse site faz uma síntese do discutido nesse capítulo.<br />

S1. http://pessoal.educacional.com.br/up/81000001/5123693/Protozoologia.pdf<br />

Para compreensão dos vocábulos necessários vale a pena a leitura da referência 1 (NEVES,<br />

D. P. <strong>Parasitologia</strong> Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010).


PRATICANDO<br />

Consi<strong>de</strong>rando os seguintes organismos parasitas humanos: Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s (Lombriga),<br />

Schistosoma mansoni (agente causador da esquistossomose), Trypanosoma cruzi (agente<br />

causador da doença <strong>de</strong> Chagas) e Pediculus humanus capitis (piolho humano), agrupe-os <strong>de</strong><br />

acordo com as possíveis classificações apresentadas nesse capítulo.<br />

PARA REFLETIR<br />

A esquistossome é uma doença endêmica que mata milhares <strong>de</strong> pessoas anualmente,<br />

sobretudo no Brasil e países africanos. Não existe um tratamento eficiente para combater a<br />

doença após o contagio, no entanto, a prevenção é extremamente simples. Quais são os<br />

empecilhos para não diminuição <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>ssa doença?<br />

CAPÍTULO 2 - Epi<strong>de</strong>miologia<br />

Epi<strong>de</strong>miologia é a ciência que estuda a distribuição <strong>de</strong> doenças (características<br />

fisiológicas e sociais) e seus <strong>de</strong>terminantes (ou fatores <strong>de</strong> risco) na população humana. O<br />

objetivo principal é a prevenção das doenças nos mais diversos grupos populacionais,<br />

<strong>de</strong>finidos por área geográfica, faixa etária, <strong>de</strong>terminação ocupacional entre outras<br />

classificações.<br />

Os estudos epi<strong>de</strong>miológicos po<strong>de</strong>m ser aplicados, refletindo uma função específica.<br />

Algumas especialida<strong>de</strong>s são: Epi<strong>de</strong>miologia molecular, Genética, Veterinária, Doenças<br />

infecciosas e parasitárias, doenças não transmissíveis, Neuroepi<strong>de</strong>miologia, da Violência,<br />

Controle da poluição, Aplicada à administração <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e Infecções hospitalares.<br />

Nessa disciplina, vamos focar na Epi<strong>de</strong>miologia <strong>de</strong> Doenças Infecciosas e<br />

Parasitárias, ou seja, qualquer doença causada por um agente biológico (seja vírus, bactéria<br />

ou parasita), em contraste com causa física (consequências ao hospe<strong>de</strong>iro).<br />

A compreensão da relação Agente – Vetor – Meio <strong>Ambiente</strong> – Hospe<strong>de</strong>iro são os<br />

principais enfoques <strong>de</strong> estudo da epi<strong>de</strong>miologia, em especial a relação direta <strong>de</strong> causa e<br />

consequência entre Agente e Hospe<strong>de</strong>iro (Figura 1).<br />

Fig. 1 Tría<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> doenças. Extraído <strong>de</strong> http://dc254.4shared.com/doc/LaqK8-<br />

_P/preview.html em 27-08-2012.


SUGESTÃO DE LEITURA<br />

Existem inúmeras <strong>de</strong>finições e conceitos que ro<strong>de</strong>iam a epi<strong>de</strong>miologia. Os conceitos estão<br />

muito bem explicados na referência 1, mas para quem não tem acesso fácil ao livro, existem<br />

sites bem explicativos na internet que abrangem esse tema (NEVES, D. P. <strong>Parasitologia</strong><br />

Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010).<br />

Os pontos fundamentais a serem analisados são:<br />

Formas <strong>de</strong> Disseminação<br />

Veículo comum: quando o agente etiológico (causador da doença) po<strong>de</strong> ser transferido<br />

por uma única fonte, por exposição única ou continuada;<br />

Interpessoal: é disseminado pelo contato entre indivíduos, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong> diferentes<br />

maneiras como contatos sanguíneo, sexual, mucosas ou mesmo respiratório;<br />

Porta <strong>de</strong> entrada: entrada direta pelo trato respiratório, gastrointestinal, cutâneo ou<br />

geniturinário;<br />

Reservatório <strong>de</strong> agentes: po<strong>de</strong> ser dividida quando o homem é o único agente<br />

infectado (antroponose) ou quando outros animais servem <strong>de</strong> reservatórios (zoonose).<br />

Dinâmica da doença na população<br />

En<strong>de</strong>mia: Presença constante da doença em uma parcela da população <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminada área geográfica, grupo populacional ou classe social (Figura 2);<br />

Epi<strong>de</strong>mia: Tem como característica elevação progressiva <strong>de</strong> casos, inesperada e<br />

<strong>de</strong>scontrolada, ultrapassando os níveis endêmicos conhecidos;<br />

Pan<strong>de</strong>mia: São epi<strong>de</strong>mias que acontecem em proporções globais, ou pelo menos<br />

regiões distantes geograficamente.<br />

Fig. 2 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> diferenciação entre en<strong>de</strong>mia e epi<strong>de</strong>mia em função do tempo. Extraído <strong>de</strong><br />

http://dc254.4shared.com/doc/LaqK8-_P/preview.html em 27-08-2012.


Medidas preventivas<br />

Primárias: Intervenção no contágio do indivíduo pelo controle dos fatores <strong>de</strong> risco,<br />

agindo preventivamente;<br />

Secundárias: Intervenção clínica sobre os indivíduos já acometidos pelo agente<br />

patogênico;<br />

Terciárias: Intervenção visando à prevenção da incapacida<strong>de</strong> do indivíduo,<br />

normalmente processos <strong>de</strong> reabilitação, reeducação e readaptação <strong>de</strong> pacientes com<br />

sequelas.<br />

PARA REFLETIR<br />

Existe uma série <strong>de</strong> doenças endêmicas presentes nos países subtropicais que causam<br />

milhares <strong>de</strong> mortes por ano. No entanto, não há um esforço das gran<strong>de</strong>s multinacionais para a<br />

criação e planejamento <strong>de</strong> uns medicamentos efetivos para essas infecções parasitárias. Será<br />

que isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> serem doenças <strong>de</strong> países sub<strong>de</strong>senvolvidos cuja população não<br />

apresenta elevado po<strong>de</strong>r aquisitivo? E como po<strong>de</strong>ríamos mudar esse cenário?<br />

PRATICANDO<br />

Consi<strong>de</strong>rando os seguintes organismos parasitas humanos: Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s (Lombriga),<br />

Schistosoma mansoni (agente causador da esquistossomose), Trypanosoma cruzi (agente<br />

causador da doença <strong>de</strong> Chagas) e Gripe H1N1, agrupe-os <strong>de</strong> acordo com as possíveis<br />

classificações apresentadas nesse capítulo, elucidando quais são as formas <strong>de</strong> disseminação.<br />

Explique a dinâmica populacional e as prováveis medidas preventivas. Além disso, monte as<br />

tría<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>miológicas para cada uma <strong>de</strong>ssas doenças.<br />

CAPÍTULO 3 - Classificação dos seres vivos<br />

São inúmeros os seres vivos e, para simplificar, eles foram agrupados com relação às<br />

características morfológicas, fisiológicas, estruturais, filogenéticas, entre outros critérios.<br />

Os níveis hierárquicos são representados na Figura 3 e seguem sempre a mesma<br />

organização: Domínio - Reino – Filo – Classe – Or<strong>de</strong>m – Família – Subfamília – Tribo –<br />

Gênero– Subgênero – Espécie.


Fig. 3 Esquerda: Classificação hierárquica dos seres vivos em fluxograma. Direita: Exemplo<br />

prático <strong>de</strong> níveis organizacionais, sequência para o cão doméstico, po<strong>de</strong>ndo ser empregado<br />

para qualquer outro ser vivo, lembrando que a classificação é Vida seguida <strong>de</strong> Domínio, no<br />

caso do cão, Eukarya (seres eucarióticos, com núcleo envolto por uma membrana, resultando<br />

em uma célula com núcleo <strong>de</strong>finido e separado do citoplasma). Extraído <strong>de</strong><br />

http://educar.sc.usp.br/ciencias/seres_vivos/seresvivos2.html em 27-08-2012.<br />

Os grupos <strong>de</strong> interesse em parasitologia não são todos. A espécie humana é<br />

hospe<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> organismos provenientes do Reino Animalia <strong>de</strong> cinco filos distintos (Protozoa,<br />

Platyhelminthes, Nematoda, Acantocephala e Arthropoda), todos com inúmeras espécies e<br />

características únicas. Dentre os possíveis parasitas humanos, po<strong>de</strong>-se distingui-los pelo modo<br />

<strong>de</strong> transmissão: Transmissão interpessoal por contato ou uso <strong>de</strong> objetos, Transmissão por<br />

água, alimentos, falta <strong>de</strong> higiene, poeira, Transmissão por solo contaminado por larvas,<br />

Transmissão por vetores ou hospe<strong>de</strong>iros intermediários e Transmissão por mecanismos<br />

diversos.<br />

Outro aspecto relevante é a nomenclatura das doenças parasitárias. Não há<br />

homogeneida<strong>de</strong> em relação às nomenclaturas ou uso dos sufixos corretos para a <strong>de</strong>terminação<br />

a<strong>de</strong>quada. O adotado convencionalmente foi à utilização dos sufixos ose acompanhando o<br />

gênero do agente etiológico.<br />

PRATICANDO<br />

Foi mencionado que somente 5 (cinco) filos do Reino Animalia são parasitas humanos.<br />

I<strong>de</strong>ntifique pelo menos um organismo pertencente a cada um dos filos mencionados e uma


característica morfológica que o i<strong>de</strong>ntifique como membro <strong>de</strong>sse filo.<br />

PROVOCAÇÃO<br />

Todos nós ficamos, ao menos uma vez na vida, gripados. Sabe-se que a gripe é causada por<br />

contagio viral, e também é sabido que os vírus são parasitas celulares obrigatórios, ou seja, o<br />

vírus da gripe é um tipo <strong>de</strong> parasita humano. Qual seria então a classificação taxonômica <strong>de</strong><br />

um vírus?<br />

Unida<strong>de</strong> II – PARASITOLOGIA HUMANA<br />

Nesta unida<strong>de</strong> daremos início às análises dos organismos parasitas cujo ser humano é<br />

o hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo ou mesmo intermediário. Serão abordados os seguintes tópicos para<br />

cada organismo: Morfologia, Meio <strong>de</strong> reprodução, Nutrição e características diferenciais,<br />

Sistemática, Principais ciclos biológicos, Mecanismo <strong>de</strong> transmissão, Patogenia, Diagnóstico,<br />

Profilaxia e Tratamento.<br />

CAPÍTULO 4 – Protozoários<br />

Os protozoários são micro-organismos cuja classificação taxonômica é feita com base<br />

em suas estruturas <strong>de</strong> locomoção e são agrupados em um reino próprio, <strong>de</strong>nominado Reino<br />

Protista (junto às algas unicelulares crisófitas, euglenófitas e pirrófitas) (Figura 4). São seres<br />

eucariontes (núcleo celular organizado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma membrana), a maioria é heterótrofa,<br />

embora alguns sejam autótrofos, produzem clorofila e com ela fazem a fotossíntese, obtendo<br />

seu próprio alimento [Capítulo baseado nas referências apresentadas ou extraído da webpage:<br />

S5].


Fig. 4 Exemplos <strong>de</strong> quatro protozoários: um ciliado (Paramecium caudatum), um flagelado<br />

(Trypanosoma brucei), um rizópo<strong>de</strong> (Entamoeba histolytica) e um sem organelas locomotoras<br />

(Plasmodium vivax). Extraídas <strong>de</strong> http://www.alaquairum.net/generalida<strong>de</strong>s_protozoos_2.htm<br />

Morfologia<br />

http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/in<strong>de</strong>xmag.html<br />

http://www.microscopy-uk.org.uk/mag/art<strong>de</strong>c00/amphileptus.html<br />

em 30-08-2012<br />

Os protozoários apresentam gran<strong>de</strong>s variações, conforme sue fase evolutiva e meio a que<br />

estejam adaptados. Po<strong>de</strong>m ser esféricos, ovais ou mesmo alongados. Alguns são revestidos<br />

<strong>de</strong> cílios, outros possuem flagelos, e existem ainda os que não possuem nenhuma organela<br />

locomotora especializada.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da sua ativida<strong>de</strong> fisiológica, algumas espécies possuem fases bem <strong>de</strong>finidas.<br />

Assim, temos:<br />

TROFOZOÍTO: é a configuração ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se<br />

reproduz, por distintos processos;<br />

CISTO: é a configuração <strong>de</strong> resistência, on<strong>de</strong> o protozoário possui uma pare<strong>de</strong><br />

resistente que o protegerá quando estiver em meio impróprio ou em fase <strong>de</strong> latência;<br />

protozoários.<br />

GAMETA: é a configuração sexuada, que aparece em algumas espécies <strong>de</strong><br />

Os organismos participantes do Reino Protista possuem uma única célula que, para


sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida: alimentação, respiração,<br />

reprodução, excreção e locomoção.<br />

Para cada função existe uma organela própria:<br />

- Cinetoplasto: é uma mitocôndria especializada, sendo rica em material genético;<br />

- Corpúsculo basal: base <strong>de</strong> inserção do componente motor dos cí1ios e flagelos;<br />

- Reservatório: supõe-se que seja um local <strong>de</strong> secreção, excreção e ingestão <strong>de</strong> partículas,<br />

pelo processo <strong>de</strong> pinocitose;<br />

- Lisossomo: permite a digestão intracelular <strong>de</strong> partículas alimentares;<br />

- Complexo <strong>de</strong> Golgiense: síntese <strong>de</strong> carboidratos e con<strong>de</strong>nsação da secreção proteica para o<br />

meio extracelular ou para incorporação nas membranas lipídicas do organismo;<br />

- Retículo endoplasmático: a) Liso: responsável pela síntese <strong>de</strong> esteroi<strong>de</strong>s; b) Granular ou<br />

Rugoso: responsável pela síntese <strong>de</strong> proteínas em seu lúmen;<br />

- Mitocôndria: produção energética da célula;<br />

- Microtúbulos: movimentos celulares (contração e distensão) e vias <strong>de</strong> transporte interno <strong>de</strong><br />

vesículas;<br />

- Flagelos, cílios, membrana ondulante e pseudópo<strong>de</strong>s: locomoção da célula no meio em que<br />

se encontra;<br />

- Axonema: eixo central do flagelo;<br />

- Citóstoma: permite a ingestão <strong>de</strong> partículas alimentares.<br />

Cada organela é mais ou menos semelhante nas várias espécies <strong>de</strong>ntro do reino,<br />

entretanto, ocorrem pequenas diferenças que po<strong>de</strong>m ser observadas ao microscópio óptico ou,<br />

unicamente, por intermédio <strong>de</strong> um microscópio eletrônico.<br />

Reprodução<br />

Encontramos os seguintes tipos <strong>de</strong> reprodução:<br />

ASSEXUADA<br />

• Divisão binária ou Cissiparida<strong>de</strong>;<br />

• Brotamento ou Gemulação;<br />

• Endogenia: formação <strong>de</strong> duas ou mais células-filhas por brotamento interno à célula;<br />

• Esquizogonia: divisão nuclear seguida da divisão do citoplasma, constituindo indivíduos<br />

isolados. Esses rompem a membrana celular da célula mãe e continuam a<br />

<strong>de</strong>senvolver-se. Na realida<strong>de</strong>, existem três tipos <strong>de</strong> esquizogonia: merogonia (produz<br />

merozoítos), gametogonia (produz microgametas) e esporogonia (produz<br />

esporozoítos).


SEXUADA<br />

• Conjugação: consiste na união temporária <strong>de</strong> dois indivíduos, com troca mútua <strong>de</strong><br />

materiais nucleares;<br />

• Singamia ou Fecundação: consiste na união <strong>de</strong> microgameta e macrogameta formando<br />

o ovo ou zigoto, que po<strong>de</strong> dividir-se para fornecer esporozoítos. O processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> gametas recebe o nome <strong>de</strong> gametogonia.<br />

Nutrição e características<br />

Quanto ao tipo <strong>de</strong> alimentação, divi<strong>de</strong>m-se em:<br />

• Holofíticos ou Autotróficos: são os que, a partir <strong>de</strong> pigmentos citoplasmáticos,<br />

conseguem sintetizar energia a partir da luz solar pelo processo <strong>de</strong>nominado<br />

fotossíntese;<br />

• Holozóicos ou Heterotróficos: ingerem partículas orgânicas, digestão por ação<br />

enzimática. Essa ingestão se dá por fagocitose (ingestão <strong>de</strong> partículas sólidas) ou<br />

pinocitose (ingestão <strong>de</strong> partículas líquidas);<br />

• Saprozóicos: absorvem substâncias inorgânicas, já <strong>de</strong>compostas e dissolvidas em<br />

meio líquido;<br />

• Mixotróficos: são capazes <strong>de</strong> se alimentar por mais <strong>de</strong> um dos métodos acima<br />

<strong>de</strong>scritos.<br />

Patogenias<br />

Microrganismos <strong>de</strong> vida livre são presentes em muitos ambientes. No entanto alguns levam<br />

vida parasitária causando doenças em animais.<br />

Febre, cistos dolorosos e outros efeitos são alguns sintomas em seus hospe<strong>de</strong>iros. Muitos<br />

protozoários causam doenças nos seres humanos e a outros animais vertebrados. Por<br />

exemplo: Trypanosoma cruzi, é um protozoário flagelado causador da doença <strong>de</strong> Chagas.<br />

Entre as outras doenças provocadas por protozoários <strong>de</strong>stacam-se a amebíase (pela<br />

Entamoeba histolytica), a giardíase (pela Giardia lamblia), a malária (por Plasmódios sp),<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> leishmaniose (pelas Leishmania sp) e diversas outras patogenias.<br />

LEISHMANIOSES<br />

As leishmanioses são causadas por diferentes espécies <strong>de</strong> protozoários do gênero<br />

Leishmania, e transmitidas pela picada <strong>de</strong> um mosquito da sub-família Phlebotominae.<br />

Apresenta três formas clínicas mais frequentes (Figura 5):<br />

− Leishmaniose cutânea, causadora <strong>de</strong> feridas na pele;<br />

− Leishmaniose muco-cutânea, cujas lesões po<strong>de</strong>m levar a <strong>de</strong>struição parcial ou total


das mucosas;<br />

− Leishmaniose visceral, também chamada calazar, caracterizada por surtos febris<br />

irregulares, substancial perda <strong>de</strong> peso, hepatoesplenomegalia e anemia severa. O não<br />

tratamento po<strong>de</strong> levar a morte na totalida<strong>de</strong> dos casos.<br />

Fig. 5: Da esquerda para direita, exemplos <strong>de</strong>: Leishmaniose cutânea em braço <strong>de</strong> paciente<br />

[extraído <strong>de</strong> http://forum.portaldovt.com.br/forum/in<strong>de</strong>x.php?showtopic=91709&st=30<br />

]; Leishmaniose mucocutânea na região bucal [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.estomatologia.com.br/diagnosticos_<strong>de</strong>t2.asp?cod_diag=21] e Leishmaniose visceral<br />

em um garoto da região nor<strong>de</strong>ste brasileira [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.mdsau<strong>de</strong>.com/2010/05/leishmaniose.html] em 18-09-2012.<br />

Atualmente atingem cerca <strong>de</strong> 350 milhões <strong>de</strong> pessoas em 88 países do mundo, sendo<br />

72 consi<strong>de</strong>rados países em <strong>de</strong>senvolvimento (Figura 6). A distribuição segundo o tipo <strong>de</strong><br />

leishmaniose é:<br />

90% dos casos <strong>de</strong> Leishmaniose visceral ocorrem em Bangla<strong>de</strong>sh, Brasil, Índia, Nepal<br />

e Sudão;<br />

90% dos casos <strong>de</strong> Leishmaniose muco-cutânea ocorrem na Bolívia, Brasil e Peru;<br />

90% <strong>de</strong> todos os casos <strong>de</strong> Leishmaniose cutânea ocorrem no Afeganistão, Brasil, Irã,<br />

Peru, Arábia Saudita e Síria.


Fig. 6: Distribuição dos casos <strong>de</strong> Leishmaniose no mundo (em azul), dados mais atualizados<br />

da WHO (Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>) <strong>de</strong> 2003 [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.bvgh.org/Biopharmaceutical-Solutions/Global-Health-<br />

Primer/Diseases/cid/ViewDetails/ItemID/5.aspx] em 18-09-2012.<br />

Agente etiológico<br />

As leishmanioses são causadas por parasitas do gênero Leismania. As espécies L.<br />

donovani, L. infantum infantum, e L. infantum chagasi po<strong>de</strong>m acarretar leishmaniose visceral,<br />

mas, em casos leves, apenas manifestações cutâneas.<br />

As espécies L. major, L. tropica, L. aethiopica, L. mexicana, L. braziliensis, L.<br />

amazonensis e L. peruviana são as responsáveis pela leishmaniose cutânea ou mucocutânea.<br />

Este protozoário tem seu ciclo completado em dois hospe<strong>de</strong>iros, um vertebrado e um<br />

invertebrado (ciclo heteroxeno). Os hospe<strong>de</strong>iros vertebrados incluem uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mamíferos: Roedores, E<strong>de</strong>ntados (tatu, tamanduá, preguiça), marsupiais (gambá), caní<strong>de</strong>os e<br />

primatas, incluindo o homem.<br />

Os hospe<strong>de</strong>iros invertebrados são pequenos insetos da or<strong>de</strong>m Diptera, família<br />

Psycodidae, sub-família Phlebotominae, gêneros Lutzomyia e Phebotomus.<br />

Uma característica morfológica interessante está na diferenciação nas conformações<br />

celulares mediante ao hospe<strong>de</strong>iro (Figura 7):<br />

- Amastigotas: <strong>de</strong> forma oval ou esférica, estas são as formas são encontradas no hospe<strong>de</strong>iro<br />

vertebrado. Não há flagelo livre, mas um rudimento presente na bolsa flagelar;


- Promastigotas: formas alongadas, com flagelo livre na região anterior. São encontradas no<br />

tubo digestivo do inseto vetor e em meio <strong>de</strong> cultura;<br />

- Paramastigotas: formas ovais ou arredondadas com flagelo livre. São encontradas a<strong>de</strong>ridas<br />

ao epitélio do trato digestivo do vetor através <strong>de</strong> hemi<strong>de</strong>smossomas.<br />

Fig. 7: Da esquerda para direita, exemplos <strong>de</strong>: Leishmaniose na forma amastigota e forma<br />

promastigota [extraído <strong>de</strong> http://enfermagem-sae.blogspot.com.br/2009/04/leishmaniose-<br />

visceral-ou-calazar.html]; e forma paramastigota [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.fcfrp.usp.br/dactb/<strong>Parasitologia</strong>/Arquivos/Genero_Leishmania.htm] em 19-09-2012.<br />

Ciclo<br />

No vetor: o inseto pica o vertebrado contaminado e ingere macrófagos contendo as<br />

formas amastigotas do parasita. Ao chegarem ao estômago do inseto, essas células se<br />

rompem liberando as amastigotas que, por sua vez, passam por processo <strong>de</strong> divisão binária e,<br />

posteriormente, passando à forma promastigotas. Passam por divisão e se multiplicam ainda<br />

no sangue ingerido (envolto pela membrana peritrófica). Esta membrana se rompe entre<br />

terceiro e quarto dias liberando as células parasitas no hospe<strong>de</strong>iro. As formas promastigotas<br />

permanecem se reproduzindo por cissiparida<strong>de</strong>, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> duas vertentes<br />

distintas, <strong>de</strong> acordo com a espécie do parasita (Figura 8).<br />

As leishmanias do “complexo brasiliensis” migram para as regiões do piloro e do íleo<br />

(seção peripilária). Transformam-se <strong>de</strong> promastigotas para paramastigotas, a<strong>de</strong>rindo ao epitélio<br />

do intestino do inseto. Nas leishmanias do “complexo mexicana” o mesmo fenômeno ocorre,<br />

porém a fixação das paramastigotas se dá no estômago do inseto. Novamente transformando-<br />

se em promastigotas que migram para a região da faringe. Neste local se transformam para a<br />

forma paramastigota e em seguinda se diferenciam empromastigotas infectantes, altamente<br />

móveis, que se <strong>de</strong>slocam para o aparelho bucal do inseto.<br />

No vertebrado: O inseto, na sua tentativa <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> sangue, injeta as formas<br />

promastigotas no local da picada. Em algumas horas, estes flagelados são interiorizados pelos<br />

macrófagos teciduais. Nesse momento, as formas promastigotas se diferenciam na forma<br />

amastigota, encontradas em meio sistêmico em 24 horas a partir da fagocitose. As amastigotas


são extremamente resistentes à ação dos macrófagos e possuem elevadas taxa reprodutiva.<br />

Com o excesso <strong>de</strong> amastigotas no citoplasma dos macrófagos, o rompimento celular é<br />

inevitável, liberando as amastigotas, que penetram outros macrófagos, o que inicia a reação<br />

inflamatória.<br />

Fig. 8: Ciclo <strong>de</strong> vida e contágio da Leishmania sp na etapa <strong>de</strong> parasitismo humano [extraído <strong>de</strong><br />

http://dc236.4shared.com/doc/FeNBLQeC/preview.html] em 18-09-2012.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Iniciada como uma enzootia (doença cujos hospe<strong>de</strong>iros são somente animais) em animais<br />

silvestres. A transmissão ao homem ocorre quando este a<strong>de</strong>ntra a mata para realizar suas<br />

ativida<strong>de</strong>s ou as regiões <strong>de</strong> conurbação e <strong>de</strong> ocupação humana se aproximam<br />

<strong>de</strong>masiadamente das regiões <strong>de</strong> vida livre dos parasitas e dos hospe<strong>de</strong>iros invertebrados<br />

naturais. Neste caso a doença se transforma numa zoonose (doença cujo ciclo envolve animais<br />

e o homem).<br />

Profilaxia:<br />

- Evitar picadas do mosquito vetor através <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> proteção individual: repelentes, tela<br />

<strong>de</strong> mosquiteiro <strong>de</strong> malha fina e embebidas em inseticidas;<br />

- Em áreas <strong>de</strong> colonização recente, recomenda-se a construção <strong>de</strong> casas a uma distância <strong>de</strong><br />

pelo menos 500 metros da mata, <strong>de</strong>vido à baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voo dos insetos.<br />

- Vacinação em animais domésticos: em fase final <strong>de</strong> testes (Leishvacin, produzida pela<br />

Bioquímica do Brasil S/A Biobrás somente para a realização <strong>de</strong> ensaios clínicos. A produção


em escala comercial ainda é um sonho, segundo o Diretor <strong>de</strong> Desenvolvimento Tecnológico da<br />

Biobrás, Luciano Vilela, falta a liberação do registro pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>).<br />

Diagnóstico:<br />

a) Diagnóstico Clínico<br />

• Baseado na característica da lesão e em dados epi<strong>de</strong>miológicos previamente<br />

conhecidos.<br />

b) Diagnóstico Laboratorial<br />

• Pesquisa do parasita através <strong>de</strong> exame direto <strong>de</strong> esfregaços corados: com<br />

anestesia local, retira-se um fragmento das bordas da lesão e faz-se um<br />

esfregaço em lâmina, corado com <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> Romanowsky, Giemsa ou<br />

Leishman.<br />

• Cultura: po<strong>de</strong> ser feita a cultura <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> tecido ou <strong>de</strong> espirados da<br />

borda da lesão.<br />

• Inóculo em animais: utilizando o hamster como o animal mais utilizado para o<br />

isolamento <strong>de</strong> Leishmanias. Inocula-se, por via intradérmica, no focinho ou nas<br />

patas, um triturado do fragmento da lesão em solução fisiológica.<br />

• Métodos imunológicos: Teste intradérmico <strong>de</strong> Montenegro: utilizado no país<br />

para levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos, avalia a hipersensibilida<strong>de</strong> do paciente.<br />

Inocula-se pequeno volume <strong>de</strong> antígeno nos membros superiores do paciente,<br />

e no caso <strong>de</strong> reações positivas, verifica-se o estabelecimento <strong>de</strong> uma reação<br />

inflamatória local, reversível em 72 horas.<br />

• Reação <strong>de</strong> Imunofluorescência indireta: teste bastante usado, apresentando<br />

alta sensibilida<strong>de</strong>, porém apresenta reação cruzada para outros<br />

tripanosomatí<strong>de</strong>os, como o Trypanosoma cruzi (causador da Doença <strong>de</strong><br />

Chagas).<br />

TEXTOS PARA LEITURA COMPLEMENTAR<br />

Para maiores <strong>de</strong>talhes sobre os métodos diagnósticos, principalmente sobre o Teste<br />

intradérmico <strong>de</strong> Montenegro, acesse o texto <strong>de</strong> Loureiro et al (1998), disponível em:<br />

http://www.<strong>de</strong>rmato.med.br/publicacoes/artigos/1998leishmaniose.htm.<br />

SUGESTÃO DE LEITURAS, FILMES, SITES E PESQUISAS<br />

Pequeno documentário sobre a Leishmaniose:<br />

http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=tNTYxFu49OY&feature=endscreen.


Tratamento:<br />

Uso <strong>de</strong> uma antimonial tártaro hermético (Introduzido pelo médico brasileiro Gaspar<br />

Vianna, em 1912). Atualmente, é utilizado um antimonial pentavalente, o Glucantime, on<strong>de</strong><br />

somente a forma difusa não respon<strong>de</strong> bem ao tratamento.<br />

Outro tratamento consi<strong>de</strong>rado é a imunoterapia utilizando a Leishvacin, vacina utilizada<br />

para imunoprofilaxia. Ainda não apresenta escala comercial <strong>de</strong> produção.<br />

PARA REFLETIR<br />

Acabamos <strong>de</strong> ver a gravida<strong>de</strong> das leishmanioses no mundo, então porque não há um<br />

investimento maior a fim <strong>de</strong> erradicar essa doença?<br />

PROVOCAÇÂO<br />

Você é morador <strong>de</strong> uma região cuja leishmaniose é endêmica. Quais seriam suas principais<br />

ações a fim <strong>de</strong> reverter esse quadro?<br />

PRATICANDO<br />

Compare as leishmanioses visceral e cutânea com relação à: gravida<strong>de</strong>, vetores e abrangência<br />

da doença.<br />

TRIPANOSOMÍASE AMERICANA OU DOENÇA DE CHAGAS<br />

A principal tripanosomíase humana é causada pelo Trypanosoma cruzi, causador da<br />

tripanossomíase americana ou simplesmente, Doença <strong>de</strong> Chagas, uma homenagem a Carlos<br />

Chagas, infectologista brasileiro i<strong>de</strong>ntificador do agente causador da doença (Figura 9).<br />

Fig. 9: Da esquerda para direita, exemplos <strong>de</strong>: Trypanosoma cruzi na forma tripomastigota<br />

[extraído <strong>de</strong> http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/Doenca<strong>de</strong>Chagas.php]; o inseto<br />

vetor conhecido como “Barbeiro” [extraído <strong>de</strong> https://www.jyi.org/features/ft.php?id=185] e uma<br />

foto do Dr. Carlos Chagas, <strong>de</strong>scobridor da doença que ficou conhecida como Doença <strong>de</strong><br />

Chagas [extraído <strong>de</strong> http://blig.ig.com.br/ebomsaber/2009/07/10/o-medico-que-<strong>de</strong>scobriu-o-<br />

trypanosoma-cruzi-e-o-mal-<strong>de</strong>-chagas/] em 19-09-2012.


Estimasse que a doença <strong>de</strong> Chagas afeta entre 8 e 10 milhões <strong>de</strong> pessoas no países<br />

latino americanos, on<strong>de</strong> a doença é endêmica, aproximadamente 500 mil indivíduos em países<br />

não endêmicos e que ocorram anualmente mais <strong>de</strong> 40 mil novos casos, e cerca <strong>de</strong> 20 mil<br />

óbitos por ano. Segundo a OMS, 90 milhões <strong>de</strong> pessoas estão expostas ao risco <strong>de</strong><br />

contaminação e a Bolívia é o país que mais sofre com a doença (Figuras 10 e 11).<br />

Fig. 10: Distribuição dos casos <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> Chagas no mundo. Quanto mais escuro maior a<br />

incidência da doença. Dados mais atualizados da WHO (Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>) <strong>de</strong><br />

2004 [extraído <strong>de</strong> http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chagas_disease_world_map_-_DALY_-<br />

_WHO2004.svg] em 19-09-2012.


Fig. 11: Distribuição dos casos <strong>de</strong> doença <strong>de</strong> Chagas na região endêmica, que compreen<strong>de</strong> as<br />

Américas do Sul e Central, dados mais atualizados da WHO (Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>)<br />

<strong>de</strong> 2004 [extraído <strong>de</strong><br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Distribution_of_Chagas%27_disease.svg] em 19-09-2012.<br />

Agente etiológico<br />

Trypanosoma cruzi é o causador da Doença <strong>de</strong> Chagas, a forma mais grave <strong>de</strong><br />

infecções <strong>de</strong>sses parasitas em humanos.<br />

Outra forma infectiva <strong>de</strong> tripanosomas, que não será tratada nessa disciplina, é a<br />

Doença do Sono (humanos), ou Nagana (gado), doença endêmica na África sub-saariana. É<br />

causada pela infecção por Trypanosoma brucei e contágio através do contato com a mosca <strong>de</strong><br />

Tsé-Tsé.<br />

Ciclo<br />

Apresenta um ciclo heteroxênico, passando por uma fase <strong>de</strong> multiplicação intracelular<br />

no hospe<strong>de</strong>iro vertebrado e extracelular no inseto vetor (Figura 12).<br />

No vertebrado: As formas tripomastigotas metacíclicas eliminadas nas fezes e na urina<br />

dos insetos “barbeiros”, membros dos gêneros Triatoma, Panstrongylus e Rhodinus, durante ou<br />

logo após sua alimentação por ação hematófaga no hospe<strong>de</strong>iro humano. Os parasitas<br />

penetram pelo local da picada e interagem com as células da pele e mucosas internas. Nesse<br />

momento, ocorre a transformação das tripomastigotas em amastigotas, cuja multiplicação se dá<br />

por divisão binária.<br />

A próxima etapa é a diferenciação das amastigotas em tripomastigotas. Essas serão<br />

liberadas da célula hospe<strong>de</strong>ira e se dirigem ao interstício e corrente sanguínea, on<strong>de</strong> atingem<br />

outras células <strong>de</strong> qualquer outro tecido ou órgão, iniciando um novo ciclo celular. No entanto,<br />

alguns indivíduos são <strong>de</strong>struídos pela ação do sistema imune.<br />

No hospe<strong>de</strong>iro invertebrado: Os “barbeiros” (Triatomíneos sp) acabam se infectando ao<br />

ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente sistêmica, <strong>de</strong> um hospe<strong>de</strong>iro<br />

vertebrado contaminado, durante a hematofagia. No estômago do inseto, diferenciam-se na<br />

forma epimastigotas. Ao passar para o intestino médio do hospe<strong>de</strong>iro, as epimastigotas se<br />

reproduzem por cissiparida<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>fini a manutenção da infecção no vetor. No reto do<br />

inseto infectado, as epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas, forma<br />

infectante para os vertebrados, sendo eliminadas nas fezes ou urina no ato da hematofagia,<br />

fechando o ciclo do parasita.


Fig. 12: Ciclo <strong>de</strong> vida e contágio do Trypanosoma cruzi na etapa <strong>de</strong> parasitismo humano e no<br />

inseto [extraído <strong>de</strong> http://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_<strong>de</strong>_Chagas] em 18-09-2012.<br />

Os mecanismos <strong>de</strong> Transmissão são diversificados, apesar do principal ainda ser o<br />

contágio vertical através do contato com inseto contaminado (Transmissão pelo vetor). No<br />

entanto, o contágio direto pelo contato com espécimes sanguíneos humanos contaminados<br />

(Transfusão sanguínea ou mesmo Transmissão congênita <strong>de</strong> mãe para feto) ou aci<strong>de</strong>ntal<br />

(Aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> laboratório) po<strong>de</strong>m ocasionar a contaminação. Algumas maneiras pouco usuais,<br />

mas com possível incidência, são através <strong>de</strong> lesões em mucosas (Transmissão oral) ou mesmo<br />

Transplantes utilizando órgãos <strong>de</strong> pacientes contaminados.<br />

Profilaxia<br />

Algumas medidas profiláticas consistem na melhoria das habitações rurais, combate ao<br />

inseto vetor (inseto “barbeiro”). Para evitar contágio horizontal é necessário maior controle dos<br />

doadores <strong>de</strong> sangue, acompanhamento pré-natal e medidas preventivas pessoais, como<br />

exames <strong>de</strong> sangue periódicos.


Diagnóstico<br />

• Fase aguda: Po<strong>de</strong>ndo ser sintomática ou assintomática, sendo a segunda é mais<br />

frequente. Ambas estão relacionadas com o estado imunológico do paciente. A<br />

fase se inicia através das manifestações locais, quando o T. cruzi penetra na<br />

conjuntiva (sinal <strong>de</strong> Romaña) ou na pele (chagoma <strong>de</strong> inoculação). As<br />

manifestações gerais são febre, e<strong>de</strong>ma localizado e generalizado,<br />

hepatoesplenomegalia, po<strong>de</strong>ndo causar insuficiência cardíaca e perturbações<br />

neurológicas. O óbito é <strong>de</strong>vido a meningoencefalite aguda, insuficiência cardíaca<br />

ou miocardite aguda difusa (uma das manifestações mais violentas que se tem<br />

notícia).<br />

• Fase crônica: Forma in<strong>de</strong>terminada, po<strong>de</strong>ndo ser caracterizada por alguns<br />

parâmetros, entre eles: a positivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exames parasitalógicos ou sorológicos,<br />

ausência <strong>de</strong> sintomas, eletrocardiograma convencional normal, coração, esôfago e<br />

cólon radiologicamente normais. Cerca <strong>de</strong> 50% dos pacientes chagásicos que<br />

passaram pela fase aguda pertencem a esta forma.<br />

• Fase crônica sintomática apresenta: cardiopatia chagásica crônica sintomática,<br />

insuficiência cardíaca, <strong>de</strong>vido à diminuição da massa muscular, arritmias<br />

cardíacas, fenômenos tromboembôlicos, que po<strong>de</strong>m provocar infartos no coração,<br />

rins, pulmões, baço e encéfalo.<br />

O diagnóstico po<strong>de</strong> ser dado <strong>de</strong> maneira:<br />

• Clínica: Origem do paciente, presença dos sinais <strong>de</strong> entrada, acompanhados <strong>de</strong> febre<br />

irregular ou ausente, hepatoesplenomegalia, taquicardia, e<strong>de</strong>ma generalizado ou dos<br />

pés. As alterações cardíacas (reveladas pelo eletrocardiograma), do esôfago e do<br />

cólon (reveladas pelos raios-X) fazem suspeitar da fase crônica da doença.<br />

• Laboratorial: São utilizados métodos diferentes para a fase aguda e a fase crônica. Na<br />

fase aguda, observa-se alta parasitemia po<strong>de</strong>ndo ser utilizados métodos diretos <strong>de</strong><br />

busca do parasita. Na fase crônica, a parasitemia é baixíssima, fazendo-se necessário<br />

métodos imunológicos.<br />

• Pesquisa do parasita: Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa, utilização <strong>de</strong> métodos<br />

<strong>de</strong> concentração, xenodiagnóstico, hemocultura.<br />

• Métodos sorológicos: Reação <strong>de</strong> precipitação, Reação <strong>de</strong> Imunofluorescência indireta,<br />

Reação <strong>de</strong> fixação do complemento (RFC), Reação <strong>de</strong> Hematoaglutinação indireta,<br />

ELISA (Ensaio Imunoenzimático), Lise mediada pelo complemento, Reação da<br />

Polimerase em Ca<strong>de</strong>ia (PCR).


Tratamento:<br />

Medicamentos utilizados na fase inicial aguda: A administração <strong>de</strong> fármacos como<br />

nifurtimox, alopurinol e benzonidazol po<strong>de</strong>m curar completamente ou diminuir a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir níveis crônicos em mais <strong>de</strong> 80% dos casos.<br />

A fase crônica é incurável, uma vez que os danos em órgãos como o coração e o<br />

sistema nervoso são irreversíveis. O tratamento paliativo é o mais utilizado nesse estágio.<br />

Algumas complicações associadas são:<br />

Cardiopatia chagásica crônica (CCC), é uma das principais complicações na doença <strong>de</strong><br />

Chagas. Trata-se <strong>de</strong> uma inflamação com <strong>de</strong>struição progressiva do tecido cardíaco, levando a<br />

alterações da condução dos impulsos elétricos no coração e arritmias. Ocorre progressivo<br />

afinamento do músculo cardíaco, levando à dilatação das cavida<strong>de</strong>s do coração, tendo como<br />

consequência a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombear a<strong>de</strong>quadamente o sangue para o organismo<br />

(insuficiência cardíaca congestiva).<br />

Nos pacientes com CCC, o único caminho é o transplante cardíaco, procedimento<br />

dispendioso e inacessível a boa parte da população brasileira.<br />

Cerca <strong>de</strong> 5% a 8% dos infectados <strong>de</strong>senvolvem alterações no tubo digestivo (os<br />

chamados megaesôfago e megacólon), on<strong>de</strong> aparecem alterações morfológicas e funcionais<br />

importantes, como, por exemplo, a incoor<strong>de</strong>nação motora (aperistelse, discinesia) no<br />

megaesôfago; e obstrução intestinal e perfuração para o megacólon.<br />

PRATICANDO<br />

Compare as leishmanioses e o mal <strong>de</strong> chagas com relação à: vetores <strong>de</strong> transmissão, métodos<br />

<strong>de</strong> profilaxia, en<strong>de</strong>mias e sintomas.<br />

SUGESTÃO DE LEITURAS, FILMES, SITES E PESQUISAS<br />

Ví<strong>de</strong>o ilustrativo sobre a Doença <strong>de</strong> Chagas:<br />

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embed<strong>de</strong>d&v=RNdPLMgHImw<br />

MALÁRIA<br />

A malária é uma das doenças parasitárias que maior dano já causou a morte <strong>de</strong><br />

milhões <strong>de</strong> pessoas nas regiões tropicais e subtropicais do globo. É uma doença infecciosa<br />

aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium e transmitidos<br />

pela fêmea do mosquito do gênero Anopheles (Figura 13).<br />

A malária humana existente no Brasil é causada por três espécies <strong>de</strong> Plasmodium: P.<br />

vivax, causador da terçã benigna; P. falciparum, agente da terçã maligna e P. malariae,


causador da quartã benigna.<br />

Fig. 13: Da esquerda para direita, exemplos <strong>de</strong>: Plasmodium vivax infectando um macrófago<br />

humano [extraído <strong>de</strong> http://www.alunosonline.com.br/biologia/doencas-causadas-por-<br />

protozoarios-3.html]; o inseto vetor, o mosquito do gênero Anopheles [extraído <strong>de</strong><br />

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Anopheles_albimanus_mosquito.jpg] em 19-09-2012.<br />

É uma das doenças mais importantes para a humanida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido ao seu impacto e<br />

custos, e constitui um fardo extremamente pesado para as populações dos países atingidos,<br />

principalmente na África. A malária existe potencialmente em todas as regiões on<strong>de</strong> existem<br />

humanos e mosquitos Anopheles em quantida<strong>de</strong> suficiente, o que inclui todas as regiões<br />

tropicais <strong>de</strong> todos os continentes e muitas regiões subtropicais (Figura 14).<br />

A Amazônia é uma das áreas mais atingidas pela malária no Brasil. Isto se <strong>de</strong>ve a uma<br />

série <strong>de</strong> fatores, como: população dispersa, difícil <strong>de</strong> serem atingidas por medidas profiláticas e<br />

assistenciais, migrações constantes dos habitantes, moradia ina<strong>de</strong>quada para a aplicação <strong>de</strong><br />

inseticidas, resistência do P. falciparum à cloroquina, além <strong>de</strong> possuir muitas zonas <strong>de</strong><br />

ocupação humana sem controle, como garimpos clan<strong>de</strong>stinos.


Fig. 14: Distribuição dos casos <strong>de</strong> malária no mundo (esquerda). Em ver<strong>de</strong> as regiões que não<br />

possuem a doença e em amarelo as áreas <strong>de</strong> risco, dados da WHO (Organização Mundial da<br />

Saú<strong>de</strong>) <strong>de</strong> 2003 [extraído <strong>de</strong><br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Malaria_geographic_distribution_2003.png] e <strong>de</strong>staque<br />

(direita) regiões no Brasil <strong>de</strong> maior incidência da doença [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.brasilturismo.com/doencas/malaria.php] em 19-09-2012.<br />

Agente etiológico<br />

Plasmodium sp são os agentes causadores da Malária. A transmissão se dá pela<br />

picada da fêmea do mosquito Anopheles, o que acarreta transferência dos protozoários para<br />

corrente sistêmica do indivíduo ao realizar a hematofagia. O habitat do parasita varia conforme<br />

a fase do ciclo evolutivo do mesmo. Assim, no homem, existem formas parasitando os<br />

hepatócitos durante a fase pré-eritrocítica e formas parasitando hemácias na fase eritrocítica.<br />

No mosquito encontramos formas parasitárias principalmente no estômago e glândulas<br />

salivares.<br />

Ciclo<br />

Possui ciclo heteroxeno on<strong>de</strong> o homem é o hospe<strong>de</strong>iro intermediário e os mosquitos do<br />

gênero Anopheles são os <strong>de</strong>finitivos (Figura 15).<br />

• No homem<br />

Divi<strong>de</strong>-se em 2 fases: a fase exoeritrocítica, que consiste na fase do ciclo que se passa<br />

nos hepatócitos antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver nos eritrócitos, também conhecida como ciclo pré-<br />

eritrocítico. A outra é a fase eritrocítica, que consiste na fase do ciclo que se passa nos<br />

eritrócitos.


No homem a reprodução é assexuada do tipo esquizogonia. Já no mosquito a<br />

reprodução é sexuada do tipo esporogonia.<br />

O contágio se dá pela entrada <strong>de</strong> um indivíduo humano numa zona malarígena e esse<br />

é picado por um mosquito fêmea do gênero Anopheles infectado, po<strong>de</strong>ndo inocular <strong>de</strong> 15 a 200<br />

esporozoítos. Esses permanecem na corrente sanguínea por poucos minutos, menos <strong>de</strong> uma<br />

hora.<br />

Ao migrar para o fígado penetram em hepatócitos iniciando o ciclo tissular, on<strong>de</strong> se<br />

multiplicam completando a esquizogonia com a produção <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> merozoítos, essa fase<br />

dura em média uma semana.<br />

Após este período hepatócitos contendo merozoítos sofrem lise e liberam milhares <strong>de</strong><br />

merozoítos. O sistema imune consegue englobar algumas células parasitas e <strong>de</strong>struí-las,<br />

entretanto, as sobreviventes tomam duas direções; voltam para os hepatócitos e entrar em um<br />

estado <strong>de</strong> dormência ou em um novo ciclo esquizogônico. Outra opção possível é iniciar o ciclo<br />

eritrocítico, ao invadir as hemácias.<br />

Na hemácia, o citoplasma se enche com um número variável <strong>de</strong> núcleos, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da espécie. Cada núcleo se separa com uma porção <strong>de</strong> citoplasma, formando os merozoítos<br />

<strong>de</strong>ntro da hemácia, e ao conjunto <strong>de</strong>nominamos Rosácea ou merócito. Os intervalos po<strong>de</strong>m<br />

variar <strong>de</strong> 36 a 72 horas.<br />

Durante a fase eritrocítica, alguns merozoítos penetram em hemácias jovens (ainda na<br />

medula óssea) e se diferenciam, formando os gametócitos. É o início da reprodução sexuada<br />

ou esporogonia, que se completará no mosquito. Aparecem na corrente sistêmica em<br />

aproximadamente uma semana.<br />

A fêmea do mosquito Anopheles, ao exercer a hematofagia ingere as formas<br />

sanguíneas do parasita, mas apenas os gametócitos são capazes <strong>de</strong> evoluir no inseto. As<br />

outras <strong>de</strong>generam e morrem.<br />

• No mosquito<br />

O gametócito feminino amadurece e se transforma num macrogameta. O gametócito<br />

masculino passa por um processo <strong>de</strong> exflagelação e dá origem a vários microgametas. Estes<br />

se movimentam ativamente atrás <strong>de</strong> um macrogameta, on<strong>de</strong> um <strong>de</strong>les penetra formando o ovo<br />

ou zigoto. Após 20 horas, ovo se forma no sistema digestivo do mosquito e migra para a<br />

pare<strong>de</strong> do mesmo.<br />

Estes rompem a pare<strong>de</strong> da célula e inva<strong>de</strong>m toda a cavida<strong>de</strong> geral do inseto, chegando<br />

até as glândulas salivares. Quando o mosquito vai se alimentar por hematofagia novamente,<br />

inocula com a saliva os esporozoítos, que caem na corrente sanguínea e vão para o fígado,<br />

iniciando um novo ciclo.


Fig. 15: Ciclo <strong>de</strong> vida e contágio do Plasmodium sp na etapa <strong>de</strong> parasitismo humano e no<br />

inseto [extraído <strong>de</strong> http://cievsrio.wordpress.com/2012/07/21/pesquisa-utiliza-bacteria-<br />

transgenica-para-interromper-ca<strong>de</strong>ia-<strong>de</strong>-transmissao-da-malaria/] em 18-09-2012.<br />

Profilaxia<br />

epi<strong>de</strong>miológica:<br />

O controle da malária po<strong>de</strong> ocorrer atingindo diferentes pontos da ca<strong>de</strong>ia<br />

Tratar o homem doente (eliminando a fonte <strong>de</strong> infecção ou reservatório), proteger o<br />

homem sadio (quimioprofilaxia, telar janelas, e proteções individuais), combater o agente<br />

transmissor (fase larval ou adulta). Métodos <strong>de</strong> proteção po<strong>de</strong>m ser individuais ou coletivas.<br />

Diagnóstico<br />

a) Diagnóstico Clínico<br />

Baseado em anamnese, o tipo <strong>de</strong> acesso, a anemia e a esplenomegalia. Porém, para a<br />

i<strong>de</strong>ntificação da espécie, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> laboratório.


) Diagnóstico Laboratorial<br />

A necessida<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar a espécie do parasita resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que a terapêutica<br />

é específica. Para isso po<strong>de</strong>m ser usados métodos parasitalógicos e imunológicos.<br />

Parasitalógicos: exame <strong>de</strong> sangue em esfregaços para evi<strong>de</strong>nciar os parasitas. O<br />

diagnóstico é baseado na morfologia do plasmódio, no aspecto da hemácia e nos estágios<br />

encontrados no sangue. Os métodos <strong>de</strong> exame <strong>de</strong> sangue são: coloração com Giemsa, que<br />

ainda é consi<strong>de</strong>rado o “padrão ouro” dos testes diagnósticos <strong>de</strong> malária. Coloração com<br />

leishman usado para diagnóstico individual.<br />

Imunológicos: Reação <strong>de</strong> Imunofluorescência indireta e ELISA, para os quais já foram<br />

i<strong>de</strong>ntificados vários antígenos altamente específicos, que conseguem inclusive separar as<br />

espécies <strong>de</strong> Plasmodium.<br />

Tratamento:<br />

Atualmente o tratamento é feito usando a cloroquina, um <strong>de</strong>rivado da quinina. Nos<br />

casos <strong>de</strong> plasmódios resistentes po<strong>de</strong> se utilizar a primaquina. Na malária, o tratamento dos<br />

doentes e principalmente dos gametóforos é um dos elos mais importantes do controle. No<br />

entanto, a maior parte são medidas paliativas.<br />

PRATICANDO<br />

Descreva em <strong>de</strong>talhes o ciclo <strong>de</strong> contágio e da doença. Durante a <strong>de</strong>scrição, proponha<br />

métodos profiláticos e <strong>de</strong> tratamentos para a doença/contágio.<br />

PARA REFLETIR<br />

A malária atinge principalmente regiões amazônicas no país. Milhares <strong>de</strong> pessoas já morreram<br />

acometidas por essa doença durante construções <strong>de</strong> estações avançadas, estradas, ferrovias<br />

entre outras coisas <strong>de</strong>ntro da floresta. Supondo que você é um engenheiro mandando para<br />

supervisionar as obras em meio à Floresta Amazônica, quais seriam suas preocupações,<br />

medidas preventivas e cuidados com os trabalhadores que estão sob sua responsabilida<strong>de</strong>?<br />

TRICOMONÍASE<br />

O Trichomonas vaginalis é um parasita anaérobio facultativo. Tem quatro flagelos<br />

<strong>de</strong>siguais e uma membrana ondulante que lhe dão mobilida<strong>de</strong>, e uma protuberância em estilete<br />

<strong>de</strong>nominada axóstilo - uma estrutura rígida, formada por microtúbulos, que se projeta através<br />

do seu centro até sua extremida<strong>de</strong> posterior. Não possui mitocôndrias, mas apresenta grânulos<br />

<strong>de</strong>nsos (hidrogenossomos) que po<strong>de</strong>m ser vistos à microscopia óptica. É o agente causador da<br />

triconomíase e existe em apenas uma única forma <strong>de</strong>nominada trofozoíto, simultaneamente<br />

infecciosa e ativa (Figura 16).


Fig. 16: À esquerda, Trichomonas vaginalis corado e visualização em microscópio óptico<br />

[extraído <strong>de</strong> http://www.papo<strong>de</strong>estudante.com/2010/04/tricomoniase.html]; e a direita, visão<br />

geral da morfologia do parasita e aspectos da cavida<strong>de</strong> vaginal e regiões externas à região<br />

pubiana <strong>de</strong> um paciente feminino contaminado [extraído <strong>de</strong><br />

http://tododiasau<strong>de</strong>.com/tricomoniase-dst-complicacoes-tratamento-e-prevencao/] em 19-09-<br />

2012.<br />

O T. vaginalis é o mais frequente patógeno encontrado entre as DST’s (Doenças<br />

Sexualmente Transmissiveis) (Figura 17). Estima-se que 180 milhões <strong>de</strong> mulheres no mundo<br />

se infectem anualmente, correspon<strong>de</strong>ndo a 1/3 <strong>de</strong> todas as vaginites diagnosticadas. O<br />

organismo, não possuindo forma cística, não resiste à <strong>de</strong>ssecação e a altas temperaturas.


Fig. 17: Ciclo <strong>de</strong> contágio do Trichomonas vaginalis na transmissão por contágio sexual<br />

[extraído <strong>de</strong> http://www.papo<strong>de</strong>estudante.com/2010/04/tricomoniase.html] em 18-09-2012.<br />

Agente etiológico<br />

Po<strong>de</strong>m ser subdivididos <strong>de</strong> acordo com o organismo que parasitam: em humanos<br />

(Trichomonas vaginalis), suínos (Tritrichomonas suis), bovinos (Trichomonas foetus), aves<br />

(Trichomonas gallinae e Tetratrichomonas gallinarum).<br />

É monoxeno e não possui forma cística, somente a trofozoítica. Reprodução por<br />

divisão binária longitudinal.<br />

A transmissão acontece por relação sexual e po<strong>de</strong> sobreviver por mais <strong>de</strong> um mês no<br />

prepúcio <strong>de</strong> um homem sadio após o coito com uma mulher infectada.<br />

O homem é o vetor da doença; com a ejaculação, os parasitas presentes na mucosa da<br />

uretra são levados à vagina pelo esperma.<br />

Ciclo<br />

Através <strong>de</strong> relações sexuais ou do uso <strong>de</strong> objetos, como toalhas, contaminados, o<br />

indivíduo tem contato com o parasita que sob a forma trofozoíta, ele se instala na mucosa<br />

vaginal ou na uretra peniana. Por cissiparida<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> indivíduos prolifera e coloniza as


egiões infectadas.<br />

Profilaxia<br />

As medidas profiláticas são <strong>de</strong> certo modo, extremas, no entanto, aconselha-se a<br />

abstenção do ato sexual, uso <strong>de</strong> preservativos durante todo o intercurso sexual além <strong>de</strong> limitar<br />

o número <strong>de</strong> parceiros.<br />

Caso um dos parceiros esteja infectado, o bom senso <strong>de</strong> comunicar ao outro parceiro é<br />

fundamental, prevenindo assim a reinfecção e proliferação.<br />

Diagnóstico<br />

Para a mulher varia da forma assintomática ao estado agudo. A infecção vaginal<br />

provoca uma vaginite que se caracteriza por um corrimento vaginal fluido abundante <strong>de</strong> cor<br />

amarelo-esver<strong>de</strong>ada, bolhoso, <strong>de</strong> odor fétido, mais comumente no período pósmenstrual,<br />

po<strong>de</strong>ndo apresentar dor e dificulda<strong>de</strong> nas relações sexuais, <strong>de</strong>sconforto nos genitais internos,<br />

dor ao urinar e frequência miccional.<br />

Para o homem é comumente assintomática. Para os casos <strong>de</strong> manifestações<br />

sintomáticas, apresenta como uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação<br />

<strong>de</strong> prurido na uretra.<br />

a) Diagnóstico Clínico<br />

O diagnóstico diferencial da tricomoníase, tanto no homem como na mulher é difícil,<br />

sendo essencial o diagnóstico parasitalógico.<br />

b) Diagnóstico Laboratorial através da coleta da amostra<br />

No homem: os pacientes <strong>de</strong>vem comparecer no local pela manhã, sem terem urinado<br />

no dia e sem terem tomado nenhum medicamento tricomonicida há mais <strong>de</strong> 15 dias. O material<br />

uretral é colhido com uma alça <strong>de</strong> platina ou com swab <strong>de</strong> algodão não absorvente ou <strong>de</strong><br />

poliéster. O organismo é mais encontrado no sêmen que na urina ou em esfregaços uretrais.<br />

Uma amostra fresca po<strong>de</strong>rá ser obtida pela masturbação em um recipiente limpo e estéril.<br />

Também po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser observado o sedimento centrifugado (600 g por 20 min.) dos primeiros<br />

20 ml <strong>de</strong> urina matinal.<br />

Na mulher: a vagina é o local mais facilmente infectado, e os tricomonas são mais<br />

abundantes durante os primeiros dias após a menstruação. O material é normalmente coletado<br />

na vagina com um swab <strong>de</strong> algodão não absorvente ou <strong>de</strong> poliéster. O diagnóstico é feito<br />

através da observação do material coletado a fresco no microscópio ou em cultura <strong>de</strong><br />

parasitas.<br />

Este é o mais prático e rápido método <strong>de</strong> diagnóstico, mas possui uma sensibilida<strong>de</strong><br />

relativamente baixa.


Para aumentar a sensibilida<strong>de</strong> das preparações a fresco, estas po<strong>de</strong>m ser coradas,<br />

com safranina, ver<strong>de</strong>-malaquita ou azul <strong>de</strong> metileno. As culturas <strong>de</strong> parasita são mais<br />

sensíveis, porém <strong>de</strong>moram <strong>de</strong> 3 a 7 dias para fornecer resultados.<br />

Os exames <strong>de</strong> Imunofluorescência indireta e ELISA são mais sensíveis e possuem<br />

maior significado em caso <strong>de</strong> pacientes assintomáticos.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento, que é específico e eficiente, po<strong>de</strong> ser realizado com os quimioterápicos<br />

nitroimidazólicos, metronidazol ou tinidazol, administrados em dose oral única.<br />

Todos os parceiros sexuais <strong>de</strong>vem ser simultaneamente tratados, <strong>de</strong> maneira a se<br />

evitar a reinfecção. Pelo menos até que se tenha a certeza <strong>de</strong> cura, os pacientes <strong>de</strong>vem utilizar<br />

preservativos em todas as relações sexuais. A doença não confere imunida<strong>de</strong> permanente,<br />

portanto a reinfecção é possível e <strong>de</strong>ve ser diferenciada da falha terapêutica. A resistência aos<br />

imidazólicos é possível, porém é usualmente dose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, bastando a administração <strong>de</strong><br />

uma dose maior e/ou mais prolongada.<br />

PROVOCAÇÂO<br />

Supondo que no carnaval <strong>de</strong> 1980 houve um surto repentino <strong>de</strong>ssa doença e você é um<br />

prefeito <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> muito afetada por esse surto. Quais seriam suas medidas com a<br />

população: a) contaminada e b) ainda saudável?<br />

GIARDÍASE<br />

Giardíase é a doença provocada pela infecção do intestino <strong>de</strong>lgado pelo protozoário<br />

Giardia lamblia cuja infecção normalmente é assintomática. Entretanto, po<strong>de</strong>-se observar<br />

diarreia e má absorção intestinal <strong>de</strong> gorduras. Está presente em todo o mundo, mas afeta<br />

principalmente crianças em populações <strong>de</strong> baixo nível econômico e em regiões <strong>de</strong> clima<br />

tropical ou subtropical (Figuras 18 e 19).


Fig. 18: Visualização em microscópio óptico e esquema ilustrativo das células e cisto da<br />

Giardia lamblia [extraído <strong>de</strong> http://caminhosdabio.wordpress.com/2010/10/12/giardia-lamblia/]<br />

em 19-09-2012.<br />

Fig. 19: Ciclo <strong>de</strong> auto-contágio (esquerda) e <strong>de</strong> contágio via animais domésticos da Giardia<br />

lamblia [extraído <strong>de</strong> http://criativida<strong>de</strong>eciencia.blogspot.com.br/2011/03/parte-1-revisao-para-o-<br />

simulado-2-no-em.html e http://www.policlinicaveterinaria.com.br/art_sau<strong>de</strong>.asp?xcod=31] em<br />

18-09-2012.<br />

A giardíase é encontrada em todo o mundo; as crianças <strong>de</strong> até 10 a 12 anos<br />

constituem a faixa etária mais acometida. Tanto o clima (tropical ou subtropical) quanto às<br />

condições econômicas da população parece estar envolvidas na proporção <strong>de</strong> pessoas<br />

infectadas. Levantamentos realizados em países <strong>de</strong>senvolvidos têm encontrado a infecção em<br />

2% a 5% das pessoas, enquanto a taxa em países em <strong>de</strong>senvolvimento e sub<strong>de</strong>senvolvidos é


<strong>de</strong> 20% a 30%. No Brasil, estudos indicam a infecção em 4% a 30% das pessoas.<br />

Em países <strong>de</strong>senvolvidos, parece haver três grupos <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> giardíase. O primeiro são as pessoas que viajam para locais com maior prevalência da<br />

infecção; como a giardíase <strong>de</strong>mora cerca <strong>de</strong> 9 dias para se manifestar, esses viajantes<br />

frequentemente apresentam os sintomas já no país <strong>de</strong> origem. Outros grupos <strong>de</strong> risco são as<br />

crianças que frequentam creches, e os casais que praticam sexo anal.<br />

Agente etiológico<br />

trofozoítica.<br />

Agente único, Giardia lamblia. Apresenta morfologia em duas formas: cística e<br />

Ciclo<br />

É um parasita monoxeno <strong>de</strong> ciclo biológico direto. A via <strong>de</strong> infecção normal para o<br />

homem é a ingestão <strong>de</strong> cistos. Após a ingestão do cisto, o <strong>de</strong>sencistamento ocorre no meio<br />

ácido do estômago e é completado no duo<strong>de</strong>no e jejuno, on<strong>de</strong> ocorre a colonização do<br />

parasita. Este se reproduz por divisão binária longitudinal. O ciclo se completa com o<br />

encistamento do parasita e a sua eliminação nas fezes. Quando o trânsito intestinal está<br />

acelerado, é possível achar trofozoítos nas fezes.<br />

A ingestão <strong>de</strong> água sem tratamento ou <strong>de</strong>ficientemente tratada (só com cloro), ingestão<br />

<strong>de</strong> alimentos contaminados, sendo que estes po<strong>de</strong>m ser contaminados por moscas e baratas e<br />

contato direto pessoa a pessoa, através <strong>de</strong> mãos contaminadas são alguns meios <strong>de</strong> contágio.<br />

As práticas <strong>de</strong> sexo anal e contato com animais domésticos contaminados também são<br />

meios <strong>de</strong> contaminação (Figura 19).<br />

Profilaxia<br />

Como medidas po<strong>de</strong>-se orientar a melhor higiene pessoal, a melhor proteção dos<br />

alimentos e cuidado com o tratamento <strong>de</strong> água como fervê-la.<br />

Diagnóstico<br />

A maioria das infecções é assintomática. Os casos sintomáticos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fatores<br />

não bem conhecidos e está relacionada com a cepa e o número <strong>de</strong> cistos ingeridos, <strong>de</strong>ficiência<br />

imunitária do paciente e principalmente por baixa aci<strong>de</strong>z no suco gástrico.<br />

A forma aguda se apresenta como uma diarreia do tipo aquosa, explosiva, <strong>de</strong> odor<br />

fétido, acompanhada <strong>de</strong> gases, com distensão e dores abdominais. Costuma dura poucos dias<br />

e seus sintomas iniciais po<strong>de</strong>m ser confundidos com diarreias virais e bacterianas.


a) Diagnóstico Clínico<br />

Diarréia com esteatorréia, irritabilida<strong>de</strong>, insônia, náuseas e vômitos, perda <strong>de</strong> apetite e<br />

dor abdominal. Apesar <strong>de</strong> estes sintomas serem bastante característicos, é conveniente a<br />

comprovação por exames laboratoriais.<br />

b) Diagnóstico Laboratorial através da coleta da amostra<br />

ou <strong>de</strong> MIFC.<br />

Deve-se fazer exame <strong>de</strong> fezes nos pacientes para i<strong>de</strong>ntificação.<br />

Em fezes formadas: os métodos <strong>de</strong> escolha são os <strong>de</strong> concentração: método <strong>de</strong> Faust<br />

Em fezes diarréicas: usar o método direto (com salina ou lugol) ou o método da<br />

hematoxilina férrica.<br />

O diagnóstico da giardíase apresenta dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que pacientes<br />

infectados não eliminam cistos continuamente. Para contornar tal situação, recomenda-se fazer<br />

o exame <strong>de</strong> três amostras fecais em dias alternados.<br />

Caso ainda não se encontrem cistos, recomenda-se o exame do fluído duo<strong>de</strong>nal e<br />

biópsia jejunal, obtidas através <strong>de</strong> tubagem duo<strong>de</strong>nal.<br />

Os métodos imunológicos ainda carecem <strong>de</strong> padronização e são usados somente em<br />

levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos. Os exames <strong>de</strong> Imunofluorescência indireta e ELISA são mais<br />

sensíveis e possuem maior significado em caso <strong>de</strong> pacientes assintomáticos.<br />

SUGESTÃO DE LEITURAS, FILMES, SITES E PESQUISAS<br />

Para conhecer melhor o Método <strong>de</strong> Faust: http://www.youtube.com/watch?v=4_ChZy8N3w0<br />

Tratamento:<br />

O medicamento mais utilizado é o metronidazol com eficiência entre 70% - 100%.<br />

Outras opções, com eficácia similar são secnidadzol, tinidazol ou albendazol. Furazolidona,<br />

nitazoxanida e quinacrina são raramente utilizadas.<br />

PRATICANDO<br />

Diferencie um paciente com Giardíase <strong>de</strong> outro com Tricomoníase. Quais as semelhança e<br />

diferenças entre essas duas doenças infecciosas?<br />

AMEBÍASE<br />

A causa da amebíase se dá pela infecção <strong>de</strong> protozoário (Entamoeba histolytica), que<br />

po<strong>de</strong> se beneficiar <strong>de</strong> seu hospe<strong>de</strong>iro sem causar benefício ou prejuízo, ou ainda, agir <strong>de</strong><br />

forma invasora (Figura 20). Neste caso, a doença po<strong>de</strong> se manifestar <strong>de</strong>ntro do intestino ou<br />

fora <strong>de</strong>le. Seus principais sintomas são <strong>de</strong>sconforto abdominal, que po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> leve a<br />

mo<strong>de</strong>rado, sangue nas fezes, forte diarréia acompanhada <strong>de</strong> sangue ou mucói<strong>de</strong>, além <strong>de</strong>


febre e calafrios.<br />

Nos casos mais graves, a forma trofozoítica do protozoário po<strong>de</strong> se espalhar pelo<br />

sistema circulatório e, com isso, afetar o fígado, pulmões ou cérebro. O diagnóstico breve<br />

nestes casos é muitíssimo importante, uma vez que, este quadro clínico, po<strong>de</strong> levar o paciente<br />

a morte.<br />

Fig. 20: Visualização em microscópio óptico das células <strong>de</strong> Entamoeba histolytica [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ameba/amebiase-8.php] em 19-09-2012.<br />

Segundo a OMS, 50 milhões <strong>de</strong> novas infecções por ano e aproximadamente 70 mil<br />

óbitos. A disenteria amébica é mais prevalente nos países tropicais, po<strong>de</strong>ndo ocorrer nas zonas<br />

temperadas. Na África, Ásia tropical e América latina. Mais <strong>de</strong> dois terços da população terá<br />

estes parasitas intestinais, apesar da maioria das infecções ser praticamente assintomática.<br />

A falta <strong>de</strong> condições higiênicas a<strong>de</strong>quadas é a responsável por sua disseminação. No Brasil,<br />

estima-se que a prevalência média <strong>de</strong> contágio, sintomática ou não, é <strong>de</strong> aproximadamente ¼<br />

da população.<br />

Agente etiológico<br />

Dentro da família Entamoebida, quatro espécies po<strong>de</strong>m habitar o corpo humano, sendo que<br />

<strong>de</strong>ntre essas vamos <strong>de</strong>stacar a Entamoeba histolytica e a Entamoeba coli como as principais<br />

<strong>de</strong> infecções em humanos.<br />

Apresentam duas formas, a forma <strong>de</strong> resistência, que também é a forma infectante, chamada<br />

cisto (esféricos ou ovais e possuindo quatro núcleos). A outra forma é a reprodutiva, ou<br />

trofozoítica, geralmente possuem um só núcleo, bem nítido nas formas coradas e pouco<br />

visíveis nas formas vivas.


Ciclo<br />

A E. histolytica é um parasita monoxeno <strong>de</strong> ciclo biológico direto. A via <strong>de</strong> infecção<br />

normal para o homem é a ingestão <strong>de</strong> cistos. Após a ingestão, o <strong>de</strong>sencistamento ocorre no<br />

meio ácido do estômago e é completado no duo<strong>de</strong>no e jejuno, on<strong>de</strong> ocorre a colonização do<br />

parasita. Este se reproduz por divisão binária longitudinal. O ciclo se completa com o<br />

encistamento do parasita e a sua eliminação nas fezes. Quando o trânsito intestinal está<br />

acelerado, é possível achar trofozoítos nas fezes (Figura 21).<br />

Fig. 21: Ciclo <strong>de</strong> auto-contágio da Entamoeba histolytica [extraído <strong>de</strong><br />

http://parasitologiablog.blogspot.com.br/2011/02/representacao-da-amebiase-intestinal-e.html]<br />

Profilaxia<br />

em 20-09-2012.<br />

As principais medidas profilaxias consistem na melhoria do saneamento básico e<br />

educação sanitária. A melhor cultura ao lavar os alimentos com substâncias amebicidas<br />

(permanganato <strong>de</strong> potássio, iodo).<br />

Diagnóstico<br />

a) Diagnóstico Clínico


Difícil <strong>de</strong> ser feito, por apresentar sintomatologia comum a várias doenças intestinais.<br />

No trato hepático, além da dor, febre e esplenomegalia, po<strong>de</strong>-se fazer o diagnóstico através <strong>de</strong><br />

raios-x, cintilografia, ultrassonografia e tomografia computadorizada.<br />

b) Diagnóstico Laboratorial através da coleta da amostra<br />

Exame <strong>de</strong> fezes, procurando por cistos ou trofozoítos. O exame do aspecto e da<br />

consistência das fezes é muito importante, principalmente se ela é <strong>de</strong>sintérica e contém muco<br />

e sangue. Deve ser fresco tão logo ela seja emitida, no máximo 20 a 30 minutos após, pois tem<br />

o objetivo <strong>de</strong> encontrar trofozoítos. Como a emissão <strong>de</strong> cistos e trofozoítos não é constante<br />

recomenda-se vários exames em dias alternados.<br />

O diagnóstico sorológico po<strong>de</strong> ser realizado por Elisa, hemaglutinação direta, Reação <strong>de</strong><br />

Imunofluorescência indireta.<br />

Tratamento:<br />

Usualmente é prescrito metronidazol, iodoquinol, paramomicina ou furoato <strong>de</strong><br />

diloxanida, e em alguns casos, <strong>de</strong>hidroemetina. Casos <strong>de</strong> danos hepáticos <strong>de</strong> maneira<br />

avançada po<strong>de</strong>rão necessitar <strong>de</strong> intervenção cirurgica.<br />

PRATICANDO<br />

O contato com amebas po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> maneiras simples, diretas ou mesmo indiretas e<br />

extremamente frequentes. Descreva, em <strong>de</strong>talhes, o que po<strong>de</strong> levar a um paciente a<br />

manifestar amebíase, e outro que esteve sujeito à exatamente às mesmas condições não.<br />

TOXOPLASMOSE<br />

A toxoplasmose é uma protozoonose <strong>de</strong> distribuição mundial. É uma doença<br />

infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Ocorre em<br />

animais <strong>de</strong> estimação e <strong>de</strong> produção incluindo suínos, caprinos, aves, animais silvestres, gatos<br />

e a maioria dos vertebrados terrestres homeotérmicos. Po<strong>de</strong> acarretar abortos e nascimento <strong>de</strong><br />

fetos mal formados (Figura 22).


Fig. 22: À esquerda, visualização em microscópio óptico das células <strong>de</strong> Toxoplasma gondii.<br />

[extraído <strong>de</strong> http://pt.wikipedia.org/wiki/Toxoplasmose] e corte histológico <strong>de</strong> tecido contendo<br />

bradizoíto [extraído <strong>de</strong> http://www.ufrgs.br/para-<br />

site/siteantigo/Imagensatlas/Protozoa/Toxoplasma.htm]. À direita lesões no globo ocular <strong>de</strong><br />

pacientes acometidos pela toxoplasmose [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.axeopoajagunna.jex.com.br/sau<strong>de</strong>/toxoplasmose] em 19-09-2012.<br />

Existente em todo o globo, on<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da população, tem anticorpos<br />

específicos contra o parasita, o que significa que está ou já esteve infectada (o que não<br />

significa que tenha tido a sintomatologia da doença, po<strong>de</strong> ter tido a infecção assintomática).<br />

O ser humano é infectado após ingerir oocistos expelidos com as fezes por gatos<br />

infectados, ou ao comer carne mal cozida <strong>de</strong> um animal que tenha ingerido o parasita <strong>de</strong> fezes<br />

<strong>de</strong> felí<strong>de</strong>os. Levando em conta também, que o modo <strong>de</strong> contaminação mais comum é ingerindo<br />

carne mal cozida e contaminada. É importante que as mulheres grávidas façam o exame que<br />

<strong>de</strong>tecta se elas são imunes a toxoplasmose durante os exames pré-natal.


Agente etiológico<br />

O Toxoplasma gondii é um protozoário <strong>de</strong> distribuição geográfica mundial, com alta<br />

prevalência sorológica, po<strong>de</strong>ndo atingir 60% da população em <strong>de</strong>terminados países. A doença<br />

é consi<strong>de</strong>rada como uma zoonose e atinge quase todas as espécies <strong>de</strong> mamíferos e aves. Os<br />

felinos são os hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>finitivos.<br />

O parasita apresenta distintas formas durante as etapas da vida: Taquizoíto, forma<br />

encontrada na fase aguda da infecção, sendo <strong>de</strong>nominada também forma proliferativa, forma<br />

livre ou trofozoítica. É uma forma móvel, <strong>de</strong> multiplicação rápida, por endodiogenia. São pouco<br />

resistentes a ação do suco gástrico, no qual são rapidamente <strong>de</strong>struídos. O Bradizoíto, forma<br />

encontrada nos tecidos (musculares esquelético e cardíaco, nervoso e retina), geralmente é<br />

encontrado durante a fase crônica da infecção. Tem multiplicação lenta <strong>de</strong>ntro do cisto por<br />

endodiogenia ou endopoliginia. A pare<strong>de</strong> do cisto é resistente e elástica, isolando os<br />

bradizoítos da ação do sistema imune do hospe<strong>de</strong>iro. Estes são mais resistentes à passagem<br />

pelo estômago que os taquizoítos e po<strong>de</strong>m permanecer viáveis por vários anos nos tecidos.<br />

Por fim, os oocistos são formas <strong>de</strong> resistência que possui uma pare<strong>de</strong> dupla bastante<br />

resistente às condições do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais dos felinos<br />

não imunes e são eliminados ainda imaturos junto com as fezes. Após a esporulação no meio<br />

ambiente, cada oocisto contém dois esporocistos, cada um com quatro esporozoítos.<br />

Ciclo<br />

O ciclo possui duas fases distintas, a Fase Assexuada, nos tecidos <strong>de</strong> vários<br />

hospe<strong>de</strong>iros e a Fase Sexuada, nas células do epitélio intestinal <strong>de</strong> jovens felinos.<br />

Durante a fase assexuada o hospe<strong>de</strong>iro susceptível (mamíferos e aves) ingerem<br />

oocistos maduros ou tecidos contendo cistos com bradizoítos. Os taquizoítos são <strong>de</strong>struídos<br />

pelo suco gástrico, mas se penetrarem na mucosa oral po<strong>de</strong>rão evoluir como os oocistos e os<br />

bradizoítos. Os esporozoítos e bradizoítos se transformam em taquizoítos <strong>de</strong>ntro das células<br />

intestinais. Após esta rápida passagem pelo epitélio intestinal, os taquizoítos vão invadir vários<br />

tipos <strong>de</strong> células do corpo, formando um vacúolo parasitário, on<strong>de</strong> se multiplicarão intensamente<br />

por endodiogenia (Figura 23), formando novos taquizoítos (fase proliferativa), que irão romper a<br />

célula e invadir novas células. Essa disseminação no organismo ocorre através <strong>de</strong> taquizoítos<br />

livres na linfa e na corrente sanguínea po<strong>de</strong> acarretar um quadro polissintomático, <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> variável, po<strong>de</strong>ndo levar o indivíduo à morte.<br />

Com o aparecimento da imunida<strong>de</strong>, os parasitas extracelulares <strong>de</strong>saparecem do<br />

sangue e há uma diminuição da multiplicação intracelular. Os parasitas resistentes evoluem<br />

para a produção <strong>de</strong> cistos.<br />

Esta fase cística, juntamente com a diminuição dos sintomas, caracteriza a fase<br />

crônica, po<strong>de</strong>ndo durar por muito tempo ou, por mecanismos ainda não totalmente


esclarecidos (diminuição da imunida<strong>de</strong>, alteração hormonal, etc.) po<strong>de</strong>rá haver reagudização,<br />

com sintomatologia semelhante à primoinfecção.<br />

Já durante a fase sexuada, somente nas células epiteliais do intestino <strong>de</strong> gatos e<br />

outros felinos jovens (não imunes). São por isso consi<strong>de</strong>rados hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>finitivos. Assim, o<br />

gato não imune se infecta ingerindo oocistos, taquizoítos ou cistos tissulares (quem sabe<br />

comendo um rato), <strong>de</strong>senvolverá o ciclo sexuado.<br />

Os esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos, ao penetrarem no epitélio intestinal do gato<br />

sofrerão um processo <strong>de</strong> multiplicação por endodiogenia e merogonia, dando origem á vários<br />

merozoítos. Alguns merozoítos penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas<br />

formas sexuadas masculinas e femininas: os gametócitos.<br />

Após um processo <strong>de</strong> maturação se transformam no gameta masculino móvel<br />

(microgameta) e no feminino, imóvel (macrogameta). O macrogameta permanece <strong>de</strong>ntro da<br />

célula epitelial enquanto os microgametas irão sair da sua célula e fecundar o macrogameta,<br />

formando o ovo ou zigoto. Este evoluirá <strong>de</strong>ntro do epitélio, formando uma pare<strong>de</strong> externa<br />

dupla, resistente, dando origem ao oocisto. A célula epitelial se rompe e os oocistos são<br />

liberados na luz do intestino e levados ao meio ambiente pelas fezes, e num período <strong>de</strong> quatro<br />

dias, ficará maduro com dois esporocistos com quatro esporozoítos cada. O felino é capaz <strong>de</strong><br />

eliminar oocistos por um mês, aproximadamente. O oocisto, em boas condições <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e<br />

temperatura e em local sombreado, é capaz <strong>de</strong> se manter infectante por cerca <strong>de</strong> 12 a 18<br />

meses.<br />

Fig. 23: Ciclo <strong>de</strong> contágio da Toxoplasma gondii [extraído <strong>de</strong> http://launelle.blog.uol.com.br/]<br />

em 20-09-2012.


Profilaxia<br />

As gestantes <strong>de</strong>vem evitar o contato com fezes <strong>de</strong> gatos, pois estas po<strong>de</strong>m conter<br />

ocistos, não ingerir água <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>sconhecida e sem estar fervida, nem carne crua ou mal<br />

cozida durante a gravi<strong>de</strong>z. No caso dos gatos, lavar as caixas com água, ferver<br />

frequentemente e nunca tocá-las por mãos sem luvas.<br />

Diagnóstico<br />

O homem adquire a doença por três vias principais, a ingestão <strong>de</strong> oocistos presentes<br />

em jardins, caixas <strong>de</strong> areia, latas <strong>de</strong> lixo ou disseminados mecanicamente por moscas, baratas,<br />

minhocas, etc. Através da ingestão <strong>de</strong> cistos tissulares encontrados na carne crua ou mal<br />

cozida, especialmente <strong>de</strong> porco e <strong>de</strong> carneiro. O congelamento a 0° C e o cozimento acima <strong>de</strong><br />

60° C mata os cistos na carne. A outra maneira <strong>de</strong> contágio e congênita ou transplacentária:<br />

cerca <strong>de</strong> 40% dos fetos po<strong>de</strong> adquirir a doença se a mãe estiver na fase aguda da doença<br />

durante a gestação, po<strong>de</strong>ndo servir como vias <strong>de</strong> infecção do feto, transplacentária, o<br />

rompimento <strong>de</strong> cistos no endométrio (útero) ou mesmo taquizoítos livres no líquido amniótico.<br />

a) Diagnóstico Clínico<br />

Difícil, porque a maioria das infecções é assintomática ou se confun<strong>de</strong> com sintomas<br />

<strong>de</strong> outras doenças.<br />

b) Diagnóstico Laboratorial através da coleta da amostra<br />

Demonstração do parasita obtida na fase aguda. A forma encontrada é o trofozoíto,<br />

melhor evi<strong>de</strong>nciado após centrifugação. Estes métodos não são utilizados na rotina.<br />

Durante a fase crônica, a <strong>de</strong>monstração do parasita é feita através da biópsia <strong>de</strong><br />

tecidos diversos contendo os cistos. O material obtido po<strong>de</strong> ser inoculado em camundongos ou<br />

usado para exame histopatológico. Apesar <strong>de</strong> raramente empregado, quando utilizado, a<br />

dificulda<strong>de</strong> freqüente é a diferenciação com outros parasitas que formam cistos, como<br />

Sarcocystis e Histoplasma.<br />

Imunofluorescência indireta é o melhor, mais sensível e seguro método <strong>de</strong> diagnóstico,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser usado tanto na fase aguda quanto na fase crônica. Po<strong>de</strong>ndo ser possível a<br />

utilização da técnica <strong>de</strong> hematoaglutinação: mais usado em levantamentos epi<strong>de</strong>miológicos,<br />

<strong>de</strong>vido á alta sensibilida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução, porém é ina<strong>de</strong>quado para diagnóstico<br />

precoce.<br />

A metodolgia <strong>de</strong> ELISA apresenta a vantagem sobre a Reação <strong>de</strong> Imunofluorescência<br />

indireta por sua objetivida<strong>de</strong>, automação e quantificação. Sua <strong>de</strong>svantagem é po<strong>de</strong>r apresentar<br />

resultados falso-positivos.


Tratamento:<br />

O tratamento atual só é eficaz na fase aguda, não existindo medicamento eficaz na<br />

fase crônica da doença. Os medicamentos só agem nas formas proliferativas, e não nos cistos<br />

tissulares. É comumente utilizado pirimetamina com sulfadiazina ou sulfadoxina.<br />

PARA REFLETIR<br />

Vimos as principais doenças infecciosas acometidas por protozoários. Não sei se notaram,<br />

quais e quantas <strong>de</strong>las não são presentes no Brasil? É coincidência? Descaso? Não<br />

conhecimento? Qual a sua opinião?<br />

PRATICANDO<br />

Faça uma tabela comparando todas as doenças apresentadas nesse capítulo 1. Usem como<br />

comparativos: Agente causador, Agente vetor, Sintomas, Métodos profiláticos e <strong>de</strong> diagnósticos<br />

e semelhanças entre as doenças apresentadas.<br />

CAPÍTULO 5 – Helmintos<br />

Os helmintos são responsáveis pelas helmintoses, e divi<strong>de</strong>m-se em dois filos <strong>de</strong> interesse: platelmintos<br />

(trematoda e cestoda) e nematelmintos. As helmintoses ou verminoses intestinais são responsáveis por<br />

<strong>de</strong>snutrição, avitaminoses, distúrbios gástricos e/ou intestinais, estados convulsivos, prejuízos<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento físico e mental das crianças e adultos. Seu estudo é extremamente importante,<br />

especialmente para aqueles que se preocupam com os problemas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do país, e com os milhões <strong>de</strong> indivíduos parasitados no Brasil.<br />

São vermes que possuem o corpo alongado, cilíndrico (arredondado) e que se afilam<br />

nas duas extremida<strong>de</strong>s. Com tamanho variável, dimorfismo sexual (sexos separados) nítido,<br />

mas há exceções e espécies partenogenéticas (Figura 21). Neste filo, po<strong>de</strong>m-se encontrar<br />

indivíduos parasitas ou <strong>de</strong> vida livre, com as seguintes classes: Rotifera, Gordiacea (antiga<br />

classe Nematomorfa que fazem parte os vermes górdios que no estado larvar, parasitam a<br />

cavida<strong>de</strong> geral dos artrópo<strong>de</strong>s), Priapulida e Nematoda. Destas, a que mais interessa é a<br />

última, na qual se encontram numerosas espécies parasitando animais, inclusive o homem<br />

[http://www.marcasau<strong>de</strong>.com.br/pdf/parasitologia/estudo_dos_helmintos.pdf].


Fig. 21 Exemplos <strong>de</strong> helmintos pertencentes aos filos nematelmintos e platelmintos. Extraídas<br />

<strong>de</strong> [http://bca.org/gallery/bioimages2010.html],<br />

[http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/esquistossomose/in<strong>de</strong>x.php],<br />

[http://biologiafilo.blogspot.com.br/2010/09/teniase-e-doenca-causada-por-tenias_01.html],<br />

[http://combatendoafilariose.blogspot.com.br/2009/11/o-que-e.html],<br />

[http://www.inf.furb.br/sias/parasita/Textos/parasitologia.htm] e<br />

[http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/A-F/Enterobiasis/body_Enterobiasis_il2.htm],<br />

Morfologia<br />

respectivamente em 26-09-2012.<br />

As características morfológicas são distintas para cada um dos filos:<br />

Platyhelminthes: são animais parasitas ou <strong>de</strong> vida livre, com simetria bilateral, formado pôr um<br />

ou mais segmentos achatados no sentido dorsoventral, tegumento liso ou guarnecido <strong>de</strong><br />

cílios. São divididos nas seguintes classes:<br />

1 - Classe Turbellaria: <strong>de</strong> vida livre, com corpo ciliado, tubo digestivo sem ânus,<br />

unissegmentados.


2 - Classe Polystomata: ectoparasitas <strong>de</strong> vertebrados aquáticos, com ventosas em número<br />

variável, monoxenos, tubo digestivo sem ânus, unissegmentados.<br />

3 - Classe Trematoda: endoparasitas <strong>de</strong> vertebrados, com uma ventosa anterior ou oral e uma<br />

anterior ou acetábulo, heteroxenos, tubo digestivo sem ânus, unissegmentados (Schistosoma<br />

mansoni, Fasciola hepatica).<br />

4 - Classe Cestoda: endoparasitas <strong>de</strong> vertebrados, corpo formado pôr três partes: escólex,<br />

pescoço e estróbilo, tegumento sem cílios, heteroxenos, aparelho digestivo ausente, número<br />

variável <strong>de</strong> segmentos (Taenia sp, Echinococcus granulosus, Hyminolepis sp).<br />

Nemathelminthes: são metazoários <strong>de</strong> corpo cilíndrico alongado, não segmentado, simetria<br />

bilateral, aparelho digestivo (presença <strong>de</strong> boca e ânus anterior). São divididos nas seguintes<br />

classes:<br />

1 - Classe Nematoda: aparelho digestivo completo no adulto (Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s, Toxocara<br />

sp, Enterobius vermiculares, Strongyloi<strong>de</strong>s stercoralis, Ancylostoma sp, Necator americanus,<br />

família Filariidae).<br />

2 - Classe Nematomorfa: aparelho digestivo incompleto no adulto (Schistosoma mansoni).<br />

Baseada na referência [NEVES, D. P. <strong>Parasitologia</strong> Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu,<br />

2010] e [http://www.inf.furb.br/sias/parasita/Textos/Helmintologia.html].<br />

Reprodução<br />

Geralmente são hermafroditas (po<strong>de</strong>ndo ou não fazer a autofecundação) monóicos sendo que<br />

alguns se reproduzem por partenogênese. Os platelmintos <strong>de</strong> menor porte po<strong>de</strong>m se dividir por<br />

fissão (também chamada <strong>de</strong> bipartição) é uma forma <strong>de</strong> reprodução assexuada. Os<br />

platelmintos também po<strong>de</strong>m realizar reprodução sexuada<br />

[http://biologiasilvana.blogspot.com.br/2007/05/platelmintos-so-animais-do-filo.html].<br />

Nutrição e características<br />

Possui apenas uma abertura em todo o sistema, portanto é incompleto. Constituem-se<br />

por boca, faringe e intestino ramificado que termina em fundo cego. Os cestói<strong>de</strong>s não possuem<br />

sistema digestivo. A digestão po<strong>de</strong> ser extra e intracelular<br />

[http://biologiasilvana.blogspot.com.br/2007/05/platelmintos-so-animais-do-filo.html].<br />

Patogenias<br />

Inúmeras doenças são causadas pela presença <strong>de</strong> maneira parasitária <strong>de</strong>sses<br />

organismos no ser humano. A maioria <strong>de</strong>las apresentam características endêmicas e são


tratadas como doenças negligenciadas, no entanto, outras apresentam características <strong>de</strong><br />

infecção aleatórias, mediante a exposição aos agentes <strong>de</strong> contágio. Alguns exemplos <strong>de</strong><br />

doenças são: ascaridíase (pela Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s), a elefantíase ou filaríoses (causada<br />

pela Filarioi<strong>de</strong>a sp) e esquistossomose (pelo Schistosoma mansoni).<br />

ASCARIDÍASE<br />

Uma doença que acomete milhões <strong>de</strong> pessoas no mundo, principalmente em países<br />

pobres e/ou em <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> saneamento básico ou ausência <strong>de</strong><br />

informação à população em relação às consequências do contágio com Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s,<br />

ou popularmente dizendo, a lombriga (Figura 22).<br />

Fig. 22: Da esquerda para direita, exemplos <strong>de</strong> pedaços do sistema digestivo <strong>de</strong> pacientes com<br />

infecções não controladas por Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção cirúrgica<br />

[extraído <strong>de</strong> http://janyelle-enfermagem.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html<br />

e http://www.graphicshunt.com/health/images/ascaris_lumbricoi<strong>de</strong>s-479.htm]; Ascaris<br />

lumbricoi<strong>de</strong>s [extraído <strong>de</strong> http://www.futurity.org/top-stories/worm-genome-%E2%80%98major-<br />

Agente etiológico<br />

step%E2%80%99-to-stop-killer/] em 26-09-2012.<br />

O Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s, popularmente conhecido como lombriga, é o maior nemató<strong>de</strong>o<br />

intestinal do homem. Possui coloração amarelo-rosada, três lábios em sua extremida<strong>de</strong><br />

anterior, tem uma cutícula lisa e duas linhas brancas lateralmente distribuídas pelo corpo. O<br />

verme macho adulto me<strong>de</strong> aproximadamente 15-30 cm <strong>de</strong> comprimento, a fêmea me<strong>de</strong><br />

aproximadamente 35-40 cm <strong>de</strong> comprimento.<br />

Quando adulto, o verme vive como parasita humano no interior do intestino <strong>de</strong>lgado,<br />

on<strong>de</strong> se alimenta do conteúdo intestinal, locomovendo-se facilmente sem se fixar à mucosa<br />

intestinal, po<strong>de</strong>ndo ali permanecer por cerca <strong>de</strong> seis meses. A taxa <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ovos nesse<br />

período é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 200 mil.<br />

Relatos médicos mostram que um único humano po<strong>de</strong> abrigar cerca <strong>de</strong> 500-600 vermes.


Ciclo<br />

Os ovos fecundados são eliminados pelas fezes, <strong>de</strong>senvolvem-se à temperatura entre<br />

30° C e 35° C, em ambientes com elevada umida<strong>de</strong> e oxigênio, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>senvolver-se em<br />

apenas 12 dias, dando origem a uma larva rabditói<strong>de</strong>, ainda interna ao ovo.<br />

O homem infecta-se ingerindo água contaminada ou alimentos crus infectados.<br />

Crianças ainda po<strong>de</strong>m se contaminar através do solo, pelo fato <strong>de</strong> levarem as mãos à boca e<br />

<strong>de</strong>scuido ao lavá-las. Os ovos ingeridos atravessam o estômago e as larvas são liberadas no<br />

intestino <strong>de</strong>lgado. Po<strong>de</strong>m ainda atravessar a pare<strong>de</strong> do intestino e cair na corrente sistêmica,<br />

po<strong>de</strong>ndo atingir coração ou pulmões, on<strong>de</strong> sofrem novas mudas e <strong>de</strong>pois migram pela árvore<br />

brônquica e são ou eliminados pela saliva ou <strong>de</strong>glutidos. Quando <strong>de</strong>glutidos, vão para o<br />

intestino e provocam a infecção, atingindo a maturida<strong>de</strong> e sendo capazes <strong>de</strong> reiniciar o seu<br />

ciclo pela liberação <strong>de</strong> novos ovos. O ser humano é o único hospe<strong>de</strong>iro (Figura 23).<br />

Fig. 23: Ciclo <strong>de</strong> vida e contágio da Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s na etapa <strong>de</strong> parasitismo humano<br />

[extraído <strong>de</strong> http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ascaridiase/ascaridiase-2.php] em 26-09-<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

2012.<br />

Relatos <strong>de</strong> contagio em todo o mundo, com um maior número <strong>de</strong> casos em países<br />

tropicais. No Brasil acaba sendo muito frequente. Cerca <strong>de</strong> 1,38 bilhões <strong>de</strong> pessoas estão<br />

infectadas [OMS], ou seja, 20% da população humana.


Profilaxia:<br />

Não existe uma medida eficaz para a erradicação da doença, no entanto, existem<br />

medidas paliativas para controle e minimização <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> contágio. A educação<br />

sanitária assim como uma significativa melhora no saneamento básico, com ênfase para o<br />

<strong>de</strong>stino a<strong>de</strong>quado das fezes humanas. O maior controle no tratamento da água usada para<br />

consumo humano, cuidados higiênicos no preparo dos alimentos (particularmente <strong>de</strong> verduras)<br />

e higiene pessoal são medidas fundamentais.<br />

Como o próprio ser humano facilita o contágio, seja auto-contágio ou proliferação no<br />

ambiente que ele vive, o tratamento das pessoas parasitadas passa a ser crucial para controlar<br />

a disseminação <strong>de</strong> pessoas acometidas com o contágio.<br />

Diagnóstico:<br />

O diagnóstico é feito pela observação microscópica <strong>de</strong> ovos nas fezes, através do<br />

Exame Parasitalógico <strong>de</strong> Fezes, pelo método do HPJ (Método <strong>de</strong> Sedimentação Espontânea).<br />

O diagnóstico também po<strong>de</strong> ser feito por testes imunológicos ou exames <strong>de</strong> imagem, como<br />

endoscopias, ultrassonografias e raio-x e, consequente, observação dos vermes em estágio<br />

adulto no interior do sistema digestivo do indivíduo.<br />

Tratamento:<br />

Fármacos utilizados no tratamento <strong>de</strong> ascaridíase são os azólicos como o mebendazol<br />

e o albendazol. Em casos <strong>de</strong> obstrução intestinal, o indicado é que antes da administração<br />

<strong>de</strong>sses medicamentos seja utilizado piperazina e óleo mineral. O tratamento <strong>de</strong>ve ser repetido<br />

após algumas semanas para matar larvas que possam estar migrando e, portanto, inacessíveis<br />

aos fármacos administrados por via oral, por não estarem no intestino. O tratamento <strong>de</strong>ve ser<br />

feito <strong>de</strong> imediato, mesmo com pequeno número <strong>de</strong> vermes.<br />

PROVOCAÇÂO<br />

Você conhece alguém que já foi acometido <strong>de</strong> ascaridíase? Caso positivo, faça um<br />

levantamento do ambiente e levante hipóteses <strong>de</strong> contágio. Caso negativo, elabore uma<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contágio e tratamento no seu bairro, sempre com medidas preventivas.<br />

ANCILOSTOMÍASE<br />

É uma doença causada por vermes nemató<strong>de</strong>os conhecidos como Ancylostoma<br />

duo<strong>de</strong>nale (Figura 24) e está presente principalmente no continente europeu. Nas Américas, a<br />

doença relacionada mais comum é a Necatoríase, relacionada ao verme Necator americanus.<br />

No Brasil, a doença é popularmente conhecida como amarelão.


Fig. 24: Imagens do Ancylostoma duo<strong>de</strong>nale em microscópio óptico (esquerda) e visualização<br />

da abertura bucal através <strong>de</strong> microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura (direita) [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.coladaweb.com/doencas/ancilostomiase-ou-ancilostomose e<br />

http://biomedicina.digitalnews.com.br/ancilostomiase-ou-ancilostomose/, respectivamente].<br />

Agente etiológico<br />

Os ancilostomí<strong>de</strong>os são pequenos vermes redondos, nemato<strong>de</strong>s, esbranqueçados,<br />

com 1 cm. O Ancylostoma duo<strong>de</strong>nale possui dimensões diferentes um pouco maior que o<br />

Necator americanus, seu corpo é encurvado, lembrando a letra C. O Necator apresenta outra<br />

curvatura na região esofagiana, voltada dorsalmente, pelo que imita um S alongado.<br />

Ciclo<br />

Infecção por Necator americanus<br />

Ocorre com a penetração cutânea das formas infectantes, ou seja, das larvas filariói<strong>de</strong>s<br />

embainhadas. Em contato com a pele humana, as larvas penetram utilizando as lancetas do<br />

vestíbulo bucal e suas secreções contendo enzimas. A bainha das larvas é abandonada à<br />

superfície da pele.<br />

Alcançada a circulação linfática ou sanguínea, elas são levadas ao coração e aos pulmões,<br />

aon<strong>de</strong> chegam a três ou cinco dias, começando a passagem ativa dos parasitas do interior dos<br />

capilares pulmonares para os alvéolos pulmonares. Nos pulmões tem lugar à terceira muda<br />

que produz larvas do quarto estádio. Arrastadas pelas secreções da árvore respiratória e os<br />

batimentos ciliares da mucosa dos bronquíolos, brônquios e traqueia, elas sobrem até a laringe<br />

e faringe do hospe<strong>de</strong>iro. Completa-se o ciclo pulmonar.<br />

Ao serem <strong>de</strong>glutidas com o muco, as larvas vão até ao intestino <strong>de</strong>lgado e dão início a<br />

hematofagia e 15 dias sofrem a quarta muda, e se transforma em larvas do quinto estádio,<br />

passando a ter características <strong>de</strong> um verme adulto. Tempo <strong>de</strong> penetração e até a eliminação


pelas fezes varia <strong>de</strong> 1 a 2 meses.<br />

Infecção por Ancylostoma duo<strong>de</strong>nale<br />

A infecção ocorre por via cutânea: on<strong>de</strong> ocorre a migração parasitária, realizando o<br />

ciclo pulmonar, como no Necator (Figura 25). E infecção por via oral ou ingestão <strong>de</strong> larvas<br />

através <strong>de</strong> alimentos ou água contaminada com larvas na forma infectante, larvas filariói<strong>de</strong>,<br />

on<strong>de</strong> as larvas infectantes atravessam incólume o estômago e dirigem-se para o duo<strong>de</strong>no,<br />

on<strong>de</strong> sofrem a terceira muda, penetrando na mucosa do intestino, permanecendo aí por três ou<br />

quatro dias, nessa fase se fixam à mucosa do intestino e iniciam a hematofagia; 15 dias <strong>de</strong>pois<br />

já se diferenciaram para vermes adultos. Através da infecção oral o período pré-patente é<br />

menor, em torno <strong>de</strong> 1 mês [extraído <strong>de</strong> http://biomedicina.digitalnews.com.br/ancilostomiase-<br />

ou-ancilostomose/].<br />

Fig. 25: Ciclo <strong>de</strong> vida e auto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/Ancilostomiase.php] em 02-10-2012.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Possui uma distribuição geográfica mundial infectando somente humanos. A forma<br />

infectante são as larvas filariói<strong>de</strong>s infectantes e transmissão por contato com solo areno-<br />

argiloso, úmido e sombreado contaminado com essas larvas. A penetração em humano se dá<br />

por duas portas <strong>de</strong> entrada: pele e boca.<br />

Profilaxia:<br />

Medidas paliativas como a utilização <strong>de</strong> calçados nos ambientes <strong>de</strong> possível contágio


ajudam a evitar o contato direto com o solo contaminado. O fornecimento <strong>de</strong> infra-estrutura<br />

básica para a população, principalmente em regiões carentes das cida<strong>de</strong>s. Proporcionar<br />

saneamento básico e condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> higienização coletiva e educação individual à<br />

população. Além do tratamento das pessoas doentes com o intuito <strong>de</strong> minimizar fontes <strong>de</strong><br />

propagação <strong>de</strong> novos ovos e limitar a região <strong>de</strong> contágio.<br />

Diagnóstico:<br />

Diagnóstico direto, uma vez que os ovos são característicos e visíveis através <strong>de</strong> um<br />

exame coproscópico feito com um simples esfregaço, em lâmina e microscopia, preparado com<br />

fezes e soluções fisiológicas.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento da ancilostomose <strong>de</strong>ve ser feito procurando-se atingir a eliminação dos<br />

helmintos e a reposição <strong>de</strong> ferro, causa dos sintomas <strong>de</strong> amarelamento do paciente.<br />

Quanto aos helmintos, medicamentos indicados são os <strong>de</strong>rivados do benzimidazol<br />

(albedazol e mebendazol) e <strong>de</strong> pirimidina (pamoato <strong>de</strong> pirantel). São usados não só como<br />

terapia individual, mas para terapia coletiva. A ferroterapia é utilizada por pacientes com<br />

anemia, ou seja, em um estado mais agravado da doença, e é fundamental para a recuperação<br />

do paciente.<br />

ESTRONGILOIDÍASE<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma infecção intestinal causada pelo verme nemáto<strong>de</strong> Strongylio<strong>de</strong>s<br />

stercoralis (Figura 26). Uma das características relevantes é que esse é um parasita facultativo,<br />

po<strong>de</strong>ndo viver in<strong>de</strong>finidamente no solo em forma livre.<br />

Fig. 26: Imagens do Strongylio<strong>de</strong>s stercoralis em microscópio óptico (direita) e esquema<br />

representativo da morfologia do verme (esquerda) [extraído <strong>de</strong><br />

Agente etiológico<br />

http://www.misodor.com/PARASITOSES.html].<br />

O S. stercoralis é um pequeno nemató<strong>de</strong>o fusiforme. Só fêmeas po<strong>de</strong>m ser parasitas,


logo, os machos vivem sempre livres no solo, alimentando-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos orgânicos. Durante o<br />

parasitismo, as fêmeas reproduzem-se assexuadamente por partenogénese, enquanto as<br />

formas livres são <strong>de</strong> reprodução sexual.<br />

Ciclo<br />

As fêmeas parasitam o lúmen intestinal, on<strong>de</strong> produzem assexuadamente ovos clone,<br />

portanto, todos geram à indivíduos fêmeas. As larvas eclo<strong>de</strong>m dos ovos ainda <strong>de</strong>ntro do<br />

intestino parasitado e, posteriormente, expulsas nas fezes. Algumas larvas antes <strong>de</strong> saírem nas<br />

fezes po<strong>de</strong>m penetrar na mucosa e voltam ao lúmen como formas adultas, um processo<br />

<strong>de</strong>nominado auto-infecção, mas em indivíduos imunocompetentes isto na prática não ocorre<br />

com frequência.<br />

As larvas excretadas com as fezes são as formas infecciosas. Porém se tiverem boas<br />

condições na terra on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>positadas, <strong>de</strong>senvolvem-se em formas adultas femininas <strong>de</strong><br />

vida livre alimentando-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos orgânicos. Durante a vida livre, po<strong>de</strong>m acasalar com<br />

machos, produzindo sexualmente ovos que se <strong>de</strong>senvolvem em larvas. Os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

machos continuam a viver livremente na terra, mas as larvas femininas apesar <strong>de</strong> serem<br />

capazes <strong>de</strong> sobreviver em vida livre, po<strong>de</strong> infectar o ser humano por penetração direta da pele.<br />

Após invasão <strong>de</strong> um ser humano, a larva passa para a corrente sanguínea, no lúmen<br />

das veias e passando pelo coração vai estabelecer-se no pulmão sendo posteriormente<br />

expulsa para a faringe on<strong>de</strong> é <strong>de</strong>glutida e chegando ao trato gastrointestinal. No intestino<br />

chega à forma adulta e alimenta-se do bolo alimentar do indivíduo parasitado, dando reinício ao<br />

ciclo (Figura 27).


Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Fig. 27: Ciclo <strong>de</strong> vida e auto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.misodor.com/PARASITOSES.html] em 02-10-2012.<br />

Segundo a OMS há cerca <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> pessoas infectadas. É uma doença<br />

existente em todo o mundo, sendo predominante em regiões tropicais, afetando o homem e<br />

outros primatas. A infecção é direta pela penetração das larvas através da pele, logo, é<br />

frequente em agricultores <strong>de</strong> campos irrigados.<br />

Profilaxia:<br />

Como o contágio é direto pelo contato com solo contaminado, assim como a<br />

Ancilostomíase, as medidas profiláticas são análogas às apresentadas no caso anterior.<br />

Diagnóstico:<br />

Clínico: pouco preciso em <strong>de</strong>corrência da gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> clínica.<br />

Laboratorial: realizado pela pesquisa <strong>de</strong> larvas nas amostras fecais pelo método <strong>de</strong><br />

Baerman-Moraes. Po<strong>de</strong>-se realizar procura <strong>de</strong> larvas nas secreções e coprocultura, além <strong>de</strong>


métodos imunológicos como ELISA; Imunofluorecência Indireta (IFI) e radioimunoabsorção.<br />

Tratamento:<br />

A medida tradicional é a utilização <strong>de</strong> albendazol ou tiabendazol. Recentemente, o uso<br />

<strong>de</strong> ivermectina mostrou-se mais eficaz.<br />

PRATICANDO<br />

As doenças apresentadas até aqui são bem semelhantes, discorra sobre uma maneira única<br />

<strong>de</strong> prevenção e tratamento para elas.<br />

PROVOCAÇÂO<br />

São doenças tão parecidas em maneiras <strong>de</strong> contágios e tratamentos, porque ainda existem?<br />

Po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>terminar maneiras <strong>de</strong> minimizar ou erradicar essas infecções no bairro que cada<br />

um <strong>de</strong> nós vivemos, ou mesmo no país?<br />

ENTEROBÍASE<br />

Também conhecida como enterobiose, oxiurose ou mesmo oxioríase, são os nome<br />

dados à infecção causada pelo verme Enterobius vermicularis, um nemató<strong>de</strong>o parasita <strong>de</strong><br />

mamíferos e extremamente comum em países pobres (Figura 28).<br />

Fig. 28: Imagens do Enterobius vermicularis, as setas indicam as asas cefálicas presentes nos<br />

vermes adultos [extraído <strong>de</strong> http://www.ufrgs.br/para-<br />

site/siteantigo/Imagensatlas/Animalia/Enterobius%20vermicularis.htm].<br />

Agente etiológico<br />

É um helminto nemató<strong>de</strong>o <strong>de</strong> 0,3 a 1,0 cm, conhecido como oxiúrus. Morfologicamente,<br />

apresenta como característica do verme adulto um par <strong>de</strong> asas cefálicas. Após o


acasalamento, o macho é eliminado com as fezes e a fêmea adulta se dirige até o ânus para<br />

fazer a ovipostura, principalmente à noite.<br />

Ciclo<br />

A transmissão <strong>de</strong> forma direta ocorre quando o indivíduo coça a região anal e, em<br />

seguida, coloca a mão infectada pelo verme na boca. A transmissão indiretamente ocorre pela<br />

ingestão <strong>de</strong> água contaminada ou alimento, ou mesmo ao cumprimentar uma pessoa que<br />

esteja com a mão suja contendo ovos do verme. É frequente em ambientes que possuam<br />

pessoas que tenha a doença encontrar ovos do verme em roupas <strong>de</strong> cama, toalhas e objetos<br />

da casa, sendo comuns epi<strong>de</strong>mias locais entre aqueles que habitam a mesma residência<br />

(Figura 29).<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Fig. 29: Ciclo <strong>de</strong> vida e auto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Enterob%C3%ADase] em 02-10-2012.<br />

Possui distribuição geográfica mundial, mas tem incidência maior nas regiões <strong>de</strong> clima<br />

temperado. Acredita-se que tenha sido originada no continente africano, sendo disseminada<br />

com as migrações ocorridas no passado para outros continentes.<br />

Profilaxia:<br />

A higiene permite reduzir a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação, assim como a limpeza


frequente dos quartos. Outro gran<strong>de</strong> cuidado <strong>de</strong>ve ser o banho diário e o lavar as mãos antes<br />

<strong>de</strong> qualquer refeição para evitar a reinfecção. Todos os materiais infectados ou em contato com<br />

o corpo <strong>de</strong> alguém infectado <strong>de</strong>ve ser lavado com água morna (superior a 55° C) e sabão<br />

diariamente.<br />

O uso <strong>de</strong> água sanitária diluída em água serve para <strong>de</strong>sinfetar brinquedos e roupas. A<br />

contaminação entre pessoas da mesma casa é comum.<br />

Diagnóstico:<br />

Utiliza-se a técnica dos "swabs anais", também <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> método da fita <strong>de</strong><br />

celofane a<strong>de</strong>siva e transparente, ou da fita gomada, reportada por Graham.<br />

A outra técnica não habitual <strong>de</strong>scrita na literatura é chamada <strong>de</strong> vaselina-parafina<br />

(VASPAR), on<strong>de</strong> se adota como padrão da colheita do material o horário no período matutino,<br />

antes <strong>de</strong> o paciente <strong>de</strong>fecar ou tomar um banho. Com estas técnicas, aumenta-se<br />

sensivelmente a positivida<strong>de</strong> do achado dos ovos e, se realizado em dias consecutivos, com no<br />

mínimo três coletas.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento <strong>de</strong> escolha é o pamoato <strong>de</strong> pirantel. Como terapia alternativa à<br />

participação dos benzi-midazólicos (albedazol) <strong>de</strong> uso em humanos.<br />

TRICURÍASE<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma verminose intestinal causada pelo nemató<strong>de</strong> Trichuris trichiura. Possui<br />

a forma <strong>de</strong> um chicote e quando adulto seu comprimento varia <strong>de</strong> três a cinco centímetros.<br />

Cerca <strong>de</strong> 900 milhões <strong>de</strong> pessoas estejam infectadas atualmente. Diferentemente da<br />

ascaridíase, causada pelo A. Lumbricoi<strong>de</strong>s que habita o intestino <strong>de</strong>lgado, o Trichuris trichiura<br />

permanece no intestino grosso do hospe<strong>de</strong>iro (Figura 30).


Fig. 30: Imagens do Trichuris trichiura, visualização do casal isolado (esquerda) e dos parasitas<br />

em meior ao tecido <strong>de</strong> indivíduo hospe<strong>de</strong>iro [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.inf.furb.br/sias/parasita/Textos/parasitologia.htm<br />

e http://trichuris-trichiura.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html, respectivamente] em<br />

Agente etiológico<br />

03/10/2012.<br />

O T. trichiura é um verme fusiforme nemató<strong>de</strong>o. Os vermes adultos são dióicos, com<br />

diferenciação sexual. Os machos possuem cerca <strong>de</strong> 2,5 a 4 cm <strong>de</strong> comprimento enquanto as<br />

fêmeas são maiores, cerca <strong>de</strong> 4 a 5 cm. Os ovos têm o aspecto típico <strong>de</strong> barril e<br />

aproximadamente 50 µm <strong>de</strong> comprimento.<br />

Ciclo<br />

Inicialmente, os ovos são expelidos junto às fezes <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iro infectados,<br />

permanecendo viáveis por longos períodos, po<strong>de</strong>ndo variar entre meses a anos em solo úmido<br />

e quente. Sua forma infecciosa se <strong>de</strong>senvolve a larva no seu interior. Se ingeridas, as larvas<br />

saem dos ovos no lúmen do intestino, migram para o ceco e penetram na mucosa intestinal,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo as formas adultas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns meses. As fêmeas têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

postura <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 3000 ovos/dia, excretados nas fezes. O tempo <strong>de</strong> vida das formas adultas<br />

chega a vários anos, alimentando-se do bolo intestinal. Alguns vermes po<strong>de</strong>m adquirir o hábito<br />

<strong>de</strong> hematofagia (Figura 31).


Fig. 31: Ciclo <strong>de</strong> vida e euto-contágio [extraído <strong>de</strong> http://bioinfo-<br />

aula.blogspot.com.br/2007/11/ciclo-biolgico-dos-nematelmintos.html] em 03-10-2012.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Segundo a OMS, cerca <strong>de</strong> 20% da humanida<strong>de</strong> estão principalmente em países<br />

tropicais e em locais com poucas condições higiênicas. É uma infecção cosmopolita, ou seja,<br />

infecção frequentemente paralela à infecção por Ascaris lumbricoi<strong>de</strong>s. É um parasita exclusivo<br />

<strong>de</strong> primatas.<br />

Profilaxia:<br />

A gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorias em educação sanitária, construção <strong>de</strong> fossas<br />

sépticas, criação do hábito <strong>de</strong> lavagem das mãos antes <strong>de</strong> refeições ou preparo dos alimentos.<br />

O tratamento das pessoas parasitadas para minimizar a en<strong>de</strong>mia e controle <strong>de</strong> proliferação.<br />

Outro fator importante é a eficiente proteção dos alimentos contra moscas e baratas, impedindo<br />

assim que esses insetos, trazendo em suas patas ovos por contato direto, contaminem os<br />

alimentos.<br />

Diagnóstico:<br />

O diagnóstico direto e feito pela observação ao microscópio dos ovos do parasita em<br />

amostras fecais preparadas em solução salina.


Tratamento:<br />

O tratamento mais eficiente é o utilizando os fármacos como mebendazol e oxantel que<br />

tem ação direta e matam as formas adultas no lúmen intestinal.<br />

ELEFANTÍASE OU FILARIOSE LINFÁTICA<br />

É uma doença parasitária causada por nemató<strong>de</strong>os da família Filarioi<strong>de</strong>a. Consi<strong>de</strong>rada<br />

como doença tropical infecciosa, sua forma sintomática é conhecida como filaríase linfática<br />

também conhecida como elefantíase, uma alusão ao inchaço e mudanças na pele e tecidos<br />

adjacentes do hospe<strong>de</strong>iro (Figura 32).<br />

Fig. 32: Imagens do Wuchereria bancrofti, imagem <strong>de</strong> microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura do<br />

verme (esquerda), <strong>de</strong> dois casos crônicos <strong>de</strong> elefantíase nos membros inferiores (meio) e do<br />

insetor vetor no Brasil, o mosquito do gênero Culex [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.fiocruz.br/~ccs/estetica/filariose.htm<br />

e http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/filariose/filariose-8.php] em 03/10/2012.<br />

Sua causa é a obstrução do sistema linfático pelo verme parasita, afetando<br />

principalmente as extremida<strong>de</strong>s inferiores, embora a extensão dos sintomas <strong>de</strong>penda da<br />

espécie <strong>de</strong> verme envolvido. O vetor <strong>de</strong> transmissão são os mosquitos dos gêneros Culex, e<br />

algumas espécies do gênero Anopheles, presentes nas regiões tropicais e subtropicais (Figura<br />

33). Quando o verme obstrui o vaso linfático, o e<strong>de</strong>ma é reversível, no entanto, a prevenção é<br />

a melhor atitu<strong>de</strong>.


Fig. 33: Distribuição mundial da doença segundo a OMS (em amarelo). Nota-se a conservação<br />

<strong>de</strong> casos em regiões tropicais do planeta. [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.usfsalgadinhositionovo.com/2010/10/programa-<strong>de</strong>-eliminacao-da-filariose-e.html] em<br />

Agente etiológico<br />

03/10/2012<br />

As formas adultas são vermes nemató<strong>de</strong>os. As fêmeas são maiores que os machos e a<br />

reprodução é exclusivamente sexual, com geração <strong>de</strong> microfilárias. Estas são pequenas larvas<br />

fusiformes.<br />

Existem nove nematói<strong>de</strong>s filariais conhecidos, que usam os humanos como<br />

hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>finitivos. São divididos em três grupos <strong>de</strong> acordo com o nicho que ocupam<br />

<strong>de</strong>ntro do corpo:<br />

filariose linfática;<br />

filariose subcutânea;<br />

filariose da cavida<strong>de</strong> serosa.<br />

A filariose linfática é causada pelos vermes Wuchereria bancrofti , Brugia malayi e<br />

Brugia timori. Essas filárias ocupam o sistema linfático, incluindo os gânglios, causando<br />

linfo<strong>de</strong>mas e, em casos crônicos, levando à doença conhecida como elefantíase.<br />

A filariose subcutânea é causada por loa loa (a "larva do olho"), Mansonella<br />

streptocerca , Onchocerca volvulus e Dracunculus medinensis (o "verme da Guiné"). Esses<br />

vermes ocupam a camada subcutânea <strong>de</strong> gordura.<br />

A filariose da cavida<strong>de</strong> serosa é causada pelos vermes Mansonella perstans e<br />

Mansonella ozzardi , que ocupam a cavida<strong>de</strong> serosa do abdômen.


Em todos os casos, os vetores <strong>de</strong> transmissão são insetos sugadores <strong>de</strong> sangue<br />

(moscas ou mosquitos), ou copépo<strong>de</strong> crustáceos no caso do Dracunculus medinensis.<br />

Ciclo<br />

As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos Culex, Mansonia ou Ae<strong>de</strong>s,<br />

Anopheles. Da corrente sanguínea, elas dirigem-se para os vasos linfáticos, on<strong>de</strong> se maturam<br />

nas formas adultas sexuais. Após cerca <strong>de</strong> oito meses da infecção inicial, começam a produzir<br />

microfilárias que surgem no sangue, assim como em muitos órgãos.<br />

O mosquito é infectado quando pica um ser hospe<strong>de</strong>iro infectado. Dentro do mosquito<br />

as microfilárias modificam-se em formas infectantes, que migram principalmente para os lábios<br />

do mosquito, assim quando o hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo for picado, a larva escapa do mosquito e cai<br />

na corrente sanguínea do homem (seu único hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo) (Figura 34).<br />

Fig. 34: Ciclo <strong>de</strong> vida do parasita [extraído <strong>de</strong> http://megaarquivo.com/2012/08/17/6553-<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

doencas-tropicais-a-elefantiase/] em 03-10-2012.<br />

Cerca <strong>de</strong> 120 milhões <strong>de</strong> pessoas em todo o mundo, segundo dados da OMS. A<br />

existência é diversificada para cada espécime <strong>de</strong> parasita em regiões distintas do mundo.<br />

O Wuchereria bancrofti existe nos continentes africano, asiático e sul americano, o que<br />

inclui o Brasil. No Brasil o vetor primário e principal é o Culex quinquefasciatus.


O Brugia malayi está limitado ao Subcontinente Indiano e a algumas regiões da Ásia<br />

oriental. O transmissor po<strong>de</strong> ser qualquer mosquito dos gêneros Anopheles, Culex ou<br />

Mansonia.<br />

Por fim, o Brugia timori existe em Timor-Leste e Oci<strong>de</strong>ntal e na Indonésia e é<br />

transmitido por mosquitos do gênero Anopheles.<br />

No Brasil, as regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste são as mais afetadas especialmente on<strong>de</strong> não<br />

há tratamento apropriado <strong>de</strong> água e esgoto. Gran<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>mias na década <strong>de</strong> 50 e 60,<br />

minimizadas com a urbanização e combate aos vetores.<br />

Como o parasita só se <strong>de</strong>senvolve em condições úmidas com temperaturas altas,<br />

casos na Europa e América do Norte são importados <strong>de</strong> indivíduos provenientes <strong>de</strong> regiões<br />

tropicais.<br />

Profilaxia:<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fármacos administrados como prevenção e criação <strong>de</strong><br />

inseticidas eficientes.<br />

Aconselha-se a utilização <strong>de</strong> roupas que cubram o máximo possível da pele, repelentes<br />

<strong>de</strong> insetos e dormir protegido com re<strong>de</strong>s e evitar <strong>de</strong>ixar águas paradas.<br />

Diagnóstico:<br />

O diagnóstico po<strong>de</strong> ser feito por cinco formas:<br />

• Busca direta <strong>de</strong> microfilárias: realizado através <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> gota espessa, análise<br />

direta do sangue, método <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> Knott e filtração <strong>de</strong> membrana <strong>de</strong><br />

policarbonato.<br />

• Busca <strong>de</strong> vermes adultos: realizado através <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> biópsias linfonodais e US<br />

(<strong>de</strong>tecta a movimentação dos vermes e dilatação dos vasos linfáticos).<br />

• Diagnóstico sorológico: realizado com a pesquisa <strong>de</strong> anticorpo IgG-4, método <strong>de</strong><br />

ELISA e teste <strong>de</strong> imunocromatografia rápida.<br />

• Diagnóstico molecular: realização <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> PCR (reação em ca<strong>de</strong>ia da<br />

polimerase) <strong>de</strong> genes específicos, eosinofilia e presença <strong>de</strong> linfócitos na urina.<br />

• Diagnóstico por imagem: realizado por linfocintigrafia (exame com contrastedos<br />

vasos linfáticos).<br />

Tratamento:<br />

Realizado através <strong>de</strong> medicamentos, <strong>de</strong> acordo com as manifestações clínicas<br />

resultantes da infecção pelos vermes adultos e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo e grau <strong>de</strong> lesão que estes


vermes provocaram e suas consequências clínicas. Comumente usa-se a dietilcarbamazina,<br />

que elimina as microfilárias e o verme adulto. Casos extremamente graves <strong>de</strong>vem recorrer a<br />

cirurgia reparadora (fase crônica da doença). É necessário o tratamento <strong>de</strong> infecções<br />

secundárias que se aproveitam do momento <strong>de</strong>bilitado do paciente.<br />

PRATICANDO<br />

A filariose atua <strong>de</strong> maneira distinta das <strong>de</strong>mais doenças causadas por helmintos. Discorra<br />

quais as semelhanças e as diferenças. Po<strong>de</strong>mos comparar a um ciclo <strong>de</strong> algum protozoário<br />

parasítico? Qual?<br />

CISTICERCOSE HUMANA<br />

É uma doença provocada pelas larvas (cisticerco) da Taenia solium, um parasita<br />

também conhecido como solitária (Figura 35). O cisticerco recebe um nome <strong>de</strong> acordo com a<br />

carne que ele infecta: Cysticercus bovis (proveniente <strong>de</strong> carne bovina) e Cysticerius celulosae<br />

(proveniente <strong>de</strong> carne suína).<br />

Fig. 35: Imagens dos cistos, visualização em corte histológico <strong>de</strong> cérebro <strong>de</strong> humano<br />

acometido pela cisticercose (esquerda) presença <strong>de</strong> cisto em intestino <strong>de</strong> paciente (meio) e<br />

tomografia <strong>de</strong> RMN computadorizada, as setas evi<strong>de</strong>nciam as posições <strong>de</strong> dois cistos no<br />

cérebro <strong>de</strong> paciente humano (setas) [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cisticercose/cisticercose-2.php,<br />

http://sau<strong>de</strong>animal.blogspot.com.br/2007_02_01_archive.html e<br />

http://www.rb.org.br/<strong>de</strong>talhe_artigo.asp?id=1329, respectivamente] em 03/10/2012.<br />

Em humanos, a doença po<strong>de</strong> ser assintomática ou <strong>de</strong>morar muitos anos para se<br />

<strong>de</strong>senvolver. Tem como principal característica a formação <strong>de</strong> cisticercos localizados nos<br />

músculos, coração, pulmões, olhos e, no caso mais grave, no cérebro. Doença extremamente<br />

relacionada à teníase, por motivos óbvios.<br />

Agente etiológico


Causado pelas larvas <strong>de</strong> duas espécies <strong>de</strong> parasitas humanos, a Taenia solium e a<br />

Taenia saginata. A transmissão se dá pela ingestão <strong>de</strong> alimentos com ovos do agente causador<br />

ou contato com fezes infectadas.<br />

Ciclo<br />

Através da ingestão <strong>de</strong> alimentos contaminados por fezes humanas que contenham<br />

ovos das espécies <strong>de</strong> Tênia. Principalmente, verduras e legumes mal lavados po<strong>de</strong>m transmitir<br />

a doença. Um indivíduo portador <strong>de</strong> teníase po<strong>de</strong> se reinfestar ao ir ao banheiro e não lavar<br />

bem as mãos, levando-os à boca em seguida ou tocando alimentos. É frequente em locais sem<br />

saneamento básico e com higiene precária (Figura 36).<br />

Fig. 36: Ciclo <strong>de</strong> vida e euto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://biologiaparaestudantes.blogspot.com.br/2011/04/teniase-e-cisticercose.html] em 03-10-<br />

2012.


Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Segundo a OMS, cerca <strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> indivíduos estão infectados pelo complexo<br />

teníase/cisticercose e aproximadamente 50 mil morrem anualmente.<br />

A neurocisticercose é o caso mais grave, ocorre quando o cisticerco se fixa em regiões<br />

no cérebro do paciente. Não é representativa em países <strong>de</strong>senvolvidos. Nos EUA<br />

nãoapresentava um número significantes <strong>de</strong> casos, no entanto, nas últimas duas décadas<br />

elevaram-se <strong>de</strong>vido ao fator migratório dos países latino-americanos. Na Ásia, a doença<br />

mostra-se frequente nas Filipinas, Tailândia, Coréia do Sul e, principalmente, na China e na<br />

Índia. Na África, a incidência varia em relação à população e sua religião.<br />

A América Latina já é relatada a existência <strong>de</strong> neurocisticercose em 18 países, com<br />

uma estimativa <strong>de</strong> 350 mil indivíduos. No Brasil, é encontrada com elevada frequência em São<br />

Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.<br />

Profilaxia:<br />

Algumas medidas básicas <strong>de</strong> saneamento e até mesmo <strong>de</strong> bom senso, como: não<br />

<strong>de</strong>fecar ao ar livre e lavar sempre as mãos, principalmente antes <strong>de</strong> se alimentar ou manusear<br />

os alimentos e após usar o sanitário. Não utilizar fezes humanas, nem esgoto como adubo e<br />

não irrigar horta com água <strong>de</strong> rio. Lavar bem as frutas e verduras antes <strong>de</strong> prepará-las. Utilizar<br />

água para consumo apenas se estiver tratada. Caso haja a utilização <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> suínos,<br />

cozinhar muito bem.<br />

Diagnóstico:<br />

O diagnóstico <strong>de</strong>sta infecção em diversos casos resulta difícil e po<strong>de</strong> requerer vários<br />

tipos <strong>de</strong> testes. Para i<strong>de</strong>ntificar lesões são necessárias radiografias, tomografias<br />

computadorizadas, exame do líquido cefalorraquidiano, provas sorológicas, biópsia dos<br />

tecidos. Mesmo não sendo precisos, os exames <strong>de</strong> sangue também po<strong>de</strong>m ser solicitados.<br />

Tratamento:<br />

Varia <strong>de</strong> acordo com a localização dos cisticercos, período <strong>de</strong> contaminação e estado<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do paciente.<br />

Utilizam-se medicamentos antiparasitários, comumente combinados com<br />

antinflamatórios. Para alguns casos, é necessário extirpar a área infectada através <strong>de</strong> um<br />

procedimento cirúrgico. A cisticercose po<strong>de</strong> causar diminuição da visão e até mesmo cegueira<br />

em alguns casos, assim como po<strong>de</strong> provocar dores abdominais, anorexia, insuficiência<br />

cardíaca, ritmo cardíaco anormal, convulsões, aumento da pressão intracerebral e até mesmo<br />

o óbito do indivíduo.<br />

Não são todos os casos <strong>de</strong> cisticercose que po<strong>de</strong>m ser tratados. Em caso <strong>de</strong> lesões


cardíacas, dano cerebral ou cegueira, normalmente ainda é possível o tratamento do paciente.<br />

TENÍASE<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma infecção intestinal causada pelos mesmos dois parasitas causadores<br />

da cisticercose, a Taenia solium e a Taenia saginata (Figura 37).<br />

Fig. 37: Imagens dos organismos, visualização <strong>de</strong> um indivíduo adulto (esquerda) <strong>de</strong>talhes das<br />

proglotes e escoléx do organismo [extraído <strong>de</strong> http://www.ckirner.com/midias/animais/pag/pag-<br />

14/in<strong>de</strong>x.html e http://mccorreia.com/verminose/teniase.htm, respectivamente] em 03/10/2012.<br />

Teníase e cisticercose são causadas pelo mesmo parasita, porém com uma fase <strong>de</strong> vida<br />

diferente. A teníase ocorre <strong>de</strong>vido a presença <strong>de</strong> Taenia solium adulta ou Taenia saginata<br />

<strong>de</strong>ntro do intestino <strong>de</strong>lgado dos humanos, que são os hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>finitivos, po<strong>de</strong>ndo levar a<br />

casos graves <strong>de</strong> anemia e problemas para absorção alimentar.<br />

Ciclo<br />

O homem portador da teníase apresenta o parasita em seu intestino <strong>de</strong>lgado e é seu<br />

hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo. As tênias são hermafroditas, sendo que os proglotes maduros, isto é,<br />

aptos à reprodução, possuem em seu interior, um aparelho reprodutor masculino e um<br />

feminino, o que ocasionado que os espermatozói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um proglote fecundam os óvulos <strong>de</strong><br />

outro no mesmo animal. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ovos produzidos chega a 80 mil em cada proglote. Os<br />

proglotes grávidos se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>m periodicamente e são eliminados junto com as fezes.<br />

Os hospe<strong>de</strong>iros intermediários são suínos e os bovinos, que se infectam ingerindo<br />

água ou alimentos contaminados com ovos ou proglotes eliminados nas fezes humanas.<br />

Dentro do intestino do animal, os embriões <strong>de</strong>ixam a proteção dos ovos e perfuram a mucosa<br />

intestinal. Através da circulação sanguínea, alcançam os músculos e o fígado do suíno, em<br />

forma <strong>de</strong> larvas (cisticercos). Quando o homem se alimenta <strong>de</strong> carne suína/bovina crua<br />

contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o cisto que se fixa nas<br />

pare<strong>de</strong>s intestinais, evoluindo então para a forma adulta (Figura 38).


Fig. 38: Ciclo <strong>de</strong> vida e auto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_<strong>de</strong>_aula/biologia/parasitoses/verminoses/ver<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

minoses_teniase_cisticercose] em 03-10-2012.<br />

Idêntica à mencionada anteriormente para a Cisticercose.<br />

Profilaxia:<br />

Como já mencionado, consiste na educação sanitária para que não contamine o meio<br />

ambiente com fezes, faça uso <strong>de</strong> instalações sanitárias a<strong>de</strong>quadas, lave as mãos após usar o<br />

sanitário e antes <strong>de</strong> manipular alimentos, em cozinhar bem as carnes e não consumir carnes<br />

mal cozidas e mal assadas.<br />

Entre as medidas profiláticas <strong>de</strong>ve também existir um bom saneamento básico,<br />

vermifugação dos rebanhos bovino e suíno (hospe<strong>de</strong>iros intermediários), e congelar/irradiar as<br />

carnes para haver <strong>de</strong>sparasitação massiva do hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>finitivo, o homem.<br />

Diagnóstico:<br />

Observação das proglotes e ou ovos em exames <strong>de</strong> fezes simples com diluição em<br />

solução salina realizados periodicamente em pacientes com suspeitas <strong>de</strong> serem hospe<strong>de</strong>iros.<br />

Tratamento:


Consiste na aplicação <strong>de</strong> niclosamida, havendo outros medicamentos alternativos<br />

como diclorofeno, mebendazol ou albendazol. Popularmente, o chá <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> abóbora<br />

dito como remédio e auxiliar no tratamento, no entanto, <strong>de</strong>ve-se ressaltar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

utilização <strong>de</strong> fármaco no tratamento.<br />

PRATICANDO<br />

A cisticercose e teníase são meramente diferentes alocações para o mesmo agente externo.<br />

Como evitá-lo, e sugira propostas <strong>de</strong> erradicação <strong>de</strong>ssas duas doenças parasitárias.<br />

HIMENOLEPÍASE<br />

Infecção observada em seres humanos e roedores <strong>de</strong>nominados himenolepíase,<br />

causada pelo Hymenolepis nana, uma espécie <strong>de</strong> tênia. Caso a infecção do indivíduo seja<br />

severa, po<strong>de</strong>rá causar forte diarréia, perda <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong>snutrição, <strong>de</strong>sidratação e forte dor<br />

abdominal. É a única tênia que infecta o homem sem um hospe<strong>de</strong>iro intermediário obrigatório<br />

(Figura 39).<br />

Fig. 39: Visualização do verme causador da himenolepíase (esquerda) e dos cistos produzidos<br />

durante a infestação em humanos (direita) [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.infoescola.com/doencas/himenolepiase/<br />

e http://sau<strong>de</strong>animal.blogspot.com.br/2007_02_01_archive.html] em 03/10/2012.<br />

Agente etiológico<br />

A Hymenolepis nana me<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4 cm. Cada proglote madura possui genitália<br />

masculina e feminina, porém a proglote grávida apresenta apenas o útero abarrotado <strong>de</strong> ovos.<br />

O escólex possui quatro ventosas e um rostro retrátil, armado com 20 a 30 ganchos ou<br />

acúleos. Ocorre a produção <strong>de</strong> ovos e possui larvas cisticercói<strong>de</strong>s.<br />

Ciclo<br />

Ciclo monoxênico: eliminação dos ovos juntos as fezes. No exterior, po<strong>de</strong> contaminar<br />

qualquer humano através do contato com alimentos ou nas mãos sujas. Ao chegar ao


estômago, o embrióforo é semidigerido pelo suco gástrico e chega ao duo<strong>de</strong>no, on<strong>de</strong> eclo<strong>de</strong> e<br />

pren<strong>de</strong>-se nas microvilosida<strong>de</strong>s do jejuno ou do íleo, em quatro dias dá origem a uma larva<br />

cisticercói<strong>de</strong>. Cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias <strong>de</strong>pois essa larva já está madura, soltando-se, <strong>de</strong>senvagina-se<br />

e fixa-se pelo rastro e ventosas ao hábitat <strong>de</strong>finitivo. Logo já está na fase madura e inicia a<br />

eliminação <strong>de</strong> proglotes maduras. Possui vida curta, sendo eliminado nas fezes. Se não houver<br />

reinfecção, o parasitismo encerra-se (Figura 40).<br />

Ciclo heteróxeno: os ovos que alcançaram o meio exterior, especialmente os presentes nas<br />

frestas <strong>de</strong> assoalhos ou em locais on<strong>de</strong> se armazenam alimentos, são ingeridos por larvas dos<br />

insetos. No intestino <strong>de</strong> algum <strong>de</strong>sses hospe<strong>de</strong>iros intermediários, transforma-se em larva<br />

cisticercói<strong>de</strong>. Essa larva continua no inseto após a larva do mesmo se tornar adulto. Logo, os<br />

humanos po<strong>de</strong>m-se infectar ao ingerir aci<strong>de</strong>ntalmente larvas ou insetos adultos contendo as<br />

larvas cisticercói<strong>de</strong>s (Figura 40).<br />

Fig. 40: Ciclo <strong>de</strong> vida e euto-contágio [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.fcfrp.usp.br/dactb/<strong>Parasitologia</strong>/Arquivos/Genero_Hymenolepis.htm] em 03-10-2012.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Sua infecção ocorre em todo o mundo, com maior frequência no sul dos Estados<br />

Unidos, América Latina, é comum na Índia, Oriente Médio, Austrália e países do Mediterrâneo.


Em regiões <strong>de</strong> clima temperado a infecção em crianças, e grupos fechados é mais alta.<br />

As crianças são mais susceptíveis a esse tipo <strong>de</strong> verme; em crianças <strong>de</strong>snutridas sua<br />

infestação é mais intensa. Estima-se que atinja 75 milhões <strong>de</strong> pessoas no mundo, que vivem<br />

aglomeradas em baixas condições sociais e sanitárias.<br />

Profilaxia:<br />

Principalmente da higiene individual e coletiva e da Educação sanitária da população.<br />

O combate aos insetos domésticos tais como carunchos e pulgas, é altamente recomendável;<br />

esse combate po<strong>de</strong> ser feito com relativa facilida<strong>de</strong>, varrendo-se (ou passando-se o aspirador-<br />

<strong>de</strong>-pó) diariamente no canil, no domicílio e incinerando-se a sujeira recolhida.<br />

Diagnóstico:<br />

É feito através da i<strong>de</strong>ntificação microscópica dos ovos nas fezes. Sendo as vezes<br />

necessário repetir o exame para fechar o diagnóstico.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento é eficaz com os medicamentos praziquantel, Teniacid ou niclosamida. Os<br />

resultados são muito eficientes, mas em <strong>de</strong>corrência da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-infecção interna<br />

é importante a repetição do medicamento com o intervalo <strong>de</strong> duas semanas. Além disso, é<br />

importante uma a<strong>de</strong>quada higienização do ambiente e cuidados higiênicos das pessoas<br />

participantes do grupo familiar ou coletivo.<br />

ESQUISTOSSOMOSE<br />

A esquistossomose é uma doença crônica, endêmica e consi<strong>de</strong>rada como doença<br />

negligenciada. Causada por platelmintos parasitas do gênero Schistosoma (Figura 41).


Fig. 41: Visualização do verme causador da esquistossomose (esquerda) através <strong>de</strong><br />

microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura e observação do casal separado. Ao centro, menino<br />

acometido pela doença também conhecida como barriga d'agua e o molusco hospe<strong>de</strong>iro<br />

secundário. À Esquerda, microscopia <strong>de</strong> varredura mostrando o casal <strong>de</strong> parasitas unidos<br />

[extraído <strong>de</strong> http://www.brasilescola.com/doencas/esquistossomose.htm,<br />

http://www.mundoeducacao.com.br/doencas/esquistossomose.htm<br />

e http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/10/05/fiocruz-realiza-12o-simposio-<br />

internacional-<strong>de</strong>-esquistossomose-no-rio-<strong>de</strong>-janeiro] em 03/10/2012.<br />

Agente etiológico<br />

Existem seis espécies <strong>de</strong> Schistosoma que po<strong>de</strong>m causar a esquistossomose ao<br />

homem: S. hematobium, S. intercalatum, S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S.<br />

mekongi. Destas, apenas S. mansoni é encontrada no continente americano.<br />

Ciclo<br />

O ciclo <strong>de</strong> vida se inicia no caramujo do gênero Biomphalaria (B. glabrata, no Brasil),<br />

estes são hospe<strong>de</strong>iros intermediários do Schistosoma, albergando o ciclo assexuado. Nos seus<br />

tecidos multiplicam-se os esporocistos, dando mais tar<strong>de</strong> origem às formas <strong>de</strong> cercárias<br />

multicelulares, que abandonam o molusco e nadam na água. O homem é contaminado ao<br />

entrar em contato com as águas dos rios on<strong>de</strong> existem estes caramujos infectados, dando<br />

início à Esquistossomose. Se estas larvas encontrarem um ser humano na água, penetram<br />

pela pele nua e intacta, ou pelas mucosas, como da boca e esófago após ingestão da água,


anal ou genital. Ela continua a penetrar os tecidos até encontrar pequenos vasos sanguíneos,<br />

então viaja passando pelo coração e atinge os pulmões pelas artérias pulmonares, on<strong>de</strong> se<br />

fixa.<br />

Após alguns dias ocorre à transformação para a forma jovem, liberam-se e migram<br />

pelas veias pulmonares, coração e artéria Aorta até atingirem o fígado. Lá ocorre o<br />

amadurecimento das larvas em formas sexuais macho e fêmea, e o acasalamento (forma<br />

sexuada). Após este acasalamento, os parasitas migram juntos (a fêmea no canal ginecóforo<br />

do macho), contra o fluxo sanguíneo (migração retrógrada), atingindo as veias mesentéricas e<br />

do plexo hemorroidário superior (ou no caso do S.hematobium o plexo vesical da bexiga). Os<br />

parasitas põem milhares <strong>de</strong> ovos todos os dias, durante anos (entre três e quarenta anos) e no<br />

caso do Schistosoma mansoni, acredita-se que sua longevida<strong>de</strong> perdure pelo dobro que as<br />

<strong>de</strong>mais espécies. Esses passam do lúmen dos vasos sanguíneos ao lúmen do intestino ou<br />

bexiga simplesmente <strong>de</strong>struindo todos os tecidos intervenientes.<br />

Não são todos os ovos que passarão para o lúmen do intestino, sendo assim, os ovos<br />

que continuarão na circulação serão arrastados pela corrente sanguínea até chegar ao fígado<br />

via veia porta, on<strong>de</strong> se estabelecerá e provocará um processo inflamatório circunscrito ao ovo,<br />

e este processo evoluirá para um tecido circunscrito fibroso cicatricial, e o conjunto <strong>de</strong>sta<br />

reação inflamatória e o ovo do Schistosoma no fígado chama- se granuloma hepático. Estes<br />

atravessam as pare<strong>de</strong>s dos vasos sanguíneos, causando danos tanto com os seus espinhos<br />

como pela reação inflamatória do sistema imunitário que lhes reage. Atingindo o intestino são<br />

eliminados pelas fezes (ou no caso do S.hematobium atingem a bexiga e são libertados na<br />

urina). Os ovos, em contato com a água, liberam os miracídios que nadam livres até encontrar<br />

um caramujo (caracol aquático), penetrando-o. Dentro do caramujo ocorre à multiplicação da<br />

forma assexuada, o esporocisto, que se <strong>de</strong>senvolvem na forma larvar que é libertada seis<br />

semanas após a infecção do caramujo, novamente recomeçando o ciclo (Figura 42).


Fig. 42: Ciclo <strong>de</strong> vida [extraído <strong>de</strong> http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquistossomose] em 03-10-2012.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Números da OMS indicam também que 800 milhões <strong>de</strong> pessoas vivem em zonas <strong>de</strong><br />

risco da doença, que atualmente é tratada com antiparasitários, que não eliminam o risco <strong>de</strong><br />

novas infeções. A esquistossomose é a segunda doença parasitária mais <strong>de</strong>vastadora, atrás da<br />

malária, segundo a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>. Na América do Sul e no Caribe estimam-<br />

se vários milhões <strong>de</strong> casos. No Brasil, admite-se existir mais <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> indivíduos<br />

infectados. A gravida<strong>de</strong> que assume a doença em muitos casos e o déficit orgânico que produz,<br />

faz da Esquistossomose um dos mais sérios problemas da saú<strong>de</strong> pública, e pesado fardo para<br />

as populações das áreas endêmicas (Figura 43).


Fig. 43: Distribuição mundial da doença segundo a OMS [extraído <strong>de</strong><br />

http://alpha.cpqrr.fiocruz.br:81/labes/paginas/pagina_interna_disc.asp?cod_menudisc=17&cod_<br />

Profilaxia:<br />

submenu=9] em 03/10/2012<br />

Saneamento básico com esgotos e água tratados. Erradicação dos caramujos que são<br />

hospe<strong>de</strong>iros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas <strong>de</strong> borracha com<br />

solado anti<strong>de</strong>rrapante. Informar a população das medidas profiláticas da doença. Evitar entrar<br />

em contato com água que contenha cercárias.<br />

Diagnóstico:<br />

Os ovos po<strong>de</strong>m ser encontrados no exame parasitalógico <strong>de</strong> fezes, mas nas infecções<br />

recentes o exame apresenta baixa sensibilida<strong>de</strong>. Para aumentar a sensibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser<br />

usados <strong>de</strong> coproscopia qualitativa, como Hoffman ou quantitativo, como Kato-Katz. A eficácia<br />

com três amostras chega apenas a 75%.<br />

O hemograma <strong>de</strong>monstra leucopenia, anemia e plaquetopenia. Ocorrem alterações das<br />

provas <strong>de</strong> função hepática, com aumento <strong>de</strong> TGO, TGP e fosfatase alcalina. Embora crie a<br />

hipertensão portal, classicamente a esquistossomose preserva a função hepática. Assim, os<br />

critérios <strong>de</strong> Child-Pught, úteis no cirrótico, nem sempre funcionam no esquistossomótico que<br />

não tem associado hepatite viral ou alcoólica.<br />

A ultra-sonografia em mãos experientes po<strong>de</strong> fazer o diagnóstico, sendo<br />

patognomônico a fibrose e espessamento periportal, hipertrofia do lobo hepático esquerdo e<br />

aumento do calibre da mesentérica superior. A biopsia retal é uma técnica também utilizável,<br />

tendo uma sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 80%.


Tratamento:<br />

O tratamento é feito com antiparasitários como o praziquantel ou a oxamniquina para<br />

matar o parasita <strong>de</strong>ntro do corpo e dura 1 ou 2 dias. Recentemente, pesquisadores <strong>de</strong> a<br />

FIOCRUZ dizer haver <strong>de</strong>senvolvido uma vacina baseados no isolamento <strong>de</strong> uma proteína<br />

essencial ao parasita, a SM14. Essa vacina ainda entrará em fase <strong>de</strong> teste.<br />

PARA REFLETIR<br />

Vimos as principais doenças infecciosas acometidas por helmintos. Não sei se notaram, quais<br />

e quantas <strong>de</strong>las não são presentes no Brasil? É coincidência? Descaso? Não conhecimento?<br />

Qual a sua opinião? Descreva maneiras <strong>de</strong> erradicá-las e medidas paliativas para melhoras as<br />

condições <strong>de</strong> vida dos indivíduos hospe<strong>de</strong>iros.<br />

PRATICANDO<br />

Faça uma tabela comparando todas as doenças apresentadas nesse capítulo 2. Usem como<br />

comparativos: Agente causador, Agente vetor, Sintomas, Métodos profiláticos e <strong>de</strong> diagnósticos<br />

e semelhanças entre as doenças apresentadas. Somado a isso, compare com as doenças<br />

apresentadas no Capítulo 1, monte agora uma tabela com as informações <strong>de</strong>sses dois<br />

capítulos apresentados.<br />

SINTETIZANDO E ENRIQUECENDO NOSSAS INFORMAÇÕES<br />

Para uma visão geral do diagnóstico clínico e dos diversos métodos utilizados para cada uma<br />

das enteroparasitoses aqui tratadas: http://www.fmt.am.gov.br/manual/parasitose.htm<br />

CAPÍTULO 6 - Artrópo<strong>de</strong>s<br />

Ectoparasita ou parasitas externos são os tipos <strong>de</strong> parasitas que se instalam fora do<br />

corpo do hospe<strong>de</strong>iro, como no caso <strong>de</strong> piolhos, ácaro vermelho, pulgas e carrapatos (Figura<br />

44).


Fig. 44 Exemplos <strong>de</strong> artrópo<strong>de</strong>s parasitários. Retirado <strong>de</strong><br />

http://www.insecta.ufv.br/Entomologia/ent/disciplina/ban%20160/Importancia%20medica/INSET<br />

OS%20E%20%E7CAROS%20DE%20IMPO~<strong>de</strong>.htm, em 04-10-2012.<br />

Como são organismos bem diferenciados, não vamos especificar características <strong>de</strong><br />

nutrição, reprodução e morfologia para cada integrante <strong>de</strong>sse capítulo.<br />

Patogenias<br />

Algumas doenças são causadas pela presença <strong>de</strong> maneira parasitária <strong>de</strong>sses<br />

organismos no ser humano. Exemplos <strong>de</strong> doenças são: sarna e a ftirose<br />

ESCABIOSE<br />

A sarna é uma infecção parasitária contagiosa ocorrente na pele <strong>de</strong> animais, incluindo<br />

o homem e é causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei (Figura 45).<br />

Fig. 45: Da esquerda para direita, indícios <strong>de</strong> sarna na pele <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iro humano, imagens<br />

do parasita por diferentes posicionamentos e <strong>de</strong> seu ovo, mão <strong>de</strong> paciente com sarna, aspecto<br />

<strong>de</strong> vermelhidão e pequenas bolhas [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=0&letter=F&min=51<br />

0&or<strong>de</strong>rby=titleA&show=10<br />

e http://www.conhecersau<strong>de</strong>.com/adultos/3137-Escabiose-Sarna.html] em 04-10-2012.


Agente etiológico<br />

Artrópo<strong>de</strong> parasita <strong>de</strong> animais domésticos e do homem, causando uma doença<br />

conhecida como escabiose no homem e sarna sarcóptica nos animais.<br />

Ciclo<br />

É transmitida pelo contato direto entre pessoas, sendo uma doença comum entre seres<br />

humanos e não está associada diretamente com a falta <strong>de</strong> higiene. Não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

uma DST, pois a transmissão po<strong>de</strong> ocorrer em qualquer situação ou ambiente que propicie o<br />

contato com o ácaro. A transmissão através <strong>de</strong> outros contatos físicos não sexuais é bem mais<br />

rara, embora seja possível. Normalmente o contágio se dá a partir <strong>de</strong> outro ser humano.<br />

O ácaro é capaz <strong>de</strong> perfurar e penetrar a pele em questão <strong>de</strong> minutos. Isso leva a uma<br />

coceira intensa, associada a lesões <strong>de</strong> pele causadas pela penetração do ácaro e pelas<br />

coçaduras. Às lesões, seguem-se infecções secundárias que po<strong>de</strong>m ser bem mais graves,<br />

especialmente em pacientes portadores <strong>de</strong> HIV ou outras doenças imunológicas. As áreas<br />

preferenciais <strong>de</strong> infecção são os punhos, as axilas, o ventre, as ná<strong>de</strong>gas, os seios e os órgãos<br />

genitais masculinos.<br />

A postura das fêmeas (ovíparas) é feita em parcelas, abaixo da epi<strong>de</strong>rme do<br />

hospe<strong>de</strong>iro. Com incubação <strong>de</strong> três a cinco dias, ocorrendo posteriormente eclosão <strong>de</strong>sses<br />

ovos, surgindo as larvas. Com o <strong>de</strong>senvolvimento das larvas, o ácaro passa ao estágio <strong>de</strong><br />

ninfa. Essa transformação <strong>de</strong> larva para ninfa po<strong>de</strong> ocorrer na “galeria” ou na pele. A ninfa<br />

passa a adultos imaturos na pele. Após a fertilização, esses são consi<strong>de</strong>rados adultos. Durante<br />

as trocas <strong>de</strong> fases, os ácaros sofrem ecdise (muda da pele), possibilitando que esses cresçam.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Sua distribuição é cosmopolita e é totalmente <strong>de</strong>mocrática em sua escolha das vítimas.<br />

A prevalência é global é <strong>de</strong> aproximadamente 300 milhões <strong>de</strong> casos.<br />

Profilaxia:<br />

Ter uma boa higiene diária e lavar sempre a roupa quando se esteve em contato com<br />

alguém infectado.<br />

Diagnóstico:<br />

Áreas alopécicas na região da face, membros ou dorso. Eritema (vermelhidão),<br />

pústulas ("bolhas", vesículas), hiperpigmentação, escamas, colaretes epidérmicos, prurido<br />

intenso <strong>de</strong>vido a perfuração da epi<strong>de</strong>rme pelo acaro juntamente com produtos do metabolismo<br />

do parasita e a ação <strong>de</strong> sua saliva; crostas salientes quando em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>.


Tratamento:<br />

É feito à base <strong>de</strong> inseticidas especiais, ou escabicidas, já existem remédios por via oral<br />

que também são eficientes no tratamento da escabiose.<br />

FTIRÍASE<br />

O piolho-da-púbis, ou Pthirus pubis, também conhecido como, piolho-caranguejo ou<br />

chato, é um inseto parasita. O parasita infesta pelos humanos, que são os únicos hospe<strong>de</strong>iros<br />

e é hematófago obrigatório (Figura 46).<br />

Fig. 46: Exemplo <strong>de</strong> piolho-carangueijo e região infestada por esse parasita [extraído <strong>de</strong><br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Piolho-da-p%C3%BAbis] em 04-10-2012.<br />

Agente etiológico<br />

Possui corpo dorsoventral achatado e dividido em cabeça, tórax e abdómen. Têm<br />

peças bucais adaptadas a perfurar a pele e sugar o sangue. Protuberâncias abdominais nos<br />

lados do corpo são características <strong>de</strong>ssa espécie. Os machos são sutilmente menores que as<br />

fêmeas e os ovos possuem forma oval.<br />

Ciclo<br />

Os piolhos-caranguejo são parasitas que passam toda a vida nos pelos dos hospe<strong>de</strong>iros<br />

e hematófagos exclusivos. Seu tempo <strong>de</strong> vida dura em média um mês. Os ovos eclo<strong>de</strong>m,<br />

produzindo seu primeiro estágio <strong>de</strong> ninfa que após três mudas evolui para fêmea ou macho<br />

adulto. O período <strong>de</strong> incubação do ovo é aproximadamente <strong>de</strong> uma semana, enquanto o resto<br />

do ciclo é finalizado com o <strong>de</strong>senvolvimento dos estágios ninfas.


Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

Os piolhos-caranguejo geralmente infestam um novo hospe<strong>de</strong>iro somente com o<br />

contato próximo entre os indivíduos. O contato sexual entre adultos e as interações pais e<br />

filhos são vias mais comuns.<br />

Profilaxia:<br />

Análoga ao caso anterior.<br />

Diagnóstico:<br />

A infestação por chatos, geralmente, é i<strong>de</strong>ntificada pelo exame minucioso dos pelos<br />

púbicos a procura <strong>de</strong> lên<strong>de</strong>as, ninfas e adultos.<br />

Piolhos e lên<strong>de</strong>as po<strong>de</strong>m ser removidos com o auxílio <strong>de</strong> uma pinça ou com a ajuda <strong>de</strong><br />

uma tesoura para cortar o pelo infestado ou remédios específicos. Uma lupa po<strong>de</strong> ser utilizada<br />

para uma i<strong>de</strong>ntificação precisa.<br />

Tratamento:<br />

Loções <strong>de</strong> limpeza com piretrinas po<strong>de</strong>m ser utilizadas no tratamento da ftiríase e não<br />

<strong>de</strong>vem ser utilizadas em mulheres infectadas que estejam grávidas ou amamentando. É<br />

essencial mudar os lençóis da cama <strong>de</strong>pois do primeiro tratamento.<br />

PEDICULOSE<br />

Doença parasitária causada por piolhos. No homem a infestação é causada pelo<br />

Pediculus humanus, que po<strong>de</strong> ser encontrado no couro cabeludo e no corpo. A pediculose<br />

também é muito comum nos animais, sendo causada por uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies<br />

específicas (Figura 47).<br />

Fig. 47: Animação e visualização do modo <strong>de</strong> agarre do piolho no fio <strong>de</strong> cabelo humano


(esquerda e centro). Extraído <strong>de</strong> http://www.blogcaicara.com/2012/04/conheca-os-insetos-<br />

piolho-pediculus.html em 04-10-2012.<br />

Causadores da pediculose do corpo encontram-se principalmente nas dobras do corpo,<br />

presos à roupa e suas picadas causam inflamação aguda da pele e prurido. Historicamente são<br />

responsáveis pela transmissão <strong>de</strong> várias doenças infecciosas que causaram inúmeras mortes<br />

em épocas passadas, como o tifo, a febre recorrente e a febre das trincheiras.<br />

Agente etiológico<br />

A varieda<strong>de</strong> conhecida popularmente como "muquirana" é um inseto sem asas com<br />

corpo dividido claramente em cabeça, tórax e abdome. Seu ovo fixa-se ao fio <strong>de</strong> cabelo por<br />

uma substância pegajosa, assumindo a forma vulgarmente conhecida como lên<strong>de</strong>a e po<strong>de</strong>m<br />

ser encontradas a<strong>de</strong>ridas as fibras dos tecidos das roupas, assim como o próprio inseto.<br />

Ciclo<br />

Autoxênico inicia-se com a ovipostura. Os ovos necessitam <strong>de</strong>, em média, uma<br />

semana para incubar. Após a eclosão, surgem as ninfas, que atingem o estágio adulto em 2<br />

semanas. A maturida<strong>de</strong> sexual nos adultos ocorre em 4 horas, com cópula imediata.<br />

Sobrevivem <strong>de</strong> 3 a 4 semanas; ovipostura <strong>de</strong> aproximadamente 300 ovos.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

São comumente encontrados em todo o mundo, sem exclusão <strong>de</strong> classe ou raça.<br />

Profilaxia:<br />

O simples hábito <strong>de</strong> trocar e lavar regularmente as roupas (com água quente e<br />

<strong>de</strong>tergente) foi suficiente para diminuir drasticamente a incidência <strong>de</strong>ssa parasitose no homem.<br />

Diagnóstico:<br />

Semelhante ao apresentado para o caso anterior.<br />

Tratamento:<br />

TUNGÍASE<br />

(Figura 48).<br />

Semelhante ao apresentado para o caso anterior.<br />

Doença cutânea infecciosa, causada pela fêmea do bicho-<strong>de</strong>-pé ou Tunga penetrans


Fig. 48: Fêmea <strong>de</strong> bicho-<strong>de</strong>-pé (esquerda) e hospe<strong>de</strong>iro humano infectado (esquerda) [extraído<br />

<strong>de</strong> http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/bicho-<strong>de</strong>-pe/bicho-<strong>de</strong>-pe-5.php<br />

Agente etiológico<br />

e http://www.historiaambiental.org/?p=343] em 04-10-2012.<br />

O Tunga penetrans, mais conhecido como bicho-<strong>de</strong>-pé, relativamente comum nas<br />

zonas rurais. Causador <strong>de</strong> forte coceira e ulceração que po<strong>de</strong> servir como porta para infecções<br />

<strong>de</strong> agentes patogênicos como o causador do tétano.<br />

Ciclo<br />

O bicho-<strong>de</strong>-pé é frequentemente encontrado em solos quentes, secos e arenosos, além<br />

<strong>de</strong> chiqueiros e currais. A transmissão se dá pelo contato direto com solo contaminado. A<br />

fêmea grávida do parasita penetra na epi<strong>de</strong>rme do hospe<strong>de</strong>iro e começa a sugar o sangue. Os<br />

principais hospe<strong>de</strong>iros são suínos e o homem. Em seguida, começa a produzir ovos, que se<br />

<strong>de</strong>senvolvem e são posteriormente eliminados no solo. A infecção dura entre quatro a seis<br />

semanas, porém frequentemente ocorre re-infestação nas áreas endêmicas. Um mesmo<br />

indivíduo infectado po<strong>de</strong> apresentar vários parasitas em diferentes estágios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

É mais comum em países sub<strong>de</strong>senvolvidos, tais como as regiões tropicais da África,<br />

oeste da Índia, Caribe e as Américas Central e do Sul.<br />

Profilaxia:<br />

A utilização <strong>de</strong> calçados em locais frequentados por animais é o principal método <strong>de</strong> se<br />

evitar a tungíase.<br />

Diagnóstico:<br />

A lesão causada consiste em uma elevação circular e amarelada da pele com um ponto<br />

negro central, que é o último segmento abdominal do bicho-<strong>de</strong>-pé, o qual contém os ovos. As<br />

áreas mais afetadas do hospe<strong>de</strong>iro são os pés, geralmente na planta, ao redor das unhas e


nos calcanhares. A irritação no local infectado provoca coceira, dor e secreção purulenta.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento da doença consiste na remoção do bicho-<strong>de</strong>-pé com agulha estéril ou<br />

bisturi, seguido <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinfecção. É possível <strong>de</strong>struí-lo com eletrocautério ou eletrocirurgia após<br />

anestesia tópica. Em caso <strong>de</strong> infecção secundária, po<strong>de</strong> ser necessário o uso <strong>de</strong> antibióticos<br />

locais. O uso da ivermectina mostrou-se eficiente em alguns pacientes.<br />

DERMATOBIOSE<br />

Dermatobiose, ou popular Berne, é uma infecção produzida por um estágio larvalda<br />

mosca Dermatobia hominis, popularmente conhecida no Brasil como mosca-varejeira, que<br />

infectos diversos animais (Figura 49).<br />

Fig. 49: Mosca da espécie Dermatobia hominis (esquerda), larva causadora da <strong>de</strong>rmatobiose<br />

(centro) e hospe<strong>de</strong>iro humano infectado (esquerda) [extraído <strong>de</strong><br />

http://blogbiologico.wordpress.com/author/blogbiologico/<br />

e http://www.casa-sem-inseto.com.br/moscas.htm] em 04-10-2012.<br />

Agente etiológico<br />

São moscas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> tamanho, geralmente possuem uma coloração ver<strong>de</strong>-azulado<br />

metálico. Sua larva é parasita obrigatório, mas os adultos são <strong>de</strong> vida livre.<br />

A espécie Dermatobia hominis <strong>de</strong>positam uma única larva esbranquiçada por lesão,<br />

conhecida por berne.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública porque parasitam animais domésticos e o<br />

homem. As moscas que produzem o berne não <strong>de</strong>positam seus ovos diretamente no<br />

hospe<strong>de</strong>iro, necessitam que outros insetos os veiculem até a vítima.<br />

Ciclo<br />

O início do ciclo se dá em dias muito quentes, quando os animais procuram<br />

sombreamento para se protegerem do sol e calor e então são atacados pelas moscas vetoras,<br />

contendo massas <strong>de</strong> ovos que variam <strong>de</strong> 30 a 60 ovos. Após o amadurecimento dos ovos


(embrionamento), as larvas <strong>de</strong>senvolvidas escapam, quando a mosca veiculadora pousa sobre<br />

o hospe<strong>de</strong>iro, estimulada pela temperatura corpórea e liberação <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono.<br />

Durante 35-50 dias a larva <strong>de</strong>senvolve-se no tecido subcutâneo do animal, alcançando a fase<br />

<strong>de</strong> maturida<strong>de</strong>. Após estar amadurecida cai no solo, <strong>de</strong> preferência em local ume<strong>de</strong>cido e<br />

protegido on<strong>de</strong> inicia a sua fase <strong>de</strong> pupa. A mosca adulta <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> aparelho bucal não se<br />

alimenta e sobrevive <strong>de</strong> 4 a 19 dias. Uma fêmea <strong>de</strong> D. hominis po<strong>de</strong> ovipositar até 200 ovos,<br />

em várias posturas e o ciclo total do berne po<strong>de</strong> durar em média <strong>de</strong> 3 a 5 meses (Figura 50).<br />

A imagem vinculada não po<strong>de</strong> ser exibida. Talvez o arquivo tenha sido movido, renomeado ou excluído. Verifique se o vínculo aponta para o arquivo e o local corretos.<br />

Fig. 50: Ciclo <strong>de</strong> contágio do rebanho bovino, principal hospe<strong>de</strong>iro da larva [extraído <strong>de</strong><br />

http://www.msd-sau<strong>de</strong>-animal.com.br/Doencas/Berne/025_Ciclo_Evolutivo.aspx] em 04-10-<br />

Epi<strong>de</strong>miologia:<br />

2012.<br />

Regiões tropicais, sendo muito frequente no Brasil, principalmente nas regiões su<strong>de</strong>ste<br />

e nor<strong>de</strong>ste do país.<br />

Profilaxia:<br />

O controle profilático do berne é feito por meio <strong>de</strong> higienificação <strong>de</strong> estábulos, manejo<br />

das fezes e se necessário, o uso <strong>de</strong> inseticidas nas instalações, para controle das moscas<br />

veiculadoras do berne.<br />

Diagnóstico:<br />

O diagnóstico é simples e é feito pela visualização dos nódulos no corpo dos animais,<br />

contendo as larvas do berne no seu interior.


Tratamento:<br />

No caso <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iro humano, a remoção da larva baseia-se em impedir a respiração<br />

da larva (asfixia do parasita) e fazer a sua retirada cirúrgica. O berne <strong>de</strong>ve ser morto antes <strong>de</strong><br />

ser removido. Após, normalmente são procedidas a aplicação <strong>de</strong> éter iodoformado e a<br />

cobertura da lesão. É indicado o uso <strong>de</strong> vacina antitetânica.<br />

PARA REFLETIR<br />

Descreva maneiras <strong>de</strong> erradicá-las e medidas paliativas para melhoras as condições <strong>de</strong> vida<br />

dos indivíduos hospe<strong>de</strong>iros. Apesar <strong>de</strong> serem doenças <strong>de</strong> regiões rurais ou contato com<br />

regiões não tão urbanizadas, elas po<strong>de</strong>m acometer indivíduos em diversos tipos <strong>de</strong> moradias e<br />

não distingui classe social. Como resolveriam uma hipotética pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> alguma <strong>de</strong>ssas<br />

parasitoses?<br />

PRATICANDO<br />

Faça uma tabela comparando todas as doenças apresentadas nesse capítulo 3 assim como<br />

para o capítulo 1 e 2 e, novamente, compare com as <strong>de</strong>mais.<br />

Agora vocês estão capacitados a montar uma tabela com todas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

parasitoses e compará-las em diversas categorias.


PARA (NÃO) FINALIZAR<br />

A motivação pelo qual essa disciplina e esse curso são extremamente válidos e<br />

fundamentais consiste em diversos aspectos discutidos nessa apostila. Doenças parasitárias<br />

estão presentes em todos os cantos do mundo, mas infelizmente, os países sub<strong>de</strong>senvolvidos<br />

ou em <strong>de</strong>senvolvimento são os que apresentam as maiores incidências.<br />

Muitos po<strong>de</strong>rão argumentar à cerca da posição geográfica e argumentar que são<br />

países, em sua maioria, <strong>de</strong> regiões tropicais ou subtropicais, o que favoreceria a procriação <strong>de</strong><br />

vetores ou mesmo dos parasitas.<br />

Outros levarão em consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>scaso das autorida<strong>de</strong>s que são omissos em<br />

medidas preventivas, informativas ou mesmo <strong>de</strong> erradicação dos possíveis culpados <strong>de</strong>ssas<br />

en<strong>de</strong>mias.<br />

Ainda po<strong>de</strong>ria ser argumentado acerca da falta <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, informação e<br />

prevenção da própria população, o que favorece que essas doenças continuem a estar<br />

presente no nosso dia a dia.<br />

Mas ao final <strong>de</strong>ssa apostila, gostaria que tivesse ficado claro que a culpa não é <strong>de</strong> um<br />

fator isolado, e sim da somatória <strong>de</strong> inúmeros fatores, às vezes maiores que esses que acabei<br />

<strong>de</strong> listar.<br />

Por isso da importância <strong>de</strong> profissionais que transmitam esse conhecimento, como<br />

vocês. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informar, prevenir e orientar os potenciais hospe<strong>de</strong>iros assim como<br />

conscientizar sobre os riscos que estão envolvidos em contágios com qualquer uma <strong>de</strong>ssas<br />

doenças listadas nessa apostila. Somente assim, po<strong>de</strong>mos minimizar os impactos causados<br />

por essas en<strong>de</strong>mias na população local ou mesmo brasileiras.<br />

Não po<strong>de</strong>mos esquecer que as doenças apresentadas não são recentes, estão<br />

perpetuadas e algumas já controladas através <strong>de</strong> medidas paliativas, prevenção ou mesmo<br />

tratamento. Mas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas drogas para<br />

algumas <strong>de</strong>las ainda, infelizmente, acomete milhares <strong>de</strong> pessoas e ainda causa inúmeras<br />

mortes.<br />

O papel <strong>de</strong> uma pessoa conscientizada é contribuir com a prevenção e assim, melhorar<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das populações <strong>de</strong> risco, ou mesmo minimizar as consequências <strong>de</strong> uma<br />

infecção como essa.<br />

As medidas preventivas e <strong>de</strong> tratamento estão evoluindo, o que faz com que você,<br />

aluno, esteja em constante manutenção <strong>de</strong> seu conhecimento, necessitando pesquisar, ir atrás,<br />

buscar conhecimento sobre as pesquisas <strong>de</strong> ponta para que futuramente seja possível seu uso<br />

em gran<strong>de</strong> escala.


REFERÊNCIAS<br />

1. NEVES, D. P. <strong>Parasitologia</strong> Humana. 11ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2010.<br />

2. NEVES, D. P. Atlas Didático <strong>de</strong> <strong>Parasitologia</strong>. 2ª. ed. São Paulo. Atheneu, 2009.<br />

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Paulo: Sarvier, 1980. 100 p.<br />

4. ASH, L. R.; ORIHEL, T. C. Atlas of human parasitalogy . Chicago : American Society<br />

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5. CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. <strong>Parasitologia</strong> humana e seus fundamentos gerais.<br />

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6. DE CARLI, G. A. <strong>Parasitologia</strong> clínica: seleção <strong>de</strong> métodos e técnicas <strong>de</strong><br />

laboratório para diagnóstico das parasitases humanas. São Paulo: Atheneu, 2001.<br />

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8. NEVA , F. S. Basic clinical parasitalogy. 6 th ed. Norfolk : Appleton & Lange, 1994.<br />

9. ORIHEL, T. C.; ASH, L. R. Parasites in human tissue. Chicago : American Society of<br />

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10. PETERS, W.; GILLES, H. M. Color atlas of tropical medicine and parasitalogy. 4 th<br />

ed. New York: Mosby-Wolfe, 1995.<br />

11. REY, L. Bases da parasitologia médica . Rio <strong>de</strong> Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.<br />

12. ZAMAN, V. Atlas <strong>de</strong> parasitologia clínica: medicina panamericana. Madrid: Editorial<br />

Panamericana, 1979.<br />

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23. ZAMAN, V. Atlas <strong>de</strong> parasitologia clínica: medicina panamericana. Madrid: Editorial<br />

Panamericana, 1979.

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