O CRIME, A PENA E O DIREITO EM ÉMILE DURKHEIM ... - Conpedi
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em como expor certos propósitos do referido autor, ao estudar esses temas e, por último, apresentar<br />
algumas considerações finais.<br />
2. O <strong>CRIME</strong>, A <strong>PENA</strong> E O <strong>DIREITO</strong> NAS OBRAS DE È. <strong>DURKHEIM</strong><br />
Aliás, por o crime ser um fato de sociologia normal não se segue que não se deva odiá-lo [...] Seria, pois,<br />
desnaturar singularmente o nosso pensamento apresentá-lo como uma apologia do crime (<strong>DURKHEIM</strong>,<br />
2002, p. 87).<br />
A análise restringir-se-á, conforme antecipado, ao exame de algumas obras do autor, em discussão,<br />
naturalmente as mais indicadas para os objetivos destas reflexões. Seguir-se-á, nesse momento, a própria<br />
disposição cronológica do aparecimento de seus livros e artigos, pois o pensamento de É. Durkheim avança<br />
sem se deixar afastar do núcleo central e da linha metodológica delineados por ele desde o início de seus<br />
escritos.<br />
2. 1. A Divisão do Trabalho Social<br />
Neste livro, É. Durkheim (1999, p. 107) tratou, nos capítulos iniciais, da solidariedade mecânica ou da<br />
coesão social por semelhanças, usando analogia, nos termos seguintes:<br />
As moléculas sociais, que só seriam coerentes dessa maneira, não poderiam, pois, mover-se em conjunto, a<br />
não ser na medida em que não têm movimentos próprios, como fazem as moléculas dos corpos inorgânicos.<br />
É por isso que propomos chamar de mecânica essa espécie de solidariedade. Essa palavra não significa que<br />
ela seja produzida por meios mecânicos e de modo artificial. Só a denominamos assim por analogia com a<br />
coesão que une entre si os elementos dos corpos brutos, em oposição à que faz a unidade dos corpos vivos.<br />
A analogia do movimento, desenvolvido de maneira unida e uniforme pelos indivíduos, classificados pelo<br />
autor como moléculas sociais, dentro dos agrupamentos humanos com o movimento dos elementos no<br />
interior dos corpos brutos ou inanimados, foi empregada pelo autor para esclarecer a forma de solidariedade<br />
denominada mecânica.<br />
Solidariedade ou união mecânica, no sentido de espontânea, padronizada e coesa, a tal ponto que o<br />
sentimento de um passa ser o sentimento da coletividade, a vontade de um passa ser a vontade de todos e,<br />
vice-versa, o desejo do grupo é o desejo de todas as pessoas, a maneira de sentir coletiva passa a ser maneira<br />
de sentir de cada um, por exemplo. Ou ainda, nessa forma de solidariedade, a união dos indivíduos é tão<br />
coesa que se assemelha à integração das moléculas de uma pedra, que se movem todas quando esta é rolada<br />
de morro abaixo ou erguida por um guindaste.<br />
Conforme É. Durkheim, quando a solidariedade social do tipo mecânico prevalece, consequentemente<br />
predominam a semelhança funcional, a divisão social de trabalho fundamentada no gênero e na idade, bem<br />
* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010<br />
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