26.06.2013 Views

peritonite por nocardia sp. em um gato doméstico - medicina ...

peritonite por nocardia sp. em um gato doméstico - medicina ...

peritonite por nocardia sp. em um gato doméstico - medicina ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ALESSANDRA MARIA DIAS LACERDA<br />

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA ÁREA DE<br />

PATOLOGIA ANIMAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA –<br />

PERITONITE POR NOCARDIA SP. EM UM GATO DOMÉSTICO<br />

CURITIBA<br />

2011


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ<br />

ALESSANDRA MARIA DIAS LACERDA<br />

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA ÁREA DE<br />

PATOLOGIA ANIMAL: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA -<br />

PERITONITE POR NOCARDIA SP. EM UM GATO DOMÉSTICO<br />

Tese apresentada para conclusão do curso<br />

de Medicina Veterinária da Universidade<br />

Federal do Paraná.<br />

Supervisor: Professor, MV. MSc., Dr. Luiz<br />

Felipe Caron<br />

Orientador: Professor, MV. MSc., Dr. Paulo<br />

César Maiorka<br />

CURITIBA<br />

2011


Dedico esse trabalho à minha mãe, Dejanir Dias<br />

Lacerda, cujo ex<strong>em</strong>plo serviu de base para formação<br />

do meu caráter e esforços nunca poupou para<br />

s<strong>em</strong>pre tentar possibilitar todos os meus sonhos.


AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço primeiramente à minha mãe <strong>por</strong> possibilitar todos os acontecimentos<br />

<strong>em</strong> minha vida, s<strong>em</strong>pre di<strong>sp</strong>osta a me dar conselhos e apoio s<strong>em</strong>pre que precisei.<br />

Sua dedicação, amor incondicional e ex<strong>em</strong>plo ajudaram a definir a pessoa que eu<br />

fui, sou e serei.<br />

Agradeço meu namorado Rodrigo, <strong>por</strong> estar s<strong>em</strong>pre ao meu lado durante toda<br />

essa trajetória e muitas outras, nos altos e baixos, mesmo que <strong>por</strong> vezes distante<br />

nunca me foi ausente. À sua família, que considero como parte da minha, pelo afeto,<br />

apoio e ho<strong>sp</strong>italidade cedidos.<br />

Agradeço minhas amigas Juliana, Luciane, Heliana, Esther, Verena, Kamila,<br />

Nathália, Vanessa, Raquel, Bruna e ao amigo Bernardo, pois tive o prazer de<br />

conhecer durante a faculdade e compartilhar boas risadas, momentos, sufocos e<br />

correrias. Vocês tornaram esses cinco anos de estudo árduo mais fáceis e<br />

divertidos.<br />

Agradeço meus amigos dos colégios Bom Jesus e Pedro Macedo, cuja<br />

amizade provou perdurar o t<strong>em</strong>po e distância.<br />

Agradeço todos os animais, e<strong>sp</strong>ecialmente os quais já tive o prazer de<br />

compartilhar companhia, lambidas, carinhos, mordidas e travessuras: Xuxa (in<br />

m<strong>em</strong>orian), Nostradamus (in m<strong>em</strong>orian), Kimberly (in m<strong>em</strong>orian), Toquinho, Cocó,<br />

Dolly, Pingo e Aria. S<strong>em</strong> vocês não existiria razão ou <strong>por</strong>quê dessa jornada.<br />

Agradeço aos funcionários e professores da Universidade Federal do Paraná<br />

<strong>por</strong> possibilitar<strong>em</strong> a realização do sonho de concluir o curso de Medicina Veterinária.


Em e<strong>sp</strong>ecial: ao meu professor supervisor Luiz Felipe Caron, pelas lições, aulas e<br />

ex<strong>em</strong>plo dados durante todo o curso, que me ajudaram a definir minhas verdadeiras<br />

a<strong>sp</strong>irações; aos professores Masahiko Ohi e Márcia Oliveira Lopes pelas<br />

o<strong>por</strong>tunidades <strong>em</strong> participar de seus re<strong>sp</strong>ectivos projetos de extensão, que me<br />

ajudaram a crescer tanto profissionalmente como pessoalmente; ao professor José<br />

Francisco G. Warth pela o<strong>por</strong>tunidade de monitoria <strong>em</strong> sua disciplina e conselhos e<br />

ensinamentos dados.<br />

E finalmente, agradeço a todos os funcionários, residentes, alunos e<br />

professores do Serviço de Patologia Animal do Departamento de Patologia da<br />

Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, <strong>em</strong> e<strong>sp</strong>ecial ao<br />

meu professor orientador Paulo César Maiorka <strong>por</strong> ter me cedido a o<strong>por</strong>tunidade,<br />

pela ho<strong>sp</strong>italidade, risadas, saídas, paciência e pelo grande aprendizado durante o<br />

meu t<strong>em</strong>po de estágio.


“Pod<strong>em</strong>os julgar nosso progresso pela corag<strong>em</strong> de nossas<br />

perguntas, profundidade de nossas re<strong>sp</strong>ostas e nossa<br />

di<strong>sp</strong>osição <strong>em</strong> aceitar o que é verdade ao invés daquilo que<br />

nos convém.”<br />

― Carl Sagan


SUMÀRIO<br />

LISTAS .................................................................................................................. VIII<br />

RESUMO ............................................................................................................... VIII<br />

1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO ............................................................................... 13<br />

1.2. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13<br />

1.3. OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO .............................................................. 14<br />

1.4. OBJETIVO ESPECÍFICO DO ESTÁGIO ..................................................... 14<br />

1.5. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO ........................................................................ 15<br />

1.5.1. O DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA (VPT) FMVZ-USP ................... 15<br />

1.5.2. O SERVIÇO DE PATOLOGIA ANIMAL – VPT/FMVZ-USP ................. 17<br />

1.5.3. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES ................................................... 17<br />

1.5.4. A ROTINA DO SERVIÇO DE PATOLOGIA ANIMAL ........................... 21<br />

1.5.5. CASUÍSTICA ........................................................................................ 24<br />

1.6. DISCUSSÃO ............................................................................................... 29<br />

1.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 30<br />

2. PERITONITE POR NOCARDIA SP. EM UM GATO DOMÉSTICO: RELATO DE<br />

CASO E REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................... 32<br />

2.1. RESUMO ....................................................................................................... 32<br />

2.2. ABSTRACT ................................................................................................ 33<br />

2.3. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 34<br />

2.4. RELATO DE CASO ..................................................................................... 36<br />

2.5. DISCUSSÃO ............................................................................................... 52<br />

2.6. CONCLUSÃO ............................................................................................. 62<br />

2.7. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 63<br />

vi


3. GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 66<br />

4. REFERÊNCIAS ADICIONAIS ........................................................................... 67<br />

5. ANEXOS E APÊNDICES .................................................................................. 68<br />

5.1. ANEXO 1 – TABELA DA CASUÍSTICA ACOMPANHADA DURANTE O PERÍODO DO<br />

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO NO SERVIÇO DE PATOLOGIA<br />

ANIMAL DA FMVZ-USP – 31 DE AGOSTO A 30 DE SETEMBRO DE 2011......................... 68<br />

5.2. ANEXO 2 – MODELO DO RELATÓRIO DE NECROPSIA UTILIZADO PELO SERVIÇO DE<br />

PATOLOGIA ANIMAL DA FMVZ-USP. ......................................................................... 70<br />

5.3. ANEXO 3 – HEMOGRAMA REALIZADO EM CLÍNICA PARTICULAR DO PACIENTE<br />

DESCRITO: FELIS SILVESTRIS CATUS, MACHO, 7 MESES. .............................................. 71<br />

5.4. ANEXO 4 – CULTURA BACTERIANA E ANTIBIOGRAMA REALIZADOS EM LABORATÓRIO<br />

EXTERNO (ANTE MORTEM). ....................................................................................... 72<br />

5.5. ANEXO 5 – CULTURA REALIZADA PELO LABORATÓRIO DE DOENÇAS INFECCIOSAS<br />

– FMVZ-USP (POST MORTEM). ................................................................................ 73<br />

5.6. ANEXO 6 – INSTRUÇÕES AOS AUTORES DA REVISTA: “ARCHIVES OF VETERINARY<br />

SCIENCE”. .............................................................................................................. 74<br />

vii


LISTAS<br />

Figura 1 - Entrada do edifício principal da FMVZ-USP. ............................................ 16<br />

Figura 2 – Entrada do Departamento de Patologia – VPT. ....................................... 16<br />

Figura 3– Sala do Serviço de Patologia Animal. ....................................................... 19<br />

Figura 4 – Sala de necropsia .................................................................................... 19<br />

Figura 5 – Fluxo laminar para corte de material histológico ecâmara fria para<br />

armazenamento de cadáveres ................................................................................. 20<br />

Figura 6 – Secretaria de laudos/atendimento do Serviço de Patologia Animal ......... 20<br />

Figura 7 – Laboratório de Histopatologia .................................................................. 21<br />

Figura 8– Gráfico <strong>em</strong> colunas d<strong>em</strong>onstrando <strong>em</strong> número absoluto a casuística <strong>por</strong><br />

e<strong>sp</strong>écie <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 casos de necropsia atendidos. ............................ 25<br />

Figura 9 – Gráfico <strong>em</strong> colunas d<strong>em</strong>onstrando <strong>em</strong> número absoluto a casuística <strong>por</strong><br />

sexo <strong>em</strong> todos os casos atendidos. .......................................................................... 26<br />

Figura 10 – Gráfico <strong>em</strong> colunas d<strong>em</strong>onstrando <strong>em</strong> número absoluto a casuística <strong>por</strong><br />

idade <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 casos de necropsia atendidos ................................. 26<br />

Figura 11 – Gráfico <strong>em</strong> colunas d<strong>em</strong>onstrando <strong>em</strong> número absolto as Causas Mortis<br />

avaliadas <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 necropsias. ....................................................... 27<br />

Figura 12 – Gráfico <strong>em</strong> colunas d<strong>em</strong>onstrando <strong>em</strong> número absoluto os diagnósticos<br />

morfológicos principais mais prevalentes, <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 necropsias. ..... 28<br />

viii


Figura 13 – Funcionários, residentes, estagiários e alunos do Serviço de Patologia<br />

Animal (Outubro de 2011) ........................................................................................ 31<br />

Figura 14 – Abaulamento abdominal marcante de consistência flutuante. ............... 39<br />

Figura 15 – Felis silvestris catus, 7 meses, macho, peso: 2,3 kg ............................. 39<br />

Figura 16 – Linfonodo mediastínico cranial com a<strong>um</strong>ento de vol<strong>um</strong>e evidente ........ 39<br />

Figura 17 – Cavidades abdominal e torácica expostas.. .......................................... 40<br />

Figura 18 – Detalhe das vísceras abdominais. ......................................................... 40<br />

Figura 19– Coração................................................................................................. 41<br />

Figura 20 – Conjunto contendo língua, laringe, traquéia, esôfago cervical, pulmões e<br />

coração.. .................................................................................................................. 41<br />

Figura 21 – Deposição de grande quantidade de material fibrilar friável, de<br />

consistência mole e coloração amarelo-esbranquiçada heterogênea aderida ao<br />

fígado. ...................................................................................................................... 41<br />

Figura 22 - Deposição de grande quantidade de material fibrilar friável, de<br />

consistência mole e coloração amarelo-esbranquiçada heterogênea aderida ao<br />

baço. ........................................................................................................................ 41<br />

Figura 23 – Líquido livre sero-fibrinoso turvo de coloração amarelo-esbranquiçada<br />

retirado da cavidade abdominal – aproximadamente 700 mL................................... 42<br />

Figura 24 – Líquido livre seroso translúcido turvo retirado da cavidade torácica –<br />

aproximadamente 15 mL. ......................................................................................... 42<br />

Figura 25 – Detalhe de estômago e intestinos grosso e delgado.. .......................... 42<br />

ix


Figura 26 – Detalhe de fragmento do omento (H&E).. .............................................. 44<br />

Figura 27– Fragmento de fígado .............................................................................. 44<br />

Figura 28 – Detalhe do fragmento de fígado ........................................................... 45<br />

Figura 29– Fragmento de intestino delgado ............................................................. 45<br />

Figura 30 – Detalhe de intestino delgado ................................................................. 46<br />

Figura 31 – Detalhe de intestino delgado ................................................................. 46<br />

Figura 32 – Fragmento de estômago ....................................................................... 46<br />

Figura 33 – Detalhe de fragmento de estômago ....................................................... 47<br />

Figura 34 – Fragmento de vesícula Urinária ............................................................. 47<br />

Figura 35– Fragmento de pulmão ............................................................................ 48<br />

Figura 36 – Fragmento de pulmão ........................................................................... 48<br />

Figura 37– Fragmento de baço ............................................................................... 49<br />

Figura 38 – Detalhe do fragmento de baço .............................................................. 49<br />

Figura 39 – Fragmento de linfonodo ......................................................................... 50<br />

Figura 40 – Detalhe do fragmento de linfonodo ........................................................ 50<br />

Figura 41 – Fragmento de linfonodo ........................................................................ 51<br />

Figura 42 – Detalhe da área de infiltrado misto no linfonodo .................................... 51<br />

x


Tabela 1 – Atividades realizadas durante o estágio com suas re<strong>sp</strong>ectivas<br />

frequências. ............................................................................................................. 24<br />

xi


RESUMO<br />

O estudo das doenças – a patologia – compreende a base primordial para o<br />

estudo de toda a <strong>medicina</strong>. Seu estudo reflete a busca do conhecimento <strong>em</strong><br />

compreender as ações, reações e alterações <strong>em</strong> <strong>um</strong> organismo, as quais reflet<strong>em</strong><br />

de forma negativa <strong>em</strong> <strong>um</strong> organismo. A <strong>medicina</strong> surgiu devido à necessidade de<br />

combater essas alterações, seja <strong>em</strong> pessoas ou <strong>em</strong> animais, de forma a<br />

eventualmente conseguirmos revertê-las. A compreensão de tais mecanismos<br />

elucida tanto as ações de agentes infecciosos como mecanismos próprios de<br />

fisiologia e anatomia, sendo assim, é fundamental o estudo dessa área para<br />

estabelecer <strong>um</strong>a base gnóstica multidisciplinar <strong>em</strong> como dev<strong>em</strong>os agir <strong>em</strong> frente a<br />

<strong>um</strong>a doença, seja de caráter clínico, epid<strong>em</strong>iológico ou para estabelecer<br />

conhecimento clínico ou acadêmico. Com o intuito <strong>em</strong> aprimorar os conhecimentos<br />

teóricos obtidos durante a graduação o estágio curricular supervisionado obrigatório<br />

foi realizado no Serviço de Patologia Animal do Departamento de Patologia<br />

pertencente à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de<br />

São Paulo, no período de 01 de agosto a 30 de set<strong>em</strong>bro de 2011, totalizando 357<br />

horas de estágio. A casuística do serviço durante o período de estágio<br />

compreendeu 70 casos de necropsia, com seu re<strong>sp</strong>ectivo estudo de lâminas<br />

histológicas provenientes de materiais advindos das necropsias realizadas, materiais<br />

de biópsias provenientes da casuística do ho<strong>sp</strong>ital veterinário da própria instituição e<br />

lâminas citológicas. O caso escolhido para o relato de caso desse trabalho consiste<br />

na descrição de <strong>um</strong>a <strong>peritonite</strong> difusa causada <strong>por</strong> Nocardia <strong>sp</strong>. Em <strong>um</strong> <strong>gato</strong><br />

<strong>doméstico</strong>.<br />

xii


1. RELATÓRIO DE ESTÁGIO<br />

1.2. INTRODUÇÃO<br />

O presente relatório t<strong>em</strong> <strong>por</strong> objetivo apresentar as atividades realizadas<br />

durante o estágio curricular supervisionado obrigatório realizado no Serviço de<br />

Patologia Animal do departamento de Patologia pertencente à Faculdade de<br />

Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), no<br />

período de 01 de agosto a 30 de set<strong>em</strong>bro de 2011, totalizando 357 horas de<br />

estágio, sob orientação do Prof. M.V. MSc. Dr. Paulo César Maiorka e supervisão do<br />

Prof. M.V. MSc. Dr. Luiz Felipe Caron.<br />

O estágio consistiu no aperfeiçoamento de técnicas referentes à dissecção de<br />

cadáveres animais – casuística constituída <strong>por</strong> animais <strong>doméstico</strong>s e silvestres - <strong>em</strong><br />

necropsias, assim como sua re<strong>sp</strong>ectiva avaliação das alterações visíveis, tanto<br />

macro como microscópicas; treinamento <strong>em</strong> preparação de materiais para lâminas<br />

histológicas e citológicas; estudo e discussão de casos <strong>em</strong> mesa redonda e<br />

s<strong>em</strong>inários; desenvolvimento de relatórios de necropsia (a ser<strong>em</strong> corrigidos e<br />

discutidos pelo residente e professor re<strong>sp</strong>onsável) e acompanhamento da rotina de<br />

biópsias advindas do ho<strong>sp</strong>ital veterinário da FMVZ-USP.<br />

A escolha do local de estágio foi devido ao grande renome da Universidade de<br />

São Paulo e de sua Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia como <strong>um</strong> dos<br />

grandes centros acadêmicos <strong>em</strong> veterinária do Brasil, assim como a casuística<br />

diferenciada <strong>por</strong> estar localizada <strong>em</strong> São Paulo, cidade mais populosa das Américas<br />

segundo o censo IBGE (2010). Como o Departamento de Patologia (VPT) t<strong>em</strong> sua<br />

casuística vinculada ao próprio ho<strong>sp</strong>ital veterinário da instituição (HOVET-USP) a<br />

rotina de <strong>um</strong> ho<strong>sp</strong>ital-escola facilita a interação com mestres e doutores da área,<br />

13


alunos e residentes, dando enfoque e recursos à característica multidisciplinar da<br />

patologia veterinária. Em nov<strong>em</strong>bro de 1997, o curso de graduação <strong>em</strong> Medicina<br />

Veterinária da FMVZ-USP foi avaliado pelo Ministério de Educação e Cultura através<br />

dos "Exames Nacionais de Cursos", recebendo nesta avaliação o nível "A" sendo,<br />

<strong>por</strong>tanto, <strong>um</strong>a das cinco possuidoras deste conceito no país (FMVZ-USP, 2011).<br />

1.3. OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO<br />

O objetivo geral do estágio curricular supervisionado obrigatório foi o<br />

desenvolvimento e aprimoramento dos conhecimentos teóricos e práticos obtidos<br />

durante o período da graduação e estabelecer troca de conhecimentos com outra<br />

instituição acadêmica na área de patologia animal.<br />

1.4. OBJETIVO ESPECÍFICO DO ESTÁGIO<br />

Os objetivos e<strong>sp</strong>ecíficos consistiram <strong>em</strong> aprender novas técnicas, desenvolver,<br />

aprimorar e realizar a troca de conhecimentos pertinentes ao Serviço de Patologia<br />

Animal, tais como: realização e acompanhamento de necropsias e relatórios; coleta<br />

e preparo de materiais para exame histológico e citológico; mesa redonda e<br />

s<strong>em</strong>inário sobre casos incomuns e acompanhamento da rotina de biópsias advindas<br />

do HOVET-USP.<br />

A escolha da área de estágio se deu pela multidisciplinariedade inerente da<br />

patologia, requerendo conhecimentos <strong>em</strong> amplas áreas da <strong>medicina</strong> veterinária<br />

como fisiologia, anatomia, clínica médica, agentes infecciosos e parasitários para<br />

então elucidar a causa de óbito de cada animal <strong>em</strong> questão.<br />

14


1.5. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO<br />

1.5.1. O DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA (VPT) FMVZ-USP<br />

O Departamento de Patologia (VPT) pertence à FMVZ-USP, localizado na cidade de<br />

São Paulo, estado de São Paulo, à Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva número<br />

87, dentro do campus Cidade Universitária (Figura 1). O departamento está<br />

estruturado acadêmica, científica e fisicamente para o desenvolvimento de<br />

atividades de ensino, pesquisa e extensão (Figura 2). Para tanto, ministra disciplinas<br />

de graduação e pós-graduação e gera publicações científicas. Obtém recursos junto<br />

a agências de fomento, particularmente a FAPESP e o CNPq. Desenvolve<br />

atividades de extensão junto ao Ho<strong>sp</strong>ital Veterinário, e de formação de recursos<br />

h<strong>um</strong>anos <strong>em</strong> diferentes níveis, com programas de estágio, iniciação científica,<br />

residência, práticas profissionalizantes e formação de mestres e doutores e de<br />

treinamento <strong>em</strong> pós-doutores. Possui 12 laboratórios de pesquisa que permit<strong>em</strong><br />

receber estagiários e oferecer serviços, como o serviço de patologia animal, o<br />

laboratório de histologia e o laboratório de farmacologia e toxicologia (FMVZ-USP,<br />

2011). Entre os serviços oferecidos pelo VPT, o serviço de patologia animal foi o<br />

escolhido para realização do estágio curricular supervisionado obrigatório.<br />

15


Figura 1 - Entrada do edifício principal da FMVZ-USP, onde está localizado o VPT. Fonte: FMVZ-<br />

USP.<br />

Figura 2 – Entrada do Departamento de Patologia – VPT. Fonte: Serviço de Patologia<br />

Animal/VPT/FMVZ-USP.<br />

16


1.5.2. O SERVIÇO DE PATOLOGIA ANIMAL – VPT/FMVZ-USP<br />

O Serviço de Patologia Animal realiza necropsias de animais <strong>doméstico</strong>s e<br />

selvagens, de pequeno e de grande <strong>por</strong>te, provenientes do Ho<strong>sp</strong>ital Veterinário da<br />

FMVZ – USP, b<strong>em</strong> como de clínicas veterinárias particulares ou de outras<br />

instituições públicas ou privadas. O serviço realiza também diagnóstico anatomo e<br />

histopatológico de biópsias de tecidos de animais, b<strong>em</strong> como exames citológicos de<br />

material oriundo de punções a<strong>sp</strong>irativas. O Serviço conta com duas vagas para<br />

Médico Veterinário Residente, junto à FUNDAP, e oferece estágios a estudantes de<br />

graduação e prática profissionalizante a médicos veterinários (FMVZ-USP, 2011).<br />

O estágio foi realizado no período de 01 de agosto a 30 de set<strong>em</strong>bro de 2011,<br />

totalizando 357 horas <strong>em</strong> 43 dias de estágio. O atendimento do Serviço é realizado<br />

<strong>em</strong> dias úteis, das 09:00 às 18:00, sendo <strong>um</strong>a hora para almoço, podendo<br />

ultrapassar esse horário caso haja necessidade. Não há período ou expediente de<br />

plantão.<br />

1.5.3. EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES<br />

O Serviço de Patologia Animal conta com o su<strong>por</strong>te de todo o VPT e seus<br />

re<strong>sp</strong>ectivos laboratórios quando o caso requer exames mais e<strong>sp</strong>ecíficos, como<br />

exames toxicológicos, além de possuir acesso a serviços do próprio HOVET caso<br />

necessário, tal como o serviço de diagnóstico <strong>por</strong> imag<strong>em</strong>.<br />

Conta com <strong>um</strong>a sala reservada aos residentes e estagiários, esta contendo 4<br />

(quatro) microscópios (sendo <strong>um</strong> contendo múltiplas cabeças para avaliação e<br />

estudo <strong>em</strong> conjunto de casos), livros para pesquisa, revistas científicas, 2 (dois)<br />

computadores e câmera fotográfica para obtenção de fotos de cada necropsia<br />

realizada para posterior estudo e/ou relatório (Figura 3). As necropsias e corte de<br />

17


materiais histológicos são realizados na sala de necropsia, esta contendo 1 (<strong>um</strong>)<br />

vestiário com jalecos, macacões e equipamentos de proteção individual di<strong>sp</strong>oníveis<br />

para uso, 4 (quatro) mesas de al<strong>um</strong>ínio para necropsia de pequenos animais<br />

equipadas com instr<strong>um</strong>entais para realização da necropsia (tais como magarefes,<br />

bisturis, costótomos, serras, faca de órgãos, mangueira e pinças), 1 (<strong>um</strong>a) bancada<br />

de necropsia para grandes animais, 1 (<strong>um</strong>a) bancada com pia, 1 (<strong>um</strong>a) serra<br />

mecânica para corte de tecidos ósseos, 2 (duas) balanças para pesag<strong>em</strong> de<br />

cadáveres e peças, 1 (<strong>um</strong>a) câmara fria para armazenamento de cadáveres, 4<br />

(quatro) “freezers” para congelamento de peças e materiais, 1 (<strong>um</strong>) fluxo laminar<br />

para corte de materiais a ser<strong>em</strong> processados para exames histopatológicos, além de<br />

sala para armazenamento de peças coletadas (Figura 4 e 5). A sala de necropsia é<br />

utilizada tanto pelo Serviço de Patologia Animal, quanto para aulas práticas da<br />

disciplina de patologia dos alunos de graduação, pós-graduação e projetos de<br />

pesquisa pertinentes ao VPT e à FMVZ-USP. Para a entrega de relatórios de<br />

necropsia e biópsia produzidos pelo Serviço, conta com <strong>um</strong>a secretaria e funcionária<br />

própria (Figura 6). As lâminas histológicas são processadas no Laboratório de<br />

Histologia (Figura 7), também pertencente ao VPT, e conta com funcionários<br />

próprios para realização da técnica histológica (<strong>em</strong>blocag<strong>em</strong>, secção <strong>em</strong> micrótomo<br />

e coloração), para então as lâminas ser<strong>em</strong> encaminhadas ao Serviço de Patologia<br />

para avaliação e descrição de relatório pela M.V. patologista contratada e<br />

residentes.<br />

18


Figura 3– Sala do Serviço de Patologia Animal. Fonte¬: VPT/FMVZ-USP/Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 4 – Sala de necropsia. Fonte: VPT/FMVZ-USP/Alessandra M. D. Lacerda<br />

19


Figura 5 – A: Fluxo laminar para corte de material histológico. B: câmara fria para armazenamento de<br />

cadáveres. Fonte: Serviço de Patologia Animal/VPT/FMVZ-USP.<br />

Figura 6 – Secretaria de laudos/atendimento do Serviço de Patologia Animal. Funcionária: Claudia<br />

Ferreira de Faria. Fonte: VPT/FMVZ-USP/Alessandra M. D. Lacerda<br />

20


Figura 7 – Laboratório de Histopatologia. Fonte: Serviço de Patologia/VPT/FMVZ-USP.<br />

1.5.4. A ROTINA DO SERVIÇO DE PATOLOGIA ANIMAL<br />

A rotina do Serviço de Patologia Animal varia de acordo com a chegada de<br />

cadáveres para realização de necropsia e pela quantidade de materiais provenientes<br />

de biópsias encaminhados pelo HOVET-USP para realização de exame histológico.<br />

O horário de atendimento da secretaria de laudos/atendimento é realizado <strong>em</strong> dias<br />

úteis das 09:00 às 17:00 horas, recebendo materiais nesse período. Esse horário é<br />

geralmente ultrapassado <strong>por</strong> residentes e alunos de acordo com a necessidade e<br />

d<strong>em</strong>anda, usualmente estendendo-se até as 18:00 horas.<br />

Durante o período letivo do curso de <strong>medicina</strong> veterinária da FMVZ-USP os<br />

alunos da graduação utilizam a sala de necropsia para realização das aulas práticas<br />

21


no período da tarde (das 14:00 às 18:00 horas), exceto nas quartas-feiras. Por esse<br />

motivo, as necropsias encaminhadas ao Serviço são geralmente realizadas no<br />

período da manhã.<br />

Todas as necropsias realizadas são subdivididas <strong>em</strong> quatro categorias, medida<br />

tomada para facilitar a separação entre pedidos advindos de clientes do HOVET-<br />

USP ou pedidos para interesse didático ou científico. São elas:<br />

Necropsia completa;<br />

Necropsia doc<strong>um</strong>entada;<br />

Necropsia para interesse didático;<br />

Necropsia para interesse científico.<br />

Para todos os casos são produzidos relatórios de necropsia, com a adição de<br />

<strong>um</strong> relatório contendo fotos da necropsia para compl<strong>em</strong>entar as informações no<br />

caso de necropsia doc<strong>um</strong>entada – geralmente utilizado <strong>em</strong> casos onde o<br />

requisitante utiliza o relatório de necropsia como prova <strong>em</strong> alg<strong>um</strong>a situação jurídica,<br />

como <strong>por</strong> ex<strong>em</strong>plo, crime de maus-tratos. O modelo de relatório é igual para todos<br />

os casos, a diferença dentre as categorias é utilizada apenas para organização da<br />

rotina e estabelecimento de prazos para entrega dos relatórios: 30 (trinta) dias úteis<br />

para necropsias completas e doc<strong>um</strong>entadas e 90 dias corridos para necropsias de<br />

interesse científico ou didático. Todas as necropsias são registradas através de <strong>um</strong><br />

número estabelecido <strong>por</strong> ord<strong>em</strong> de chegada (este é zerado a cada início de ano) e<br />

pelo ano (ex. 200/11) e os relatórios receb<strong>em</strong> a assinatura da M.V. patologista<br />

contratada do serviço e de <strong>um</strong> professor da disciplina de patologia designado para<br />

os casos recebidos na s<strong>em</strong>ana, verificando assim a fidedignidade das informações<br />

contidas no relatório.<br />

22


O Serviço de Patologia Animal também conta com <strong>um</strong>a parceria com o Estado<br />

de São Paulo e o Instituto de Criminalística, recebendo assim animais<br />

encaminhados <strong>por</strong> delegacias para realização de exame de necropsia com o intuito<br />

de verificar queixas de maus-tratos.<br />

Também são realizadas necropsias <strong>em</strong> animais selvagens, estas recebendo<br />

<strong>um</strong>a classificação diferenciada e não entram na listag<strong>em</strong> da rotina com<strong>um</strong>.<br />

Para cada necropsia realizada são coletados diversos tecidos futuramente<br />

encaminhados para exame histológico, estes também são registrados com <strong>um</strong><br />

número próprio estabelecido <strong>por</strong> ord<strong>em</strong> de chegada (nunca zerado), seguido da letra<br />

a qual designa o professor re<strong>sp</strong>onsável pelo caso (ex. 50786-C). O mesmo sist<strong>em</strong>a<br />

de número de registro também se aplica a tecidos provenientes de biópsia<br />

encaminhados do HOVET-USP para exame histológico.<br />

Os exames histológicos advindos de materiais encaminhados de biópsia<br />

excisional ou incisional pelo HOVET-USP receb<strong>em</strong> prioridade no processamento, e<br />

possu<strong>em</strong> prazo de entrega do relatório de 13 (treze) dias úteis.<br />

Todos os dados, registros e informações pertinentes são mantidos <strong>em</strong> livros de<br />

catálogo próprios presentes na secretaria de laudos/atendimento e sala própria do<br />

Serviço, além de cópia digital de todos os relatórios já <strong>em</strong>itidos.<br />

Durante o período de estágio houve maior prevalência no acompanhamento<br />

direto de necropsias (230 horas), seguida do estudo de lâminas histológicas<br />

advindas de biópsias ou das próprias necropsias realizadas (100 horas). A relação<br />

de distribuição das atividades durante o período de estágio <strong>em</strong> relação à carga<br />

horária é descrita na Tabela 1.<br />

23


Tabela 1 – Atividades realizadas durante o estágio com suas re<strong>sp</strong>ectivas frequências.<br />

Atividade Realizada Frequência (horas) Frequência (%)<br />

Necropsias 230 64,4<br />

Acompanhamento de<br />

exames histopatológicos<br />

100 28,0<br />

Registro de novos exames 10 2,8<br />

Acompanhamento de<br />

coleta de material para<br />

biópsias<br />

5 1,4<br />

S<strong>em</strong>inários / Aulas 12 3,4<br />

Total 357 100<br />

1.5.5. CASUÍSTICA<br />

O estágio curricular supervisionado obrigatório no Serviço de Patologia Animal<br />

foi realizado de 01 de agosto a 30 de set<strong>em</strong>bro de 2011, período no qual foram<br />

realizadas 70 (setenta) necropsias. A maior parte da casuística foi constituída <strong>por</strong> 26<br />

(vinte e seis) cães (Canis lupus familiaris), seguido de 13 (treze) <strong>gato</strong>s (Felis<br />

silvestris catus), 8 (oito) ovelhas (Ovis aries), 8 (oito) aves de diferentes e<strong>sp</strong>écies, 6<br />

(seis) cavalos (Equus ferus caballus), 4 (quatro) cabras (Capra aegragus hircus), 2<br />

(dois) bois taurinos (Bos primigenius taurus) e 3 (três) animais não domesticados – 1<br />

(<strong>um</strong>) jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria) , 1 (<strong>um</strong>) sagui-de-tufo-preto (Callithrix<br />

penicillata) e 1 (<strong>um</strong>a) capivara (Hydrochoerus hydrochaeris). A figura 8 revela o<br />

gráfico da casuística <strong>por</strong> e<strong>sp</strong>écie durante o período de estágio no Serviço de<br />

Patologia Animal/VPT/FMVZ-USP.<br />

24


Figura 8– Número absoluto da casuística <strong>por</strong> e<strong>sp</strong>écie animal dos 70 casos de necropsia<br />

atendidos durante o período de estágio.<br />

A quantidade atendida de machos foi ligeiramente maior que a quantidade de<br />

fêmeas – 39 (trinta e nove) e 31 (trinta e <strong>um</strong>), re<strong>sp</strong>ectivamente. Tal característica<br />

d<strong>em</strong>onstrou-se verdadeira para cães, <strong>gato</strong>s, aves e para os animais silvestres<br />

atendidos. A prevalência de fêmeas foi maior <strong>em</strong> ovelhas e cabras, o que d<strong>em</strong>onstra<br />

o caráter de im<strong>por</strong>tância das fêmeas na criação de produção. Os números absolutos<br />

<strong>em</strong> todas as e<strong>sp</strong>écies atendidas são mostrados conforme a Figura 9. A casuística<br />

<strong>por</strong> idade revela maior prevalência de indivíduos adultos a idosos – considerados<br />

<strong>por</strong> idade acima de 1 (<strong>um</strong>) ano (Figura 10). Embora existam animais cuja idade não<br />

foi informada pelo requisitante, todos os animais de idade indeterminada foram<br />

identificados como indivíduos de idade adulta.<br />

25


Figura 9 – Número absoluto da casuística <strong>por</strong> sexo <strong>em</strong> todos os casos atendidos durante o período<br />

de estágio.<br />

Figura 10 – Número absoluto a casuística <strong>por</strong> idade <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 casos de necropsia<br />

atendidos durante o período de estágio. Todos os indivíduos de idade não informada foram<br />

identificados como adultos.<br />

26


A casuística <strong>em</strong> relação a achados anatomopatológicos é separada <strong>em</strong> duas<br />

categorias (causa mortis e Diagnóstico morfológico principal) pelo Serviço de<br />

Patologia Animal a fim de facilitar a correlação entre a causa mortis e o diagnóstico<br />

morfológico principal, ou seja, definir <strong>por</strong> qual razão ou motivo determinado animal<br />

morreu ou pela qual o proprietário optou pela eutanásia. A determinação da causa<br />

mortis é geralmente feita durante a realização da necropsia de cada animal<br />

submetido, e revela informações a re<strong>sp</strong>eito do sist<strong>em</strong>a mais comprometido durante a<br />

avaliação e que provavelmente levou o animal a óbito, conforme mostra a Figura 11.<br />

Figura 11 – Número absoluto das causas mortis avaliadas <strong>em</strong> <strong>um</strong>a totalidade de 70 necropsias.<br />

A identificação do diagnóstico morfológico principal muitas vezes não é<br />

percebida apenas com a necropsia, requer assim exames compl<strong>em</strong>entares tais<br />

como o exame histológico, citológico, de imag<strong>em</strong>, toxicológico, bacteriológico e<br />

PCR. Quando <strong>um</strong> exame compl<strong>em</strong>entar é visto como necessário para determinação<br />

27


do diagnóstico morfológico principal, o material pertinente é enviado para o<br />

departamento re<strong>sp</strong>onsável dentro das competências da FMVZ-USP. Devido ao<br />

prazo estabelecido para entrega dos relatórios (30 dias a 3 meses, dependendo da<br />

categoria da necropsia), não foi possível avaliar n<strong>em</strong> referendar todos os<br />

diagnósticos realizados durante o período de estágio, sendo definidos neste trabalho<br />

como “a concluir”, pois tais diagnósticos dependiam de exames compl<strong>em</strong>entares<br />

ainda não recebidos ou avaliados. Para fins de facilitar a consulta da figura 12,<br />

diagnósticos de baixa prevalência são identificados como “outros”. Estes<br />

diagnósticos poderão ser vistos <strong>em</strong> sua totalidade no Anexo 1. A Figura 12<br />

d<strong>em</strong>onstra o gráfico simplificado dos diagnósticos morfológicos principais.<br />

Figura 12 – Número absoluto dos diagnósticos morfológicos principais mais prevalentes, <strong>em</strong> <strong>um</strong>a<br />

totalidade de 70 necropsias.<br />

28


1.6. DISCUSSÃO<br />

A escolha do Serviço de Patologia Animal da FMVZ-USP para realização do<br />

estágio curricular supervisionado obrigatório se deu pela im<strong>por</strong>tância da instituição<br />

no cenário do ramo veterinário, assim como o desejo da busca de conhecimento na<br />

área de patologia. O su<strong>por</strong>te dos vários departamentos e o contato estabelecido com<br />

a instituição foi de extr<strong>em</strong>a valia para d<strong>em</strong>onstração de diferentes ambientes de<br />

trabalho, além de <strong>um</strong>a casuística diferenciada pelo vol<strong>um</strong>e e pelo renome da<br />

instituição.<br />

O Serviço de Patologia Animal recebe animais advindos do HOVET-USP<br />

(grandes e pequenos) e <strong>por</strong> ser <strong>um</strong>a instituição de renome recebe casos externos<br />

através de Centros de Triag<strong>em</strong> de Animais Silvestres (CETAS), delegacias (animais<br />

cuja morte foi provocada ou facilitada <strong>por</strong> maus tratos) e outras fontes como<br />

criadouros, biotérios e zoológicos ampliando ainda mais a casuística e a variedade<br />

de e<strong>sp</strong>écies admitidas. O conhecimento adquirido de tal experiência é<br />

imprescindível, pois são raros os locais os quais receb<strong>em</strong> <strong>um</strong>a grande quantidade e<br />

diversidade de animais.<br />

A casuística do local admite <strong>um</strong> grande número de cães (26), <strong>gato</strong>s (13) e<br />

animais de criação (20). O estudo dessa casuística é im<strong>por</strong>tante para definir qual a<br />

im<strong>por</strong>tância de cada afecção <strong>em</strong> diferentes grupos animais, e<strong>sp</strong>ecialmente naqueles<br />

que apresentam grande valor sentimental aos proprietários, como é o caso de<br />

proprietários de pequenos animais, os quais geralmente estão interessados <strong>em</strong><br />

solicitar relatórios do exame de necropsia.<br />

Ainda foi d<strong>em</strong>onstrada a im<strong>por</strong>tância do exame de necropsia e exames<br />

compl<strong>em</strong>entares <strong>em</strong> aferir causas de intoxicação exógena – geralmente causada <strong>por</strong><br />

29


de forma intencional <strong>por</strong> fármacos do grupo dos carbamatos, popularmente<br />

conhecido como ch<strong>um</strong>binho. Casos de intoxicação não são incomuns de ser<strong>em</strong><br />

recebidos pelo Serviço: 3 (três) recebidos e confirmados durante o período de 43<br />

dias de estágio, sendo 2 (dois) <strong>gato</strong>s e 1(<strong>um</strong>) cão. Em estudo retro<strong>sp</strong>ectivo revela a<br />

prevalência desses casos e d<strong>em</strong>onstrou <strong>um</strong>a maior prevalência maior de<br />

intoxicações intencionais <strong>em</strong> <strong>gato</strong>s do que <strong>em</strong> cães (MARLET e MAIORKA, 2010).<br />

A casuística ainda revela a im<strong>por</strong>tância de casos onde há comprometimento<br />

pulmonar e decorrente morte do paciente <strong>por</strong> consequência (10 casos avaliados) e a<br />

im<strong>por</strong>tância de exames compl<strong>em</strong>entares para elucidação de casos onde a causa<br />

mortis (27 casos avaliados) e diagnóstico morfológico principal não é aparente (38<br />

casos indeterminados), além da im<strong>por</strong>tância da idade <strong>em</strong> constituir a casuística – a<br />

maior parte dos animais admitidos (84,3%) foi identificada como indivíduos de idade<br />

adulta.<br />

1.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os objetivos do estágio foram alcançados, sendo eles: aprimorar os<br />

conhecimentos práticos e teóricos na área da patologia veterinária; estabelecer troca<br />

de conhecimento e contatos com outra instituição de renome; acompanhar <strong>um</strong>a<br />

casuística diferenciada assim como conhecer novas técnicas e tecnologias<br />

pertinentes à área.<br />

Todos os funcionários, alunos e residentes do VPT/FMVZ-USP estavam<br />

s<strong>em</strong>pre muito solícitos e muito di<strong>sp</strong>ostos a ensinar e a trocar conhecimentos, o que<br />

facilitou muito minha estadia como estagiária durante o período de estágio,<br />

estendendo o convite inclusive para aperfeiçoamento após minha colação de grau.<br />

30


Essa troca de experiências me foi muito útil, abrindo <strong>um</strong> leque de novas<br />

per<strong>sp</strong>ectivas <strong>em</strong> relação à área de patologia na <strong>medicina</strong> veterinária.<br />

Figura 13 – Funcionários, residentes, estagiários e alunos do Serviço de Patologia Animal (Outubro<br />

de 2011). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

31


2. PERITONITE POR NOCARDIA SP. EM UM GATO DOMÉSTICO: RELATO DE<br />

CASO E REVISÃO DE LITERATURA<br />

(Nocardial peritonitis in a domestic cat: a case re<strong>por</strong>t and literature review)<br />

2.1. RESUMO<br />

Um <strong>gato</strong> <strong>doméstico</strong> (Felis silvestris catus), s<strong>em</strong> raça definida, macho de 7 meses de<br />

idade foi encaminhado ao Ho<strong>sp</strong>ital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária<br />

e Zootecnia da Universidade de São Paulo (HOVET/FMVZ-USP) com su<strong>sp</strong>eita de<br />

intussuscepção intestinal. Apresentava ao exame físico pirexia e abdômen agudo,<br />

onde <strong>um</strong>a formação de consistência firme e heterogênea foi identificada na palpação<br />

abdominal. O animal foi então encaminhado à ala cirúrgica para realização de <strong>um</strong>a<br />

laparotomia exploratória, na qual foi observada <strong>um</strong>a formação abdominal não<br />

esclarecida, epíplon reativo e friável com aderência de alça intestinal. Nesse<br />

procedimento foi coletado líquido peritoneal e enviado para realização de cultura<br />

bacteriana e antibiograma, sendo posteriormente identificada como bactérias<br />

pertencentes à ord<strong>em</strong> Actinomycetales. O animal apresentou piora clínica, sendo<br />

submetido à eutanásia e encaminhado ao Serviço de Patologia Animal da FMVZ-<br />

USP para necropsia. Ao encaminhar amostra de líquido abdominal presente à<br />

necropsia para exame bacteriológico, foi possível a identificação do agente<br />

causador, sendo isoladas microcolônias do gênero Nocardia. O presente relato de<br />

caso e revisão t<strong>em</strong> <strong>por</strong> objetivo elucidar a patogênese da nocardiose intestinal<br />

apresentada, assim como estabelecer diferenciais entre as afecções intestinais mais<br />

comuns <strong>em</strong> <strong>gato</strong>s.<br />

Palavras-chave: <strong>gato</strong>; inflamação piogranulomatosa; <strong>nocardia</strong>; nocardiose;<br />

<strong>peritonite</strong><br />

32


2.2. ABSTRACT<br />

A 7-month-old , mixed breed, male domestic cat (Felis silvestris catus) was referred<br />

to the Veterinary Ho<strong>sp</strong>ital of the Faculty of Veterinary Medicine and Zootechny of<br />

University of São Paulo (HOVET/FMVZ-USP) with su<strong>sp</strong>ected intestinal<br />

intussusception. The physical exam showed pyrexia and acute abdomen, where a<br />

formation showing firm and heterogeneous consistency had been identified in<br />

abdominal palpation. The animal was then referred to the surgical ward to perform an<br />

exploratory laparotomy, in which a reactive and friable abdominal mass was<br />

observed along with omental adhesion involving a bowel loop. In this procedure<br />

peritoneal fluid was collected and sent to perform bacterial culture and sensitivity<br />

testing, and later identified as containing bacteria belonging to the Actinomycetales<br />

order. The animal showed clinical worsening, being then euthanized and sent to the<br />

Department of Animal Pathology of FMVZ-USP for necropsy. Additional tests allowed<br />

the identification from bacterial culture of the causative agent: bacterial microcolonies<br />

of the genus Nocardia. This case re<strong>por</strong>t and review aims to elucidate the<br />

pathogenesis of intestinal nocardiosis such as the one presented, as well as<br />

establish differentials between the most common intestinal disorders in cats.<br />

Key-words: cat; pyogranulomatous inflammation; <strong>nocardia</strong>; nocardiosis; peritonitis<br />

33


2.3. INTRODUÇÃO<br />

A nocardiose é <strong>um</strong>a doença bacteriana supurativa a granulomatosa, de<br />

apresentação localizada ou diss<strong>em</strong>inada, de forma aguda ou crônica (HAZIROĞLU,<br />

R. et al, 2006), ocasionada <strong>por</strong> organismos aeróbicos pertencentes à ord<strong>em</strong><br />

Actinomycetales e família Nocardiaceae. As e<strong>sp</strong>écies mais com<strong>um</strong>ente encontradas<br />

<strong>em</strong> afecções dos animais <strong>doméstico</strong>s são: Nocardia asteroides, Nocardia<br />

brasiliensis, Nocardia nova e Nocardia otitidiscaviar<strong>um</strong> (EDWARDS, D. F., 2006;<br />

QUINN, P. J. et al, 2005). As infecções causadas <strong>por</strong> actinomicetos, incluindo<br />

Nocardia <strong>sp</strong>., geralmente evolu<strong>em</strong> para forma crônica caso não sejam identificadas<br />

rapidamente, tornando-se refratárias à terapia antimicrobiana tradicional (RIBEIRO,<br />

M. G. et al, 2008).<br />

Os actinomicetos compõ<strong>em</strong> <strong>um</strong> grande e diverso grupo de bactérias Gram<br />

positivas, as quais microscopicamente apresentam células formando filamentos<br />

longos, finos e ramificados (MALIK et al, 2006). Os filamentos formados <strong>por</strong><br />

bactérias do gênero Nocardia, <strong>em</strong> e<strong>sp</strong>ecial Nocardia asteroides, tend<strong>em</strong> à<br />

fragmentação <strong>em</strong> bacilos e cocos (QUINN et al, 2005). Quando cultivados produz<strong>em</strong><br />

filamentos aéreos e pod<strong>em</strong> chegar a formar es<strong>por</strong>os (QUINN et al, 2005) e devido a<br />

essas características anteriormente acreditava-se que esses microrganismos<br />

pertencess<strong>em</strong> ao reino Fungi, mas hoje são devidamente classificados como<br />

bactérias (SIVACOLUNDHU et al, 2001). As colônias cresc<strong>em</strong> facilmente <strong>em</strong><br />

laboratório, cultivadas <strong>em</strong> condições aeróbicas a 37ºC <strong>em</strong> meios simples como ágar-<br />

sangue e ágar glucose Sabouraud, e variam de aparência macia e úmida ou a<br />

rugosa e de superfície polvilhada devido à proliferação de filamentos aéreos e<br />

pod<strong>em</strong> apresentar diferentes colorações, que variam de leitosa, amarela, alaranjada,<br />

rósea a vermelha devido às diferentes concentrações de pigmentos carotenoides<br />

34


produzidos pelas diferentes e<strong>sp</strong>écies de Nocardia. Organismos são geralmente<br />

visualizados após 2 a 10 dias, entretanto 2 a 4 s<strong>em</strong>anas de incubação pod<strong>em</strong> ser<br />

necessárias. (QUINN et al, 2005; EDWARDS, D. F., 2006). O gênero também é<br />

caracterizado <strong>por</strong> ser parcialmente álcool-ácido resistente devido aos componentes<br />

presentes na parede celular bacteriana – e<strong>sp</strong>ecialmente o ácido micólico (QUINN, P.<br />

J. et al, 2005). A diferenciação dos vários gêneros e e<strong>sp</strong>écies da família<br />

Actinomycetales é im<strong>por</strong>tante para direcionamento de meios de cultura e<strong>sp</strong>ecíficos e<br />

para estabelecer o melhor tratamento para o paciente acometido, já que os<br />

diferentes gêneros geralmente apresentam susceptibilidades diferentes aos<br />

antimicrobianos.<br />

As bactérias do gênero Nocardia são ubíquas, saprofíticas e são encontradas<br />

no solo, gramas, fenos, matéria vegetal <strong>em</strong> decomposição e água, onde contribu<strong>em</strong><br />

com a microflora na decomposição da matéria orgânica e reciclag<strong>em</strong> de nutrientes.<br />

Não faz<strong>em</strong> parte da flora normal dos mamíferos, mas pod<strong>em</strong> ser transmitidos<br />

mecanicamente pela pele ou unhas. A infecção geralmente ocorre <strong>por</strong> inoculação<br />

direta <strong>em</strong> tecidos moles através de feridas de caráter perfurante, inalação de<br />

aerossóis ou ingestão de materiais contendo esses microrganismos (EDWARDS, D.<br />

F., 2006; QUINN, P. J. et al, 2005; MALIK, R. et al, 2006)<br />

O presente trabalho t<strong>em</strong> <strong>por</strong> objetivo relatar o caso incom<strong>um</strong> de <strong>um</strong>a <strong>peritonite</strong><br />

<strong>por</strong> Nocardia <strong>sp</strong>. <strong>em</strong> <strong>um</strong> <strong>gato</strong> <strong>doméstico</strong>, assim como estabelecer seus principais<br />

diagnósticos diferenciais.<br />

35


2.4. RELATO DE CASO<br />

Um <strong>gato</strong> <strong>doméstico</strong> (Felis silvestris catus), macho não castrado, nunca<br />

imunizado de 7 meses de idade foi, no dia 05 de julho de 2011, encaminhado a <strong>um</strong>a<br />

clínica particular com sinais de enterite (fezes fétidas com presença de muco) e<br />

medicado com droga anti-helmíntica e penicilina. Após 6 dias de evolução, o animal<br />

retornou à clinica s<strong>em</strong> sinais de enterite mas com pirexia (40,9º C), abdome agudo,<br />

hi<strong>por</strong>exia e prostração, medicado então com penicilina e dipirona. S<strong>em</strong> a melhora do<br />

quadro clínico, o animal foi então encaminhado ao HOVET-USP com su<strong>sp</strong>eita de<br />

intussuscepção intestinal, juntamente com exame ultrassonográfico e h<strong>em</strong>ograma<br />

realizados anteriormente <strong>em</strong> laboratório particular.<br />

A anamnese e exame físico foram realizados no HOVET-USP dia 22 de julho<br />

de 2011, e revelaram discreta pirexia (39,2º C), mucosas subictéricas, bulhas<br />

cardíacas normorítmicas e normofonéticas (FC: 216 bpm), campos pulmonares<br />

(apresentava-se eupnéico) e linfonodos s<strong>em</strong> alterações evidentes; negou êmese. À<br />

palpação abdominal notou-se a presença de <strong>um</strong>a formação de consistência firme e<br />

contorno heterogêneo <strong>em</strong> região <strong>um</strong>bilical – achado consistente com a<br />

ultrassonografia apresentada. O animal recebeu o tratamento médico composto de:<br />

ceftriaxona, metronidazol, dipirona e mudança na dieta para alimento<br />

pastoso/palatável e foi então encaminhado à ala cirúrgica para o procedimento de<br />

laparotomia exploratória.<br />

O h<strong>em</strong>ograma realizado apresentava alterações na série branca: leucocitose<br />

(23 mil leucócitos), desvio nuclear de neutrófilos à esquerda de caráter regenerativo<br />

(18 mil e 400 neutrófilos segmentados; 690 neutrófilos bastonetes) e discreta<br />

presença de neutrófilos tóxicos. Ainda revelava discretas hipoprotein<strong>em</strong>ia e icterícia.<br />

36


A laparotomia exploratória foi realizada dia 26 de julho de 2011, a qual revelou<br />

omento de a<strong>sp</strong>ecto reativo e friável com aderência de alça intestinal. Durante o<br />

procedimento foi realizada a enterectomia do fragmento intestinal aderido,<br />

juntamente com a coleta de líquido peritoneal enviado para cultura bacteriana <strong>em</strong><br />

laboratório externo (LAB&VET). Na sequência, o animal foi medicado com tramadol,<br />

M-butilescopolamina, fluidoterapia (ringer lactato), metronidazol e ceftriaxona,<br />

mantendo o quadro clínico estável.<br />

O animal retornou ao HOVET-USP dia 29 de julho de 2011, pois a proprietária<br />

relatou piora do quadro clínico: referiu anorexia, oligodipsia e abaulamento<br />

abdominal. No mesmo dia o resultado parcial da cultura bacteriana foi<br />

di<strong>sp</strong>onibilizado, indicando o crescimento prolífico de unidades formadoras de<br />

colônias pertencentes à ord<strong>em</strong> Actinomycetales (gênero ainda <strong>em</strong> identificação).<br />

Com isso, a su<strong>sp</strong>eita clínica foi redirecionada para infecção bacteriana causada <strong>por</strong><br />

Corinebacteri<strong>um</strong>, Actinomyces ou Nocardia. Houve mudança no tratamento<br />

prescrito, mantendo o metronidazol e dipirona e alterando a droga antimicrobiana<br />

para amoxacilina com clavulanato e o paciente foi então liberado.<br />

A proprietária retornou com o animal dia 03 de agosto de 2011 referindo piora<br />

do quadro clínico. O animal apresentava anorexia, adipsia, enterite, extr<strong>em</strong>a<br />

prostração. Ao exame físico o animal apresentou-se hipotérmico, TPC de 2<br />

segundos, FC: 140 bpm e FR de 30 mpm, com a<strong>um</strong>ento do abaulamento abdominal<br />

e sensibilidade ao toque. Devido à piora clínica do animal, a proprietária optou pela<br />

eutanásia (realizada pela indução de quadro anestésico e administração de cloreto<br />

de potássio), encaminhando então para realização da necropsia no serviço de<br />

patologia animal FMVZ-USP.<br />

37


À necropsia constatou-se condição cor<strong>por</strong>al magra do animal (peso de 2 quilos<br />

e 300 gramas) com marcante distensão abdominal de consistência flutuante. Não<br />

observou-se presença de ectoparasitas ou tra<strong>um</strong>atismos.<br />

O exame interno revelou presença de aproximadamente 15 mL de líquido livre<br />

seroso translúcido turvo <strong>em</strong> cavidade torácica. Os pulmões exibiam coloração rósea<br />

heterogênea com áreas avermelhadas, consistência macia e docimasia positiva. O<br />

coração ocupava 3 e<strong>sp</strong>aços intercostais e ao corte exibia deposição de material<br />

granular puntiforme de coloração esbranquiçada <strong>em</strong> endocárdio – achado<br />

compatível eutanásia <strong>por</strong> cloreto de potássio. O linfonodo mediastínico cranial<br />

apresentava a<strong>um</strong>ento de vol<strong>um</strong>e, superfície lisa de coloração esbranquiçada a<br />

acinzentada. Ao corte a relação corticomedular encontrou-se preservada e de<br />

coloração pardacenta.<br />

À abertura da cavidade abdominal constatou-se a presença de<br />

aproximadamente 700 mL de líquido livre sero-fibrinoso turvo de coloração amarelo-<br />

esbranquiçada. Notou-se ainda a presença de grande quantidade de material fibrilar<br />

friável, de consistência mole e coloração amarelo-esbranquiçada heterogênea<br />

aderida ao fígado, baço, estômago, alças intestinas, rins e vesícula urinária. Os<br />

intestinos delgado e grosso e a vesícula urinária d<strong>em</strong>onstraram sobre a serosa<br />

presença de petéquias multifocais.<br />

Foram encaminhados fragmentos de pulmão, fígado, rim e amostra de líquido<br />

peritoneal para diagnóstico molecular (PCR) de <strong>peritonite</strong> infecciosa felina. Outra<br />

amostra de líquido peritoneal e de material fibrilar depositado <strong>em</strong> omento para<br />

realização de cultura bacteriana.<br />

38


A causa mortis foi definida como eutanásia com o diagnóstico morfológico<br />

principal a esclarecer – su<strong>sp</strong>eita direcionada para <strong>peritonite</strong> infecciosa felina,<br />

actinomicose ou nocardiose.<br />

Figura 15 – Felis silvestris catus, 7 meses,<br />

macho, peso: 2,3 kg. Curativo <strong>em</strong> região do<br />

abdome presente devido à realização de<br />

laparotomia exploratória.<br />

Figura 14 – Abaulamento abdominal<br />

marcante de consistência flutuante. Cicatriz<br />

cirúrgica (laparotomia exploratória) com 6<br />

pontos de sutura evidente.<br />

Figura – Linfonodo mediastínico cranial com a<strong>um</strong>ento de vol<strong>um</strong>e evidente<br />

39


Figura 16 – Cavidades abdominal e torácica expostas. Nota-se a deposição de grande quantidade<br />

de material fibrilar friável, de consistência mole e coloração amarelo-esbranquiçada heterogênea<br />

aderida às vísceras abdominais.<br />

Figura 17 – Detalhe das vísceras abdominais. Os intestinos delgado e grosso e a vesícula urinária<br />

d<strong>em</strong>onstraram sobre a serosa presença de petéquias multifocais.<br />

40


Figura 19 – Conjunto contendo língua, laringe,<br />

traquéia, esôfago cervical, pulmões e coração.<br />

Os pulmões exibiam coloração rósea<br />

heterogênea com áreas avermelhadas,<br />

consistência macia e docimasia positiva.<br />

Figura 21 - Deposição de grande quantidade<br />

de material fibrilar friável, de consistência mole<br />

e coloração amarelo-esbranquiçada<br />

heterogênea aderida ao baço.<br />

41<br />

Figura 18– O coração ocupava na cavidade 3<br />

e<strong>sp</strong>aços intercostais. A seta verde indica<br />

deposição de material granular puntiforme de<br />

coloração esbranquiçada <strong>em</strong> endocárdio<br />

(achado compatível com alterações<br />

provocadas pela eutanásia).<br />

Figura 20 – Deposição de grande quantidade de<br />

material fibrilar friável, de consistência mole e<br />

coloração amarelo-esbranquiçada heterogênea<br />

aderida ao fígado.


Figura 22 – Líquido livre sero-fibrinoso turvo<br />

de coloração amarelo-esbranquiçada retirado<br />

da cavidade abdominal – aproximadamente<br />

700 mL.<br />

Figura 23 – Líquido livre seroso translúcido<br />

turvo retirado da cavidade torácica –<br />

aproximadamente 15 mL.<br />

Figura 24 – Detalhe de estômago e intestinos grosso e delgado. Apresentam-se moderadamente<br />

dilatados <strong>por</strong> gás e serosa de coloração róseo-acinzentada com distribuição multifocal de petéquias e<br />

deposição de grande quantidade de material fibrilar friável, de consisistência mole e coloração<br />

amarelo-esbranquiçada heterogênea – grande quantidade localizada <strong>em</strong> região de omento maior<br />

(seta vermelha).<br />

42


Os exames compl<strong>em</strong>entares retornaram negativos para <strong>peritonite</strong> infecciosa<br />

felina e o exame bacteriológico indicou o crescimento e isolamento de Nocardia <strong>sp</strong>.<br />

e Streptococcus dysgalactiae.<br />

O exame histopatológico foi realizado <strong>em</strong> diversos fragmentos de vários<br />

órgãos, e o achado mais significante foi a presença de <strong>um</strong>a <strong>peritonite</strong> subaguda,<br />

severa e difusa com predominância de macrófagos e neutrófilos evidente <strong>em</strong><br />

fragmentos de intestino delgado, fígado, baço, adrenal, linfonodos mesentéricos,<br />

estômago e vesícula urinária, com discreto padrão infiltrativo. O baço apresentou<br />

rarefação de folículos linfóides, associado a <strong>um</strong>a e<strong>sp</strong>lenite aguda discreta e difusa,<br />

caracterizada <strong>por</strong> plasmocitose e histiocitose <strong>em</strong> polpa vermelha. Presença de raros<br />

megacariócitos. Notou-se no fígado discreta congestão e degeneração<br />

microgoticular de padrão centrolobular dos hepatócitos. Observa-se presença difusa<br />

de macrófagos nos sinusóides hepáticos, caracterizando <strong>um</strong> quadro de discreta<br />

hepatite difusa. Ainda observou-se <strong>um</strong>a marcante linfadenite subaguda e difusa <strong>em</strong><br />

fragmento coletado de linfonodo mesentérico, com presença de macrófagos<br />

epitelióides e células gigantes. O cérebro e cerebelo revelam ed<strong>em</strong>a de distribuição<br />

aguda, sendo que este último revela também moderada cromatólise neuronal. Os<br />

pulmões apresentam discreta congestão de vasos, áreas de enfis<strong>em</strong>a alveolar<br />

localizadas principalmente <strong>em</strong> bordos e áreas multifocais difusas de atelectasia<br />

conjuntamente a <strong>um</strong>a pne<strong>um</strong>onia intersticial aguda discreta e difusa. A medula<br />

óssea também foi avaliada onde se constatou focos h<strong>em</strong>orrágicos multifocais e<br />

rarefação da série eritróide. Não foi constatada a visualização de bactérias n<strong>em</strong> de<br />

macroagregados.<br />

43


Figura 25 – Detalhe de fragmento do omento (H&E). Composto <strong>por</strong> infiltrado misto, com prevalência<br />

de neutrófilos e macrófagos, não encapsulado. Observa-se presença de material amorfo eosinofílico<br />

e rede de fibrina. Fonte: Alessandra M. D. Lacerda.<br />

Figura 26– O fragmento de fígado revela discreta congestão e degeneração microgoticular de padrão<br />

centrolobular nos hepatócitos. Observa-se presença difusa de macrófagos nos sinusóides hepáticos,<br />

caracterizando <strong>um</strong> quadro de discreta hepatite difusa. A cápsula de Glisson encontra-se e<strong>sp</strong>essada<br />

<strong>por</strong> infiltrado misto, com predominância de neutrófilos e macrófagos com discreta infiltração do<br />

parênquima próximo à cápsula, caracterizando a <strong>peritonite</strong> subaguda severa e difusa encontrada<br />

(H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

44


Figura 27 – Detalhe do mesmo fragmento de fígado acima. A cápsula de Glisson encontra-se<br />

e<strong>sp</strong>essada <strong>por</strong> infiltrado misto, com predominância de neutrófilos e macrófagos com discreta<br />

infiltração do parênquima próximo à cápsula. Observa-se presença de material amorfo eosinofílico e<br />

redes de fibrina - Peritonite subaguda severa e difusa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 28– Fragmento de intestino delgado (jejuno) onde nota-se a serosa e<strong>sp</strong>essada <strong>por</strong> presença<br />

de infiltrado misto, com predominância de neutrófilos e macrófagos, com discreto padrão infiltrativo na<br />

camada muscular externa. Observa-se presença de material amorfo eosinofílico e redes de fibrina -<br />

Peritonite subaguda severa e difusa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

45


Figura 30 – Detalhe de intestino delgado onde<br />

nota-se o padrão infiltrativo discreto na<br />

camada muscular externa (H&E). Fonte:<br />

Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 31 – Fragmento de estômago onde se observa a serosa e<strong>sp</strong>essada <strong>por</strong> presença de infiltrado<br />

misto, com predominância de neutrófilos e macrófagos, com discreto padrão infiltrativo na camada<br />

muscular externa – Peritonite subaguda severa e difusa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

46<br />

Figura 29 – Detalhe de intestino delgado onde<br />

nota-se o infiltrado misto com predominância de<br />

neutrófilos e macrófagos (H&E). Fonte:<br />

Alessandra M. D. Lacerda


Figura 32 – Detalhe de fragmento de estômago: entre a camada muscular externa e interna,<br />

mutifocalmente, e entre a lâmina basal e mucosa encontram-se áreas de infiltrado linfoplasmocítico<br />

(H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 33 – Fragmento de vesícula Urinária apresentando serosa e<strong>sp</strong>essada <strong>por</strong> presença de<br />

infiltrado misto, com predominância de neutrófilos e macrófagos, com discreto padrão infiltrativo na<br />

camada muscular externa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

47


Figura 34– Fragmento de pulmão com discreta congestão de vasos. Apresenta pne<strong>um</strong>onia intersticial<br />

aguda discreta e difusa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 35 – Fragmento de pulmão. Apresenta pne<strong>um</strong>onia intersticial aguda discreta e difusa (H&E).<br />

Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

48


Figura 36– Fragmento de baço onde há rarefação de folículos linfóides. A cápsula apresenta-se<br />

e<strong>sp</strong>essada <strong>por</strong> infiltrado misto, com prevalência de neutrófilos e macrófagos, com discreto padrão<br />

infiltrativo do parênquima e<strong>sp</strong>lênico (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 37 – Detalhe do fragmento de baço acima evidenciando <strong>um</strong>a e<strong>sp</strong>lenite aguda discreta e<br />

difusa, caracterizada <strong>por</strong> plasmocitose e histiocitose <strong>em</strong> polpa vermelha. Presença de raros<br />

megacariócitos (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

49


Figura 38 – Fragmento de linfonodo mesentérico mostrando-se reativo com severa histiocitose,<br />

caracterizando <strong>um</strong>a linfadenite subaguda marcante e difusa (H&E). Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 39 – Detalhe do fragmento de linfonodo acima. O fragmento apresenta-se reativo, com severa<br />

histiocitose e moderada hiperplasia medular, caracterizando <strong>um</strong>a linfadenite subaguda marcante e<br />

difusa. Presença de macrófagos epitelióides (seta verde), células gigantes (seta azul) e plasmócitos<br />

ativados (H&E).Fonte: Alessandra M. D. Lacerda<br />

50


Figura 40 – Fragmento de linfonodo mesentérico indicando área com presença de infiltrado misto,<br />

com predominância de neutrófilos e macrófagos, inclusive células gigantes (seta verde) (H&E). Fonte:<br />

Alessandra M. D. Lacerda<br />

Figura 41 – Detalhe da área de infiltrado misto no linfonodo acima – presença de células gigantes.<br />

Observa-se ainda presença de material amorfo eosinofílico e rede de fibrina (H&E). Fonte:<br />

Alessandra M. D. Lacerda<br />

51


2.5. DISCUSSÃO<br />

Bactérias do gênero Nocardia são actinomicetos Gram positivos, aeróbios,<br />

saprofíticos e filamentosos que tend<strong>em</strong> à fragmentação cocobacilar (QUINN et al,<br />

2005; LOVE, 1988; CHEDID et al., 2007; TILGNER e ANSTEY, 1996; EDWARDS,<br />

2006). São bactérias ubíquas com<strong>um</strong>ente encontradas no solo, água, plantas e<br />

materiais orgânicos <strong>em</strong> geral (EDWARDS, 2006; RIBEIRO et al, 2008).<br />

M<strong>em</strong>bros da família Nocardiceae exib<strong>em</strong> crescimento <strong>em</strong> cultura relativamente<br />

lento e devido à grande im<strong>por</strong>tância da ord<strong>em</strong> Actinomycetales nas infecções <strong>em</strong><br />

mamíferos assim que se tornar<strong>em</strong> aparentes dev<strong>em</strong> ser diferenciadas de outras<br />

bactérias Gram positivas que se ass<strong>em</strong>elham, incluindo outros actinomicetos como<br />

Streptomyces <strong>sp</strong>p., Actinomyces <strong>sp</strong>p., Actinomadura <strong>sp</strong>p., Rhodococcus <strong>sp</strong>p.,<br />

Tsukamurella <strong>sp</strong>p., Mycobacteri<strong>um</strong> <strong>sp</strong>p. e Corynebacteri<strong>um</strong> <strong>sp</strong>p. (BEAMAN e<br />

BEAMAN, 1994; MALIK et al, 2006). Atualmente são descritas mais de 30 e<strong>sp</strong>écies<br />

de Nocardia, dentre as quais N. asteroides a e<strong>sp</strong>écie mais com<strong>um</strong>ente isolada como<br />

agente infeccioso <strong>em</strong> h<strong>um</strong>anos e animais <strong>doméstico</strong>s (EDWARDS, 2006;<br />

HAZIROGLU et al, 2006).<br />

A nocardiose é <strong>um</strong>a doença de apresentação aguda, subaguda ou crônica de<br />

natureza granulomatosa ou supurativa, localizada ou diss<strong>em</strong>inada, com capacidade<br />

de formar granulomas ou piogranulomas, fibrose tecidual e seios drenantes<br />

(EDWARDS, 2006; CASTELLI et al, 2011; HAZIROGLU et al., 2006;<br />

SIVACOLUNDHU et al., 2001). Os actinomicetos <strong>em</strong> geral, incluindo Nocardia <strong>sp</strong>.,<br />

têm <strong>por</strong> característica geral ocasionar infecções crônicas e a se tornar<strong>em</strong> refratários<br />

ou pouco re<strong>sp</strong>onsivos à terapia antimicrobiana convencional (RIBEIRO et al, 2008).<br />

Apesar de sua distribuição ampla e mundial, a nocardiose é <strong>um</strong>a doença<br />

incom<strong>um</strong>, mas já descrita <strong>em</strong> cães, <strong>gato</strong>s, cavalos, bovinos e h<strong>um</strong>anos (GOLYNSKY<br />

52


et al, 2005; TILGNER e ANSTEY, 1996). Ainda é raramente descrita <strong>em</strong> aves (PARK<br />

e JAENSCH, 2009). Atualmente, entre os animais de companhia, é mais prevalente<br />

<strong>em</strong> <strong>gato</strong>s do que <strong>em</strong> cães (MALIK et al, 2006).<br />

As infecções são consideradas o<strong>por</strong>tunistas, ou seja, requer<strong>em</strong> <strong>um</strong> ho<strong>sp</strong>edeiro<br />

comprometido para o início da doença. Rotas propostas de infecção inclu<strong>em</strong> a<br />

inalação dos organismos, inoculação <strong>por</strong> feridas perfurantes ou ingestão (QUINN et<br />

al, 2005; EDWARDS, 2006; TILGNER e ANSTEY, 1996). De acordo com Armstrong<br />

(1980) a nocardiose não é considerada <strong>um</strong>a doença contagiosa ao hom<strong>em</strong> ou outros<br />

animais.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente quando há fatores predi<strong>sp</strong>onentes, tanto <strong>em</strong> animais<br />

<strong>doméstico</strong>s quanto <strong>em</strong> h<strong>um</strong>anos, ocorre a<strong>um</strong>ento à susceptibilidade a nocardiose.<br />

Em <strong>um</strong> estudo realizado, aproximadamente 40% das pessoas com nocardiose<br />

possuíam alg<strong>um</strong>a alteração imunossupressora primária, tais como neoplasias,<br />

doenças autoimunes, alterações pulmonares, pacientes de tran<strong>sp</strong>lante ou doenças<br />

infecciosas – destacando-se a síndrome da imunodeficiência adquirida (BEAMAN e<br />

BEAMAN, 1994; MCNEIL e BROWN, 1994; CHEDID et al, 2007). Já <strong>em</strong> cães e<br />

<strong>gato</strong>s a nocardiose é geralmente descrita <strong>em</strong> animais coinfectados <strong>por</strong> doenças<br />

imunossupressoras: cinomose <strong>em</strong> cães e síndrome da imunodeficiência felina e<br />

leuc<strong>em</strong>ia felina <strong>em</strong> <strong>gato</strong>s (RIBEIRO et al, 2007), <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> muitos casos não seja<br />

relatado o diagnóstico definitivo da doença imunossupressora primária.<br />

A patogenicidade das e<strong>sp</strong>écies de Nocardia é influenciada pela cepa, pela fase<br />

de crescimento do organismo e pela susceptibilidade do ho<strong>sp</strong>edeiro. A re<strong>sp</strong>osta<br />

normal do ho<strong>sp</strong>edeiro à infecção é caracterizada <strong>por</strong> <strong>um</strong>a mobilização inicial de<br />

neutrófilos que pode vir a inibir o crescimento, mas não mata o organismo.<br />

Subsequent<strong>em</strong>ente ocorre a ativação da imunidade mediada <strong>por</strong> células<br />

53


(macrófagos e células T), normalmente bactericida. A resistência diminuída do<br />

ho<strong>sp</strong>edeiro é o fator primário para nocardiose, mas n<strong>em</strong> todos os animais infectados<br />

possu<strong>em</strong> condições predi<strong>sp</strong>onentes identificáveis (EDWARDS, 2006). As cepas<br />

virulentas são patógenos intracelulares facultativos capazes de inibir a fusão<br />

fagossomo-lisossomo e resistir a outros mecanismos enzimáticos de neutrófilos e<br />

macrófagos (como choque ácido ou oxidativo) devido à presença de ácidos<br />

micólicos <strong>em</strong> sua parede celular bacteriana, resultando <strong>em</strong> <strong>um</strong> processo de<br />

inflamação severo no tecido afetado. Assim, a patogenicidade das e<strong>sp</strong>écies de<br />

Nocardia é influenciada pela localização intracelular bacteriana, indução da re<strong>sp</strong>osta<br />

inflamatória piogranulomatosa, susceptibilidade do ho<strong>sp</strong>edeiro, via de transmissão e<br />

coinfecção com doenças imunossupressoras, principalmente aquelas que<br />

compromet<strong>em</strong> a imunidade celular (BEAMAN e BEAMAN, 1994; CORTI e<br />

VILLAFANE-FIOTI, 2003; EDWARDS, 2006; RIBEIRO et al, 2008).<br />

A progressão do início da doença até a fase crônica se desenvolve a partir da<br />

falha da re<strong>sp</strong>osta inflamatória aguda, resultando <strong>em</strong> <strong>um</strong> processo crônico. No caso<br />

da nocardiose tal processo ocorre pela persistência do estímulo durante <strong>um</strong> longo<br />

período de t<strong>em</strong>po e substituição de el<strong>em</strong>entos celulares da re<strong>sp</strong>osta inflamatória de<br />

neutrófilos para linfócitos, macrófagos e <strong>por</strong> vezes células gigantes multinucleadas.<br />

Como os m<strong>em</strong>bros do gênero Nocardia não produz<strong>em</strong> toxinas causadoras de dano<br />

tecidual severo, é sua presença contínua que incita a re<strong>sp</strong>osta imune inflamatória<br />

crônica devido às características de sua parede lipídica (ACKERMANN, 2006). As<br />

características histológicas nos tecidos avaliados no caso desse <strong>gato</strong> r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> às<br />

características encontradas pela literatura, definindo assim <strong>um</strong>a reação do tipo<br />

piogranulomatosa.<br />

54


Segundo Beaman e Beaman (1994) a nocardiose pode apresentar-se <strong>em</strong> 6<br />

formas: (i) nocardiose pulmonar (torácica); (ii) nocardiose sistêmica; (iii) nocardiose<br />

<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a nervoso central; (iv) nocardiose extrapulmonar; (v) nocardiose cutânea,<br />

subcutânea ou linfocutânea e (vi) actinomicetoma. Em bovinos há relatos de casos<br />

de nocardiose ocasionando mastites ambientais que geram im<strong>por</strong>tantes perdas<br />

econômicas na atividade leiteira (COSTA et al, 1987). As características clínicas da<br />

nocardiose são ine<strong>sp</strong>ecíficas e pod<strong>em</strong> variar de acordo com o maior órgão afetado<br />

(TILGNER e ANSTEY, 1996). Dentre os animais <strong>doméstico</strong>s a forma cutânea e<br />

subcutânea é a mais com<strong>um</strong>, e de extr<strong>em</strong>a significância <strong>em</strong> <strong>gato</strong>s machos devido ao<br />

com<strong>por</strong>tamento territorialista e brigas com outros <strong>gato</strong>s (TILGNER e ANSTEY, 1996;<br />

EDWARDS, 2006).<br />

No caso da forma cutânea de nocardiose pioderma, dermatite granulomatosa<br />

ou piogranulomatosa, abcesso cutâneo-subcutâneo, paniculite supurativa ou<br />

micetoma actinomicótico são os sinais mais comuns. Lesões cutâneas recentes<br />

pod<strong>em</strong> se apresentar como abcessos circunscritos. As lesões cutâneas-subcutâneas<br />

são caracterizadas <strong>por</strong> a<strong>um</strong>entos de vol<strong>um</strong>e que variam de firme a flutuante que<br />

pod<strong>em</strong> vir a formar úlceras ou desenvolver fístulas drenando exsudato vermelho-<br />

amarronzado. Infecções cutâneas, subcutâneas e <strong>em</strong> linfonodos regionais<br />

localizadas resultam de <strong>um</strong>a inoculação <strong>por</strong> ferida perfurante - mordidas, arranhões<br />

ou corpo estranho –, e lesões pod<strong>em</strong> ser geralmente encontradas <strong>em</strong> regiões<br />

susceptíveis a mordidas e arranhões como m<strong>em</strong>bros e plano nasal (EDWARDS,<br />

2006; GINN et al, 2007; HARADA et al, 2009; MALIK et al, 2006; SCOTT et al,<br />

2001).<br />

Similar às micoses sistêmicas, a nocardiose pulmonar provavelmente resulta<br />

de <strong>um</strong>a a<strong>sp</strong>iração de microrganismos. Lesões <strong>nocardia</strong>is se desenvolv<strong>em</strong> nos<br />

55


e<strong>sp</strong>aços alveolares e frequent<strong>em</strong>ente alcançam vasos sanguíneos, resultando na<br />

diss<strong>em</strong>inação sistêmica da doença. Lesões secundárias causadas pela<br />

diss<strong>em</strong>inação pod<strong>em</strong> surgir <strong>em</strong> qualquer tecido. O envolvimento de estruturas<br />

adjacentes no tórax (como pleura, mediastino, pericárdio) não é incom<strong>um</strong>. Outros<br />

locais solitários extrapulmonares de infecção são possivelmente causados <strong>por</strong> <strong>um</strong>a<br />

bacter<strong>em</strong>ia transiente e diss<strong>em</strong>inação <strong>por</strong> via linfática ou h<strong>em</strong>atógena. A fonte<br />

primária pode ainda ser <strong>um</strong>a infecção pulmonar não aparente (EDWARDS, 2006;<br />

TILGNER e ANSTEY, 1996; THOMOVSKY e KERL, 2008). A nocardiose pulmonar<br />

ou torácica apresenta sinais subagudos caracterizados <strong>por</strong> di<strong>sp</strong>neia in<strong>sp</strong>iratória,<br />

h<strong>em</strong>optise, hipotermia, colapso e morte, no entanto sinais clínicos crônicos são mais<br />

característicos. Os sinais são geralmente confundidos com cinomose <strong>em</strong> cães,<br />

incluindo secreção oculonasal mucopurulenta, anorexia, perda de peso (<strong>em</strong>aciação<br />

com<strong>um</strong>), tosse, di<strong>sp</strong>neia, diarreia e hipertermia. Sons pulmonares poderão estar<br />

a<strong>um</strong>entados (pela broncopne<strong>um</strong>onia) ou diminuídos (<strong>por</strong> lesão extensa ou <strong>em</strong>pi<strong>em</strong>a)<br />

e com<strong>um</strong>ente há linfadenopatia hilar (EDWARDS, 2006; QUINN et al, 2005). Em<br />

h<strong>um</strong>anos as manifestações clinicas da nocardiose pulmonar também pod<strong>em</strong> incluir<br />

traqueobronquite, sinusite, mediastinite e raramente endocardite (CASTELLI et al,<br />

2011).<br />

Nocardiose extrapulmonar solitária é infrequente e geralmente ocorre como<br />

a<strong>um</strong>entos de vol<strong>um</strong>e firmes que pod<strong>em</strong> ou não se romper, abcesso cutâneo-<br />

subcutâneo ou micetoma. Micetoma é <strong>um</strong> t<strong>um</strong>or granulomatoso subcutâneo<br />

contendo agregados (grânulos) de actinomicetos (micetoma actinomicótico) ou<br />

fungos (micetoma e<strong>um</strong>icótico) (EDWARDS, 2006; THOMOVSKY e KERL, 2008).<br />

A forma sistêmica (ou diss<strong>em</strong>inada) é definida <strong>por</strong> lesões <strong>em</strong> 2 ou mais locais<br />

(impossibilitados de contágio) dentro do corpo, e é tipicamente associada à doença<br />

56


pulmonar e raramente se desenvolve s<strong>em</strong> a doença pulmonar óbvia. Os locais mais<br />

frequentes envolvendo órgãos extratorácicos são pele e tecido subcutâneo, rins,<br />

fígado, linfonodos, o sist<strong>em</strong>a nervoso central, ossos e articulações (EDWARDS,<br />

2006). Em <strong>gato</strong>s, a nocardiose sistêmica t<strong>em</strong> sido geralmente descrita como <strong>um</strong>a<br />

infecção torácica que se diss<strong>em</strong>ina com com<strong>um</strong> envolvimento do sist<strong>em</strong>a nervoso<br />

central, podendo ocasionar meningoencefalite granulomatosa ou piogranulomatosa.<br />

A nocardiose sistêmica geralmente não é identificada rapidamente, devido a sua<br />

apresentação clínica ine<strong>sp</strong>ecífica, <strong>um</strong> baixo índice de su<strong>sp</strong>eita e conhecimento da<br />

doença e a falta de <strong>um</strong> teste imunológico diagnóstico. (MAXIE e YOUSSEF, 2007;<br />

TILGNER e ANSTEY, 1996).<br />

O <strong>gato</strong> deste relato de caso apresentou apenas sinais ine<strong>sp</strong>ecíficos como<br />

apatia, anorexia, oligodipsia e pirexia – sinais compatíveis com os encontrados na<br />

literatura (KAWAMURA et al, 2005). O animal não apresentava qualquer lesão<br />

cutânea compatível e a proprietária <strong>em</strong> momento alg<strong>um</strong> revelou histórico de brigas<br />

ou lesões, <strong>por</strong>tanto a conclusão é de que a via cutânea provavelmente não foi a<br />

causa diss<strong>em</strong>inadora da <strong>peritonite</strong>. O h<strong>em</strong>ograma revelou apenas a ocorrência de<br />

<strong>um</strong>a severa re<strong>sp</strong>osta inflamatória pela mobilização de leucócitos (leucocitose) e pelo<br />

desvio nuclear de neutrófilos à esquerda. Neste caso é possível inferir levando <strong>em</strong><br />

conta dados dessa revisão que o animal tenha se infectado e desenvolvido o quadro<br />

entérico <strong>por</strong> ingestão como <strong>um</strong> caso raro de nocardiose extrapulmonar ou <strong>por</strong><br />

diss<strong>em</strong>inação através de <strong>um</strong>a infecção pulmonar não aparente - hipótese<br />

corroborada pela pne<strong>um</strong>onia intersticial aguda discreta e difusa evidente no exame<br />

histológico. A efusão peritoneal encontrada – 700 mL de líq uido serofibrinoso turvo<br />

castanho amarelado – é compatível com efusões exsudativas encontradas <strong>em</strong><br />

outros casos de nocardiose descritos <strong>por</strong> Armstrong (1980), Tilgner e Anstey (1996)<br />

57


e Sivacolundhu et al (2001). A ausência de macroagregados (grânulos de enxofre)<br />

no líquido peritoneal e outras lesões não exclui <strong>um</strong>a infecção <strong>por</strong> Actinomyces ou<br />

Nocardia (KIRPENSTEIJN e FINGLAND, 1992).<br />

Achados clínicos e<strong>sp</strong>erados da nocardiose são <strong>um</strong>a an<strong>em</strong>ia não regenerativa,<br />

leucocitose, desvio nuclear de neutrófilos à esquerda, monocitose e<br />

hiperprotein<strong>em</strong>ia. As efusões pleurais, bronquiais, a<strong>sp</strong>irados de abcessos são<br />

supurativos a piogranulomatosos. Macroagregados (grânulos de enxofre) são<br />

infrequentes, mas quando presentes dev<strong>em</strong> ser encaminhados para a cultura<br />

bacteriana. Ao contrário da actinomicose, populações bacterianas mistas <strong>em</strong> tecidos<br />

profundos são raras e provavelmente encontradas <strong>por</strong> contaminação da amostra<br />

(EDWARDS, 2006; TILGNER e ANSTEY, 1996).<br />

As lesões macroscópicas <strong>em</strong> órgãos internos são tipicamente n<strong>um</strong>erosas e<br />

nodulares, variando de pequenas (1 mm) a grandes (1cm), discretas a coalescentes,<br />

elevadas de coloração branca a acinzentada, onde <strong>em</strong> casos de <strong>peritonite</strong> encontra-<br />

se <strong>um</strong> material supurativo e granular sobre o omento (EDWARDS, 2006; TILGNER e<br />

ANSTEY, 1996). Tecido pulmonar afetado pode parecer congesto. Linfonodos estão<br />

geralmente muito a<strong>um</strong>entados, firmes a flutuantes com o interior purulento a<br />

caseoso (EDWARDS, 2006). A reação histológica clássica de <strong>um</strong>a infecção cutânea<br />

<strong>por</strong> Nocardia é caracterizada <strong>por</strong> <strong>um</strong>a região de necrose central e supuração<br />

rodeada <strong>por</strong> macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Grupamentos de macrófagos<br />

epitelióides e células gigantes multinucleadas pod<strong>em</strong> estar presentes (EDWARDS,<br />

2006). Em casos de <strong>peritonite</strong> ou pleurite <strong>por</strong> nocardiose já descritas, as alterações<br />

histológicas compreend<strong>em</strong> a presença de neutrófilos, macrófagos e linfócitos<br />

caracterizando <strong>um</strong>a reação piogranulomatosa sobre m<strong>em</strong>branas serosas com<br />

envolvimento de parênquima das estruturas afetadas (HAZIROGLU et al, 2006),<br />

58


achado compatível com a apresentação da <strong>peritonite</strong> subaguda severa e difusa<br />

encontrada nesse caso. Filamentos de Nocardia não foram observados no exame<br />

histológico pois não são corados pela coloração utilizada (h<strong>em</strong>atoxilina e eosina)<br />

(EDWARDS, 2006). Também não foram observadas proteínas de Splendore-Hoeppli<br />

(agregados proteináceos eosinfílicos compostos <strong>por</strong> imunoglobulinas posicionadas<br />

ao redor do agregado bacteriano) nas lâminas histológicas (ACKERMANN, 2006).<br />

As drogas de eleição para nocardiose são as sulfonamidas, mas o isolamento e<br />

a realização do antibiograma são im<strong>por</strong>tantes, pois diferentes e<strong>sp</strong>écies e cepas<br />

pod<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrar susceptibilidades diferentes (EDWARDS, 2006; HARTMANN e<br />

LEVY, 2011). Combinações de Trimetropim-sulfonamidas, cefalos<strong>por</strong>inas,<br />

amicacinas, ampicilina, imipenen, minociclina e linezolide são as drogas<br />

recomendadas para o tratamento da nocardiose e envolv<strong>em</strong> terapia prolongada, de<br />

su<strong>por</strong>te e procedimentos cirúrgicos (RIBEIRO et al, 2008; THOMOVSKY e KERL,<br />

2008). As sulfonamidas ating<strong>em</strong> a maior parte das e<strong>sp</strong>écies (exceção N.<br />

otitidiscaviar<strong>um</strong>) e o tratamento deve ser prolongado: <strong>em</strong> h<strong>um</strong>anos o prazo é de 1 a<br />

3 meses para infecções cutâneas, 6 meses para infecções pulmonares não<br />

complicadas e 12 meses para infecções sistêmicas (EDWARDS, 2006; HARTMANN<br />

e LEVY, 2011). Duração insuficiente da terapia leva ao reaparecimento da doença<br />

(MALIK et al, 2006). No caso de <strong>um</strong>a <strong>peritonite</strong> <strong>por</strong> Nocardia <strong>em</strong> <strong>um</strong> <strong>gato</strong> descrito<br />

<strong>por</strong> Tilgner e Anstey (1996) a antibioticoterapia foi realizada <strong>por</strong> 3 meses de forma<br />

eficaz (uso de sulfadiazina e trimetroprim pro<strong>por</strong>ção 5:1), e deve-se manter o animal<br />

<strong>em</strong> observação para monitorar possíveis efeitos colaterais. No caso descrito <strong>por</strong> este<br />

artigo, a antibioticoterapia se mostrou ineficaz, pois a cepa de Nocardia presente<br />

apresentou resultados de resistência tanto para cefalos<strong>por</strong>inas utilizadas quanto<br />

para amoxacilina e clavulanato (d<strong>em</strong>onstradas <strong>em</strong> antibiograma di<strong>sp</strong>onível após a<br />

59


morte do animal). Tal resultado reforça a im<strong>por</strong>tância dos testes de sensibilidades,<br />

pois Golynsky et al (2005) d<strong>em</strong>onstrou que o tratamento com cefalos<strong>por</strong>inas<br />

(utilizado cefalexina) pode ser possível – <strong>um</strong> cão não apresentou recidivas após 8<br />

s<strong>em</strong>anas de tratamento de <strong>um</strong>a nocardiose cutânea -, enquanto HARADA et al<br />

(2008) d<strong>em</strong>onstrou que o tratamento com cefalexina durante 30 dias <strong>em</strong> <strong>um</strong> <strong>gato</strong><br />

também com nocardiose cutânea foi ineficaz. Em caso de nocardiose sistêmica,<br />

muitos autores recomendam tratamento cirúrgico (drenag<strong>em</strong> de efusões)<br />

concomitant<strong>em</strong>ente ao tratamento antibiótico (KIRPENSTEIJN e FINGLAND, 1992;<br />

MARINO e JAGGY, 1993; SCOTT et al, 2001; GOLYNSKY et al, 2005).<br />

Os diagnósticos diferenciais para <strong>peritonite</strong> <strong>por</strong> Nocardia com efusão peritoneal<br />

exsudativa inclu<strong>em</strong>: <strong>peritonite</strong> infecciosa felina (forma efusiva); contaminação<br />

bacteriana <strong>por</strong> ruptura entérica, infecções fúngicas, infecções <strong>por</strong> outros<br />

actinomicetos, feridas perfurantes ou órgãos abdominais infectados. As efusões não<br />

sépticas pod<strong>em</strong> também vir a ser contaminadas. Causas não infecciosas inclu<strong>em</strong><br />

bile, urina, colangite linfocítica e neoplasia abdominal (TILGNER e ANSTEY, 1996;<br />

THOMOVSKY e KERL, 2008). Como a nocardiose e e<strong>sp</strong>ecialmente a actinomicose<br />

geralmente apresentam sinais clínicos e microscópicos s<strong>em</strong>elhantes, o diagnóstico<br />

deve ser confirmado <strong>por</strong> isolamento de Nocardia. Isso é de extr<strong>em</strong>a im<strong>por</strong>tância,<br />

pois as duas condições requer<strong>em</strong> diferentes tratamentos já que a droga de eleição<br />

para actinomicose é a penicilina G (PEABODY e SEABURY, 1960; SMEGO e<br />

FOGLIA, 1998). O diagnóstico estabelecido é a cultura apropriada de Nocardia no<br />

sítio de infecção. Ainda não há técnicas molecular ou sorológica di<strong>sp</strong>oníveis para<br />

uso de rotina. Como a Nocardia cresce mais lentamente que outras bactérias, o<br />

laboratório deve ser alertado quando há su<strong>sp</strong>eita clinica de nocardiose (CASTELLI<br />

et al, 2011).<br />

60


Pela im<strong>por</strong>tância epid<strong>em</strong>iológica da <strong>peritonite</strong> infecciosa felina e sua frequente<br />

ocorrência, deve-se prestar e<strong>sp</strong>ecial atenção para seu diagnóstico diferencial, já que<br />

<strong>gato</strong>s avaliados geralmente possu<strong>em</strong> <strong>um</strong>a efusão abdominal densa, fibrinosa e de<br />

coloração amarelada, similar ao caso apresentado, assim como <strong>um</strong>a severa reação<br />

piogranulomatosa. Ainda é considerada a prova de ouro para o diferencial da<br />

<strong>peritonite</strong> infecciosa o exame histopatológico, que apresenta lesões de perivasculite<br />

plasmocitária, acúmulo de células plasmocitárias com <strong>um</strong> centro necropurulento, ou<br />

ambas (HARTMANN et al, 2003; PALTRINIERI et al, 1999). No caso relatado, o <strong>gato</strong><br />

não revelou a presença <strong>em</strong> suas lâminas histológicas de lesões compatíveis com a<br />

<strong>peritonite</strong> infecciosa felina, além de apresentar resultado negativo na identificação do<br />

coronavirus felino <strong>em</strong> ensaio de PCR.<br />

Não há na literatura método de controle recomendado para evitar a nocardiose<br />

<strong>em</strong> animais de companhia. Entretanto, condições de higiene ambiental, diagnostico<br />

precoce, terapia inicial apropriada e controle dos fatores predi<strong>sp</strong>onentes (doenças<br />

imunossupressoras) pod<strong>em</strong> vir a diminuir a taxa de mortalidade da doença<br />

(RIBEIRO et al, 2008). O <strong>gato</strong> neste caso não foi avaliado quanto ao seu estado<br />

sanitário para doenças imunossupressoras de im<strong>por</strong>tância como leuc<strong>em</strong>ia felina e<br />

imunodeficiência felina, <strong>em</strong>bora tenha sido diagnosticado como livre de <strong>peritonite</strong><br />

infecciosa felina como diferencial. Como via de infecção pres<strong>um</strong>e-se que a o animal<br />

relatado tenha se infectado via ingestão ou <strong>por</strong> diss<strong>em</strong>inação de <strong>um</strong>a infecção<br />

pulmonar não aparente.<br />

O prognóstico para infecções <strong>por</strong> Nocardia deve ser considerado reservado,<br />

entretanto com o diagnóstico precoce e o uso de combinações de drogas sinérgicas<br />

ou aditivas o prognóstico tende a melhorar. Casos que são identificados<br />

precoc<strong>em</strong>ente e com a antibioticoterapia correta geralmente t<strong>em</strong> <strong>um</strong> desfecho<br />

61


favorável. Devido a alta taxa de recidivas, todos os casos deverão ser monitorados<br />

(MALIK et al, 2006).<br />

2.6. CONCLUSÃO<br />

A rápida progressão do estado clínico do animal juntamente com o diagnóstico<br />

tardio e antibioticoterapia ineficaz levou a proprietária a optar pela eutanásia,<br />

entretanto o estudo desse caso é de grande significância didática para elucidar a<br />

nocardiose e estabelecer parâmetros para reconhecer alg<strong>um</strong>as de suas<br />

apresentações clínicas típicas e atípicas, como é o caso da <strong>peritonite</strong>. É im<strong>por</strong>tante<br />

conhecer os diagnósticos diferenciais para então melhorar a chance de recuperação<br />

do paciente, já que <strong>um</strong> dos grandes fatores que defin<strong>em</strong> a nocardiose sistêmica<br />

como <strong>um</strong>a doença de prognóstico reservado a ruim é a d<strong>em</strong>ora no diagnóstico e<br />

terapia antimicrobiana inadequada.<br />

Esta revisão de literatura seguiu as normas para submissão de revisão<br />

constantes nas instruções aos autores da revista Archives of Veterinary Science.<br />

62


2.7. REFERÊNCIAS<br />

ACKERMANN, M. R. Chronic Inflammation and Wound Healing. In: MCGAVIN,<br />

M. D.; ZACHARY, J. F. Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4 ed. St Louis:<br />

Mosby Elsevier, 2006, chap. 4, p. 153-171.<br />

ARMSTRONG, P. J. Nocardial Pleuritis in a Cat. Canadian Veterinary Journal, v.<br />

21, 189-191, 1980.<br />

BEAMAN B.L.; BEAMAN L. Nocardia <strong>sp</strong>ecies: host-parasite relationships.<br />

Clinical Microbiology Reviews, v. 7, n. 2, p. 213-264, 1994.<br />

CASTELLI, J. B.; SICILIANO, R. F.; ABDALA, E. et al. Infectious endocarditis<br />

caused by Nocardia <strong>sp</strong>.: histological morphology as a guide for the <strong>sp</strong>ecific<br />

diagnosis. Brazilian Journal of Infectious Diseases; v. 15, n. 4, p. 384-386,<br />

2011.<br />

CHEDID, F. M. B.; CHEDID, M. F.; PORTO, N. S. et al. Nocardial Infections:<br />

Re<strong>por</strong>t of 22 Cases. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo,<br />

v. 49, n. 4, p. 239-246, 2007.<br />

CORTI, M. E.; VILLAFANE-FIOTI, M. F. Nocardiosis – A Review. International<br />

Journal of Infectious Diseases, n. 7, p. 243-250, 2003.<br />

COSTA, E. O.; MACEDO, M. M.; COUTINHO, S. D. et al. Isolamento de<br />

Actinomicetales Aeróbios do Gênero Nocardia de Processos Infecciosos dos<br />

Animais Domésticos. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária e<br />

Zootecnia da Universidade de São Paulo, v. 24, n. 1, p. 17-21, 1987.<br />

EDWARDS, D. F. Actinomycosis and Nocardiosis. In: GREENE, C. E. Infectious<br />

diseases of the Dog and Cat. 3. ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2006, chap.<br />

49, p. 451-461.<br />

GINN, P. E.; MENSETT, J. E. K. L.; RUKICH, P. M. Skin and Appendages. In:<br />

JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, N. Pathology of Domestic<br />

Animals. 5 ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2007, v. 1, chap. 5, p. 678-687.<br />

63


GOLYNSKY, M.; SZCZEPANIK, M.; POMORSKA, D.; WILKOLEK, P. Cutaneous<br />

Nocardiosis in a Dog – Clinical Case Presentation. Bulletin of the Veterinary<br />

Institute in Pulawy, v. 50, p. 47-50, 2006.<br />

HARADA, H.; ENDO, Y.; SEKIGUCHI, M. et al. Cutaneous Nocardiosis in a Cat.<br />

Journal of Veterinary Medical Science, v. 71, n. 6, p. 785–787, 2009.<br />

HARTMANN, K.; BINDER, C.; HIRSCHBERGER, J. et al. Comparison of Different<br />

Tests to Diagnose Feline Infectious Peritonitis. Journal of Veterinary Internal<br />

Medicine, v. 17, p. 781-790, 2003.<br />

HARTMANN, K.; LEVY, J. K. In____. Feline Infectious Diseases. 1 ed. London:<br />

Manson Publishing, 2011, p. 40.<br />

HAZIROĞLU, R.; SAHAL, M.; TUNCA, R. et al. Pleuritis and pne<strong>um</strong>onia<br />

associated with nocardiosis and a<strong>sp</strong>ergillosis in a domestic short haired cat.<br />

Ankara Üniversitesi Veteriner Fakültesi Dergisi, v. 53, p. 149-151, 2006.<br />

KAWAMURA,N.; SHIMADA, A.; MORITA, T. et al. Intraperitoneal actinomycosis<br />

in a cat. Veterinary Record, v. 157, p. 593-594, 2005.<br />

KIRPENSTEIJN, J.; FINGLAND, R. B. Cutaneous Actinomycosis and Nocardiosis<br />

in Dogs: 48 Cases (1980-1990). Journal of the American Veterinary Medical<br />

Association, v. 201, p. 917-920, 1992.<br />

LOVE, D. N. Actinomycosis and Nocardiosis. In: BARLOUGH, J. E. Manual of<br />

Small Animal Infectious Diseases. New York: Churchill Livingstone, 1988, p.<br />

208.<br />

MALIK, R.; KROCKENBERGER, M. B.; O’BRIEN, C. R. et al. Nocardia Infections<br />

in cats: a retro<strong>sp</strong>ective multi-institutional study of 17 cases. Australian<br />

Veterinary Journal, n. 84, n. 7, 2006.<br />

MARINO, D. J.; JAGGY, A. Nocardiosis: A literature review with selected case<br />

re<strong>por</strong>ts in two dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 7, n. 1, p. 4-11,<br />

1993.<br />

MAXIE, M, G.; YOUSSEF, S. Nervous Syst<strong>em</strong>. In: JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P.<br />

C.; PALMER, N. Pathology of Domestic Animals. 5 ed. Philadelphia: W. B.<br />

Saunders, 2007, v. 1, chap. 3, p. 405.<br />

64


MCNEIL, M. M.; BROWN, J. M. The medically im<strong>por</strong>tant aerobic actinomycetes:<br />

epid<strong>em</strong>iology and microbiology. Clinical Microbiology Reviews, v. 7, p. 357-<br />

417, 1994.<br />

PALTRINIERI, S.; PARODI, M. C.; CAMMARATA, G. In Vivo Diagnosis of Feline<br />

Infectious Peritonitis by Comparison of Protein Content, Cytology, and Direct<br />

Immunofluorescence Test on Peritoneal and Pleural Effusions. Journal of<br />

Veterinary Diagnostic Investigation, v. 11, p. 358-361, 1999.<br />

PARK, F. J.; JAENSCH, S. Unusual multifocal granulomatous disease caused by<br />

actinomycetous bacteria in a nestling Derbyan parrot (Psittacula derbiana).<br />

Australian Veterinary Journal, v. 87, n. 1-2, p. 63-65, 2009.<br />

PEABODY, J. W.; SEABURY, J. H. Actinomycosis and Nocardiosis. A Review of<br />

basic diferences in Therapy. American Journal of Medicine, n. 28, p. 99-115,<br />

1960.<br />

QUINN, P. J.; MARKEY, B. K.; CARTER, M. E. et al. Actinomicetos.<br />

In____. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. 1. ed. São Paulo:<br />

Artmed Editora, 2005, cap. 12, p. 74-82.<br />

RIBEIRO, M. G.; SALERNO, T.; MATTOS-GUARALDI, A. L. Nocardiosis: An<br />

Overview and Additional Re<strong>por</strong>t of 28 Cases in Cattle and Dogs. Revista do<br />

Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 50, n. 3, p. 177-185, 2008.<br />

SIVACOLUNDHU, R. K.; O’HARA, A. J.; READ, R. A. Thoracic actinomycosis<br />

(arcanobacteriosis) or nocardiosis causing thoracic pyogranuloma formation in<br />

three dogs. Australian Veterinary Journal, v. 79, n. 6, p. 398-402, 2001.<br />

SMEGO, R. A.; FOGLIA, G. Actinomycosis. Clinical Infectious Diseases, v. 26,<br />

p. 1255-1263, 1998.<br />

SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. In____. Small Animal<br />

Dermatology. 6 ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001, chap. 5, p. 323-324.<br />

THOMOVSKY, E.; KERL, M. E. Actinomycosis and Nocardiosis. Standards of<br />

Care: Emergency and Critical Care Medicine, v. 10, n. 3, p. 4-10, 2008.<br />

TILGNER, S. L.; ANSTEY, S. I. Nocardial Peritonitis in a Cat. Australian<br />

Veterinary Journal, v. 74, n. 6, p. 430-432, 1996.<br />

65


3. GLOSSÁRIO<br />

M.V. – Médico Veterinário<br />

FMVZ-USP – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de<br />

São Paulo<br />

HOVET-USP – Ho<strong>sp</strong>ital Veterinário da Universidade de São Paulo<br />

MSc. – “Master of Science”, título de mestre.<br />

Dr. – Doutor, título de doutor.<br />

VPT – Departamento de Patologia, pertence à FMVZ-USP.<br />

FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo<br />

FUNDAP - Fundação do Desenvolvimento Administrativo<br />

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />

PCR – Reação <strong>em</strong> cadeia da polimerase<br />

CETAS - Centros de Triag<strong>em</strong> de Animais Silvestres<br />

C - Celsius<br />

FC - Frequência cardíaca<br />

BPM – Batimentos <strong>por</strong> minuto<br />

FR – Frequência re<strong>sp</strong>iratória<br />

MPM – movimentos <strong>por</strong> minuto<br />

TPC – T<strong>em</strong>po de preenchimento capilar<br />

mL - mililitro<br />

H&E – Coloração h<strong>em</strong>atoxilina e eosina<br />

66


4. REFERÊNCIAS ADICIONAIS<br />

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo –<br />

FMVZ/USP, 2011. < http://www.fmvz.u<strong>sp</strong>.br>. Acessado <strong>em</strong>: 26/10/2011.<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Censo D<strong>em</strong>ográfico, 2010.<br />

Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>:<br />

. Acessado <strong>em</strong>: 07/12/2011.<br />

MARLET, E. F.; MAIORKA, P. C. Análise retro<strong>sp</strong>ectiva de casos de maus tratos<br />

contra cães e <strong>gato</strong>s na cidade de São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary<br />

Research and Animal Science, São Paulo, v. 47, n. 5, 2010 . Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong><br />

. Acessado <strong>em</strong>: 31/10/2011.<br />

67


5. ANEXOS E APÊNDICES<br />

5.1. ANEXO 1 – Tabela da casuística acompanhada durante o período do<br />

estágio curricular obrigatório supervisionado no Serviço de Patologia<br />

Animal da FMVZ-USP – 31 de agosto a 30 de set<strong>em</strong>bro de 2011.<br />

DATA ESP SEXO IDADE Causa Mortis Diagnóstico Morf. Principal<br />

03/ago FEL M 7M EUTANÁSIA PERITONITE POR NOCARDIA<br />

04/ago FEL M 4M EUTANÁSIA INDETERMINADO<br />

05/ago CAN F 6M INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

05/ago AVE M 16A COLAPSO CARDIOVASCULAR INDETERMINADO<br />

08/ago OV F 5A COLAPSO RESPIRATÓRIO PNEUMONIA ABSCEDANTE<br />

08/ago FEL M 3A EUTANÁSIA PIF<br />

09/ago CAN M 16A COLAPSO RESPIRATÓRIO NEOPLASIA ADRENOCORTICAL<br />

09/ago CAN M 16A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

10/ago CAN M 15A CHOQUE HIPOVOLÊMICO PANCREATITE NECRÓTICA<br />

10/ago CAN M 3A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

11/ago CAN F 5A COLAPSO RESPIRATÓRIO INDETERMINADO<br />

12/ago FEL M - COLAPSO CARDIOVASCULAR INDETERMINADO<br />

12/ago CAN F 3A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

16/ago CAN F 3M CHOQUE HIPOVOLÊMICO ENTERITE CATARRAL<br />

16/ago OV F 4A CAQUEXIA INDETERMINADO<br />

16/ago OV F 4A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

18/ago AVE F 5A INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA GOTA ÚRICA<br />

22/ago CAN M - CHOQUE ENDOTOXÊMICO TORÇÃO DE RAIZ MESENTÉRICA<br />

22/ago SAGUI M - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

22/ago BOV M - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

23/ago OV F - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

24/ago CAN F 10A COLAPSO RESPIRATÓRIO INDETERMINADO<br />

24/ago EQ F 16A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

24/ago CAN F 10A EUTANÁSIA NEOPLASIA<br />

26/ago FEL M 12A CHOQUE HIPOVOLÊMICO MASTITE/HEMOPERITÔNEO<br />

26/ago FEL M 3M EUTANÁSIA PIF<br />

29/ago CAN F 2M COLAPSO RESPIRATÓRIO INTOXICAÇÃO CARBAMATO<br />

HIPOPROTEINEMIA<br />

30/ago OV M 2M CHOQUE HIPOVOLÊMICO PARASITOSE<br />

30/ago CAP F 5A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

30/ago FEL M - INDETERMINADO INTOXICAÇÃO CARBAMATO<br />

68


30/ago FEL M - INDETERMINADO INTOXICAÇÃO CARBAMATO<br />

30/ago AVE M - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

31/ago CAN M 2A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

31/ago CAN M 4A COLAPSO RESPIRATÓRIO CARDIOMIOPATIA DILATADA<br />

01/set EQ F 0A HIPÓXIA TECIDUAL SOFRIMENTO FETAL<br />

01/set FEL M 2A EUTANÁSIA INDETERMINADO<br />

02/set AVE M - EUTANÁSIA ENTERITE CATARRAL<br />

02/set CAN M 2A EUTANÁSIA NEOPLASIA<br />

02/set CAN M 8A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

05/set OV F 3A COLAPSO RESPIRATÓRIO PLEUROPNEMONIA FIBRINOSA<br />

05/set CAP F 3A EUTANÁSIA DERMATOPATIA<br />

05/set CAN F 5M COLAPSO RESPIRATÓRIO INDETERMINADO<br />

08/set AVE M 4A CHOQUE ENDOTOXÊMICO DILATAÇÃO CLOACAL<br />

08/set CAN M 9A CHOQUE ENDOTOXÊMICO TORÇÃO DE RAIZ MESENTÉRICA<br />

08/set CAN M 5A CHOQUE SÉPTICO INDETERMINADO<br />

09/set FEL M 8M INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

09/set FEL F 2A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

09/set FEL F 1A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

14/set AVE F 7A MIOPATIA INDETERMINADO<br />

15/set BOV F 2A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

16/set CAN M 9A COLAPSO RESPIRATÓRIO ESTRESSE<br />

19/set EQ F 8A EUTANÁSIA MIOSITE FLEGMONOSA<br />

20/set AVE M 5A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

20/set CAN F 5A EUTANÁSIA NEOPLASIA<br />

20/set CAN M - COAGULOPATIA INDETERMINADO<br />

22/set OV F 4A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

22/set CAN F 4A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

22/set OV M - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

23/set FEL F 11A EUTANÁSIA NEOPLASIA<br />

26/set EQ M 5A INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

26/set EQ M - CHOQUE SÉPTICO PERITONITE FIBRINOSA<br />

27/set CAN M - INDETERMINADO INDETERMINADO<br />

ENTERITE<br />

28/set AVE M - CHOQUE HIPOVOLÊMICO NECROHEMORRÁGICA<br />

29/set CAN M 3M COLAPSO RESPIRATÓRIO INSUFICIÊNCIA RENAL<br />

29/set CAN F 6A EUTANÁSIA ANGIOSSARCOMA<br />

30/set EQ<br />

CAP<br />

M 8A EUTANÁSIA TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO<br />

30/set (2)<br />

CAP<br />

M - EUTANÁSIA INDETERMINADO<br />

30/set (2) M - EUTANÁSIA INDETERMINADO<br />

capivara m INDETERMINADO<br />

jabuti m INDETERMINADO<br />

69


5.2. ANEXO 2 – Modelo do relatório de necropsia utilizado pelo Serviço de<br />

Patologia Animal da FMVZ-USP.<br />

70


5.3. ANEXO 3 – H<strong>em</strong>ograma realizado <strong>em</strong> clínica particular do paciente<br />

descrito: Felis silvestris catus, macho, 7 meses.<br />

Série Vermelha<br />

Eritrócitos 7,96 milhões/mm³ (5-11 milhões)*<br />

H<strong>em</strong>oglobina 11,90 (10,9-15,7)*<br />

H<strong>em</strong>atócrito 37% (30-45%)*<br />

VGM 46,4 (40-52)*<br />

HGM 14,9 (13-17)*<br />

CHGM 32,1 (26-35)*<br />

Proteína total 5,6 (6,3-8,3)*<br />

Série Branca<br />

Leucócitos 23000 (5100-16200)*<br />

Bastonetes 690 (300)*<br />

Segmentados 18400 (2500-12500)*<br />

Eosinófilos 230 (100-800)*<br />

Linfócitos 3450 (1000-7000)*<br />

Plaquetas 168 x 10³ / µL (100-250)*<br />

Neutrófilos tóxicos +<br />

* Valores de referência<br />

71


5.4. ANEXO 4 – Cultura bacteriana e antibiograma realizados <strong>em</strong> laboratório<br />

externo (ante mort<strong>em</strong>).<br />

72


5.5. ANEXO 5 – Cultura realizada pelo Laboratório de Doenças Infecciosas –<br />

FMVZ-USP (post mort<strong>em</strong>).<br />

73


5.6. ANEXO 6 – Instruções aos autores da revista: “Archives of Veterinary<br />

Science”.<br />

O periódico ARCHIVES OF VETERINARY SCIENCE (AVS) é publicado<br />

trimestralmente, sob orientação do seu Corpo Editorial, com a finalidade de divulgar<br />

artigos completos e de revisão relacionados à ciência animal sobre os t<strong>em</strong>as: clínica,<br />

cirurgia e patologia veterinária; sanidade animal e <strong>medicina</strong> veterinária preventiva;<br />

nutrição e alimentação animal; sist<strong>em</strong>as de produção animal e meio ambiente;<br />

reprodução e melhoramento genético animal; tecnologia de alimentos; economia e<br />

sociologia rural e métodos de investigação científica. A publicação dos artigos<br />

científicos dependerá da observância das normas editoriais e dos pareceres dos<br />

consultores “ad hoc”. Todos os pareceres têm caráter sigiloso e imparcial, e os<br />

conceitos e/ou patentes <strong>em</strong>itidos nos artigos, são de inteira re<strong>sp</strong>onsabilidade dos<br />

autores, eximindo-se o periódico de quaisquer danos autorais. A submissão de<br />

artigos deve ser feita diretamente na página da revista (www.ser.ufpr.br/veterinary.).<br />

Mais informações são fornecidas na seção “Informações sobre a revista”.<br />

APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS<br />

*Para agilizar a tramitação e publicação de seu artigo, recomendamos<br />

fort<strong>em</strong>ente que as normas sejam obedecidas, inclusive para as referências*<br />

1. Digitação: O artigo com no máximo vinte e cinco páginas deverá ser digitado <strong>em</strong><br />

folha com tamanho A4 210 x 297 mm, com margens laterais direita, esquerda,<br />

superior e inferior de 2,5 cm. As páginas deverão ser n<strong>um</strong>eradas de forma<br />

progressiva no canto superior direito. Deverá ser utilizado fonte arial 12 <strong>em</strong> e<strong>sp</strong>aço<br />

duplo; <strong>em</strong> <strong>um</strong>a coluna. Tabelas e Figuras com legendas serão inseridas diretamente<br />

no texto e não <strong>em</strong> folhas separadas.<br />

2. Identificação dos autores e instituições (máximo 6 autores <strong>por</strong> artigo):Todos<br />

os dados referentes a autores dev<strong>em</strong> ser inseridos exclusivamente nos metadados<br />

no momento da submissão online. Não deve haver nenh<strong>um</strong>a identificação dos<br />

autores no corpo do artigo enviado para a revista. Os autores dev<strong>em</strong> inclusive<br />

r<strong>em</strong>over a identificação de autoria do arquivo e da opção Propriedades no Word,<br />

garantindo desta forma o critério de sigilo da revista.<br />

3. Tabelas: Dev<strong>em</strong> ser n<strong>um</strong>eradas <strong>em</strong> algarismo arábico seguido de hífen. O título<br />

será inserido na parte superior da tabela <strong>em</strong> caixa baixa (e<strong>sp</strong>aço simples) com ponto<br />

final. O recuo da segunda linha deverá ocorrer sob a primeira letra do título. (Ex.:<br />

Tabela 1 – Título.). As abreviações dev<strong>em</strong> ser descritas <strong>em</strong> notas no rodapé da<br />

tabela. Estas serão referenciadas <strong>por</strong> números sobrescritos (1,2,3). Quando couber,<br />

os cabeçalhos das colunas deverão possuir as unidades de medida. Tanto o título<br />

quanto as notas de rodapé dev<strong>em</strong> fazer parte da tabela, inseridos <strong>em</strong> "linhas de<br />

tabela".<br />

74


4. Figuras: Dev<strong>em</strong> ser n<strong>um</strong>eradas <strong>em</strong> algarismo arábico seguido de hífen. O título<br />

será inserido na parte inferior da figura <strong>em</strong> caixa baixa (e<strong>sp</strong>aço simples) com ponto<br />

final. O recuo da segunda linha deverá ocorrer sob a primeira letra do título (Ex.:<br />

Figura 1 – Título). As designações das variáveis X e Y dev<strong>em</strong> ter iniciais maiúsculas<br />

e unidades entre parênteses. São admitidas apenas figuras <strong>em</strong> preto-ebranco.<br />

Figuras coloridas terão as de<strong>sp</strong>esas de clicheria e impressão a cores<br />

pagas pelo autor. Nesse caso deverá ser solicitada ao Editor (via ofício) a<br />

impressão a cores.<br />

NORMAS EDITORIAIS<br />

Artigo completo - Deverá ser inédito, escrito <strong>em</strong> idioma <strong>por</strong>tuguês (nomenclatura<br />

oficial) ou <strong>em</strong> inglês. O artigo científico deverá conter os seguintes tópicos: Título<br />

(Português e Inglês); Res<strong>um</strong>o; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução;<br />

Material e Métodos; Resultados; Discussão; Conclusão; Agradecimento(s) (quando<br />

houver); Nota informando aprovação <strong>por</strong> Comitê de Ética (quando houver);<br />

Referências.<br />

Artigo de Revisão - Os artigos de revisão deverão ser digitados seguindo a mesma<br />

norma do artigo científico e conter os seguintes tópicos: Título (Português e Inglês);<br />

Res<strong>um</strong>o; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução; Desenvolvimento;<br />

Conclusão; Agradecimento(s) (quando houver); Referencias. A publicação de<br />

artigos de revisão fica condicionada à relevância do t<strong>em</strong>a, mérito científico dos<br />

autores e di<strong>sp</strong>onibilidade da Revista para publicação de artigos de Revisão.<br />

ESTRUTURA DO ARTIGO<br />

TÍTULO - <strong>em</strong> <strong>por</strong>tuguês, centralizado na página, e com letras maiúsculas. Logo<br />

abaixo, título <strong>em</strong> inglês, entre parêntesis e centralizado na página, com letras<br />

minúsculas e itálicas. Não deve ser precedido do termo título.<br />

RESUMO - no máximo 1800 caracteres incluindo os e<strong>sp</strong>aços, <strong>em</strong> língua <strong>por</strong>tuguesa.<br />

As informações dev<strong>em</strong> ser precisas e s<strong>um</strong>arizar objetivos, material e métodos,<br />

resultados e conclusões. O texto deve ser justificado e digitado <strong>em</strong> parágrafo único e<br />

e<strong>sp</strong>aço duplo. Deve ser precedido do termo “Res<strong>um</strong>o” <strong>em</strong> caixa alta e negrito.<br />

PALAVRAS-CHAVE – inseridas abaixo do res<strong>um</strong>o. Máximo de cinco palavras <strong>em</strong><br />

letras minúsculas, separadas <strong>por</strong> ponto-e-vírgula, <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> alfabética, retiradas<br />

exclusivamente do artigo, não dev<strong>em</strong> fazer parte do título, e alinhado a esquerda.<br />

Não deve conter ponto final. Deve ser precedido do termo “Palavras-chave” <strong>em</strong><br />

caixa baixa e negrito.<br />

75


ABSTRACT - deve ser redigido <strong>em</strong> inglês, refletindo fielmente o res<strong>um</strong>o e com no<br />

máximo 1800 caracteres. O texto deve ser justificado e digitado <strong>em</strong> e<strong>sp</strong>aço duplo,<br />

<strong>em</strong> parágrafo único. Deve ser precedido do termo “Abstract” <strong>em</strong> caixa alta e negrito.<br />

KEY WORDS - inseridas abaixo do abstract. Máximo de cinco palavras <strong>em</strong> letras<br />

minúsculas, separadas <strong>por</strong> ponto-e-vírgula, <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> alfabética, retiradas<br />

exclusivamente do artigo, não dev<strong>em</strong> fazer parte do título <strong>em</strong> inglês, e alinhado a<br />

esquerda. Não precisam ser traduções exatas das palavras-chave e não deve conter<br />

ponto final. Deve ser precedido do termo “Key words” <strong>em</strong> caixa baixa e negrito.<br />

INTRODUÇÃO – abrange também <strong>um</strong>a breve revisão de literatura e, ao final, os<br />

objetivos. O texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Introdução” (escrita<br />

<strong>em</strong> caixa alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 1,0 cm da<br />

marg<strong>em</strong> esquerda.<br />

MATERIAL E MÉTODOS - o autor deverá ser preciso na descrição de novas<br />

metodologias e adaptações realizadas nas metodologias já consagradas na<br />

experimentação animal. Fornecer referência e<strong>sp</strong>ecífica original para todos os<br />

procedimentos utilizados. Não usar nomes comerciais de produtos. O texto deverá<br />

iniciar sob a primeira letra do termo “Material e Métodos” (escrito <strong>em</strong> caixa alta e<br />

negrito), com recuo daprimeira linha do parágrafo a 1,0 cm da marg<strong>em</strong> esquerda.<br />

RESULTADOS (O it<strong>em</strong> Resultados e o it<strong>em</strong> Discussão pod<strong>em</strong> ser presentados<br />

juntos, na forma RESULTADOS e DISCUSSÃO, ou <strong>em</strong> itens separados)<br />

o texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Resultados” (escrita <strong>em</strong> caixa<br />

alta e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 1,0 cm da marg<strong>em</strong><br />

esquerda. Símbolos e unidades dev<strong>em</strong> ser listados conforme os<br />

ex<strong>em</strong>plos: Usar 36%, e não 36 % (não usar e<strong>sp</strong>aço entre o no e %); Usar 88 kg, e<br />

não 88Kg (com e<strong>sp</strong>aço entre o no e kg, que deve vir <strong>em</strong> minúsculo); Usar 42 mL, e<br />

não 42 ml (litro deve vir <strong>em</strong> Lmaiúsculo, conforme padronização<br />

internacional); Usar 25oC, e não 25 oC (s<strong>em</strong> e<strong>sp</strong>aço entre o no e oC ); Usar<br />

(P


deles, mas apresente apenas trabalhos originais, evitando citações de terceiros.<br />

Discuta os a<strong>sp</strong>ectos teóricos e/ou práticos do seu trabalho. Pequenas e<strong>sp</strong>eculações<br />

pod<strong>em</strong> ser interessantes, <strong>por</strong>ém dev<strong>em</strong> manter relação factual com os seus<br />

resultados. Afirmações tais como: "Atualmente nós estamos tentando resolver este<br />

probl<strong>em</strong>a..." não são aceitas. Referências a "dados não publicados" não são aceitas.<br />

Conclua sua discussão com <strong>um</strong>a curta afirmação sobre a significância dos seus<br />

resultados.<br />

CONCLUSÕES - preferencialmente redigir a conclusão <strong>em</strong> parágrafo único,<br />

baseada nos objetivos. Dev<strong>em</strong> se apresentar de forma clara e s<strong>em</strong> abreviações. O<br />

texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Conclusão” (escrita <strong>em</strong> caixa alta<br />

e negrito), com recuo da primeira linha do parágrafo a 1,0 cm da marg<strong>em</strong><br />

esquerda.<br />

AGRADECIMENTOS - os agradecimentos pelo apoio à pesquisa serão incluídos<br />

nesta seção. Seja breve nos seus agradecimentos. Não deve haver agradecimento a<br />

autores do trabalho. O texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra<br />

“Agradecimento” (escrita <strong>em</strong> caixa baixa).<br />

NOTAS INFORMATIVAS - quando for o caso, antes das referências, deverá ser<br />

incluído parágrafo com informações e número de protocolo de aprovação da<br />

pesquisa pela Comissão de Ética e ou Biossegurança. (quando a Comissão de Ética<br />

pertencer à própria instituição onde a pesquisa foi realizada, deverá constar apenas<br />

o número do protocolo).<br />

REFERÊNCIAS - o texto deverá iniciar sob a primeira letra da palavra “Referências”<br />

(escrita <strong>em</strong> caixa alta e negrito). Omitir a palavra bibliográficas. Alinhada somente à<br />

esquerda. Usar como base as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas<br />

– ABNT (NBR 10520 (NB 896) - 08/2002). Dev<strong>em</strong> ser redigidas <strong>em</strong> página separada<br />

e ordenadas alfabeticamente pelo(s) sobrenome(s) do(s) autor(es). Os destaques<br />

deverão ser <strong>em</strong> NEGRITO e os nomes científicos, <strong>em</strong> ITÁLICO. NÃO ABREVIAR O<br />

TÍTULO DOS PERIÓDICOS. Indica-se o(s) autor(es) com entrada pelo último<br />

sobrenome seguido do(s) prenome(s) abreviado (s), exceto para nomes de orig<strong>em</strong><br />

e<strong>sp</strong>anhola, <strong>em</strong> que entram os dois últimos sobrenomes. Mencionam-se os autores<br />

separados <strong>por</strong> ponto e vírgula. Digitá-las <strong>em</strong> e<strong>sp</strong>aço simples e formatá-las segundo<br />

as seguintes instruções: no menu FORMATAR, escolha a<br />

opção PARÁGRAFO... ESPAÇAMENTO...ANTES...6 pts.Ex<strong>em</strong>plo de como<br />

referenciar:<br />

ARTIGOS DE PERIÓDICOS:<br />

(citar os 3 primeiros autores seguido de "et al.")<br />

JOCHLE, W.; LAMOND, D.R.; ANDERSEN, A.C. et al. Mestranol as an abortifacient<br />

in the bitch. Theriogenology, v.4, n.1, p.1-9, 1975.<br />

77


Livros e capítulos de livro. Os el<strong>em</strong>entos essenciais são: autor(es), título e<br />

subtítulo (se houver), seguidos da expressão "In:", e da referência completa como<br />

<strong>um</strong> todo. No final da referência, deve-se informar a paginação. Quando a editora não<br />

é identificada, deve-se indicar a expressãosine nomine, abreviada, entre colchetes<br />

[s.n.]. Quando o editor e local não puder<strong>em</strong> ser indicados na publicação, utilizam-se<br />

ambas as expressões, abreviadas, e entre colchetes [S.I.: s.n.].<br />

REFERÊNCIA DE LIVROS (in tot<strong>um</strong>):<br />

BICHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Small animal practice. Philadelphia : W.B.<br />

Saunders, 1997. 1467 p.<br />

REFERÊNCIA DE PARTES DE LIVROS: (Capítulo com autoria)<br />

SMITH, M. Anestrus, pseudopregnancy and cystic follicles. In: MORROW,<br />

D.A. Current Therapy in Theriogenology. 2.ed. Philadelphia : W.B. Saunders,<br />

1986, Cap.x, p.585-586.<br />

REFERÊNCIA DE PARTES DE LIVROS: (Capítulo s<strong>em</strong> autoria)<br />

COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In____. Sampling<br />

techniques. 3.ed. New York : John Willey, 1977. Cap.4., p.72-90.<br />

OBRAS DE RESPONSABILIDADE DE UMA ENTIDADE COLETIVA: A entidade é<br />

tida como autora e deve ser escrita <strong>por</strong> extenso, acompanhada <strong>por</strong> sua re<strong>sp</strong>ectiva<br />

abreviatura. No texto, é citada somente a abreviatura corre<strong>sp</strong>ondente. Quando a<br />

editora é a mesma instituição re<strong>sp</strong>onsável pela autoria e já tiver sido mencionada,<br />

não é indicada.<br />

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY - AOAC. Official<br />

methods of analysis. 16.ed. Arlington: AOAC International, 1995. 1025p.<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Sist<strong>em</strong>a de análises estatísticas e<br />

genéticas - SAEG. Versão 8.0. Viçosa, MG, 2000. 142p.<br />

REFERÊNCIA DE TESE/DISSERTAÇÃO/MONOGRAFIA:<br />

BACILA, M. Contribuição ao estudo do metabolismo glicídico <strong>em</strong> eritrócitos de<br />

animais <strong>doméstico</strong>s. 1989. Curitiba, 77f. Dissertação (Mestrado <strong>em</strong> Ciências<br />

Veterinárias) - Curso de Pós-graduação <strong>em</strong> Ciências Veterinárias, Universidade<br />

Federal do Paraná.<br />

REFERÊNCIA DE PUBLICAÇÕES EM CONGRESSOS:<br />

KOZICKI, L.E.; SHIBATA, F.K. Perfil de progesterona <strong>em</strong> vacas leiteiras no período<br />

do puerpério, determinado pelo radioimunoensaio (RIA). In: CONGRESSO<br />

BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, XXIV., 1996, Goiânia. Anais... Goiânia:<br />

Sociedade Goiana de Veterinária, 1996, p. 106-107.<br />

78


RESTLE, J.; SOUZA, E.V.T.; NUCCI, E.P.D. et al. Performance of cattle and buffalo<br />

fed with different sources of roughage. In: WORLD BUFFALO CONGRESS, 4., 1994,<br />

São Paulo. Proceedings... São Paulo: Associação Brasileira dos Criadores de<br />

Búfalos, 1994. p.301-303.<br />

REFERÊNCIA DE ARTIGOS DE PERIÓDICOS ELETRÔNICOS:Quando se tratar<br />

de obras consultadas on-line, são essenciais as informações sobre o endereço<br />

eletrônico, apresentado entre os sinais < >, precedido da expressão “Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>:<br />

xx/xx/xxxx”e a data de acesso do doc<strong>um</strong>ento, precedida da expressão “Acesso <strong>em</strong>:<br />

xx/xx/xxxx.”<br />

PRADA, F.; MENDONÇA Jr., C. X.; CARCIOFI, A. C. [1998]. Concentração de cobre<br />

e molibdênio <strong>em</strong> alg<strong>um</strong>as plantas forrageiras do Estado do Mato Grosso do<br />

Sul. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.35, n.6,<br />

1998. Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>: http://www.scielo.br/ Acesso <strong>em</strong>: 05/09/2000.<br />

MÜELLER, Suzana Pinheiro Machado. A comunicação científica e o movimento de<br />

acesso livre ao conhecimento. Ciência da Informação, Brasília, v. 35, n. 2, 2006.<br />

Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: 13/05/2007.<br />

REBOLLAR, P.G.; BLAS, C. [2002]. Digestión de la soja integral <strong>em</strong><br />

r<strong>um</strong>inantes. Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>: http://www.ussoymeal.org/r<strong>um</strong>inant_s.pdf. Acesso <strong>em</strong>:<br />

12/10/2002.<br />

SILVA, R.N.; OLIVEIRA, R. [1996]. Os limites pedagógicos do paradigma da<br />

qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA<br />

URPe, 4., 1996, Recife. Anais eletrônico...Recife: Universidade Federal do<br />

Pernambuco, 1996. Di<strong>sp</strong>onível <strong>em</strong>: http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais.htm><br />

Acesso <strong>em</strong>: 21/01/1997.<br />

CITAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS EM CD ROM:Na citação de material<br />

bibliográfico publicado <strong>em</strong> CD ROM, o autor deve proceder como o ex<strong>em</strong>plo<br />

abaixo:<br />

EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M.; OLIVEIRA, M.P. Avaliação de cultivares de<br />

Panic<strong>um</strong> maxim<strong>um</strong> <strong>em</strong> pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA<br />

DE ZOOTECNIA, 36., 1999, Porto Alegre. Anais... São Paulo: Gmosis, 1999, 17par.<br />

CD-ROM. Forragicultura. Avaliação com animais. FOR-020.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Bases<br />

de dados <strong>em</strong> Ciência e Tecnologia. Brasília, n. 1, 1996. CD-ROM.<br />

E.mail Autor, < e-mail do autor. “Assunto”, Data de postag<strong>em</strong>, e-mail pessoal, (data<br />

da leitura)<br />

79


Web Site Autor [se conhecido], “Título”(título principal, se aplicável), última data da<br />

revisão [se conhecida], < URL (data que foi acessado)<br />

FTPAutor [se conhecido] “Título do doc<strong>um</strong>ento”(Data da publicação) [se di<strong>sp</strong>onível],<br />

Endereço FTP (data que foi acessado)<br />

CITAÇÕES NO TEXTO: As citações no texto deverão ser feitas <strong>em</strong> caixa baixa.<br />

Quando se tratar de dois autores, ambos dev<strong>em</strong> ser citados, seguido apenas do ano<br />

da publicação; três ou mais autores, citar o sobrenome do primeiro autor seguido de<br />

et al. obedecendo aos ex<strong>em</strong>plos abaixo:<br />

Silva e Oliveira (1999)<br />

Schmidt et al. (1999)<br />

(Silva et al., 2000)<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!