palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ...
palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ... palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ...
Com suporte nessas questões a microrregião do baixo vale do Jaguaribe<br />situada no seio da chapada do Apodi, composta de 11 municípios, se apresenta<br />como um local que nos oferece a possibilidade de pautar as discussões acerca da<br />efetivação das políticas de saúde ambiental e saúde do trabalhador na atenção<br />básica; no entanto, para efeitos deste estudo, somente trabalharemos com um<br />município, que apresentamos de forma bastante descritiva na Parte II, e também na<br />Parte III deste ensaio.<br />Em relação ao território da chapada do Apodi - Ceará, Rigotto et al.<br />(2010) referem que nas últimas décadas se instalam na região, principalmente dos<br />anos 1990 para cá, algumas médias e grandes empresas agrícolas associadas ao<br />agronegócio da fruticultura, que conduzem uma forte expansão da área agrícola da<br />Chapada. Estas empresas produzem banana, abacaxi, melão e mamão destinados<br />especialmente ao mercado europeu.<br />Os autores destacam que, juntamente com a<br />[...] racionalização do espaço agrícola, instala-se uma nova dinâmica, seja<br />no tocante as relações de trabalho, com significativa difusão do mercado de<br />trabalho agrícola formal, seja quanto a dinâmica do mercado de terras, cujo<br />preço vem crescendo geometricamente desde sua chegada (RIGOTTO et<br />al,, 2010, p.13)<br />Nessa ambiência, caracterizada pela modernização agrícola em curso na<br />região do baixo Jaguaribe, há mudança no processo produtivo, promovendo<br />retração da agricultura familiar e expansão do mercado de trabalho formal no<br />campo, que precisa ser conhecido e debatido pela política de saúde, pois também<br />promove alterações no estado de saúde dos trabalhadores e moradores.<br />À luz dessas questões, emergem muitos desafios, que, especialmente<br />em relação à política de saúde, demonstra quão despreparado ainda está o SUS no<br />enfrentamento da problemática relacionada à saúde ambiental e saúde do<br />trabalhador. Podemos inferir isso após a explicitação, pela Secretaria de Saúde do<br />Estado (SESA), em 2008, depois de dez anos que estes empreendimentos<br />agrícolas estão na região, do quanto não se conseguiu avançar em relação à<br />implantação da política de saúde do trabalhador na região. A SESA, por meio do<br />Ofício Nº 7/2007-COPROM, datado de 29 de agosto de 2008, solicita apoio junto ao<br />45
Ministério da Saúde para organizar a atenção integral à saúde dos trabalhadores e<br />da população exposta aos contaminantes químicos, principalmente os agrotóxicos.<br />Em relação aos agravos à saúde humana relacionáveis à utilização de<br />agrotóxicos, são citadas algumas dificuldades em Rigotto et al. (2010, p. 17):<br />Seja por limitações do conhecimento disponível sobre a ampla gama de<br />princípios ativos já em uso; seja pela escassez de indicadores biológicos de<br />exposição ou efeito; seja pelas dificuldades do sistema de saúde em<br />implantar programas e ações voltados para o diagnóstico destes agravos,<br />correlacionando-os com quadros clínicos sugestivos de intoxicação e<br />notificá-los adequadamente; seja pelas limitações da formação e das<br />práticas dos profissionais de saúde nestes temas; seja pela pouca<br />informação a que tem acesso o pequeno produtor e trabalhador, ou pelo<br />descrédito que alguns vão construindo em relação ao sistema público de<br />saúde.<br />Esta é a problemática em que se insere este estudo. Constitui-se numa<br />pesquisa que busca empreender a perspectiva sobre a complexidade do território, e<br />descobris os problemas e indicar soluções, em parceria com SUS local e com os<br />movimentos sociais, na tentativa de traçar estratégias que viabilizem a implantação<br />das políticas de saúde ambiental e saúde do trabalhador na APS; ou seja,<br />adotarmos uma abordagem de estudo que tensione o serviço a tomar para si<br />algumas das questões apresentadas há pouco em Rigotto et al. (2010) e dispor-se<br />no enfrentamento da complexa rede de problemas que se entrelaçam na relação<br />saúde-ambiente-trabalho no baixo vale do Jaguaribe, especialmente em Quixeré-<br />Ceará.<br />2 A ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE BRASILEIRA APÓS<br />O SUS<br />2.1 Repensamento à luz do contexto<br />O modelo de atenção a saúde no Brasil que tenta se sedimentar nas<br />últimas décadas tem como eixo norteador uma concepção ampliada de saúde, em<br />conformidade com a compreensão de saúde afirmada na Carta de Ottawa em 1986,<br />entendida como um recurso para o progresso pessoal, econômico e social e como<br />46
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ<br /
- Page 3 and 4: P568a Pessoa, Vanira Matos<br />Abo
- Page 5 and 6: Gratidão<br />Pelos ensinamentos e
- Page 7 and 8: O ópio<br />Dizem os comunistas qu
- Page 9 and 10: ABSTRACT<br />Addresses the health
- Page 11 and 12: 11 Foto de oficinas com o grupo de
- Page 13 and 14: 36 Foto da construção do mapa soc
- Page 15 and 16: 58 Fluxograma das ações de saúde
- Page 17 and 18: PAC Programa de Aceleração do Cre
- Page 19 and 20: 1 METODOLOGIA......................
- Page 21 and 22: à saúde na chapada do Apodi-CE?..
- Page 23 and 24: PALAVRAS PRIMEIRAS<br />22<br />Son
- Page 25 and 26: A ação das vigilâncias em saúde
- Page 27 and 28: insatisfatória, o contexto histór
- Page 29 and 30: substrato à intervenção conjunta
- Page 31 and 32: servir de base para repensar como o
- Page 33 and 34: Considerando este fato, iniciamos f
- Page 35 and 36: Desde os anos 60, o incentivo à in
- Page 37 and 38: inteligência, na feitura do seu tr
- Page 39 and 40: Estado começou a promover o desenv
- Page 41 and 42: estratégicas e apresentarem um pot
- Page 43 and 44: hidrelétrica, petróleo, gás natu
- Page 45: Nessa perspectiva, o Estado do Cear
- Page 49 and 50: industrialização. Ocorreu um pred
- Page 51 and 52: Política de Saúde Ambiental<br />
- Page 53 and 54: Os autores, no entanto, dialogando
- Page 55 and 56: assegurar educação sanitária à
- Page 57 and 58: valorizar os profissionais de saúd
- Page 59 and 60: acompanhando a democratização do
- Page 61 and 62: ealizar o planejamento e a hierarqu
- Page 63 and 64: [...] o SUS assume um papel social
- Page 65 and 66: Encontramos, portanto, uma discuss
- Page 67 and 68: Dessa forma, concordamos com as ide
- Page 69 and 70: Isto se fez realidade no final da d
- Page 71 and 72: 3 OBJETIVOS DO ESTUDO<br />3.1 Obje
- Page 73 and 74: saúde, é que entendemos a relevâ
- Page 75 and 76: participante representativos da sit
- Page 77 and 78: Figura 3 - Mapa de Quixeré.<br />F
- Page 79 and 80: Condição das terras<br />Nº de e
- Page 81 and 82: Utilização das terras Nº de<br /
- Page 83 and 84: Produtos da lavoura Nº de<br />est
- Page 85 and 86: Passo 2 - Visitas exploratórias ao
- Page 87 and 88: [...] toda compreensão de algo cor
- Page 89 and 90: Todos os encontros do grupo foram g
- Page 91 and 92: eunindo-os em categorias de anális
- Page 93 and 94: Para aqueles que reafirmaram a inte
- Page 95 and 96: genérico de alguns aspectos do bai
Ministério da Saúde para organizar a atenção integral à saúde dos trabalhadores e<<strong>br</strong> />
da população exposta aos contaminantes químicos, principalmente os agrotóxicos.<<strong>br</strong> />
Em relação aos agravos à saúde humana relacionáveis à utilização de<<strong>br</strong> />
agrotóxicos, são citadas algumas dificuldades em Rigotto et al. (2010, p. 17):<<strong>br</strong> />
Seja por limitações do conhecimento disponível so<strong>br</strong>e a ampla gama de<<strong>br</strong> />
princípios ativos já em uso; seja pela escassez de indicadores biológicos de<<strong>br</strong> />
exposição ou efeito; seja pelas dificuldades do sistema de saúde em<<strong>br</strong> />
implantar programas e ações voltados para o diagnóstico destes agravos,<<strong>br</strong> />
correlacionando-os com quadros clínicos sugestivos de intoxicação e<<strong>br</strong> />
notificá-los adequadamente; seja pelas limitações da formação e das<<strong>br</strong> />
práticas dos profissionais de saúde nestes temas; seja pela pouca<<strong>br</strong> />
informação a que tem acesso o pequeno produtor e trabalhador, ou pelo<<strong>br</strong> />
descrédito que alguns vão construindo em relação ao sistema público de<<strong>br</strong> />
saúde.<<strong>br</strong> />
Esta é a problemática em que se insere este estudo. Constitui-se numa<<strong>br</strong> />
pesquisa que busca empreender a perspectiva so<strong>br</strong>e a complexidade do território, e<<strong>br</strong> />
desco<strong>br</strong>is os problemas e indicar soluções, em parceria com SUS local e com os<<strong>br</strong> />
movimentos sociais, na tentativa de traçar estratégias que viabilizem a implantação<<strong>br</strong> />
das políticas de saúde ambiental e saúde do trabalhador na APS; ou seja,<<strong>br</strong> />
adotarmos uma abordagem de estudo que tensione o serviço a tomar para si<<strong>br</strong> />
algumas das questões apresentadas há pouco em Rigotto et al. (2010) e dispor-se<<strong>br</strong> />
no enfrentamento da complexa rede de problemas que se entrelaçam na relação<<strong>br</strong> />
saúde-ambiente-trabalho no baixo vale do Jaguaribe, especialmente em Quixeré-<<strong>br</strong> />
Ceará.<<strong>br</strong> />
2 A ESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE BRASILEIRA APÓS<<strong>br</strong> />
O SUS<<strong>br</strong> />
2.1 Repensamento à luz do contexto<<strong>br</strong> />
O modelo de atenção a saúde no Brasil que tenta se sedimentar nas<<strong>br</strong> />
últimas décadas tem como eixo norteador uma concepção ampliada de saúde, em<<strong>br</strong> />
conformidade com a compreensão de saúde afirmada na Carta de Ottawa em 1986,<<strong>br</strong> />
entendida como um recurso para o progresso pessoal, econômico e social e como<<strong>br</strong> />
46