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de pós-graduação que raramente abordam estes temas, pois estes não estão<br />compreendidos como prioritários, precisa ser superada.<br />Notamos que na APS um mecanismo que viabiliza a discussão de forma<br />bastante promissora e possibilita o avanço desse debate no plano prático é por meio<br />da proposição de uma territorialização em saúde, que saia da proposta de<br />focalização de riscos e agravos para a perspectiva ampla sobre as inter-relações, os<br />processos geradores de transformações no modo de vida que causam<br />adoecimentos. Precisa-se de uma proposta de territorialização em saúde que tenha<br />a concepção de promoção da saúde e da qualidade de vida, que traga para a<br />análise dos profissionais e comunidade a dimensão social, cultural, ambiental dos<br />problemas e a interface com o trabalho, caracterizando os desafios prioritários<br />conforme os princípios da ESF; uma perspectiva de territorialização em saúde<br />crítica e participativa.<br />A interação serviço-serviço significa a vigilância em saúde nas quatro<br />esferas governamentais, criar laços efetivos com a atenção primária. A retroalimentação<br />do território com informações para os profissionais de saúde locais e<br />para a população em geral precisa ser assumida pela vigilância como um<br />compromisso ético de possibilitar o acesso ao conhecimento às pessoas sobre a<br />situação de saúde vivida. As informações em saúde não podem permanecer<br />centralizadas, pois há que se começar pela democratização do conhecimento,<br />propiciando a análise das situações em saúde em conjunto no território local –<br />espaço mais adequado para discutir os indicadores de saúde!<br />A gestão municipal de saúde há de percorrer uma trajetória e romper com<br />uma cultura organizacional fragmentada, que instiga a desigualdade nas relações<br />trabalhistas entre os profissionais da assistência e vigilância, entre trabalhadores<br />das diversas categorias, entre APS e hospital, como vistas a propiciar a<br />horizontalidade de relações dentro do setor saúde e deste com os demais, para que<br />seja possível o diálogo sobre produção e ambiente e os impactos à saúde –<br />discussão pouco conhecida por quase todos no território.<br />Como já falamos, a desinformação, o desconhecimento sobre os direitos<br />dos cidadãos e dos deveres dos órgãos governamentais demonstram o quanto as<br />políticas continuam na obscura e confortável posição de inoperância, apesar do<br />269
tensionamento provocado pelo controle social e movimentos sociais. Isto nos induz<br />a perguntar: em que medida o controle social tem sido efetivo?<br />Várias questões contribuem para que o controle social se constitua<br />mecanismo de manutenção e subordinação ao pensamento dominante. Dentre<br />estas, citamos pouca capacidade técnica, instrumental e política dos conselheiros.<br />Não há um investimento real no desenvolvimento de uma atitude crítica e ativa dos<br />conselheiros. Estes apresentam muitas dificuldades para empreender debates com<br />os governos. Como dito em uma fala, são os “conselheiros lagartixa”, ou seja,<br />aquele que só balança a cabeça afirmativamente. Isso advém ainda da carência de<br />uma política de educação formal que se preocupe não só em ensinar Matemática,<br />mas desenvolver uma consciência cidadã, abordando temas relativos a Filosofia,<br />Sociologia e Direitos Humanos, contribuindo para que as pessoas possam<br />desenvolver criticidade.<br />Há de forma camuflada uma negação do acesso à informação essencial,<br />que se expressa no desconhecimento que apresentamos nos tópicos de discussão<br />dos resultados, em que as pessoas referem, por exemplo, qual o papel dos<br />sindicatos, do INSS, dos órgãos ambientais, do CEREST, do Poder Público....<br />Então, como uma população pode cobrar o que desconhece? O acesso a<br />este tipo de informação precisa estar presente na educação formal, numa<br />perspectiva de formar cidadãos críticos! Há um mundo ocultado e o Estado tem<br />responsabilidades na produção dessa invisibilidade, desse desconhecimento.<br />Essas questões contribuem em certa medida para que muitas coisas aconteçam a<br />olhos vistos, sem que sejam percebidas e compreendidas, como é o caso da<br />implantação dos empreendimentos agrícolas ocorrentes na região da chapada do<br />Apodi.<br />Os processos produtivos comprometidos com a mais-valia encontram<br />todas as condições favoráveis e só passam a ser notados quando estão causando<br />danos á saúde humana; ou seja, podemos perceber que as decisões são tomadas<br />com pouca ou nenhuma participação da sociedade, ou, se houve participação, ela<br />não consegue transpor a ilusão do emprego/renda e visualizar a necessidade de<br />avançar nas políticas públicas.<br />270
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de pós-graduação que raramente abordam estes temas, pois estes não estão<<strong>br</strong> />
compreendidos como prioritários, precisa ser superada.<<strong>br</strong> />
Notamos que na APS um mecanismo que viabiliza a discussão de forma<<strong>br</strong> />
bastante promissora e possibilita o avanço desse debate no plano prático é por meio<<strong>br</strong> />
da proposição de uma territorialização em saúde, que saia da proposta de<<strong>br</strong> />
focalização de riscos e agravos para a perspectiva ampla so<strong>br</strong>e as inter-relações, os<<strong>br</strong> />
processos geradores de transformações no modo de vida que causam<<strong>br</strong> />
adoecimentos. Precisa-se de uma proposta de territorialização em saúde que tenha<<strong>br</strong> />
a concepção de promoção da saúde e da qualidade de vida, que traga para a<<strong>br</strong> />
análise dos profissionais e comunidade a dimensão social, cultural, ambiental dos<<strong>br</strong> />
problemas e a interface com o trabalho, caracterizando os desafios prioritários<<strong>br</strong> />
conforme os princípios da ESF; uma perspectiva de territorialização em saúde<<strong>br</strong> />
crítica e participativa.<<strong>br</strong> />
A interação serviço-serviço significa a vigilância em saúde nas quatro<<strong>br</strong> />
esferas governamentais, criar laços efetivos com a atenção primária. A retroalimentação<<strong>br</strong> />
do território com informações para os profissionais de saúde locais e<<strong>br</strong> />
para a população em geral precisa ser assumida pela vigilância como um<<strong>br</strong> />
compromisso ético de possibilitar o acesso ao conhecimento às pessoas so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />
situação de saúde vivida. As informações em saúde não podem permanecer<<strong>br</strong> />
centralizadas, pois há que se começar pela democratização do conhecimento,<<strong>br</strong> />
propiciando a análise das situações em saúde em conjunto no território local –<<strong>br</strong> />
espaço mais adequado para discutir os indicadores de saúde!<<strong>br</strong> />
A gestão municipal de saúde há de percorrer uma trajetória e romper com<<strong>br</strong> />
uma cultura organizacional fragmentada, que instiga a desigualdade nas relações<<strong>br</strong> />
trabalhistas entre os profissionais da assistência e vigilância, entre trabalhadores<<strong>br</strong> />
das diversas categorias, entre APS e hospital, como vistas a propiciar a<<strong>br</strong> />
horizontalidade de relações dentro do setor saúde e deste com os demais, para que<<strong>br</strong> />
seja possível o diálogo so<strong>br</strong>e produção e ambiente e os impactos à saúde –<<strong>br</strong> />
discussão pouco conhecida por quase todos no território.<<strong>br</strong> />
Como já falamos, a desinformação, o desconhecimento so<strong>br</strong>e os direitos<<strong>br</strong> />
dos cidadãos e dos deveres dos órgãos governamentais demonstram o quanto as<<strong>br</strong> />
políticas continuam na obscura e confortável posição de inoperância, apesar do<<strong>br</strong> />
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