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25.06.2013 Views

229<br />O ambiente tem um caráter mais global e contínuo em termos de materiais,<br />fluxo de energias e de afetividades para manutenção da vida, tanto<br />biológica como social e cultural, e que se expressam nos territórios de forma<br />a produzir elementos de bem-estar ou de desequilíbrios que geram<br />nocividades para o ecossistema em que vivem todos os seres vivos,<br />incluindo o ser humano. (AUGUSTO, 2009, p. 107).<br />No âmbito local percebe-se, pois, que a relação estabelecida entre<br />humanos e a natureza tem se modificado na Chapada. Como expressado pelo<br />grupo, a forma de trabalho praticada há duas décadas era de certo modo mais<br />respeitosa com a natureza do que a vivenciada atualmente. Ora, se temos mais<br />incremento tecnológico e avanço científico, seja do ponto de vista da Biologia,<br />Sociologia, Economia, devia-se pressupor que avançaríamos no sentido de agregar<br />conhecimentos e práticas mais saudáveis; práticas que incorporem a relação<br />sociedade-natureza como condição básica de sobrevivência para todos, incluindo a<br />humanidade. Sobre isso, isto é, a relação humana com o ambiente, o grupo aponta<br />a convivência harmônica, percebendo as pessoas como parte do ambiente.<br />O ambiente é o conjunto de coisas, a vegetação, os animais, os humanos, o<br />solo, o ar, é um conjunto dessas coisas em harmonia, que vão formar o<br />ambiente. (Grupo de pesquisa).<br />No entanto, pelos relatos apontados pelo grupo, no entanto, fica bem<br />evidente que ainda estamos longe de estabelecer relações ecossociais. É preciso<br />desenvolver novas formas de agir e interagir que favoreçam a relação harmônica<br />com a natureza e desacelerar o processo predatório que incendeia as práticas nos<br />territórios.<br />[...] o homem modifica o ambiente, [...] através do desmatamento [...] estão<br />se extinguindo algumas espécies e [...] as queimadas prejudica o nosso ar<br />[...] leva a um outro problema, problemas respiratórios, que além da fumaça,<br />a poeira existente na Lagoinha associada a queimadas, isso traz malefício,<br />é uma maneira de o homem prejudicar o próprio homem. Ele está<br />modificando o ambiente e já está trazendo conseqüências para ele. (Grupo<br />de pesquisa).<br />O homem tanto constrói como destrói. O desequilíbrio está grande porque<br />ele está destruindo mais do que construindo. O causador as coisas erradas<br />é o homem mesmo [...]. (Grupo de pesquisa).<br />[...] vinte anos atrás [...] o meio de sobrevivência aqui, maior, era tirar lenha<br />para vender [...]. Para fazer o carvão, [...] queimar as caeiras [...], o cal, mas<br />[...] eles cortavam essa lenha, aí ficava o tronco e com cinco, seis anos<br />depois estava tudo do mesmo jeito, aí cortava de novo. No caso dessas<br />queimadas que fizeram aqui, dessas terras que plantaram o melão, o

230<br />abacaxi, essas coisas todas [...] não vai voltar nunca mais, porque [...] a<br />terra não tem mais como produzir essa vegetação que tinha. É uma das<br />coisas muito importantes que vejo que não tem mais essa vegetação,<br />porque na época, há vinte anos as pessoas fazia isso, mas tinha como a<br />terra produzir de novo a vegetaçãozinha, e agora não tem mais, é tanto que<br />essa vegetação não vê mais na área do agronegócio. Aí gostam de dizer<br />que o mundo mudou. Não, nós estamos mudando o mundo! (Grupo de<br />pesquisa).<br />Então, identificamos nesses discursos que há um processo irreversível já<br />instituído, pelo padrão predatório que este assumiu nos últimos tempos e que<br />abrange a relação local-global e sociedade-natureza.<br />Apesar da magnitude dos problemas ambientais sentidos e vividos<br />atualmente, ainda se apresentarem fortemente desigual para os segmentos<br />populacionais urbanos e rurais, pobres e ricos, desenvolvidos e sub-desenvolvidos,<br />a tendência é que as alterações ambientais cheguem a dimensões cada vez<br />maiores. Isso implica numa abrangência sistêmica dos danos, em que os efeitos<br />serão sentidos por todos os seres da terra com consequências desastrosas e<br />possivelmente irreversíveis.<br />[...] envolve o aquecimento global, [...] poluição da fumaça de carro, de<br />queimadas, [...] a falta da vegetação, da mata que influencia no clima, esse<br />clima quente, é o desmatamento que acontece. O maior desequilíbrio está<br />nisso, aqui em Lagoinha, um é a água o outro é o desmatamento. (grupo de<br />pesquisa)<br />A Organização Pan-Americana da Saúde refere que há duas formas para<br />evitarmos as doenças e os danos decorrentes da ruptura dos ecossistemas. A<br />primeira maneira é prevenir, limitar ou gerenciar os danos ambientais; e a segunda<br />promover qualquer alteração que seja necessária para proteger os indivíduos e as<br />populações contra as conseqüências das mudanças nos ecossistemas. Para<br />entendermos os potenciais impactos negativos sobre a saúde advindos das<br />mudanças nos ecossistemas, é preciso considerarmos dois aspectos: a<br />vulnerabilidade atual (e provavelmente também futura) das populações e suas<br />futuras capacidades de adaptação.(OPAS, 2009).<br />Para a OPAS, tanto a vulnerabilidade atual e futura como a capacidade<br />humana de adaptação estão intimamente relacionadas, tendo em vista que as

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abacaxi, essas coisas todas [...] não vai voltar nunca mais, porque [...] a<<strong>br</strong> />

terra não tem mais como produzir essa vegetação que tinha. É uma das<<strong>br</strong> />

coisas muito importantes que vejo que não tem mais essa vegetação,<<strong>br</strong> />

porque na época, há vinte anos as pessoas fazia isso, mas tinha como a<<strong>br</strong> />

terra produzir de novo a vegetaçãozinha, e agora não tem mais, é tanto que<<strong>br</strong> />

essa vegetação não vê mais na área do agronegócio. Aí gostam de dizer<<strong>br</strong> />

que o mundo mudou. Não, nós estamos mudando o mundo! (Grupo de<<strong>br</strong> />

pesquisa).<<strong>br</strong> />

Então, identificamos nesses discursos que há um processo irreversível já<<strong>br</strong> />

instituído, pelo padrão predatório que este assumiu nos últimos tempos e que<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>ange a relação local-global e sociedade-natureza.<<strong>br</strong> />

Apesar da magnitude dos problemas ambientais sentidos e vividos<<strong>br</strong> />

atualmente, ainda se apresentarem fortemente desigual para os segmentos<<strong>br</strong> />

populacionais urbanos e rurais, po<strong>br</strong>es e ricos, desenvolvidos e sub-desenvolvidos,<<strong>br</strong> />

a tendência é que as alterações ambientais cheguem a dimensões cada vez<<strong>br</strong> />

maiores. Isso implica numa a<strong>br</strong>angência sistêmica dos danos, em que os efeitos<<strong>br</strong> />

serão sentidos por todos os seres da terra com consequências desastrosas e<<strong>br</strong> />

possivelmente irreversíveis.<<strong>br</strong> />

[...] envolve o aquecimento global, [...] poluição da fumaça de carro, de<<strong>br</strong> />

queimadas, [...] a falta da vegetação, da mata que influencia no clima, esse<<strong>br</strong> />

clima quente, é o desmatamento que acontece. O maior desequilí<strong>br</strong>io está<<strong>br</strong> />

nisso, aqui em Lagoinha, um é a água o outro é o desmatamento. (grupo de<<strong>br</strong> />

pesquisa)<<strong>br</strong> />

A Organização Pan-Americana da Saúde refere que há duas formas para<<strong>br</strong> />

evitarmos as doenças e os danos decorrentes da ruptura dos ecossistemas. A<<strong>br</strong> />

primeira maneira é prevenir, limitar ou gerenciar os danos ambientais; e a segunda<<strong>br</strong> />

promover qualquer alteração que seja necessária para proteger os indivíduos e as<<strong>br</strong> />

populações contra as conseqüências das mudanças nos ecossistemas. Para<<strong>br</strong> />

entendermos os potenciais impactos negativos so<strong>br</strong>e a saúde advindos das<<strong>br</strong> />

mudanças nos ecossistemas, é preciso considerarmos dois aspectos: a<<strong>br</strong> />

vulnerabilidade atual (e provavelmente também futura) das populações e suas<<strong>br</strong> />

futuras capacidades de adaptação.(OPAS, 2009).<<strong>br</strong> />

Para a OPAS, tanto a vulnerabilidade atual e futura como a capacidade<<strong>br</strong> />

humana de adaptação estão intimamente relacionadas, tendo em vista que as

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