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Um estudo publicado em 2009 pela Organização Pan-Americana da<br />Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde realiza uma<br />avaliação dos ecossistemas e a saúde humana, e aponta algumas questões<br />fundamentais para a política de saúde pública. Dentre os aspectos abordados, o<br />documento refere que as relações “de causa e efeito entre as mudanças ambientais<br />e a saúde humana são complexas, por serem frequentemente indiretas, deslocadas<br />no espaço e no tempo, e dependentes de várias forças modificadoras”. (OPAS,<br />2009, p. 8); ou seja, lidar com a complexidade é primazia das ações de saúde<br />ambiental na saúde coletiva, já que vivenciamos um processo de mudanças e que<br />estas ocorrem em escalas e magnitudes diversas. As alterações ambientais podem<br />ser intensificadas ainda mais, o que corrobora a produção de efeitos catastróficos<br />sobre os processos econômicos, sociais e políticos dos quais a estabilidade social,<br />o bem-estar humano e a boa saúde são dependentes (OPAS, 2009).<br />Esse processo em curso no mundo contemporâneo vem exigir que, no<br />caso do Brasil, a saúde coletiva situe-se no processo em consonância com o<br />paradigma da promoção da saúde, incorporando uma perspectiva de saúde<br />comprometida com o bem-estar social. Como dito no relatório, há que se agir<br />politicamente, e entendemos que, quanto mais imprevisíveis, graves, inevitáveis<br />possam vir a ser os problemas decorrentes das alterações ambientais, maior a<br />responsabilidade dos serviços de saúde e setores acadêmicos.<br />225<br />Isso sugere que uma abordagem preventiva com relação à proteção<br />ambiental configura-se como a mais apropriada para proteger e melhorar a<br />saúde. Incertezas inevitáveis sobre o impacto das mudanças ambientais<br />globais na saúde pública não devem servir de desculpa para o adiamento<br />na tomada de decisões sobre políticas de ação. (OPAS, 2009, p. 25).<br />As transformações nos ecossistemas que tem sido provocadas pela ação<br />humana “estão alterando de forma fundamental – e, de certo modo, irreversível – a<br />diversidade da vida na terra em um grau significativo de irreversibilidade.” (OPAS,<br />2009, p.11).<br />Essa alteração fundamental no ambiente ocorre de forma expressiva nos<br />diversos lugares do Globo, e o que podemos constatar no nosso estudo é que ela
também acontece de maneira desastrosa e à margem das ações das políticas<br />públicas no contexto da chapada do Apodi.<br />Há alterações no ecossistema da região sem significar garantia dos<br />direitos fundamentais como o acesso à cultura ou socialmente determinado a<br />recursos essenciais, como abrigo, alimento ou água limpa (OPAS, 2009).<br />Podemos identificar nas falas dos participantes do grupo que há na<br />região diversos problemas que abrangem a inter-relação saúde-ambiente no local.<br />Dentre eles, destacam-se: o uso irracional da água para irrigação pelos grandes<br />produtores agrícolas; uso à exaustão da terra para plantio de monoculturas e<br />desmatamento intensificado a partir deste processo; uso desordenado de<br />agroquímicos potencialmente danosos à saúde humana e ao ambiente, poluindo<br />aquíferos, o ar, a terra; água inadequada para consumo humano, por apresentar<br />alta concentração de calcário; transformações radicais na biodiversidade da<br />caatinga com características de irreversibilidade pela substituição da mata nativa<br />pelas monoculturas.<br />226<br />Os problemas de Lagoinha já foi dito: a questão do uso da terra excessivo,<br />até exaustivo sem o cuidado da prevenção, até para você continuar<br />usufruindo deste recurso natural, e a questão do desmatamento, da<br />queimada, acho que tudo isso interfere no aquecimento global, efeito estufa,<br />tudo isso está relacionado! (Grupo de pesquisa).<br />O grupo faz referência à não-existência de água em Lagoinha, porque não<br />há água superficial, e também porque a água não é considerada como de boa<br />qualidade; no entanto percebe-se que há dificuldades de identificar a importância do<br />aquífero no primeiro momento, mas já em outro identificam que há muitos poços<br />profundos que as empresas utilizam para pegar a água. E, quando compreendem<br />isso, destacam que essa água é da comunidade.<br />[...] aqui o único recurso natural que não tem é a água, porque também se<br />tivesse com certeza estaria com problemas [...] de poluição [...] mas a<br />questão da terra que é a maior fonte de riqueza aqui, está tendo um<br />prejuízo no [...] uso excessivo de agrotóxicos, do não cuidado com a terra!<br />[...] Isso são problemas que vão cada vez mais gerando outros, como<br />doenças e vai acarretar vários problemas na área da saúde e do meio<br />ambiente. (Grupo de pesquisa).<br />[...] o consumo da água, há um aumento pela questão do agronegócio! É<br />quatro mil hectares de plantação, é isso? Você já pensou: quatro mil
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Há alterações no ecossistema da região sem significar garantia dos<<strong>br</strong> />
direitos fundamentais como o acesso à cultura ou socialmente determinado a<<strong>br</strong> />
recursos essenciais, como a<strong>br</strong>igo, alimento ou água limpa (OPAS, 2009).<<strong>br</strong> />
Podemos identificar nas falas dos participantes do grupo que há na<<strong>br</strong> />
região diversos problemas que a<strong>br</strong>angem a inter-relação saúde-ambiente no local.<<strong>br</strong> />
Dentre eles, destacam-se: o uso irracional da água para irrigação pelos grandes<<strong>br</strong> />
produtores agrícolas; uso à exaustão da terra para plantio de monoculturas e<<strong>br</strong> />
desmatamento intensificado a partir deste processo; uso desordenado de<<strong>br</strong> />
agroquímicos potencialmente danosos à saúde humana e ao ambiente, poluindo<<strong>br</strong> />
aquíferos, o ar, a terra; água inadequada para consumo humano, por apresentar<<strong>br</strong> />
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pelas monoculturas.<<strong>br</strong> />
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Os problemas de Lagoinha já foi dito: a questão do uso da terra excessivo,<<strong>br</strong> />
até exaustivo sem o cuidado da prevenção, até para você continuar<<strong>br</strong> />
usufruindo deste recurso natural, e a questão do desmatamento, da<<strong>br</strong> />
queimada, acho que tudo isso interfere no aquecimento global, efeito estufa,<<strong>br</strong> />
tudo isso está relacionado! (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
O grupo faz referência à não-existência de água em Lagoinha, porque não<<strong>br</strong> />
há água superficial, e também porque a água não é considerada como de boa<<strong>br</strong> />
qualidade; no entanto percebe-se que há dificuldades de identificar a importância do<<strong>br</strong> />
aquífero no primeiro momento, mas já em outro identificam que há muitos poços<<strong>br</strong> />
profundos que as empresas utilizam para pegar a água. E, quando compreendem<<strong>br</strong> />
isso, destacam que essa água é da comunidade.<<strong>br</strong> />
[...] aqui o único recurso natural que não tem é a água, porque também se<<strong>br</strong> />
tivesse com certeza estaria com problemas [...] de poluição [...] mas a<<strong>br</strong> />
questão da terra que é a maior fonte de riqueza aqui, está tendo um<<strong>br</strong> />
prejuízo no [...] uso excessivo de agrotóxicos, do não cuidado com a terra!<<strong>br</strong> />
[...] Isso são problemas que vão cada vez mais gerando outros, como<<strong>br</strong> />
doenças e vai acarretar vários problemas na área da saúde e do meio<<strong>br</strong> />
ambiente. (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
[...] o consumo da água, há um aumento pela questão do agronegócio! É<<strong>br</strong> />
quatro mil hectares de plantação, é isso? Você já pensou: quatro mil