palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ...
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208<<strong>br</strong> />
come hoje e naquele tempo você plantava um pé de melancia e colhia só<<strong>br</strong> />
com a natureza mesmo sem ter o veneno e hoje, é muito bom, tem banana<<strong>br</strong> />
aí so<strong>br</strong>ando por cima, é o melão e naquele tempo você ia comer uma fruta<<strong>br</strong> />
dessa não tinha. O primeiro melão que eu vi eu fiquei abismado! Oh, que<<strong>br</strong> />
cor é o melão? É amarelo e [...] hoje está aí jogando para gado, jogando<<strong>br</strong> />
para porco [...] é uma riqueza [...] (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
Demonstra-se no relato a necessidade de so<strong>br</strong>evivência pela busca de<<strong>br</strong> />
uma condição básica que é o acesso a alimentação, quando expressa que não tinha<<strong>br</strong> />
uma banana para comer, e que hoje elas existem, apesar de compreenderem que a<<strong>br</strong> />
forma de produção utilizada é bem diferente da forma tradicional de plantar pelo uso<<strong>br</strong> />
intensivo de venenos. Apesar dessa compreensão consideram que é uma riqueza<<strong>br</strong> />
ter o que comer. Apesar de identificar que essas frutas se consumidas são danosas<<strong>br</strong> />
à saúde pela quantidade de veneno que possuem e que servem de alimento para o<<strong>br</strong> />
gado e para os porcos, porque só fica no distrito o que denominam de ‘refugo’; ou<<strong>br</strong> />
seja, a existência dessas frutas não induz o seu consumo no âmbito local, porque<<strong>br</strong> />
elas são produzidas para a exportação, mas ao mesmo tempo contribui para<<strong>br</strong> />
identificar que havia escassez de alimentos para consumo humano e que hoje<<strong>br</strong> />
apesar da intensa produção, continua havendo escassez de alimentos, pois estes<<strong>br</strong> />
são produzidos com outros fins.<<strong>br</strong> />
Esta asserção dialoga com o pensamento de Sa<strong>br</strong>oza (1992) de que é<<strong>br</strong> />
preciso uma nova ética no desenvolvimento, sendo que para isso é indispensável a<<strong>br</strong> />
superação da miséria e da falta de instrução em que vive uma grande parte da<<strong>br</strong> />
população <strong>br</strong>asileira, o que impede a sua efetiva inserção no processo econômico e<<strong>br</strong> />
político, e, portanto, o controle so<strong>br</strong>e suas condições concretas de existência,<<strong>br</strong> />
garantindo o exercício da cidadania (SABROZA, 1992).<<strong>br</strong> />
A troca do trabalho pelo salário, estabelecendo uma relação de<<strong>br</strong> />
empregado-empregador na agricultura em busca de garantir a subsistência, é aceita<<strong>br</strong> />
mesmo considerando que este tipo de trabalho “prejudica a vida de cada um das<<strong>br</strong> />
pessoas que está trabalhando.” A saúde fica em um plano secundário, pois<<strong>br</strong> />
primeiramente é preciso comer!<<strong>br</strong> />
[...] a única visão que as pessoas que trabalham aqui hoje é o salário [...]<<strong>br</strong> />
porque aqui a mágica do emprego que nós temos é [...] a agricultura só, que<<strong>br</strong> />
aí, está uma importância muito grande também para os comerciantes por<<strong>br</strong> />
que esse dinheiro está vindo para os comerciantes e o [...] comércio