palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ...
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203<<strong>br</strong> />
fora do Brasil [...]. Os trabalhadores lá não tem o direito de comer um melão<<strong>br</strong> />
no meio da plantação, por que ali eles (trabalhadores) deixam exposto as<<strong>br</strong> />
cascas que [...] chama a mosca, a mosca chama a outra mosca que é a<<strong>br</strong> />
mosca <strong>br</strong>anca. Ele não tem o direito de comer ali, às vezes, tem casos que<<strong>br</strong> />
eles deixam levar para casa [...]. As pessoas só vivem de exportar e uma<<strong>br</strong> />
fruta que a gente [...] chama de refugo [...] é essas frutas que tem defeito<<strong>br</strong> />
que são mais miudinhas, às vezes, um arranhãozinho de nada, por que o<<strong>br</strong> />
melão é embalado em caixa, por exemplo, se é uma caixa de seis melões é<<strong>br</strong> />
seis melões do mesmo tamanho da mesma cor, tem que ser por tamanho,<<strong>br</strong> />
peso e tudo, [...] aí aqueles que são mais deformados tem uma arranhadura<<strong>br</strong> />
levou uma queda, aí já vai complicar o que é bom. (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
[...] mais de 30% das frutas são enterradas, jogadas no lixo [...] acho que o<<strong>br</strong> />
município o Estado deve fazer um convênio para as empresas que estão<<strong>br</strong> />
aqui, para ser aproveitado também essas frutas, para as fá<strong>br</strong>icas fazer<<strong>br</strong> />
poupas, [...] para as creches, casas de apoio, escolas e etc. (Grupo de<<strong>br</strong> />
pesquisa).<<strong>br</strong> />
Nas <strong>palavras</strong> de Sa<strong>br</strong>oza (1992), com o desenvolvimento das forças<<strong>br</strong> />
produtivas, há também um deslocamento da produção para a distribuição e o<<strong>br</strong> />
consumo do que é produzido, em que se faz uma indução de consumo, utilizandose<<strong>br</strong> />
estratégias midiáticas na criação de necessidades de consumo, como, por<<strong>br</strong> />
exemplo, os commodities.<<strong>br</strong> />
As políticas econômicas, entretanto, se mostram mais voltadas para<<strong>br</strong> />
atender aos interesses de setores de produção do que as necessidades<<strong>br</strong> />
fundamentais dos consumidores (SABROZA, 1992,). Dito de outra forma, a<<strong>br</strong> />
produção, seja ela de alimentos ou de outras coisas, está direcionada em manter<<strong>br</strong> />
alta produtividade e lucro numa lógica que atenda as exigências de mercado.<<strong>br</strong> />
So<strong>br</strong>e a expansão do agronegócio na região, há um estudo que descreve<<strong>br</strong> />
como isso acontece, a modernização da agricultura no Distrito de Lagoinha,<<strong>br</strong> />
destacando nas considerações finais o quão avassalador tem sido isso para o<<strong>br</strong> />
campo.<<strong>br</strong> />
O processo de modernização agrícola em curso no distrito de Lagoinha é<<strong>br</strong> />
conservador, excludente e doloroso. Conservador porque não provocou<<strong>br</strong> />
mudanças na estrutura fundiária, tornando a posse da terra cada vez mais<<strong>br</strong> />
concentrada. Excludente, pois a participação do trabalhador está apenas na<<strong>br</strong> />
venda da sua força de trabalho e no recebimento de um salário, pois os<<strong>br</strong> />
mesmos não dispõem de condições para participar desse processo da<<strong>br</strong> />
mesma forma que as grandes empresas, faltam-lhes terra e dinheiro. É<<strong>br</strong> />
doloroso, pois apesar de mudar a realidade de algumas pessoas, continua<<strong>br</strong> />
concentrando a riqueza para um pequeno grupo e aprofundando<<strong>br</strong> />
desigualdades já existentes e criando novas desigualdades. (COSTA, 2006,<<strong>br</strong> />
p. 70).