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a consolidação da fruticultura nas áreas irrigadas; a manutenção de grandes<br />
extensões de terra como fonte de especulação; a diminuição da produção<br />
dos roçados em decorrência do enfraquecimento das terras; a elevação do<br />
preço do arrendamento; e o insuficiente apoio de políticas governamentais.<br />
(NOVAES; ALVES, 2007, p. 110).<br />
Percebemos, com efeito, que este é um processo bastante vivo em<br />
Lagoinha. Essa perspectiva de transitoriedade da moradia e do trabalho contribui<br />
para a não-construção de vínculos comunitários, o que, em certa medida, fragiliza<br />
ainda mais esses trabalhadores, que enfrentam os percalços da sua existência<br />
marcada pela limitada ação das políticas de proteção e pela intempestiva ação do<br />
mercado, como referem Santos et al. (2007, p. 825).<br />
[...] mesmo na labuta diuturnamente, não conseguem sequer alcançar a<br />
materialidade indispensável à sobrevivência da espécie humana. A<br />
segregação praticada pelo mercado e o alcance limitado das políticas<br />
voltadas para a proteção social têm aumentado o infortúnio e encurtado a<br />
temporalidade da existência de parcela ampla da raça humana.<br />
Com efeito, consideramos que atenção primária à saúde constitui<br />
estratégia que pode dar visibilidade a tais questões, no entanto, faz-se necessário<br />
que o setor saúde abrace com veemência o desvelar desse submundo, pois, ele<br />
traduz o reflexo do pouco exercício das políticas pensadas para a melhoria da<br />
qualidade de vida.<br />
Essa visibilidade precisa ser procedida dentro do local e fora deste, em<br />
uma parceria entre o serviço de saúde e trabalhadores. A atenção primária precisa<br />
apreender o território, assumindo-o como um espaço sociopolítico, dialogando com<br />
os conflitos locais e promovendo o desenvolvimento da consciência cidadã.<br />
Avançar na promoção da saúde pode se efetivar pondo à mesa: a<br />
ideologia dominante da geração do emprego e renda, e, consequentemente,<br />
desenvolvimento econômico, e, sobretudo, visualizar os reflexos disso à saúde do<br />
trabalhador no cotidiano local. Essa ideologia do progresso e do crescimento<br />
econômico contribui para adormecer os profissionais de saúde e os tornar<br />
insensíveis às necessidades de saúde dos trabalhadores, nos territórios de<br />
responsabilidade sanitária da equipe da Saúde da Família.<br />
Do outro lado, há que se reestruturar os caminhos propostos atualmente<br />
para avançar nas ações da Estratégia Saúde da Família. Dentre as diversas