palavras primeiras - Repositorio.ufc.br - UFC - Universidade Federal ...
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168<<strong>br</strong> />
[...] nós estamos vendo agora como é que está Lagoinha, essa prostituição,<<strong>br</strong> />
a droga que está entrando na escola, que até mesmo, a gente, tem um filho<<strong>br</strong> />
na escola, e até use também ... eu tenho filho também estudando a noite, aí<<strong>br</strong> />
a gente fica até com medo. (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
O meu filho chegou para mim, e disse: papai, filho de fulano está usando<<strong>br</strong> />
droga e o pai já transportou ele daqui para Manaus, aí eu fiquei até<<strong>br</strong> />
abismado [...]. Só que infelizmente não é a melhor solução essa do pai<<strong>br</strong> />
mandar o menino para longe, lá ele está só, aí agora é que ele vai usar<<strong>br</strong> />
droga ... a pessoa tem que lem<strong>br</strong>ar que a família é o amparo, é o porto<<strong>br</strong> />
seguro é a primeira coisa. (Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
Na alusão que o grupo faz à denominação do bar como sendo “bar<<strong>br</strong> />
familiar para não dizer que é prostíbulo” acreditamos, que decorre da percepção de<<strong>br</strong> />
que o poder da palavra prostíbulo tem diante de uma comunidade do interior, o que<<strong>br</strong> />
poderia cultivar uma rejeição cultural, rechaçando as donas dos bares e as<<strong>br</strong> />
prostitutas, e passa-se utilizar a terminologia familiar, que promove agregação,<<strong>br</strong> />
como vimos em outra fala a família entendida como porto seguro, alguém que cuida.<<strong>br</strong> />
Ela chama bar familiar para não dizer que é prostíbulo.[...] tem mulher seminua,<<strong>br</strong> />
tem homem [...] família com adolescente, com criança para beber [...].<<strong>br</strong> />
(Grupo de pesquisa).<<strong>br</strong> />
A violência, a negação do direito infantil ao convívio familiar na cadeia da<<strong>br</strong> />
prostituição de jovens, é um panorama real em um distrito de um município pequeno<<strong>br</strong> />
do interior do Estado. Isso nos leva a afirmar que os problemas rurais, hoje, não são<<strong>br</strong> />
tão diferentes dos problemas urbanos, como também estão os problemas locais<<strong>br</strong> />
relacionados aos globais, socializando-se e contemplando as comunidades rurais<<strong>br</strong> />
com problemas de toda magnitude.<<strong>br</strong> />
O desenvolvimento na região tem como mola mestra o agronegócio, onde<<strong>br</strong> />
se centra todo o investimento financeiro, e este caminha lado a lado com a<<strong>br</strong> />
desigualdade social. Soma-se a isso, como podemos identificar nas falas a<<strong>br</strong> />
prostituição infanto-juvenil sustentando crianças, que, também, são vítimas da<<strong>br</strong> />
precariedade das políticas de proteção social.<<strong>br</strong> />
Isso nos o<strong>br</strong>iga a indagar: quem são as vítimas e os algozes? Quem são<<strong>br</strong> />
as pessoas que exploram a terra, os trabalhadores, sejam eles ou elas<<strong>br</strong> />
trabalhadoras do sexo, do agronegócio, sejam trabalhadores crianças, adolescentes,