"Bosquejo histórico" do Dr. Joaquim Antonio Alves ... - Ce.anpuh.org

95). Desta forma os manuais publicados por homeopatas valorizavam informações
desprezadas pelos alopatas, como: palidez, rosto abatido, pulso fraco, entre outras.
O sistema de tratamento oposto a homeopatia é a alopatia. Esta prática da
medicina trata a doença utilizando remédios que causem efeitos contrários aos sinais da
doença. No caso seriam ministrados medicamentos com a finalidade de inibir as evacuações e
vômitos. 14
O debate entre as duas vertentes médicas, no Ceará, é observado nas páginas do
jornal O Cearense através das discussões entre os médicos: Dr. Liberato de Castro Carreira,
defensor da homeopatia, e Dr. José Lourenço de Castro e Silva, praticante da alopatia. O
historiador Carlos Jacinto estudou textos, da autoria de ambos os médicos, publicados no
jornal O Cearense ainda em 1851, - ano da incidência da epidemia de febre amarela em vários
pontos do Ceará e do Brasil, - o que nos permite perceber que a adoção da homeopatia não
aconteceu de forma repentina e passiva, mas aos poucos foi adquirindo aceitação junto aos
próprios médicos e à sociedade local.
O Dr. José Lourenço de Castro Silva em um texto intitulado Tratamento do
cholera-morbus de mui facil execução, publicado em 1862, por ocasião da epidemia de
cólera, recomenda o uso de remédios alopáticos - pós de Dower, láudano líquido de
Sydenham, Espírito de camphora com flores de enxofre, pílulas anti-desintericas de Boudin –
e também faz indicação do uso de clisteres15 de cozimento de qualquer planta ou casca
amargoza.
O médico da Santa Casa, Dr. Joaquim Ribeiro, dividiu, em sua explanação, o
segundo período da doença em duas fases, sendo que na primeira destas empregava clysteres
emolientes ou adstringentes. Já na segunda, quando o doente marchava para um sofrido
termo fatal, recorríamos aos estimulantes applicados internamente. Porém, não utilizava
medicamentos em pílulas, pois conforme observações feitas nos vômitos e evacuações de
coléricos, as pílulas eram expelidas inteiras, sem que permanecessem no organismo dos
enfermos o tempo necessário para sua absorção.
Cabe aqui mencionarmos que as experiências anteriores nos auctorizarão a não
administrar pílulas no segundo período, porque já tínhamos observado que neste
estado era commum ver os doentes nas enfermarias lançarem, no vomito e na
defecação, as pílulas inteiras, que havião tomado algumas horas antes de entrar para
o Hospital, assim como que nestas condições muitas veses uma diarrhea
14
Na alopatia a medicação faz parte de um conjunto de cura, no qual estão incluídos também a reeducação
alimentar, exercícios físicos, entre outros.
15
Introdução de líquidos no ânus para lavagem, purgação ou administração de medicamentos.
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