22.06.2013 Views

O argumento de Kripke contra o materialismo identitativo particular ...

O argumento de Kripke contra o materialismo identitativo particular ...

O argumento de Kripke contra o materialismo identitativo particular ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo <strong>particular</strong>-<strong>particular</strong> é o monismo não-reducionista <strong>de</strong><br />

eventos: i<strong>de</strong>ntifica numericamente cada evento mental, cada portador <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mentais<br />

como a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser uma dor, com cada evento físico, cada portador <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

físicas como a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser uma estimulação das fibras-C.<br />

Se Kawasaki (respectivamente, Dutto) po<strong>de</strong> ter simultaneamente muitas proprieda<strong>de</strong>s<br />

distintas, como a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser um cão, a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser uma animal doméstico,<br />

então o facto (estado <strong>de</strong> coisas) <strong>de</strong> Kawasaki (respectivamente, Dutto) ser um cão é distinto do<br />

facto (estado <strong>de</strong> coisas) <strong>de</strong> Kawasaki (respectivamente, Dutto) ser um animal doméstico, mas<br />

o evento <strong>de</strong> Kawasaki (respectivamente, Dutto) estar num certo estado correspon<strong>de</strong>nte a<br />

esses factos po<strong>de</strong> ser o mesmo.<br />

O caso <strong>de</strong> x e y terem diferentes proprieda<strong>de</strong>s e não se seguir que x e y são distintos<br />

não <strong>de</strong>ve ser confundido com o caso <strong>de</strong> x e y terem as mesmas proprieda<strong>de</strong>s e seguir-se que x<br />

e y são distintos.<br />

A indiscernibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> idênticos é: se x = y, então x e y têm as mesmas proprieda<strong>de</strong>s<br />

(ou: x e y têm as mesmas proprieda<strong>de</strong>s se x = y).<br />

A fim <strong>de</strong> apresentar o <strong>argumento</strong> <strong>de</strong> <strong>Kripke</strong> <strong>contra</strong> o <strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo <strong>particular</strong><strong>particular</strong><br />

é útil distinguir entre eventos-tipo e eventos-<strong>particular</strong>es <strong>de</strong> forma a reter os<br />

segundos como aqueles acerca dos quais é a tese distintiva do <strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo<br />

<strong>particular</strong>-<strong>particular</strong>.<br />

Eventos-tipo são uma certa proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos específicos ou uma certa classe<br />

<strong>de</strong> eventos específicos.<br />

Eventos-<strong>particular</strong>es são entida<strong>de</strong>s irrepetíveis ou não exemplificáveis e concretas, isto<br />

é, datáveis e situáveis no espaço.<br />

A pretensão do <strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo <strong>particular</strong>-<strong>particular</strong> não é explicar, por<br />

exemplo, como é que uma pessoa tem as sensações corpóreas e experiências visuais<br />

específicas que tem ou como é que uma pessoa está no estado neurofisiológico em que está,<br />

mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> numérica entre cada evento mental e cada evento físico seja qual<br />

for a explicação proporcionada pela ciência relevante para as sensações corpóreas e<br />

experiências visuais específicas que uma pessoa tem ou seja qual for a explicação<br />

proporcionada pela ciência relevante para o estado neurofisiológico em que uma pessoa está.<br />

Alega-se, em <strong>de</strong>fesa do <strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo <strong>particular</strong>-<strong>particular</strong>, que o<br />

<strong>materialismo</strong> i<strong>de</strong>ntitativo <strong>particular</strong>-<strong>particular</strong> dá conta das relações causais entre mente e<br />

corpo <strong>de</strong> forma mais plausível do que qualquer outra das teses diponíveis.<br />

Suponha-se, por um lado, que mente e corpo são ontologicamente separados e<br />

causalmente estanques.<br />

Ora, a nossa intuição <strong>de</strong> que há relações causais entre mente e corpo é dificilmente<br />

acomodada.<br />

A intuição <strong>de</strong> que eventos mentais, como a ocorrência <strong>de</strong> uma dor neste momento, são<br />

causalmente responsáveis pela ocorrência <strong>de</strong> eventos físicos, como um grito súbito <strong>de</strong> dor<br />

neste momento, é dificilmente acomodada.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!