jornal 01 - Exército

PÁGINAS DA HISTÓRIA
Das segundas Invasões Francesas, sobre a defesa da
Ponte de Amarante...
( do livro “ A INFANTARIA PORTUGUESA NA GUERRA DA
PENÍNSULA” da autoria do Coronel Ferreira Gil )
FRANCISCO DA SILVEIRA PINTO DA FONSECA
1º COMANDANTE DO REGIMENTO DE CAVALARIA Nº 6
E
CONDE DE AMARANTE
DRAGÕES DE ENTRE DOURO E MINHO
“ ... Se correu propícia a fortuna para os Franceses, nas operações
que tentaram ao Norte do Porto, conseguindo tomar posse de
Valença, Monção, Vila Nova de Cerveira e do Forte de Insua, para os
lados do Tâmega não colheram facilmente o almejado triunfo. Para o
conseguirem tiveram de lutar com o generoso esforço dos populares,
que tão bem sabiam morrer pela Pátria; com a competência e o valor
do Brigadeiro Silveira; e com o ardor bélico e resistência das tropas
regulares, que o valente General tinha sob as suas ordens.
Aquele afluente do Douro constitui, no seu curso inferior, desde
Cavez a Entre-os-Rios, uma importante linha defensiva. Bastante
caudaloso, as suas margens, formadas pelas ramificações das Serras
da Cabreira e do Marão, são quasi sempre escarpadas e pedregosas,
e, portanto dum acesso difícil.
Tinha naquele tempo apenas 4 pontes de cantaria: a do Cavez, na
estrada de Vila Pouca a Guimarães ; a de Mondim de Basto, no
caminho de Vila Real; a de Amarante, sobre a única estrada
praticável à artilharia e a de Marco de Canavezes. Foi na linha do
Tâmega que Silveira se propôs dificultar a marcha aos contrários,
logo que, ao ter conhecimento da presença dos franceses nas
proximidades do Marco, se convenceu de que iriam ocupar Trás-os-
Montes. Ele saberia defender essa província tão altiva pelo valor dos
seus habitantes.
Do seu lado, o Duque da Dalmacia fizera ocupar Penafiel pela
Brigada Caulaincurt - Regimentos 18 e 19 de Dragões. Quando os
franceses entraram, a 31 de Março de 1809, na pitoresca povoação,
encontraram lá apenas um velho de mais de oitenta anos, todos os
outros habitantes haviam retirado, levando consigo tudo o que
pudesse servir aos contrários. As armas reais, conta Naylies, que encimavam os edifícios públicos, estavam
cobertas de crepes (...).
No dia seguinte, era enviado um destacamento de 500 cavalos, às ordens do Major Montigny, para o Marco de
Canavezes.
Travou- se luta renhida entre os defensores da Vila e os cavaleiros franceses, que foram compelidos a retirar.
Animada por este triunfo efémero, a gente do Marco toma ousadamente a ofensiva e vai atacar o inimigo no seu
próprio Bivaque, mas a empresa é mal sucedida. Dias depois, porque iam chegando novos reforços, sofrem rude
ataque os postos avançados dos cavaleiros franceses, mas também sem resultado.
Apesar de tudo, os Dragões de Caulaincurt não tinham um momento de tréguas; se algum deles se atrevia a
sair do Bivaque estava perdido. Os nossos faziam guerra de extermínio como guerrilheiros audazes, visto não
poderem medir- se em campo raso, como os soldados de Napoleão (...).
Por último a Brigada de Dragões era reforçada com infantaria comandada por Foy, com duas peças, sendo o
comando da Divisão entregue ao General Loison, para perseguir activamente as tropas de Silveira.
O sanguinário “ maneta”, que os nossos populares tanto odiavam, por se lembrarem de quanto os fizera sofrer
durante a primeira invasão, lançou logo, no dia 9, dois reconhecimentos, um sobre Canavezes e outro sobre
Amarante ...”.
( continua nos próximos números )
“ AVANTE PARA A GLÓRIA ”
MAJ CAV CONCEIÇÃO
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