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Economia da Natureza”, Robert E. Ricklefs menciona que Haeckel em 1870 deu à palavra<br />
um significado mais abrangente:<br />
Por ecologia, queremos dizer o corpo de<br />
conhecimento referente à economia da natureza –<br />
a investigação das relações totais dos animais<br />
tanto com seu ambiente orgânico quanto com seu<br />
ambiente inorgânico; incluindo, acima de tudo,<br />
suas relações amigáveis com aqueles animais e<br />
plantas com os quais vêm direta ou indiretamente<br />
a entrar em contato – numa palavra, ecologia é o<br />
estudo de todas as inter-relações complexas<br />
denominadas por Darwin como as condições da<br />
luta pela existência. (HAECKEL, 1870 apud<br />
RICKLEFS, 2003 p. 02).<br />
Ricklefs (2003) ressalta ainda, que o uso generalizado da palavra ecologia ocorreu<br />
apenas no final do século XIX e que sua consolidação científica ocorreu no início do século<br />
XX, quando apareceram as primeiras sociedades e periódicos dedicados à ecologia.<br />
Na perspectiva de Lago & Pádua (1984/1989), qualquer pessoa que acompanhe o<br />
debate atual sobre os temas ditos ecológicos nos meios de comunicação poderá verificar a<br />
grande distância que separa a modesta proposta original de Haeckel e a ampla gama de<br />
idéias, projetos e visões de mundo que reivindica hoje em dia o uso da palavra “ecologia”.<br />
Vários valores filosóficos de unidade de vida e de integração Homem/ natureza,<br />
presentes em culturas tradicionais da humanidade, estão renascendo numa linguagem<br />
prática e acessível. Leonardo Boff (2003), professor emérito da Universidade do Estado do<br />
Rio de Janeiro, de teologia, filosofia, espiritualidade e ecologia, busca na tradição grega, da<br />
qual segundo ele somos herdeiros, elementos para um ethos mundial.<br />
Nesta premissa, cabe ao logos humano (razão) definir o que é bom e habitável<br />
para todos. Para tanto, o logos deve saber auscultar a natureza que não muda e está cheia<br />
de mensagens. O logos humano não está fora e acima da natureza (physis); é parte dela,<br />
um órgão da própria natureza. Portanto, a natureza é entendida como a energia originária<br />
(physis) que se expressa por meio do logos e com o logos. (BOFF, 2003 p. 38).<br />
A Ecologia vem sendo cada vez mais um motivo de interesse na atualidade. Ela<br />
nos leva a uma reflexão sem precedentes na história da humanidade porque vivemos diante<br />
do dilema da exaustão crescente dos recursos naturais, do desenvolvimento de armamentos<br />
nucleares e do superaquecimento da Terra, dentre outras calamidades concomitantes. Por<br />
isso,é cada vez mais urgente a construção de uma consciência ecológica.<br />
O pensamento ecológico contemporâneo apresenta uma distinção fundamental. De<br />
acordo com Camargo (1999), trata-se da diferença entre ecologistas superficiais (os<br />
ambientalistas) e os ecologistas em profundidade. Os primeiros aceitam a estrutura<br />
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