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das causas físicas. Minha meta é mostrar que a máquina celestial está ligada não a um<br />
organismo, mas a um relógio”.<br />
Caracteriza-se, desta forma, a concepção mecanicista de natureza. A natureza é<br />
uma espécie de máquina, constituída por múltiplos fenômenos relacionados uns com os<br />
outros em função do princípio da causalidade e cujas relações é possível quantificar. As leis<br />
naturais, expressas em linguagem matemática, operacionalizam essas relações.<br />
Para ele, nesta perspectiva, Newton pode ser considerado o novo Moisés a quem<br />
as tábuas da lei foram reveladas, pois seu modo reducionista atomístico se propagou<br />
prontamente pela Europa e estabeleceu uma nova visão de mundo, em que a concepção<br />
mecanicista de natureza constitui o grande pressuposto epistemológico que legitima toda a<br />
construção científica, quer do ponto de vista teórico, quer metodológico.<br />
Durante o século XX, a ciência contemporânea nega os princípios estabelecidos<br />
até então, princípios estes causais e deterministas, colocando-os em causa. A teoria da<br />
relatividade de Einstein foi o divisor de águas responsável pela crise do paradigma<br />
dominante. De acordo com Tassinari (2006), com Einstein 1 a física se tornou ainda mais<br />
física, mais regulada por princípios apenas seus. Isto ocorreu porque Einstein reformulou os<br />
conceitos de tempo e de espaço.<br />
Segundo Left (2001b), a compartimentalização das áreas do conhecimento e a<br />
distinção das ciências, geraram, nas últimas décadas do século XX, a chamada crise de<br />
civilização, pelo fato de serem utilizadas para incrementar a eficiência da cadeia tecnológica<br />
de produção. Para o epistemólogo, essa é uma das principais causas da problemática<br />
ambiental na atualidade, pois, criou problemas os quais não se têm solução.<br />
escreveu:<br />
Leonardo Boff, fazendo uma consideração ao que chama de desintegração criativa,<br />
Essa desintegração reside no fato<br />
apontado por vários analistas, a começar por<br />
Marx, pelo economista norte-americano de<br />
ascendência húngara, Karl Polanyi, e pelo<br />
brasileiro Michael Löwy: a economia de desgarrou<br />
da sociedade. Desinserida e desvinculada de<br />
qualquer controle social, estatal e ético, ela<br />
ganhou livre curso. Funciona obedecendo sua<br />
própria lógica, que é maximizar os ganhos,<br />
minimizar os investimentos e encurtar ao máximo<br />
o tempo. E isso em escala mundial e sem<br />
qualquer cuidado quanto aos custos sociais e<br />
1 Entre os saberes do século XX, a teoria da relatividade de Einstein é o mais desconcertante nas mudanças que<br />
propôs de noções tidas como certas.E sua repercussão foi tão avassaladora que se acabou por negligenciar um<br />
aspecto básico:o tempo,em Einstein,é uma noção física.Nesse sentido, Albert Einstein é um pensador<br />
moderno,se por moderno se entende o pensamento que procura fundamentar-se e criticar-se a partir de seu<br />
próprio domínio.É na sua modernidade,também caracterizada por um pensamento que caminha por hipóteses<br />
abertas à crítica,que a física de Einstein encontra um denominador comum com outros saberes modernos.<br />
(FONSÊCA, 2006. p.157)<br />
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