20.06.2013 Views

Nacionalidade e Apatridia - Inter-Parliamentary Union

Nacionalidade e Apatridia - Inter-Parliamentary Union

Nacionalidade e Apatridia - Inter-Parliamentary Union

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Introdução<br />

Os que são cidadãos de um país muitas vezes tomam por garantidos os direitos e<br />

obrigações conferidos pela nacionalidade. A maioria de nós pode inscrever os filhos na<br />

escola, aceder a cuidados médicos quando estamos doentes, procurar emprego<br />

quando for preciso e votar para eleger os nossos representantes. Sentimos que temos<br />

uma participação no país em que vivemos; temos um profundo sentimento de<br />

pertença a algo que é maior do que nós enquanto indivíduos.<br />

Mas como é a vida para as pessoas que não têm nacionalidade, para os que são<br />

apátridas? Sem nacionalidade, uma pessoa não se pode registar para votar no país<br />

onde vive, não pode requerer um documento de viagem, não se pode casar. Em<br />

alguns casos, os indivíduos que são apátridas e se encontram fora do seu país de<br />

origem ou país de anterior residência habitual podem ser detidos por períodos<br />

prolongados, se tais países se recusarem a conceder-lhes a reentrada nos seus<br />

territórios. Muitas vezes, até mesmo os direitos mais básicos, como o direito à<br />

educação, à saúde e ao trabalho, são negados a indivíduos que não podem provar um<br />

vínculo jurídico com um país.<br />

Uma pesquisa sobre apatridia realizada pelo ACNUR em 2003 confirma que nenhuma<br />

região do mundo está isenta dos problemas que geram a apatridia. No entanto, o<br />

número exacto de apátridas no mundo é desconhecido. Os Estados são muitas vezes<br />

relutantes ou incapazes de fornecer informações pontuais, e poucos dispõem de<br />

mecanismos para registar os apátridas. De facto, não existe uma clara obrigação para<br />

os Estados de registar as pessoas apátridas que vivem nos seus territórios. O ACNUR<br />

estima que milhões de pessoas no mundo vivam sem uma nacionalidade efectiva.<br />

A apatridia, que foi reconhecida pela primeira vez como um problema mundial na<br />

primeira metade do século XX, pode ocorrer como resultado de disputas entre Estados<br />

sobre a identidade jurídica dos indivíduos, da sucessão de Estados, da marginalização<br />

prolongada de grupos específicos dentro da sociedade, ou ao privar grupos ou<br />

indivíduos da sua nacionalidade. A apatridia está normalmente associada a períodos<br />

de mudanças profundas nas relações internacionais. O traçado de novas fronteiras<br />

internacionais, a manipulação dos sistemas políticos por parte de líderes nacionais a<br />

fim de alcançar fins políticos questionáveis e/ou a denegação ou privação da<br />

nacionalidade para excluir e marginalizar impopulares minorias raciais, religiosas ou<br />

étnicas, têm produzido apatridia em cada região do mundo. Nos últimos 20 anos, um<br />

número crescente de pessoas foi privado da sua nacionalidade ou não pôde obter uma<br />

nacionalidade efectiva. Se essas situações continuarem, o sentimento de exclusão<br />

nas populações afectadas poderá levá-las à deslocação.<br />

6<br />

“Quando me dizem “Não” no país onde eu moro; quando me dizem<br />

“Não” no país onde eu nasci; quando me dizem “Não” no país dos<br />

meus pais; escutar continuamente “A senhora não é dos nossos”! Sinto<br />

que sou ninguém e nem sequer sei porque estou a viver. Como<br />

apátrida, estás sempre rodeada por um sentimento de desprezo.<br />

Lara, antiga apátrida

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!