Capitulo 7 (188 kb)
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7.1 O Traço da Função de Green<br />
O traço da função de Green exata é dado por<br />
( ε) ( , , ε)<br />
G E + i = dq G q q E + i =<br />
A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
∫ ∑<br />
1<br />
E − E + iε<br />
n n<br />
como discutido no Capítulo 1. De posse do resultado semiclássico para G( q", q', E + iε<br />
) podemos agora fazer<br />
essa última integral por fase estacionária. O resultado deste cálculo é a famosa fórmula do traço de<br />
− ε t/<br />
Gutzwiller. Na dedução que segue manteremos explícito o “fator de convergência” e e discutiremos seu<br />
significado posteriormente.<br />
A imposição de que a variação primeira de S(q”,q’,E) calculada em q” = q’ = q seja nula resulta em<br />
ou, usando que<br />
∂ ⎡ S ∂S<br />
⎤<br />
⎢ + ⎥<br />
⎣ ∂q"<br />
∂ '⎦<br />
q<br />
q" = q'= q<br />
(1)<br />
= 0 (2)<br />
∂S<br />
∂S<br />
= p" e = − p'<br />
(3)<br />
∂q"<br />
∂q'<br />
vemos que p” = p’. Então, as trajetórias que mais contribuem para G( E + iε<br />
) são as Órbitas Periódicas.<br />
Expandindo S(q”,q’,E) em torno de uma dada órbita periódica q obtemos:<br />
q'= q + δ q'<br />
q"<br />
= q + δ q"<br />
T<br />
q ⎡ 2 2 2<br />
δ ∂ S ∂ S ∂ S ⎤<br />
S( q", q', E) = S( q, q, E)<br />
+ ⎢ + 2 + ⎥<br />
2 ⎣ ∂q" ∂q"<br />
∂q" ∂q'<br />
∂q' ∂q'<br />
⎦<br />
q" = q'= q<br />
δq
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
Como ( q q,<br />
E)<br />
∫<br />
S , = p.<br />
dq e a integração é feita ao longo da órbita periódica, um deslocamento δq na<br />
direção da própria órbita não altera seu valor. Usamos então o sistema de coordenadas de Gutzwiller<br />
definido no capítulo anterior, onde x varia ao longo da órbita e y1, y2, ….yL-1 são coordenadas<br />
perpendiculares. Com isso, procedemos à integração sobre dy1 … dyL-1 . Definindo<br />
obtemos<br />
G( E iε)<br />
W<br />
nm<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
∂ S ∂ S ∂ S ∂ S<br />
= + + +<br />
(4)<br />
∂ y ∂ y ∂ y ∂ y ∂ y ∂ y ∂ y ∂ y<br />
j<br />
+ = ∑ L−1<br />
∫<br />
¡ ¡<br />
j<br />
i ( 2π<br />
i ) 2<br />
e<br />
'<br />
' " " '<br />
" "<br />
'n m n m n m n m<br />
1<br />
L−1<br />
−ε<br />
τ /<br />
i i μ jπ iα<br />
¡<br />
2<br />
jπ<br />
dx<br />
( 2π<br />
) 2 S ( E) j − +<br />
2 4<br />
. ' 1/ 2 e<br />
x<br />
∂ S 2<br />
j<br />
det<br />
∂y ∂y"<br />
det W<br />
onde j indexa as órbitas periódicas e α j ( ξ j ν j)<br />
autovalores negativos) de W. Reescrevendo ( ) ( L )<br />
de Maslov da órbita periódica por<br />
obtemos<br />
j<br />
= − = (número de autovalores positivos) - (número de<br />
ξ − ν = ξ + ν − 2 ν = − 1 − 2 ν e definindo o Índice<br />
j j j j j j<br />
σ j = μ j + ν j<br />
G E i<br />
i e<br />
i<br />
S dx S<br />
£<br />
j ( E) − ε τ j / ∂ 2<br />
1 j 1<br />
£<br />
( + ε)<br />
= ¢ ∑ ∫ det<br />
j<br />
x<br />
∂y' ∂y"<br />
det W<br />
2<br />
. 1/ 2<br />
Antes de calcularmos essa última integral vamos analisar o pré-fator formado pelos determinantes.<br />
Para isso vamos introduzir a Matriz de Monodromia Reduzida M, de dimensão 2(L-1) x 2(L-1) definida da<br />
'<br />
δy', δp<br />
y em relação à um ponto da órbita periódica<br />
seguinte forma: considere um pequeno deslocamento ( )<br />
(que podemos indexar por x1). Propagando esse ponto por um período da órbita periódica obtemos um novo<br />
"<br />
δy", δp<br />
y também vizinho do ponto inicial. Na aproximação linear escrevemos<br />
ponto ( )<br />
e<br />
'<br />
δy" = Aδy'+ Bδp δp = Cδy'+ Dδp " '<br />
y y<br />
y<br />
1<br />
j<br />
e<br />
−iπσ<br />
A B<br />
M ≡<br />
C D<br />
⎛ ⎞<br />
⎜ ⎟ (7)<br />
⎝ ⎠<br />
Os blocos de M estão diretamente ligados aos determinantes que temos que calcular. Para ver isso<br />
diferenciamos a equação (3) e obtemos<br />
2<br />
j<br />
(5)<br />
(6)<br />
82
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
δp<br />
δp<br />
'<br />
y<br />
"<br />
y<br />
2 2<br />
∂<br />
∂ ∂ δ<br />
S<br />
y y y<br />
= − ' −<br />
' '<br />
∂ S<br />
= δy'<br />
+<br />
∂y' ∂y"<br />
∂<br />
∂ ∂ δ<br />
S<br />
y y y"<br />
" '<br />
2 2 .<br />
∂ S<br />
δy"<br />
∂y" ∂y"<br />
" '<br />
Resolvendo esse sistema para δy" e δp<br />
y em termos de δy' e δp<br />
y e comparando com a<br />
Equação (5) obtemos<br />
e<br />
2<br />
∂ S −<br />
= −B ∂y" ∂y'<br />
2<br />
∂ S −1<br />
= + B A<br />
∂y'∂y' 2<br />
1<br />
∂ S<br />
1<br />
C DB A B<br />
∂y<br />
y<br />
T<br />
−<br />
= − = −<br />
' "<br />
2<br />
∂ S<br />
DB<br />
∂y" ∂y"<br />
=<br />
−1<br />
−1<br />
−1 −1 −1 −1<br />
[ ]<br />
det W = det B A − B + C − DB A + DB<br />
−1 −1 −1<br />
( B ) [ A 1 BC BDB A BDB ]<br />
= det det − + − +<br />
det ( M − I)<br />
= ( −1)<br />
det ( B)<br />
Essa última passagem pode ser mostrada da seguinte forma:<br />
L−<br />
A − I B<br />
det ( M − I)<br />
=<br />
C D − I<br />
(8)<br />
1 . (9)<br />
Fazendo a operação 2 a linha → 2 a linha - ( D-I )B -1 * (1 a linha) o determinante não se altera e<br />
obtemos<br />
A − I B<br />
det ( M − I)<br />
=<br />
−1<br />
C − ( D − I) B ( A − I)<br />
0 =<br />
L−1<br />
−1<br />
= ( −1) det [ BC − B( D − I) B ( A − I)<br />
]<br />
Dessa forma vemos que o pré-fator do integrando em (5) é dado por<br />
83
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
2 ⎛ ∂ S ⎞<br />
det ⎜<br />
y'<br />
y"<br />
⎟<br />
⎝ ∂ ∂ ⎠<br />
1<br />
2<br />
detW<br />
1/<br />
2<br />
=<br />
det B<br />
2 / 1<br />
1<br />
detW<br />
2 / 1<br />
=<br />
det<br />
1<br />
( ) 2 / 1<br />
M − I<br />
Como det (M-I) é um invariante da órbita periódica, isto é, não depende do ponto x, onde é<br />
calculado, podemos retirar esse fator do integrando e escrever<br />
1<br />
G( E + iε)<br />
=<br />
i<br />
j<br />
e<br />
i ¡<br />
S ( ) j E −ε<br />
τ j i<br />
¡<br />
/<br />
πσj<br />
dx −<br />
2<br />
1/ 2 . e<br />
∑ ∫<br />
det(<br />
M − I)<br />
Se conseguirmos mostrar que σ j é também um invariante da órbita periódica, podemos retirá-lo do<br />
dx<br />
sinal de integração e obter ∫ = ∫ dt = τ 0<br />
¢ j = período primitivo da órbita.<br />
x<br />
Seguimos aqui a apresentação de Creagh et al [26] e assumimos que as cáusticas da função G(q, q,E)<br />
2 ⎛ ∂ S ⎞<br />
são apenas devido às divergências de det⎜<br />
⎟ , e não devido aos “pontos de retorno” onde x = 0<br />
⎝ ∂y' ∂y"<br />
⎠<br />
¢<br />
.<br />
Caso isso ocorra, sempre é possível trabalhar na representação de momentos e evitar essas cáusticas e o<br />
resultado final será independente da representação escolhida. Se insistirmos em usar a representação de<br />
coordenadas para librações (órbitas com pontos de retorno) teremos que fazer σ −> σ+2 para contar os dois<br />
pontos de retorno.<br />
Essa discussão mostra, no entanto, que tanto μ quanto ν dependem da escolha de representação,<br />
embora esperamos que sua soma seja um invariante. Para ver que isso de fato ocorre lembramos que μ está<br />
2 L 1<br />
⎛ ∂ S ⎞ ( 1)<br />
associado ao número de pontos singulares de det ⎜ ⎟ =<br />
⎝ ∂y' ∂y"<br />
⎠ det ( B)<br />
−<br />
−<br />
x<br />
.<br />
(10)<br />
. da Equação (9) segue que essa<br />
quantidade é proporcional ao determinante de W, pois det ( M-I ) é um invariante. Assim, se calcularmos<br />
μ e ν com função do ponto inicial x1 da órbita, vemos que, se em um determinado ponto x 1 o det (W)<br />
muda de sinal, então det (B) também muda e um de seus autovalores passa por zero, indicando que μ + ν<br />
deve permanecer constante.<br />
Vamos agora, seguindo Creagh et al [26] , mostrar que σ é na verdade um “winding number” da<br />
órbita periódica.<br />
84
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
7.2 O Índice de Maslov σ para Órbitas Instáveis<br />
Vamos agora nos restringir a dois graus de liberdade apenas, L = 2. Nesse caso é fácil interpretar os<br />
índices μ e ν geometricamente e depois entender σ como um “winding number”.<br />
Começamos com μ. Este índice conta o número de vezes que<br />
∂<br />
2<br />
S<br />
vai a infinito ao longo da<br />
∂y' ∂y"<br />
órbita. A matriz de monodromia M faz o mapa linear de uma seção de Poincaré sobre ela mesma, após uma<br />
volta completa sobre a órbita periódica. Definimos<br />
( )<br />
M x<br />
a x b x<br />
=<br />
c x d x<br />
⎛ ( ) ( ) ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ ( ) ( ) ⎠<br />
como a matriz que faz o mapa linear entre a seção de Poincaré em x = 0 e a seção de Poincaré em x > 0.<br />
Quando x volta sobre o ponto inicial M(x) coincide com a matriz de monodromia M. Da Equação (8) vemos<br />
que μ é o número de vezes que b(x) vai a zero ao longo da órbita. Veja que M(0) = I, isto é, b(0) = 0. No<br />
entanto, como essa cáustica inicial não é atravessada, ela não contribui para μ.<br />
0<br />
Considere agora o vetor ξ0 =<br />
1<br />
⎛ ⎞<br />
⎜ ⎟ . Aplicando M(x), vemos que ele é mapeado em<br />
⎝ ⎠<br />
b x<br />
ξx =<br />
d x<br />
⎛ ( ) ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ ( ) ⎠<br />
¡<br />
Quando b(x) = 0, ξx fica paralelo ao vetor inicial ξ 0 . Assim, μ conta quantas vezes<br />
eixo dos momentos no sentido horário, menos o número de vezes que cruza no sentido anti-horário, quando<br />
propagado ao longo da órbita. Ou seja, μ conta o número líquido de vezes que<br />
momentos no sentido horário.<br />
Se t e t -1 são autovalores de M, com | t | > 1, e e u e es<br />
se t > 0 temos uma órbita hiperbólica direta e, após uma volta completa,<br />
que<br />
¡<br />
ξ 0 . Se t < 0, órbita hiperbólica com reflexão,<br />
t > 0<br />
(a) (b)<br />
es<br />
py<br />
eu<br />
y<br />
¡<br />
ξ 0 cruza com o<br />
¡<br />
ξ 0 cruza o eixo dos<br />
são autovetores correspondentes, então<br />
¡<br />
ξ final está no mesmo quadrante<br />
¡<br />
ξ final estará no quadrante oposto (veja a seção 7.5):<br />
es<br />
py<br />
eu<br />
y<br />
t < 0<br />
85
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
O ângulo entre<br />
ξ ξ<br />
0 e final<br />
depende do valor de t.<br />
Vamos agora ver o índice ν, que é o número de autovalores negativos de W, calculado após uma<br />
volta completa em torno da órbita periódica. Para L = 2, W é um número que denotaremos w, e portanto ν<br />
só pode ser 0 ou 1. Da Equação (9) temos que<br />
(pois det M = 1). Assim<br />
( ) a b<br />
a d<br />
w = ( ad bc a d )<br />
b c d b b<br />
− −<br />
+ −<br />
= − − − − + =<br />
− 1 1 1<br />
2<br />
1<br />
1<br />
−1<br />
tr( M)<br />
− 2 t + t − 2<br />
w = =<br />
b b<br />
Como | t + t -1 | > 2, o sinal do numerador é o sinal de t. O sinal de b também é fácil de determinar: se<br />
t > 0, ξ final está como na figura (a) acima. Se ξ final está à direita do eixo py, b > 0 (cruzou o eixo um número<br />
par de vezes) e se está à esquerda, b < 0. Seguindo a ref. [26], dividimos o plano y - py em quadrantes e<br />
marcamos o valor do numerador de w , num(w), e de b de acordo com a posição ξ final . Os quadrantes são H,<br />
I, J e K, sendo que J e H são subdivididos em J+, J-, H+ e H- :<br />
Como o sinal de w é o produto dos sinais de num(w) e b obtemos:<br />
H-<br />
J+<br />
py<br />
b < 0<br />
num(w) > 0<br />
H+<br />
K I<br />
b < 0<br />
num(w) < 0<br />
b > 0<br />
num(w) > 0<br />
J-<br />
b > 0<br />
num(w) < 0<br />
py<br />
ν=1 ν=0<br />
y<br />
y<br />
.<br />
86
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
ν=0<br />
ν=1<br />
Vamos agora analisar σ = μ + ν . Para isso vamos estender o conceito de ν para ν(x), embora o<br />
índice verdadeiro, ν, só faça sentido quando calculado após uma volta completa em torno da órbita periódica.<br />
Assim, definimos ν(x) como sendo zero enquanto<br />
e J- . Não é necessário definir ν(x) nos quadrantes I e K, pois<br />
ξ 0 percorre os quadrantes H+ e J+ e um nos quadrantes H-<br />
ξ final nunca está neles.<br />
Conforme ξ 0 varre o plano y - py, é fácil ver que σ não se altera nos quadrantes H e J, pois mudanças<br />
em μ são compensadas por mudanças em ν. Também é fácil ver que cada vez que os quadrantes I ou K são<br />
atravessados totalmente por<br />
ξ 0 no sentido horário (anti-horário), σ aumenta (diminui) de 1. Assim, “σ é o<br />
número líquido de intersecções horárias de ξ 0 com os quadrantes I e K”.<br />
Finamente notamos que, como M é uma matriz simplética (e portanto não singular),<br />
coincide com eu e es durante sua rotação pelo plano y - py. Em outras palavras,<br />
ξ 0 nunca<br />
ξ 0 arrasta as variedades<br />
¡<br />
¡<br />
e u e es<br />
, consigo, enquanto roda. Assim, o número de intersecções de ξ 0 com os quadrantes I e K é o<br />
mesmo número de intersecções de<br />
com esses quadrantes. A vantagem de se trabalhar com<br />
¡<br />
¡<br />
e u ou es<br />
¡<br />
¡<br />
¡<br />
¡<br />
e u ou es<br />
é que, contrariamente à ξ 0 , eles voltam sobre si mesmos após uma volta completa: a cada meia<br />
volta de e ou e σ aumenta de 1. Temos então o resultado:<br />
u s<br />
σ é duas vezes o número líquido de voltas dadas no sentido horário pelas variedades<br />
estável ou instável ao percorrer a órbita periódica.<br />
Outra conclusão muito importante é que o índice de Maslov para n voltas ao redor de uma órbita primitiva<br />
de índice σ0 é nσ0.<br />
Como σ é uma propriedade global da órbita periódica, podemos resolver finalmente a última integral<br />
em (10) e obter<br />
−i π σ −i π σ −i<br />
πσ<br />
dx<br />
e = e dt = τ j e<br />
x<br />
∫ ∫<br />
j j j<br />
2 2 2 (11)<br />
onde τj é o período primitivo, pois vem de uma integral em x, que só envolve uma volta ao longo da órbita.<br />
7.3 O Índice de Maslov σ para Órbitas Estáveis<br />
O caso estável é bastante simples e, como veremos, a fórmula do traço pode ser escrita de forma a<br />
ficar independente de σ. A definição de μ não muda, sendo ainda o número líquido de vezes que o vetor<br />
cruza o eixo dos momentos no sentido horário quando propagado ao longo da órbita.<br />
ξ 0<br />
87
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
Assim temos:<br />
Escrevendo os autovalores de M na forma e i ± θ<br />
obtemos<br />
tr( M)<br />
− 2 2(cos θ − 1)<br />
w = =<br />
b b<br />
Como o numerador é sempre negativo, sgn(w) = -sgn(b) e temos<br />
O diagrama no plano y - py fica simplesmente<br />
b < 0<br />
ν = 0<br />
b < 0<br />
ν = 0<br />
ν = 1 se b > 0<br />
ν = 0 se b < 0<br />
Se 0 < θ < π então μ = 0, ν = 1 e σ = 1<br />
Se π < θ < 2π então μ = 1, ν = 0 e σ = 1<br />
Se 2π < θ < 4π então μ poder ser 2 (2π < θ < 3π) ou 3 (3π < θ < 4π):<br />
Se μ = 2, ν = 1 e σ = 3<br />
Se μ = 3, ν = 0 e σ = 3<br />
A regra para σ é muito simples em geral:<br />
py<br />
b > 0<br />
ν = 1<br />
b > 0<br />
ν = 1<br />
⎛ θ ⎞<br />
σ=<br />
2 int ⎜ ⎟ + 1 .<br />
⎝2π<br />
⎠<br />
É interessante notar que podemos combinar a fase devida à σ com a amplitude na Equação (10).<br />
Definindo<br />
y<br />
.<br />
88
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
−i<br />
π σ<br />
−i π σ −i<br />
π σ<br />
2<br />
2<br />
1<br />
e e<br />
f =<br />
2 e =<br />
=<br />
1/ 2<br />
1/ 2<br />
det( M − I)<br />
2( cosθ − 1) 2 sin θ / 2<br />
−i<br />
1<br />
obtemos: para 0 < θ < 2π, sin θ/2 > 0 e σ = 1 ⇒ f = = .<br />
2sin θ / 2 2 isin<br />
θ / 2<br />
i<br />
1<br />
Para 2π < θ < 4π, sin θ/2 < 0 e σ = 3 ⇒ f = = .<br />
−2<br />
sin θ / 2 2i sin θ / 2<br />
É fácil ver que, qualquer que seja θ podemos escrever<br />
sem precisarmos calcular σ explicitamente.<br />
7.4 O Termo de Weyl<br />
−i πσ<br />
1 1<br />
2<br />
1/ 2 e =<br />
det( M − I)<br />
2i sin ( θ / 2)<br />
Antes de finalizarmos o cálculo de G(E + iε), notamos que um termo importante foi esquecido na<br />
integração para o cálculo do traço: as trajetórias de q’ = q → q” = q com tempo de percurso nulo.<br />
Paradoxalmente, esse cálculo é agora mais fácil em três dimensões do que em duas e, portanto, o faremos<br />
como ilustração em 3-D. Neste caso, no limite q”→ q’ a função de Green fica:<br />
1<br />
−<br />
2π<br />
e a contribuição desse limite para n( E) = − Im G( E)<br />
1<br />
π<br />
Usando agora que<br />
lim<br />
q" →q ' ∫<br />
2<br />
m ⎧ i<br />
⎫<br />
exp⎨ 2m(<br />
E − V( q' ) ) q" −q'<br />
⎬<br />
q" −q'<br />
⎩<br />
⎭<br />
2m<br />
1 ⎡ 1 ⎤<br />
sin 2m(<br />
E − V( q' ) ) q" −q'<br />
dq'<br />
( 2π<br />
) q" −q'<br />
⎣⎢<br />
⎦⎥<br />
é:<br />
m<br />
4mπ<br />
= ∫ m( E − V( q ) ) dx = ∫ p( q) 2 3 2 ' ' 3 dq .<br />
2π<br />
( 2π<br />
)<br />
(12)<br />
89
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
vemos que a contribuição para n(E) é:<br />
p<br />
pois ∫ dp para V( q) E<br />
2m<br />
H< E<br />
2<br />
1<br />
( 2π<br />
)<br />
3<br />
ou seja, 4πp / 3.<br />
Assim, obtemos<br />
d<br />
dE p<br />
3<br />
d<br />
3/ 2<br />
= ( 2m E − V ) = 3mp<br />
dE<br />
3 ( ) ( )<br />
d<br />
dE<br />
4π<br />
1<br />
( 2π<br />
)<br />
3 ∫ p ( q) dq = ∫<br />
3<br />
3<br />
d<br />
dE<br />
H< E<br />
dpdq<br />
2 2 2 2<br />
+ = é o volume da “bola” definida por = p + p + p = 2m(<br />
E −V<br />
( q)<br />
)<br />
1<br />
( 2π<br />
)<br />
d<br />
p x y z<br />
1<br />
θ(<br />
E − H) dqdp = δ(<br />
E − H( q p) ) dqdp<br />
( 2π<br />
)<br />
3 3<br />
dE<br />
∫ ∫ , ,<br />
que é o “Termo de Weyl”. Sua interpretação é que, na aproximação clássica, cada estado ocupa um volume<br />
h L no espaço de fases. Apesar dessa derivação ser simples apenas para L=3, o resultado é geral, bastando<br />
3<br />
L<br />
subistituir na expressão acima ( 2π<br />
) por ( 2π ) .<br />
Completamos assim a derivação da Fórmula do Traço de Gutzwiller, que agora escrevemos de duas<br />
maneiras: em termos da função de Green<br />
ou em termos da densidade de níveis<br />
n<br />
G( E + iε) ≈ G ( E)<br />
+<br />
( E + iε<br />
) ≈ δ ( E − H ( q,<br />
p )<br />
0<br />
∑<br />
j<br />
τ<br />
i<br />
0 j<br />
e<br />
−ε<br />
τ j /<br />
det(<br />
M − I)<br />
¡<br />
−ετ<br />
/<br />
e<br />
i<br />
S ( E ) −iσ<br />
π ¡<br />
/ 2<br />
j j<br />
( E)<br />
¡<br />
j<br />
1<br />
τ 0 j e ⎛ S j σ jπ<br />
⎞<br />
∫ dqdp+<br />
¢<br />
∑ ¢<br />
cos<br />
( ) ⎜ −<br />
⎟<br />
L<br />
h<br />
π det M − I ⎝ 2 ⎠<br />
7.5 A soma de Repetições para Dois Graus de Liberdade<br />
No caso de dois graus de liberdade o fator det( M − I)<br />
pode ser calculado explicitamente tanto<br />
para órbitas estáveis como instáveis. Vamos primeiramente calcular<br />
que é zero se λ for autovalor de M.<br />
(13)<br />
(14)<br />
a b<br />
det M − = ( a d)<br />
c d<br />
− λ<br />
2<br />
λ<br />
= λ − λ + + 1 (15)<br />
− λ<br />
,<br />
90
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
Da equação de autovalores acima vemos que se λ é autovalor λ - 1 também é. Além disso, como a, b,<br />
c e d são reais, λ* também é autovalor de M. Temos assim apenas duas possibilidades para dois graus de<br />
liberdade:<br />
i) Órbita Estável (ou Elíptica)<br />
λ<br />
θ<br />
= ±<br />
e i<br />
, θ = θ(E) = Ângulo de Estabilidade<br />
ii) Órbita Instável (ou Hiperbólica) direta ou inversa<br />
λ<br />
μ<br />
= ±<br />
μ<br />
e (direta) ou λ = − ±<br />
e (inversa)<br />
A quantidade μ/τ é o Expoente de Liapunov da órbita periódica, que mede a taxa de separação local de<br />
órbitas vizinhas. Assim, da Equação (15) vemos que<br />
e a Fórmula do Traço, Equação (13), fica<br />
det( M − I ) = 2 − tr(<br />
M ) = 2 − λ − λ<br />
⎧<br />
2<br />
2 − 2cosθ = 4sin θ / 2<br />
⎪<br />
2<br />
= ⎨2<br />
− 2cosh μ = − 4sinh μ / 2<br />
⎪<br />
2<br />
⎩2<br />
+ 2cosh μ = 4 cosh μ / 2<br />
G( E iε) G ( E)<br />
+ ≈ 0 + ∑ ∑<br />
=<br />
∞<br />
j. n 1<br />
2 i f<br />
jn<br />
e<br />
−1<br />
¡ 0<br />
i i n π σ0<br />
j<br />
nS ( E) 0 j −<br />
2<br />
− nε<br />
τ<br />
onde a soma sobre as órbitas periódicas foi separada em j = órbitas periódicas primitivas (órbitas distintas) +<br />
soma sobre as repetições de cada örbita primitiva. As quantidades S0j, τ0j e σ0j se referem às ações,<br />
períodos e índices de Maslov das órbitas primitivas.<br />
A amplitude f é dada por<br />
f<br />
jn<br />
τ<br />
⎧sin<br />
nθ0 j / 2 ( estavel)<br />
⎪<br />
= ⎨sinh<br />
nμ0 j / 2 ( instavel direta)<br />
⎪<br />
⎩cosh<br />
nμ j / 2 ( instavel inversa)<br />
0<br />
(estável)<br />
(instável direta) (16)<br />
(instável inversa)<br />
Consideremos agora apenas uma órbita periódica estável e vamos calcular a contribuição para G(E)<br />
de todas suas repetições. Em primeiro lugar lembramos que<br />
0 j<br />
¡<br />
/<br />
(17)<br />
(18)<br />
91
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
1<br />
−i<br />
σ 1<br />
j π/<br />
2<br />
e = .<br />
2 sin θ / 2<br />
2i sin θ j / 2<br />
Escrevendo θj = nθ e expandindo em série de potências obtemos<br />
1<br />
1<br />
i n i n<br />
n<br />
2isin<br />
2 2 e e<br />
2<br />
θ = θ − θ<br />
⎛ ⎞<br />
⎜ ⎟<br />
⎝ ⎠<br />
−<br />
j<br />
∞<br />
= ∑<br />
= 0<br />
e<br />
⎛ 1 ⎞<br />
− i n θ⎜<br />
+ ⎟<br />
⎝ 2 ⎠<br />
=<br />
e<br />
2<br />
1−<br />
e<br />
−i<br />
n θ<br />
−i<br />
n θ<br />
Substituindo em (17) e chamando de a parte oscilatória de G de<br />
obtemos para uma única órbita periódica primitiva γ, a contribuição<br />
=<br />
−i<br />
n θ ∞<br />
e 2<br />
−i<br />
n<br />
e<br />
θ<br />
∑<br />
= 0<br />
. (19)<br />
Gosc(E) = G(E) - G0(E) , (20)<br />
λ τ<br />
G osc ( E)<br />
=<br />
i<br />
0<br />
∞<br />
∞<br />
∑ ∑<br />
n=<br />
1 = 0<br />
¡ ¢<br />
e<br />
i n Sγ<br />
− i n θ ( + 1/ 2)<br />
onde tomamos o limite ε → 0 para incluir todas as repetições. Somando primeiro sobre n obtemos ainda<br />
ou seja, para<br />
Os pólos de (21) ocorrem para<br />
λ τ<br />
G osc ( E)<br />
=<br />
i<br />
S<br />
0<br />
¤ ¥<br />
γ<br />
∞<br />
∑<br />
= 0<br />
e<br />
1−<br />
e<br />
i Sλ<br />
− i θ ( + 1/ 2)<br />
¦<br />
γ<br />
£<br />
i Sγ<br />
− i θ ( + 1/ 2)<br />
− θ ( + 1/ 2) = 2Nπ<br />
,<br />
γ<br />
§ ¨<br />
S ( E) = 2π N + θ ( + 1 2) 2π<br />
γ γ<br />
¦<br />
[ ]<br />
¥<br />
γ<br />
λ<br />
¢<br />
¥ . (21)<br />
que é uma regra de quantização para órbitas estáveis onde o ângulo de estabilidade aparece explicitamente.<br />
§ ¨ / / (22)<br />
Note que, apesar da elegância desse resultado, as órbitas estáveis são muitas em geral e a quantização<br />
de cada uma delas levaria a muitos níveis quânticos por intervalo de energia. Aparentemente, órbitas de<br />
período muito longo não devem contribuir desta forma individual para a densidade de níveis, e sim de forma<br />
coletiva interferindo com outras famílias primitivas. Outra observação importante é que se ENl satisfaz a<br />
relação (22) isso não implica necessariamente em um bom nível de energia (como discutimos acima) e uma<br />
92
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
razão para isso é que pólos vindos de outras órbitas primitivas podem cancelar essa contribuição. Um<br />
exemplo muito elucidativo desse efeito é discutido por J. Keating and M. Berry [27].<br />
temos<br />
Um cálculo similar pode ser feito para o caso de uma órbita instável e suas repetições. Nesse caso<br />
−n<br />
0 / 2 ∞<br />
1 1<br />
−n<br />
0 (<br />
=<br />
= = e<br />
n 0 / 2 −n 0 / 2<br />
−n<br />
∑ 0<br />
f e e 1 e<br />
= 0<br />
μ<br />
μ<br />
μ<br />
μ<br />
μ<br />
2<br />
=<br />
¡<br />
∞<br />
∑<br />
= 0<br />
e<br />
¢<br />
e<br />
1 iπ<br />
−nμ<br />
0 ( + ) + ( 1 1)<br />
2 2<br />
¡<br />
¡<br />
¢<br />
¡<br />
¡<br />
+ 1/<br />
2)<br />
( −1)<br />
l ( 1 1)<br />
/ 2<br />
onde o sinal (-) ou (+) se aplica para órbitas diretas ou inversas respectivamente. Substituindo em (20) e<br />
usando (17) obtemos para a órbita γ<br />
onde definimos<br />
γ<br />
G ( E + iε)<br />
=<br />
osc<br />
∞<br />
∞<br />
∑ ∑<br />
n=<br />
1 = 0<br />
∞<br />
=<br />
= 0<br />
£<br />
i<br />
i i nπσγ<br />
1 iπ<br />
nS − − n μγ<br />
( + ) + ( 1 1)<br />
− nετ<br />
0 γ /<br />
2<br />
2 2<br />
τ γ<br />
¦<br />
e<br />
0 2 ∑ ∑<br />
τ<br />
=<br />
i<br />
£<br />
0<br />
§ ¨<br />
τ<br />
i<br />
∞<br />
∑<br />
¦<br />
= 0<br />
i π ( 1 1)<br />
£ ¥<br />
¤ £ £ ¥ ¤<br />
e e<br />
e<br />
⎡<br />
∞<br />
1 ετ γ iS γ iπ<br />
σγ<br />
⎤<br />
− n⎢<br />
μγ<br />
( + ) + − + ⎥<br />
⎣ 2 2 ⎦<br />
n=<br />
1<br />
iπ i α<br />
( 1 1)<br />
e<br />
2<br />
i α<br />
¨<br />
©<br />
1−<br />
e<br />
£ ¤ ¤<br />
(23)<br />
S πσγ<br />
⎡ 1 ⎤<br />
α = − + i μ γ ( + ) + ετ γ / ≡ u + iv<br />
(24)<br />
2 ⎣⎢<br />
2 ⎦⎥<br />
A presença da parte imaginária v em α implica em que a soma (23) sobre l será convergente. Nesse caso já<br />
2<br />
<br />
podemos fazer ε → 0 . Para um dado μ0 só os termos com < L =<br />
γ<br />
de fato contribuem significativamente para G osc . Vemos também que G osc<br />
μ0<br />
γ<br />
não possui pólos, pois α é um<br />
γ<br />
número complexo. O melhor que podemos fazer é encontrar os máximos de G osc e esperar que essas<br />
energias estejam próximas dos polos da função de Green exata. Se é pequeno, a parte real de α varia<br />
rapidamente ao mudarmos a energia E e podemos supor que sua parte imaginária, v, permanece positiva (i.e.,<br />
a órbita periódica permanece instável) no intervalo de energia onda analisamos a eq. (23). Procuramos então<br />
os máximos de nosc(E) = - Im(Gosc)/π . É fácil ver que<br />
τ<br />
n osc ( E) = ∑e<br />
π<br />
∞ − v −v<br />
0 iπl( 1 1)/ 2<br />
−2v −v<br />
l=<br />
0<br />
<br />
<br />
e (cos u + e )<br />
1 + e + 2e<br />
cos u<br />
(25)<br />
93
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
e que os máximos ocorrem para um=2mπ, i.e., quando<br />
( ) = 2π [ + σ 4]<br />
S E m<br />
γ γ<br />
/ . (26)<br />
2<br />
Próximo de cada máximo podemos escrever cosu = cos( u + δu) ≈1 − δu<br />
/ 2 e expandir nosc(E) na forma<br />
−v −v<br />
− v −v<br />
2<br />
− v<br />
− v<br />
e (cos u + e ) e ( 1+ e − δu<br />
/ 2)<br />
e ⎡<br />
2 1 e<br />
− v − ≈<br />
v<br />
− v −v − ≈ v<br />
− v ⎢1+<br />
δu<br />
− −<br />
2<br />
2 2<br />
( v<br />
−v<br />
1+ e + 2e<br />
cos u)<br />
( 1+ e + 2e ) − e δu<br />
( 1+<br />
e ) ⎣ 2( 1+ e ) ( 1 + e )<br />
2e ( 1+<br />
e )<br />
= −v − v<br />
2( 1+ e ) + ( 1− e )( u − 2mπ)<br />
m<br />
− v −v<br />
2 2<br />
Se μ0 é pequeno podemos expandir ainda as exponenciais contendo v. Substituindo os valores de u e v<br />
obtemos finalmente<br />
⎡<br />
⎤<br />
⎢<br />
⎥<br />
∞<br />
γ τ<br />
[ ]<br />
o ⎢<br />
2<br />
¡<br />
μ ( + 1 / 2)<br />
iπl( 1¢ 1 £<br />
)/ 2<br />
⎥<br />
n osc ( E) =<br />
e<br />
π ⎢∑<br />
∑ 2<br />
2 m<br />
⎡S<br />
γ πσγ<br />
⎤<br />
⎥<br />
= 0 £<br />
(28)<br />
2<br />
⎢<br />
⎢ − − 2mπ⎥ + [ μ γ ( + 1 / 2)<br />
] ⎥<br />
⎣⎢<br />
⎣ 2 ⎦<br />
⎦⎥<br />
onde consideramos apenas órbitas diretas por simplicidade. Selecionando apenas o termo ¤ = 0 , vemos que<br />
γ τ 0<br />
n osc ( E)<br />
≈<br />
2π<br />
∑<br />
m<br />
⎡<br />
⎢<br />
⎢<br />
⎣<br />
2μ<br />
γ<br />
2<br />
⎤<br />
⎥<br />
/ 2 2<br />
⎥<br />
/ 4 ⎦<br />
[ S m ]<br />
2<br />
2 2<br />
γ − π σγ − π + μγ<br />
Como função de E isso representa uma série de Laurentzianas centradas em<br />
com altura 4τ<br />
¥<br />
γ<br />
e largura<br />
μπ<br />
μ<br />
¥<br />
γ<br />
2τ<br />
γ<br />
[ ]<br />
S ( E) = 2π m + σ / 4<br />
γ γ<br />
¡<br />
2<br />
⎤<br />
) ⎥<br />
⎦<br />
−1<br />
(29)<br />
(30)<br />
. Então, se a separação média entre níveis é menor do que a largura do<br />
picos, podemos ainda identificar níveis de energia individuais. Note, no entanto, que a densidade média de<br />
−L<br />
níveis, dada pelo termo de Weyl é proporcional a para L graus de liberdade. Então, o espaçamento médio<br />
L<br />
vai com d w = ¥<br />
e, portanto, vai a zero muito mais rápido que a largura μ<br />
¥<br />
γ<br />
se L ≥ 2 ! Dessa forma,<br />
2τ<br />
resolver o espectro individualmente com apenas uma órbita primitiva instável é impossível no limite<br />
semiclássico ¥ → 0 . Para situações caóticas, a esperança é somar de forma diferente ou fazer suavizações<br />
com ε > 0.<br />
γ<br />
94
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
7.6 Suavizações Exponenciais e Gaussianas<br />
Se abrirmos mão do conhecimento individual dos níveis de energia poderemos eventualmente<br />
conseguir resultados convergentes para a determinação de grupos de níveis via Fórmula do Traço. Nesta<br />
seção vamos considerar apenas sistemas com “hard chaos”, ou seja, sistemas onde não existam órbitas<br />
estáveis.<br />
Consideremos primeiramente a suavização exponencial. Esta é gerada adicionando-se uma pequena<br />
parte imaginária na energia, como temos feito até agora: E → E + iε<br />
. Na expressão exata para a função<br />
resposta isso resulta em<br />
ou,<br />
G( E + iε)<br />
=<br />
1<br />
=<br />
E − E + iε<br />
∑ ∑<br />
n n<br />
n( E,<br />
ε)<br />
=<br />
que representa picos Lorentzianos de altura 1/πε e largura ε .<br />
ε / π<br />
( E − E ) − iε<br />
n<br />
2 2<br />
n<br />
(31)<br />
( E − E ) + ε<br />
∑ 2 2<br />
n ( E − E n ) + ε<br />
(32)<br />
.<br />
A fórmula semiclássica correspondente é dada pela Equação (14), que contém o termo exp { −ετ / }<br />
Para ε < d( E),<br />
onde d(E) é o espaçamento médio entre os níveis de energia, esperamos poder resolver quase<br />
todos os níveis. O problema é que o número de orbitas periódicas com período τ cresce exponencialmente<br />
em um sistema caótico:<br />
( T) dT = número de órbitas com período entre T e T+dt ¡ (33)<br />
dt<br />
1<br />
≈ exp{<br />
h T} para T → ∞<br />
T<br />
T<br />
onde hT é chamada de entropia topológica. Então, para → 0 , d( E)<br />
→ 0 e os períodos a serem<br />
considerados em (14) vão a infinito. A contribuição das órbitas com τ entre T e T+dt para ε =d(E) γ¢ = L é<br />
(número de órbitas) * (contribuição de cada órbita)<br />
1 − 1 −1<br />
−<br />
= =<br />
T e e dT T e<br />
L<br />
hTT εT T h £ £<br />
T γ<br />
*<br />
/ ( )<br />
o que diverge no limite semiclássico se L > 1! Ou seja, a quantidade de órbitas com período T é tão grande<br />
que isso sobrepõe ao decaimento exponencial das contribuições individuais.<br />
Para superar esse problema, Aurich, Sieber e Steiner [28] propuseram a Suavização Gaussiana. Na<br />
forma exata para a densidade de níveis a definição é:<br />
95
7 A Fórmula do Traço de Gutzwiller<br />
+ ∞ π 2<br />
1 − ( E− E')<br />
2<br />
∫<br />
ε<br />
( ε)<br />
=<br />
η(<br />
)<br />
n G E, e E' dE'<br />
ε<br />
− ∞<br />
= ∑<br />
n<br />
π<br />
2 1 − ( E−E 2 n )<br />
ε<br />
Aplicando o mesmo procedimento para a fórmula semiclássica, Equação (13), obtemos:<br />
e<br />
ε<br />
⎡ S( E')<br />
⎤ −π<br />
2<br />
1 i −γ<br />
⎣<br />
⎢<br />
⎦<br />
⎥ ( E−E ')<br />
2<br />
ε<br />
∫ A( E') e e dE'<br />
ε<br />
i −π<br />
2 i ∂S<br />
S( E) ( E− E')<br />
+ ( E−E ')<br />
1 [ −γ<br />
] 2<br />
∫<br />
≈ ( )<br />
ε<br />
∂E<br />
A E e e dE'<br />
ε<br />
i S E<br />
2<br />
2<br />
−π<br />
x i τ x i ε τ<br />
+ S E − −<br />
2<br />
4π<br />
1<br />
[ ( ) −γ<br />
] [ ( ) γ]<br />
2<br />
ε<br />
= A( E) e ∫ e dx = A( E) e<br />
ε<br />
onde A e γ são as amplitudes e fases em (13). Usando (14) obtemos<br />
n ( E, ε) ≈ n ( E,<br />
ε)<br />
+<br />
G oG<br />
∑<br />
J<br />
τ<br />
π<br />
2 2 2<br />
−ε τ j / 4π<br />
e<br />
⎛S<br />
( E)<br />
πσ ⎞<br />
cos⎜<br />
− ⎟<br />
det(<br />
M − I)<br />
⎝ 2 ⎠<br />
oj j j<br />
que contém o trator de suavização gaussiano { } 2<br />
2 2<br />
ε τ / 4π<br />
(34)<br />
(35)<br />
¡ ¡ (36)<br />
¢<br />
exp − . Agora, mesmo que as órbitas longas<br />
prolifierem exponencialmente, para ε fixo a soma sobre j vai certamente convergir. Mas, ainda assim, o<br />
problema da determinação dos autovalores não está fechado: diminuindo ε , o número de órbitas a ser<br />
⎧ hT<br />
⎫ ⎧ hT<br />
⎫<br />
incluído em (36) é da ordem de exp{ hTT<br />
} ≈ exp⎨<br />
⎬ ≈<br />
¢<br />
exp⎨<br />
L−1<br />
⎬ , que cresce extremamente rápido. E<br />
⎩d<br />
( E)<br />
⎭ ⎩¢<br />
⎭<br />
temos também a questão da convergência do processo ε → 0 (que é diferente da convergência da soma para<br />
um ε fixo), que não é óbvio que convirja para funções delta.<br />
No entanto, apesar desta dificuldade incrível, outros métodos de convergência podem ser aplicados,<br />
como veremos no próximo capítulo.<br />
96