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Iracema - Repositório Institucional UFC

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Personagem épica por excelência, <strong>Iracema</strong> é a vítima expiatória de um sacrifício<br />

fundacional. Como os melhores heróis da epopéia, a sua provação constitui o meio<br />

necessário à instauração de um novo reino cosmogônico. Virgem guerreira de Tupã,<br />

abandona a gesta combatente em favor dos tabajaras para se consagrar, pela devoção<br />

amorosa sem limites, ao esposo e ao filho recém-nascido, inaugurando com eles a nova<br />

nação cearense.<br />

Mas, para além da gesta probatória individual, <strong>Iracema</strong> simboliza o próprio povo em<br />

metamorfose: a sua união com o colonizador, da qual brota Moacir, representa, pela<br />

miscigenação, a transformação dos tabajaras no povo cearense.<br />

2.9 Martim, o “guerreiro cristão”<br />

Se <strong>Iracema</strong> é a protagonista do romance fundacional de Alencar, Martim, apesar de<br />

participar diretamente nesse ato fundador, através de um processo biológico de procriação,<br />

não deixa de ser secundarizado neste romance, em relação à esposa, na óptica de um<br />

narrador que privilegia o indianismo.<br />

Com efeito, desde a sua apresentação até à caracterização do desenvolvimento da<br />

sua atuação, aos olhos do leitor, a personagem em causa contrasta em dignidade moral e<br />

grandiosidade épica com a sua esposa autóctone.<br />

Desde logo, o narrador distancia-se do “jovem guerreiro”, no capítulo I, ao<br />

desvalorizar a importância político-genética da sua “tez branca” em relação ao “sangue<br />

americano” 241 .<br />

Em companhia de “uma criança” e de “um rafeiro que viram a luz no berço das<br />

florestas e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem” 242 , o “moço guerreiro”<br />

241 “Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano” (Cap. I, p. 11).<br />

242 Ib., (pp. 11-12)<br />

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