Iracema - Repositório Institucional UFC
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<strong>Iracema</strong> representa a mulher de origem indígena Ela é a imagem do “outro”; a<br />
nudez e a solidão opõem-na à mulher branca. Ela é também o oculto, o conhecimento<br />
enigmático de forças da natureza, que ela domina pelo conhecimento da magia, dos sonhos<br />
dos guerreiros; a ela foi dada a propriedade do segredo da jurema. O feminino apaixonado<br />
que emana de sua alma pura representa o mito sacrifical da mulher indígena que desaparece<br />
para “dar a luz” ao povo mestiço, ao Brasil.<br />
Abrimos aqui um parêntese para uma contraposição a essas questões, para que a<br />
noção de brasilidade não se expresse aqui em termos meramente dialéticos, ou seja, de<br />
dominação colonial, de opressores e oprimidos. Esta é uma leitura marxista da sociedade.<br />
Ora, Alencar não é um marxista, mas um romântico. Para ele, a brasilidade nasce da<br />
miscigenação entre o europeu e o ameríndio, como, para Virgílio, Roma nasce da união<br />
entre troianos e latinos. Não se trata, pois, de uma dominação colonial, mas de uma espécie<br />
de “enxerto” genético que, à semelhança do botânico, tonifica e enriquece o povo<br />
entretanto nascido. Assim, a brasilidade, para Alencar, é superior quer à Europa, quer à<br />
América, porque resulta da miscigenação entre os dois pólos em presença. Um traz a<br />
riqueza civilizacional greco-romana; o outro oferece a genuína cultura ecológica; ambos<br />
partilham o patrimônio cultural herdado para, através dele, procederem à construção de um<br />
futuro diferente e melhor, baseado nos autênticos valores humanos e naturais.<br />
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