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Iracema - Repositório Institucional UFC

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para o anseio político da restauração da independência nacional, causa que historicamente<br />

só teve sucesso em 1640. Para o autor oitocentista, tal encenação não visa apenas à<br />

representação do passado histórico, mas também, e principalmente, a transmissão de uma<br />

mensagem pedagógica aos seus concidadãos: depois da guerra civil que opôs absolutistas e<br />

liberais, importava a união de todos os portugueses com vista à construção do futuro.<br />

Mas a poesia tradicional portuguesa ganhava relevo particular com o esforço pioneiro<br />

de Garrett ao recolher no seu Romanceiro um rico patrimônio popular.<br />

Por sua vez, Herculano, para além da edição das principais lendas nacionais no seu<br />

Portugalia Monumenta Histórica, trabalha e amplia, com o seu estilo romântico, tal filão na<br />

obra Lendas e Narrativas. A preocupação identitária deste autor desce às remotas origens<br />

da invasão muçulmana na Hispânia visigótica, obrigando ao refúgio estratégico em<br />

Covadonga até ser viável a chamada “Reconquista Cristã”, no romance Eurico, o<br />

Presbítero.<br />

2.4 Herói Trágico<br />

O herói da tragédia clássica, mantendo, embora, em comum com o épico a dignidade<br />

da sua origem e da sua missão, distingue-se, todavia, dele pela carga do fatum, que<br />

condiciona a sua liberdade de ação e, sobretudo, o desenlace catastrófico da sua vida: o<br />

otimismo libertador do épico contrasta com o pessimismo caótico, aniquilador, do trágico;<br />

o efeito catártico sobre o leitor/espectador, a partir do terror e da piedade, na tragédia, tem<br />

como compensação, na epopéia, a admiração e o êxtase do herói perante a maravilha e a<br />

transcendência do magnífico. Opostos e complementares, os dois tipos de heróis<br />

configuram, como diz Daniel Madelénat, duas representações do homem: “une hétérotélie<br />

conjoncturelle, opposition momentanée avec le monde (dans l’épopée); une hétérotélie<br />

structurelle, scission définitive entre le moi et le monde, et à l’intérieur du moi (dans la<br />

tragédie)” 179 .<br />

179 Daniel Madelénat, op. cit., 1986, p. 126.<br />

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