Iracema - Repositório Institucional UFC
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Roma 39 , chegando a preferir a república romana em relação a todos os outros Estados pela<br />
edificação solidária de todos os seus cidadãos 40 .<br />
A identidade cultural é, pois, um dos vetores essenciais do patrimônio literário de<br />
cada país. Virgílio, na seqüência dos seus antecessores, codifica, através do mito, a sua<br />
visão da identidade Romana.<br />
1.9 O tópico clássico da glória épica<br />
O tema da Glória é um tópico fundamental do renascimento europeu 41 , herdado da<br />
Cultura Clássica.<br />
Píndaro subordina a glória à felicidade 42 , enquanto Aristóteles exalta a honra como<br />
o maior de todos os bens exteriores ao homem 43 . Na Ilíada, os guerreiros homéricos<br />
desejam ultrapassar em glória todos os combatentes 44 , tendo vergonha de não a<br />
conseguirem 45 . Heitor terá direito a um renome imortal 46 , enquanto na Odisseia, Ulisses se<br />
gloria da sua celebridade universal 47 . Platão reconhece que a ambição deriva do desejo de<br />
glória 48 , enquanto Píndaro adverte que o orgulho é um caminho perigoso 49 . Já Aquiles<br />
39 “É inacreditável como todo o Direito Civil, para além do nosso, é rude e quase ridículo” (Id., Do Orador, I,<br />
197). “O que eu entendo, o que eu sinto, o que eu afirmo é que não há, de entre todas as formas de governo,<br />
nenhuma que, pela sua Constituição, separação de poderes ou regulamentação, possa comparar-se com a que<br />
os nossos pais nos deixaram, depois de lhes ter sido transmitida pelos antepassados” (Id., A República, I, 70).<br />
40 “Ao passo que a nossa república não saíra do engenho de um só, mas de muitos, e não foi constituída<br />
apenas na vida de um homem, mas durante alguns séculos e gerações” (Id. Ib., II, 1.2).<br />
41 “Burckhardt est le premier à considérer la gloire comme un élément essentiel de l’esprit de la Renaissance,<br />
par opposition à l’esprit médiéval. Il y voit une des manifestations de l’individualisme qui selon lui caractérise<br />
cette époque de fortes personnalités, et qui parfois ne s’embarrasse guère d’interdits moraux ou religieux »<br />
(Françoise Joukovsky, La Gloire dans la Poésie Française et Néolatine du XVIe Siècle (Des Rhétoriqueurs a<br />
Agrippa d’ Aubigné, Genève, Librairie Droz, 1969, p. 14). J. Huizinga critica esta tese de Burckhardt: “elle<br />
exagère la distance qui sépare le Moyen Age de la Renaissance, et l’Europe occidentale de l’Italie. Cette soif<br />
de gloire et d’honneur propre à l’homme du XVIe siècle est dans son essence l’ambition chevaleresque d’une<br />
époque antérieure: elle est d’origine française » (J. Huizinga, Le Déclin du Moyen Age, trad. française J.<br />
Bastin, Paris, 1958, p. 82).<br />
42 Cf. Pyth., I, v. 97 ss. “A glória é a alegria mais preciosa desta vida” (Isthm., V, v. 12 ss.).<br />
43 Cf. Aristóteles, Eth., l. IV, cap. III, § 6.<br />
44 Cf. Il., V, v. 3 ; VI, v. 207 ss ; XI, v. 784.<br />
45 Cf. Il., VI, v. 441 ss ; XXII, v. 304-305.<br />
46 Cf. Il., VII, v. 91.<br />
47 Cf. Od., IX, v. 19-20.<br />
48 Cf. Platão, Banquete, 208 C ss.<br />
49 Cf. Píndaro, Isthm., III, 1 ss; 4-5; VI, 10 ss.; Olymp., V, 20 ss.<br />
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