20.06.2013 Views

Iracema - Repositório Institucional UFC

Iracema - Repositório Institucional UFC

Iracema - Repositório Institucional UFC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

das obras e advogadas do hermetismo metodológico, possam vir a apontar lacunas ou<br />

discordâncias no tocante às análises aqui proferidas. Por isso, confessamos que não há neste<br />

trabalho a pretensão de esgotar o assunto, nem de propor um método a ser seguido na<br />

análise literária. Tampouco se pretende apresentar a verdade absoluta na obra de Alencar e<br />

de Virgilio.<br />

José de Alencar, na ótica da escola romântica, problematiza, na sua trilogia<br />

indígena, a identidade brasileira, num país que recentemente emergira do colonialismo para<br />

a independência: o que é ser brasileiro? Quais as raízes e a essência da brasilidade? Que<br />

caminhos deveriam os Brasileiros trilhar no futuro?<br />

Em seu livro A Identidade Cultural na Pós-modernidade, Stuart Hall (2005),<br />

destacado teórico do campo dos Estudos Culturais, coloca algumas questões pertinentes à<br />

construção da identidade nacional: como é imaginada a nação moderna? Que estratégias<br />

representacionais são acionadas para construir nosso senso comum sobre o pertencimento<br />

ou sobre a identidade nacional? Como é contada a narrativa da cultura nacional? E, mais<br />

especificamente, nos perguntamos a respeito do objeto empírico deste trabalho: quais são as<br />

representações predominantes nas obras eleitas para este estudo comparatista, que<br />

constroem sentidos sobre nossa identidade nacional?<br />

Virgílio, na seqüência de Névio, Énio e Catão, cantou a identidade romana, a partir<br />

da lenda de Enéias, o arquétipo dessa identidade. Névio, Ênio e Catão problematizaram a<br />

identidade romana a partir da primeira Guerra Púnica. Virgílio, após a crise das guerras<br />

civis que dilaceraram a sociedade romana, sente a necessidade de apoiar o Príncipe,<br />

vencedor em Ácio e apaziguador de Roma, reconciliando os seus concidadãos à volta do<br />

mito das origens e recentrando em Enéias o essencial da identidade do seu país.<br />

Assim, a análise que propomos é, antes de tudo, uma interpretação pessoal, uma<br />

leitura particular de alguém que se lança ao desafio de navegar pelos textos em baila, com o<br />

gosto de saber estar transgredindo as fronteiras da literatura nacional, ao propor a<br />

abordagem entre duas obras tão distantes no tempo.<br />

Assim sendo, buscaremos a primazia pela análise técnica, mas não no sentido<br />

convencional da técnica científica, e sim, na observação crítica das relações presentes nos<br />

textos, sem nos prendermos a um discurso cientificista, visto que tencionamos sim, uma<br />

análise das relações literárias dos autores.<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!