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Iracema - Repositório Institucional UFC

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triunviratos 623 , constitui o ícone emblemático dessa esperança: “Não, filhos!, não habitueis<br />

os ânimos a tantas guerras, / nem volteis as vossas forças potentes contra o coração da<br />

pátria” 624 .<br />

José de Alencar é considerado um dos símbolos da literatura no Brasil, um dos<br />

grandes precursores dos ideais nacionalistas na prosa brasileira. Esses ideais contribuíram<br />

para o estabelecimento de certos temas nacionais, como a exaltação da natureza e de nossas<br />

paisagens; do Índio e de suas características “primitivas”, inserindo o regionalismo na<br />

literatura; contudo, foi através de inovações na linguagem que Alencar deu novo rumo à<br />

ficção brasileira.<br />

Em seus romances indianistas, Alencar demonstrou a necessidade de afirmação de<br />

uma literatura que nascesse com a "essência" brasileira; para isso, ele usou formas<br />

narrativas e descritivas inéditas, que caracterizavam o nativo, sua língua e costumes, em<br />

harmonia com a natureza, cenário nacional.<br />

Após a proclamação da independência em 1822, o Brasil apresentava uma sociedade<br />

desestruturada, que tinha conquistado sua "independência" política, mas necessitava<br />

afirmar-se nacionalmente, mesmo que por meio de elementos mitológicos e históricos, pois<br />

carecia de uma identidade própria. Para isso, era preciso uma figura legítima e digna de<br />

representar o Brasil em nossa literatura. O negro não poderia ser, pelo fato de ser<br />

estrangeiro e escravo; o branco só poderia lembrar o colonizador europeu -o explorador.<br />

Neste contexto, surgiu a figura do Índio, o primeiro habitante desta terra, um verdadeiro<br />

herói, na ficção romântica brasileira. Alencar, como bom romântico, inicia sua série de<br />

romances indianistas com o chamado bom selvagem, O Guarani (1857); completa com<br />

<strong>Iracema</strong> (1865), a virgem dos lábios de mel; e finaliza com Ubirajara (1874), o nobre<br />

guerreiro tupi. Nos três romances, José de Alencar constrói a imagem nobre do primitivo,<br />

do índio brasileiro.<br />

Mas é n’O Guarani e em <strong>Iracema</strong> que os selvagens vivem sob a influência do<br />

branco europeu. A união dessas duas culturas constitui o mito de uma nova civilização.<br />

O Guarani e <strong>Iracema</strong> são duas obras que remetem à fundação mítica do Brasil. O<br />

primeiro é finalizado com o dilúvio, a lenda de Tamandaré (o Noé indígena), que se repete<br />

146<br />

623 “ai, quanta guerra entre si, se atingirem a luz da vida, / quantas batalhas, quanta carnificina<br />

desencadearão, / o sogro, descendo das fortalezas alpinas e da cidadela de Mónaco, / o genro, alinhando<br />

forças adversas do Oriente!” – Id., VI, 828-831.<br />

624 Id., VI, 832-833.

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