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Iracema - Repositório Institucional UFC

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desencadeada pelo deus da adivinhação, tem efeitos político-militares decisivos em face da<br />

recusa de combater por parte do maior guerreiro grego.<br />

A luta pelo conhecimento, base da ciência e da tecnologia, elementos fundamentais<br />

do progresso civilizacional, é alegorizada no mito de Prometeu, análogo ao bíblico mito da<br />

árvore da ciência do Bem e do Mal e das conseqüências coletivas do chamado pecado<br />

original. O castigo infligido pelo roubo do fogo sagrado do Olimpo, representativo da<br />

ciência divina, marca fortemente, tanto na cultura grega como na judaica, o despeito divino<br />

em relação à pretensão humana, considerada hybris, ou arrogância, de disputar o<br />

conhecimento.<br />

clássicos.<br />

Mas o tópico da efemeridade da vida perpassa como poucos na trajetória dos autores<br />

Nas Geórgicas, a propósito da juventude dos animais, o tópico da fugacidade dos<br />

belos dias, marcados pela fogosidade amorosa, em contraste com a chegada apressada da<br />

velhice, da doença e da morte constitui um quadro paradigmático de toda a vida animal,<br />

extensivo à condição humana 593 . À lei universal do amor 594 e ao seu efeito mais intensivo<br />

nos jovens 595 sucede-se a lei da fugacidade do tempo 596 .<br />

A Eneida também exprime essa consciência. No Livro X, Júpiter contrapõe ao filho<br />

Alcides (Hércules) a brevidade da vida à obra épica da virtude 597 .(frase truncada, confusa)<br />

<strong>Iracema</strong>, à laia de epifonema, a propósito da jandaia, em cujo canto, com o andar do<br />

tempo, “não repetia já o mavioso nome de <strong>Iracema</strong>”, termina com a frase que exprime o<br />

registro da própria transitoriedade da vida humana: “Tudo passa sobre a terra” 598 . O mito<br />

fundacional do Ceará e, por metonímia, do próprio Brasil, não ofusca a consciência da<br />

condição humana, essencialmente fugaz e mortal.<br />

139<br />

593 “Optima quaeque dies miseris mortalibus aeui / prima fugit; subeunt morbi tristisque senectus / et labor, et<br />

durae rapit inclementia mortis » (III, 66-68).<br />

594 “Omne adeo genus in terris hominumque ferarumque / et genus aequoreum, pecudes pictaeque uolucres /<br />

in furias ignemque ruont: amor omnibus idem » (III, 242-244).<br />

595 “Quid juuenis, magnum cui uersat in ossibus ignem / durus amor?” (III, 258-259).<br />

596 “Sed fugit interea, fugit inreparabile tempus, / singula dum capti circumuectamur amore” (Mas entretanto o<br />

tempo irreversível, / enquanto nos curvamos, cativos, a um amor singular) - III, 284-285.<br />

597 “Cada um tem o seu dia; para todos a duração da vida é breve e irreparável; mas aumentar com feitos a sua<br />

fama / isso é obra da virtude” ( Aen., X, 467-468).<br />

598 Ir., cap. XXXIII, p. 87.

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