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Iracema - Repositório Institucional UFC

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Em paratexto, o autor acrescenta um “Argumento histórico”, no qual se refere à<br />

descoberta, em 1603, da foz do Jaguaribe por Pêro Coelho, com 80 colonos e 800 índios, e<br />

à fundação da chamada Nova Lisboa, “o primeiro estabelecimento colonial do Ceará” 584 .<br />

O nome de Martim Soares Moreno está associado à sua expedição ao Rio Grande do<br />

Norte, na qual “se ligou de amizade com Jacaúna, chefe dos índios do litoral e seu irmão<br />

Poti” 585 , fundando, em 1611, o presídio de Nossa Senhora do Amparo. A sua folha de<br />

serviços registra também a sua função de mestre-de-campo, sendo “um dos excelentes<br />

cabos portugueses que libertaram o Brasil da invasão holandesa” 586 . Tendo sido frustrada a<br />

primeira tentativa de colonização do Ceará, em virtude das hostilidades entre os indígenas<br />

contra Pêro Coelho e a sua política escravista, o nome de Martim Soares Moreno é reposto<br />

por Alencar como o “verdadeiro fundador” da sua terra.<br />

O nome de batismo de Poti, Antônio Filipe Camarão, é também associado à guerra<br />

holandesa, sendo seus serviços “remunerados com o foro de fidalgo, a comenda de Cristo e<br />

o cargo de capitão-mor dos índios” 587 .<br />

A propósito da contestação da pátria de Camarão 588 , o autor salienta a importante<br />

fonte histórica da tradição oral, “às vezes a mais pura e verdadeira” 589 . Na Carta ao Dr.<br />

Jaguaribe, insiste na origem do tema de <strong>Iracema</strong>, colhido em tal fonte 590 , bem como na<br />

encetada biografia de Camarão 591 .<br />

Mas, para além da tradição oral, são citadas as crônicas, como a de Gabriel Soares,<br />

mencionando-se os nomes de Mel Redondo, no Ceará, e de Grão Diabo, em Piauí, como<br />

chefes dos Tabajaras, “inimigos irreconciliáveis e rancorosos dos portugueses e aliados dos<br />

franceses do Maranhão, que penetraram até Ibiapaba” 592 , em contraste com os pitiguaras<br />

Jacaúna e Camarão.<br />

137<br />

584 In Ib., p. 12.<br />

585 Ib.<br />

586 Ib.<br />

587 Ib.<br />

588 “Este ponto, aliás somente contestado nos tempos modernos pelo Sr. Comendador Melo em suas<br />

Biografias, me parece suficientemente elucidado já, depois da erudita carta do Sr. Basílio Quaresma Torreão,<br />

publicada no Mercantil, nº 26, de 26 de Janeiro de 1860, 2ª página” (Ib.).<br />

589 Ib., p. 13.<br />

590 “O assunto para a experiência, de antemão estava achado. Quando em 1848 revi nossa terra natal, tive a<br />

ideia de aproveitar suas lendas e tradições em alguma obra literária” (“Carta ao Dr. Jaguaribe”, op. cit.).<br />

591 “Já em São Paulo tinha começado uma biografia de Camarão. Sua mocidade, a amizade heróica que o<br />

ligava a Soares Moreno, a bravura e lealdade de Jacaúna, aliado dos portugueses, e suas guerras contra o<br />

célebre Mel Redondo; aí estava o tema” (Ib.).<br />

592 Ib.

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