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Iracema - Repositório Institucional UFC

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Também Martim é acolhido pelos Tabajaras, de acordo com a hospitalidade de<br />

Tupã 547 . É <strong>Iracema</strong> que cumpre o ritual desse preceito, acendendo o “fogo da hospitalidade”<br />

e oferecendo “o que havia de provisões para satisfazer a fome e a sede: trouxe o resto da<br />

caça, a farinha d’água, os frutos silvestres, os favos de mel, o vinho de caju e ananás” 548 .<br />

Após a auto-apresentação 549 , o estrangeiro é mimoseado com o serviço das mulheres e a<br />

obediência dos guerreiros da grande taba 550 .<br />

Mas o guerreiro branco, apesar de não ter oferecido nenhum presente aos seus<br />

anfitriões, é surpreendido por <strong>Iracema</strong> ao abandonar, de modo ingrato, “a cabana<br />

hospedeira sem levar o presente da volta”, sendo, como tal, admoestado 551 .<br />

Por outro lado, tal hospitalidade não é bem aceita por Irapuã, o chefe guerreiro dos<br />

Tabajaras. Por tal motivo, entra em conflito com o velho guerreiro Andira, irmão do Pajé 552 .<br />

A sua raiva, expressa pela metáfora ferina do tigre, chega a atingir as raias de um<br />

vampiresco desejo, em face da obsessão amorosa: “Quero beber-lhe o sangue todo: quando<br />

o sangue do guerreiro branco correr nas veias do chefe tabajara, talvez o ame a filha de<br />

araquém” 553 . Mas o Pajé tem necessidade de reclamar a isenção que cobre o hóspede<br />

estrangeiro, segundo as leis de Tupã: “Quem ofender o estrangeiro, ofende o Pajé” 554 . A<br />

própria virgem se confronta com a raiva de Irapuã, vibrando o arco 555 .<br />

É também segundo a lei sagrada da hospitalidade que Martim, <strong>Iracema</strong> e Poti são<br />

recebidos pela tribo dos pescadores nas praias dos Pitiguaras, cujo chefe conduz os<br />

viajantes, para seu repouso, até muito longe na costa. Tratamento idêntico é dispensado<br />

pela tribo dos caçadores 556 .<br />

547 “É Tupã que traz o hóspede à cabana de Araquém” (<strong>Iracema</strong>, cap. III, p. 17).<br />

548 <strong>Iracema</strong>, ib., .<br />

549 Cf. Ib.<br />

550 “<strong>Iracema</strong> voltara com as mulheres chamadas para servir o hóspede de Araquém, e os guerreiros vindos<br />

para obedecer-lhe.<br />

- Guerreiro branco, disse a virgem, o prazer embale tua rede durante a noite; e o sol traga luz a teus olhos,<br />

alegria à tua alma” (<strong>Iracema</strong>, cap. IV, p. 18-19).<br />

551 Cf. Ib., p. 20.<br />

552 Cf. Ib., cap. V., p. 22.<br />

553 Ib., cap. VII, p. 26.<br />

554 Ib. Cf. cap. XI.<br />

555 Cf. Ib.<br />

556 Cf. Ib., cap. XXI, p.58-59.<br />

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